Posição que ocupa em Portugal a área territorial do distrito de Setúbal
Mapa do distrito de Setúbal
O mais recente estudo que avalia os municípios portugueses e o seu ranking a nível nacional e local, elaborado pela Bloom Consulting e que pode ser consultado
aqui mostra, sem qualquer sombra de dúvidas ou sem qualquer surpresa, que o concelho de Alcácer do Sal ocupa um dos últimos três lugares entre todos os treze concelhos que fazem parte do distrito de Setúbal.
O concelho de Alcácer do Sal ocupa o 130º lugar a nível global, entre todos os 308 concelhos do país. Apesar de tudo, quando comparado com outros concelhos do Alentejo, Alcácer do Sal ocupa um lisonjeiro 15º lugar.
Mas as profundas assimetrias e o seu endémico atraso ficam claramente demonstrados e explícitos quando se compara este concelho com os seus congéneres a nível distrital.
Dos treze distritos, Setúbal é, naturalmente quem está melhor colocado (13º lugar do ranking nacional), logo seguido do concelho de Almada (18º lugar), segue-se Sesimbra (28º lugar), Sines (29º lugar), Seixal e Montijo (44º e 45º lugares respectivamente), segue-se depois em 58º lugar o concelho de Palmela, Alcochete (70º lugar), Grândola (79º lugar) e Santiago do Cacém (85º lugar) - presidido nos últimos doze anos pelo agora edil de Alcácer do Sal, Vitor Proença. Atrás de Alcácer do Sal só ficam mesmo os concelhos do Barreiro e da Moita, que ocupam os modestos e embaraçosos lugares 177º e 229º do ranking a nível nacional, respectivamente.
O estudo, a nível geral, foi disponibilizado on-line pela Bloom Consulting. No entanto existem estudos pormenorizados para cada município que podem ser adquiridos. Para tal basta contactar a empresa. Este estudos devem servir de base antes de se implementarem políticas pois são boas ferramentas de diagnóstico e, para muitos daqueles que andam nisto da política, quais aprendizes de feiticeiro, porque sim, porque isto dá lucro, status, poder, etc, é importante que antes de agir se diagnostiquem os problemas e para isso existem as chamadas ferramentas de apoio à decisão. Esta será certamente uma delas.
Na introdução, o CEO da empresa de consultoria, José Filipe Torres, chama a atenção para algo que devia estar interiorizado há muito em todos aqueles que por cá sonham ocupar cargos públicos apesar de, na maioria do casos, as suas imensas lacunas, a sua ignorância olímpica e o seu pouco backgroung, que "mais do que nunca, num mundo globalizado, é necessário que cidades e Municípios consigam utilizar novas ferramentas, que tenham como principal objectivo atrair investimento, novos turistas, bem como, garantir condições de fixação de novos residentes [n.r. ou pelo menos impedir que muitos que cá residem não se vão embora] ou mesmo atrair talento específico. Por outras palavras, o pretendido é que cada Município consiga, através da sua marca regional, potenciar o crescimento socio-económico através da sua marca regional".
Por sua vez, Filipe Roquette, Partner e Director Geral da Bloom Consulting em Portugal alerta que "Este é o momento dos autarcas demonstrarem ao seu eleitorado que têm uma visão clara do futuro que se avizinha e de que são capazes de apresentar resultados positivos nos seus municípios. Numa era em que os orçamentos locais se encontram sujeitos a um processo de escrutínio intenso, todas as autarquias devem assegurar que qualquer cêntimo gasto representa um bom investimento. É por esta razão que, hoje em dia, mais do que nunca, existe a necessidade de aplicar medidas fiáveis para garantir sucesso na estratégia de “Region” e “City Branding”" isto apesar de no concelho de Alcácer do Sal os orçamentos participativos não só serem ainda uma miragem como se procura ainda esconder estes dos cidadãos como acontece por exemplo na freguesia do Torrão, onde apesar da mudança política e das promessas durante a última campanha eleitoral de tornar públicos os documentos orçamentais, planos plurianuais e contas de gerência ainda se verificarem resistências incompreensíveis e demoras em dar a conhecer tais documentos aos cidadãos, numa lógica «pré-histórica» e totalmente ultrapassada na maneira de gerir e administrar a coisa pública e que, até à data da publicação deste artigo, não se encontra disponível no site da autarquia apesar de tais documentos terem sido levados à sessão da assembleia de freguesia que decorreu há quase dois meses.
A metodologia na qual a Bloom Consulting se centra para eleborar o estudo tem em vista seis objectivos ou dimensões essenciais:
1- Atracção de Investimento (”FDI”)
2- Atracção de Turistas
3- Atracção de Talento
4- Aumento de Orgulho
5- Aperfeiçoamento da Diplomacia Pública
6- Aumento das Exportações
O documento elaborado baseia-se no estudo de três variáveis ou parâmetros: 1) Negócios (Investimento), 2) Visitar (Turismo) e 3) Viver (Talento) e "destina-se ao público em geral interessado em Política, Reputação, Economia, Cidadania e Urbanismo, sejam eles, governos, académicos, pertençam à indústria financeira, arquitectura, imobiliária, marketing ou, simplesmente a quem o ache interessante" e "nasceu da interrogação: porque são alguns Municípios mais atractivos do que os outros? Desta questão resultam dois objectivos essenciais, o de avaliar o impacto das estratégias políticas, de urbanismo e de promoção de cada Município e o de identificar as potencialidades e fragilidades de todos os Municípios portugueses, nas áreas do negócio, investimento, talento e qualidade de vida".
O estudo aponta apenas para resultados quantitativos com base num algoritmo desenvolvido mas não aponta para as causas que estão na base dos dados obtidos. No que ao concelho de Alcácer do Sal diz respeito, não se andará muito longe da verdade se se apontar como causas do seu declínio económico e enquanto região estratégica bem como ao seu atraso endémico e profundas assimetrias que têm levado à perda gradual de população e queda na sua performance a nível económico e social, a pouca qualificação e mentalidade retrógrada que se verifica ainda em estratos substanciais da população (em particular nas elites locais), a falta de liderança, de carisma e de visão estratégica a médio e longo prazo de muitos daqueles que passaram pelos executivos de câmara e juntas de freguesia nas últimas décadas, a inoperância e esterilidade intelectual que resultaram na ausência de caminhos e ideias, nas diversas assembleias municipais e assembleias das freguesias que acabam por não representar coisa alguma. À classe política local, em regra ainda que com honrosas excepções, temos ainda que apontar o seu profundo desconhecimento acerca da história, cultura, política, gestão e administração pública e, em alguns casos, semi-analfabetismo(!) e incompetência bem como falta de liderança e carisma. Não se pode ainda menosprezar uma realidade que muitas vezes é ignorada e passa despercebida, não se lhes apontando responsabilidades; que muitos quadros municipais (e das juntas de freguesia) superiores e intermédios que em muitos casos com a sua incompetência, imobilismo e inoperância que em boa parte e pela sua acção têm limitado e espartilhado a acção política retardando ou mesmo impedindo a aplicação de medidas em toda a sua plenitude e estrangulado o desenvolvimento do concelho nas mais diversas vertentes. Tudo o mais tem sido propaganda para perpetuar o status-quo vigente em qualquer altura.
Os resultados, esses estão aí mais uma vez para o demonstrar e acessíveis a todos e não podem ser escamoteados. De ora em diante vamos ver como será.
Numa era digital onde as redes sociais e os blogues têm um poder e um peso crescente e determinante que dão voz e poder aos cidadãos, assumindo-se mesmo como motores de diversas revoluções um pouco por todo o mundo no últimos anos e se assumem como ferramentas com capacidade de influenciar a opinião pública e fazerem cair executivos em todos os níveis de administração é bom que certas realidades sejam tidas em linha de conta e em tempo oportuno antes que seja tarde e quanto a precedentes, já os houve. Não será pois por falta de aviso que as coisas acontecem. E nesta era em que o mundo muda de forma vertiginosa, não são os mais espertos ou os mais inteligentes que sobrevivem mas aqueles que melhor se adaptam às mudanças. Mas a essa conclusão já o senhor Darwin chegou há mais de 150 anos e ainda há quem não tenha consciência disso e depois...