sexta-feira, dezembro 21, 2018

Neste Natal veste o colete por Portugal





Caros amigos e concidadãos, portugueses em geral

Nas últimas semanas temos assistido a um movimento sem precedentes que eclodiu em França. Embora o mal-estar já venha de trás, muito devido à pesada carga fiscal ali praticada, o movimento que nasceu e cresceu nas redes sociais ganhou proporções inauditas a pretexto do massivo aumento do preço dos combustíveis naquele que ficou designado por movimento dos coletes amarelos, les gilet jaune em francês, devido ao facto de ter sido proposto a todos os contestatários, que estivessem na disposição de vir para a rua, que envergassem um simples colete reflector.
Embora inicialmente subestimado, como já foi aliás reconhecido pelo governo francês, logo na primeira grande acção em larga escala, que se fez sentir por todo o território gaulês com especial incidência em Paris mas também em Bordéus, Toulouse ou Marselha, entre muitas outras cidades, poucas dúvidas restaram da força e da capacidade de mobilização social que abarca uma larga faixa da população que saiu para as ruas e para as estradas para dizer um sonoro BASTA e como se não fosse ainda suficiente, com um naipe de reivindicações de toda a ordem, umas mais reais e outras mais utópicas, é certo. Seja como for, desde o primeiro instante e durante seis semanas consecutivas a sua presença fez-se sentir e sem vacilar aos rigores do clima próprio da época e à pressão do aparelho repressivo do poder mantiveram o finca-pé demonstrando uma capacidade de resistência e um estoicismo de todo inesperados e a todos os títulos dignos de bravura.
O colete amarelo torna-se assim uma presença constante ganhando um simbolismo próprio e muito peculiar. Os franceses tiveram o engenho e a arte, e acrescento a genialidade, de converter algo tão simples, banal, barato e abundante por ser de carácter obrigatório em muitas profissões e mesmo a nível rodoviário num poderoso símbolo de contestação social. Por isso mesmo, e como se não bastasse a enorme visibilidade que confere, muita da sua força advém do facto deste dotar de uma dualidade que confunde acerca da real intenção de quem o veste pois se este é um equipamento de segurança com as mais variadas valências torna-se contudo difícil saber onde acaba uma e começa outra.
O movimento dos coletes amarelos ganha desta forma contornos de uma verdadeira explosão de descontentamento social e de desafio à ordem estabelecida com elevado potencial de propagação e não apenas aos países limítrofes da França.
Se dúvidas há acerca deste facto, basta ver como algumas ditaduras, nomeadamente a ditadura egípcia, entraram em pânico, reagindo e reprimindo procurando desde logo limitar e controlar a venda de coletes e proibindo mesmo a sua comercialização sem antes haver um aval da polícia.

Caros concidadãos e amigos

Portugal, à semelhança de França, enferma de muitos, muitos mas muitos dos mesmos males que trouxeram centenas de milhares de franceses para as ruas. De tal forma assim é que se torna, penso que visível aos olhos de todos, imperioso vestir o colete. E no entanto há que demonstrar bom senso, inteligência, um apurado sentido de oportunidade e acima de tudo uma refinada visão estratégica.
Contudo, apressadamente, de forma inopinada e um tanto ou quanto destrambelhada e irreflectida está a ser cozinhado também em Portugal um movimento que se pretende, diria presunçosamente, similar ao original com data marcada já para a próxima Sexta-feira, dia 21 de Dezembro.
O movimento dos coletes amarelos franceses no entanto já demonstrou à saciedade, para quem quer que esteja minimamente atento, que não é um fogo de palha; bem pelo contrário, é uma combustão lenta. Desengane-se portanto quem pensar, de forma leviana e inconsciente, que esta é uma corrida de 100 metros. Nada mais ilusório. Esta é uma corrida de fundo, uma ultra-maratona que a todos põe à prova, que apenas está ao alcance dos mais intrépidos e unicamente à altura dos mais duros. Quem aspira apanhar o comboio tem que ter a perfeita noção da sua real capacidade de endurance. Não é pois uma patuscada de pândegos; não é uma brincadeira tres chic... Nunca é demais lembrar que ali já morreram seis pessoas, ali há centenas de feridos, alguns graves, ali há afrontamentos e embates, ali há espírito e corpo de guerrilha urbana, prisões e provações de vária ordem.
Os franceses, levantados, sublevados, essa sim, uma verdadeira nação valente, fizeram o poder ceder em toda a linha. Acossado e derrotado, Emanuel Macron, o presidente francês, numa mensagem dirigida ao país, foi o rosto da capitulação incondicional prometendo o que tem e sobretudo o que não tem. Como se viu no entanto, não foi fácil o caminho; um caminho que ainda assim não foi totalmente trilhado e cujo desfecho ainda é incerto e não está dado como adquirido pois mais parece que o objectivo imediato do governo francês é aliviar a pressão da rua, esvaziar os protestos, enfraquecer a capacidade de mobilização e procurar desesperadamente ganhar tempo. Há que ter sempre em mente e aprender, como eu aprendi às minhas custas com muito sacrifício pessoal, que conquistar seja o que for exige muito trabalho, muita tenacidade, muito espírito de sacrifício, foco, uma fortíssima capacidade de superação entre muitas outras qualidades e quem pensar que é com manifestações efémeras, com hora marcada de início e hora marcada para terminar, desengane-se. Dizer é fácil, fazer é o que se sabe. Entre um e outro vai uma distância abissal. O faz e acontece é posto à prova no momento da verdade e aí sim, atinge-se o ponto de crivo, o ponto que separa o trigo do joio.
Face ao nível de exigência e resiliência demonstrados pelos franceses o que se exige é nada menos que isso, sob pena de, quem quer mimetizar por mimetizar mais não conseguir do que um arremedo patético que constitui uma afronta e um ultraje aos verdadeiros, aos autenticos coletes amarelos. Quem pretenda embarcar numa viagem similar tem que estar bem ciente de tal e à altura das circunstâncias.
Chegados a este ponto, nunca é demais recordar a famosa manifestação dita da geração à rasca que teve lugar em 2011, outro fogo de palha, outra bela patuscada, com hora e local marcados e, como se viu, com resultados práticos nulos e que apenas conseguiu uma bela mão cheia de nada e só serviu para fazer bonitas capas de jornais e para abrir os telejornais. Nem sequer fez tremer o governo de Sócrates, um governo que escassos meses depois, como se viu, deixou o país à beira da bancarrota e se viu na contingência de pedir um resgate financeiro de monta.
A iniciativa do dia 21 tem infelizmente tudo para estar condenada ao fracasso. Só um estratega ao nível de um galináceo iria lembrar-se de gizar uma estratégia deste calibre. Só um estratega com o apurado faro de um cão com o focinho entupido teria a brilhante ideia de marcar uma mobilização que se quer a nível nacional na Sexta-feira que precede a loucura das compras natalícias. E como se fosse coisa pouca, só uma cabecinha pensadoira convencida que é um brilhante estratega teria a ideia peregrina de desprezar o facto de se estar em pleno Inverno e como se não bastasse, todas as previsões meteorológicas apontam para uma Sexta-feira chuvosa e fria em boa parte do país. E para cúmulo, para manifestação, com hora e local marcados, foi sugerido o seu início para as 7 horas da manhã, ainda noite cerrada nesta altura do ano. Sabendo-se da proverbial inacção e espírito comodista dos portugueses, parece evidente qual o desfecho. Mal daqueles que se propõem conduzir ou liderar mas que desconhecem totalmente os liderados.
Permitam-me que recue 24 anos no tempo para recordar aquela que foi, até à data, a maior manifestação no Portugal pós 25 de Abril: O bloqueio da ponte 25 de Abril - curiosamente também ela motivada por um aumento, no caso aumento das portagens - para demonstrar que a força e capacidade de mobilização que adquiriu se deveu ao facto determinante de ter ocorrido em pleno mês de Junho numa semana, que, se bem me lembro, foi escaldante não apenas em termos políticos e sociais mas sobretudo em termos meteorológicos. Às 7 horas da manhã já ali afluíam multidões mas estava bom tempo e a essa hora já brilhava um sol radioso.
No entanto, e seja como for, a tremenda carga simbólica, a pujança que adquiriu o movimento em França e a velocidade de disseminação proporcionada pelas novas tecnologias de informação e pelas redes sociais já fizeram soar o alerta entre a fauna oportunista e desavergonhada que se alimenta há décadas deste estado de coisas e como tal não quer que nada mude, em suma, quer sossego na sua quinta e quer que todos nós, os que suportamos o seu modo de vida às custas de sacrifícios pessoais, continuemos os mesmos borregos de sempre, a pastar tranquilamente como se nada se passasse lá fora.
Nos últimos dias, denotando já algum desespero e muito nervoso miudinho, levaram a cabo toda a sorte de tácticas e de manobras de desinformação usando para a tal desiderato não só as redes sociais onde, usando e abusando de falácias e de desonestidade intelectual lançam todo o tipo de atoardas e usando ainda e sempre a mídia tradicional cuja promiscuidade e agenda pouca dúvidas suscitam, no sentido de sabotar e de minar, de quebrar a motivação a quem ouse tal empreendimento. Não é por acaso que fazem sempre questão de colocar enfoque nas ditas centenas de detidos, não é por acaso que se fartam de fazer ameaças veladas ao referir que GNR, PSP e mesmo «secretas» estão atentos à movimentação nas redes sociais, estratégia que visa tão só amedrontar aqueles a quem eles que sempre se habituaram a ver como borregos num imenso rebanho sempre prontos para o matadouro.
A PSP essa leva a cabo uma refinada estratégia de desinformação usando a táctica do balão ao referir a, e cito, dimensão significativa dos protestos fazendo passar a ideia de ser algo de monta, isto é, faz-se uma determinada estimativa do valor aproximado de aderentes contudo inflaciona-se artificialmente como quem enche um balão ventilando convenientemente para a inefável comunicação social valores cinco, seis ou dez vezes maiores para depois, no dia D, esvaziar pois ainda que o número seja elevado em termos relativos será sempre muito menor do que aquele que foi propalado e assim fazer passar a ideia de um rotundo fracasso, semeando o descrédito e acima de tudo a descrença. É de se tirar o chapéu. Não deixa de ser uma bela estratégia.
O maior medo contudo, não sejamos ingénuos, não se deve única e exclusivamente à dimensão e ás proporções que a coisa possa vir a tomar. Durante décadas foram os sindicatos quem deteve o monopólio das manifestações em Portugal, aquilo que designam pomposamente de movimentos orgânicos, isto é, movimentos devidamente enquadrados, eufemismo para designar arrebanhamento de multidões as quais são usadas para atingir objectivos e cumprir agendas políticas ocultas. Não é por acaso que surgem vozes de preocupação ao referir que estes são movimentos inorgânicos, que é como quem diz, livres de amarras, com potencial para surgirem espontaneamente e que fogem ao controlo da velha máquina sistémica de manipulação.
Não é por acaso que actuais e velhos líderes sindicais se demarcam das manifestações, não é por acaso que se acena desesperadamente com os velhos papões de sempre; os «movimentos extremistas», o fascismo, a «extrema direita».

Meus amigos

Não se pense contudo que a inacção é o caminho a seguir. O problema é, como foi referido, o timing. Como disse, é preciso agir com inteligência. Como disse ainda, esta tem que ser uma acção incisiva e de longo alcance.
Manifestações efémeras com hora, local e data marcados, em pleno Inverno e em plena época natalícia é, estou em crer, exigir muito a quem é por natureza comodista. O evento contudo está aí e nada há a fazer mas apenas há uma forma de este não ser mais um nado-morto, mais uma iniciativa condenada ao fracasso e no entanto, e é isso que temem, apesar dos condicionalismos de vária ordem, a semente está lançada.
Há cerca de uma semana lancei o repto no sentido de, para abrir as hostilidades, digamos assim, procedermos todos à alteração temporária das nossas fotos de perfil substituindo-as pela imagem de um colete amarelo. Pouquíssimos o fizeram e constato que nem sequer os mais entusiastas da dita manifestação colocaram em prática esta tão simples manobra de marketing. Pode-se dizer que não é isso que importa e que é coisa pouca mas há que ter bem presente que tudo começa com pequenos passos. Bem sabemos o que acontece a quem dá passos maiores do que a perna. Qualquer projecto para vingar tem que ser minimamente sustentável.
Não esquecer que sem uma fortíssima motivação, o necessário clic para desencadear uma qualquer reacção inesperada e despertar da letargia, vencer o comodismo ou formatar mentalidades é algo que é impossível de conseguir de um momento para o outro e a melhor forma de o fazer é começar sempre com pequenos passos e portanto há que apelar a todos os portugueses de bem que se limitem apenas a sair à rua de colete como se de uma peça de vestuário fosse; talvez vire moda, talvez se torne fashion. Tão só! Tão simples como isso. Nada há de ridículo e para juntar o útil ao agradável não esquecer que este permite aos peões serem mais perceptíveis aos olhos dos automobilistas. E tem efeito duradouro. Imagine-se nos centros comerciais nomeadamente nesta altura do ano multidões de colete vestido, imagine-se nas universidade e escolas secundárias estudantes de colete vestido, imagine-se nos estádios multidões de colete vestido... O impacto é brutal ainda para mais em ano eleitoral. Vamos apenas e para começar sair á rua normalmente mas de colete. E depois sim, uma ou mais concentrações e outras acções em devido tempo.
Assistimos ainda a várias manifestações e greves, cada um para seu lado, e bem sabemos porquê. Todos os que estejam descontentes mas que não queiram ser marionetas dos sindicatos, sejam eles bombeiros, polícias, enfermeiros ou professores ou outro grupo profissional qualquer, pois que vistam o colete. O colete homogeneiza, unifica todos e funde os vários grupos que falam cada um para seu lado e que se perdem numa cacofonia numa única vaga de fundo.

Permitam-me que me dirija a cada um de vós individualmente:

Se te indignas com o facto de serem disponibilizados milhões de euros para salvar bancos arruinados por sucessivos actos de gestão danosa, especulativa e até mesmo criminosa enquanto que por exemplo, para a ala oncológica do Hospital de S. João no Porto nunca há verbas excepto para adquirir uns míseros contentores para funcionarem as instalações a título provisório que, bem sabemos, em Portugal tem carácter definitivo, VESTE O COLETE!
Se achas que está bem assim, pois então deixa-te estar!

Se te indignas, enquanto contribuinte, estares vergado a uma das mais pesadas cargas fiscais do mundo, neste momento na casa dos 34%, isto é, grosso modo, tudo o que ganhas de Janeiro a Abril ser para entregar ao fisco e só a partir de Maio é que começas efectivamente a ganhar para ti, VESTE O COLETE!
Se pensas que ainda é pouco não te maces!

Se te indignas com o facto do preço dos combustíveis estar inflacionado pela simples razão de 60% do que pagas ser impostos, VESTE O COLETE!

Se te indignas com as cativações levadas a cabo, isto é valores para despesa que se inscrevem no orçamento de Estado mas que depois na prática não são autorizados com as consequências que se vêm, VESTE O COLETE!

Se te indignas que um país inteiro esteja refém do Ministro das Finanças apenas, e o interesse nacional sujeito aos interesses pessoais de quem quer fazer um brilharete, de quem quer satisfazer egos e se consideras que um país não pode ser sacrificado a ambições, agendas e desejos pessoais, VESTE O COLETE!

Se te indignas porque tens que pagar IMI ao invés dos partidos políticos, que legislando em causa própria se acham no direito de estarem isentos, VESTE O COLETE!
Mas se até achas fixe, não te incomodes.

Se te indignas com aqueles tipo de políticos que dão o dito por não dito, aquele tipo de políticos que acham reprovável certo tipo de conduta nos adversários mas depois quando toca aos seus... ah se calhar não é bem assim, VESTE O COLETE.

Se te indignas por veres que o Estado tem falhado sucessivamente no que toca à protecção dos seus cidadãos votando-os ao abandono, como se viu não apenas nos grandes incêndios de 2017 mas sistematicamente até aí e que ainda assim nem mesmo depois da catástrofe ter atingido dimensões inauditas, o sistema continuar a enfermar dos mesmos males, como se viu recentemente no caso da malograda equipa do INEM, VESTE O COLETE!

Se te indignas por seres, conheceres ou apenas teres visto de, no rescaldo dos grandes incêndios, gente ter conseguido uma casinha sem que a tal tivessem direito, e pior, sem que dela tivessem necessidade enquanto que das verdadeiras vítimas do flagelo, as que ficaram duplamente a arder, muitas são aquelas que ainda estão numa situação de penúria, numa situação de sem-abrigo, arruinadas, esquecidas e abandonadas, passando fome inclusive mas uma fome encapotada porque não querem perder a única coisa que lhes resta que é a dignidade, ENTÃO VESTE O COLETE, PORRA!

Se te indignas com o comportamento pouco ético, a falta de transparência, as decisões incompreensíveis, o clientelismo e o amiguismo generalizados, o abuso de poder de grande parte dos autarcas, VESTE O COLETE!

Se te indignas porque tens habilitações académicas, um percurso académico imaculado e te vês obrigado a ter que procurar os empregos que sobram, o que há, o refugo seja numa caixa de supermercado, seja a esfregar chão ou a desempenhar qualquer outra tarefa digna sem dúvida mas numa situação de precariedade e para o qual não foi para isso que estudaste durante anos com sacrifício pessoal teu e dos teus pais ao mesmo tempo que és e vês que és ultrapassado muitas das vezes por quem nem habilitações tem para ocupar os cargos, nomeados inclusive à revelia do estipulado no regulamento para acesso àquele cargo específico apenas e só porque têm os amigos certos. Não te esqueças que no limite estamos perante crimes de usurpação de funções. Se queres que tudo continue assim não te preocupes caso contrário VESTE O COLETE!

Se te indignas pela perseguição implacável que o fisco faz mesmo a quem pouco deve ameaçando e muitas vezes executando penhoras de bens várias vezes superiores à dívida, VESTE O COLETE!

Se te indignas por ao passares numa autoestrada e não te aperceberes que é portajada e depois ao invés de pagar alguns cêntimos chega-te uma cartinha a casa onde tens que pagar o valor acrescido de juros da ordem dos 1000% em apenas alguns dias, isto é de por exemplo 40 cêntimos inicialmente para 4 euros, e muitas vezes nem precisas de passar porque se eles resolverem literalmente marrarem contigo e porem na ideia que passaste em determinado lugar mesmo que na sua falaciosa argumentação as leis da física seja violadas pagas e tens que pagar, VESTE O COLETE!

Se te indigna o facto da Autoridade Tributária estar aos serviço de privados nomeadamente das concessionárias das autoestradas, um negócio onde todos ganham menos o cidadão; ganha a concessionária que recupera o valor e ganha o fisco que ganha a comissão, VESTE O COLETE!

Se te indignas com viagens-fantasma, deputados fantasma, seguros de saúde ilegais, moradas falsas, chorudas subvenções vitalícias atribuídas por poucos anos de serviço em muitos casos e muitas outras manigâncias que têm vindo a lume, VESTE O COLETE!

Fiquemos por aqui pois a lista é infindável. Compete a cada um de vós encontrar muitos mais motivos válidos para vestir o colete.

A tese que aqui defendo tem uma consequência: Vestir o colete é e tem necessariamente que ser, uma decisão individual e consciente vinda do interior de cada um de nós pois esta é a única maneira de ficar imune à manipulação nomeadamente de grupos mais ou menos camuflados e com agendas próprias usando a indignação para atingirem os seus objectivos. Se há lição que devemos ter em conta é que o que não tem faltado são lobos disfarçados com pele de cordeiro.
Cada um só deve vestir o colete se se achar no direito de o fazer, se de forma consciente e livre e sem influências externas tomar essa decisão e nunca o deve fazer sob influência; porque o amigo o faz, porque o pai, a mãe, o irmão ou a irmã, o avô ou a prima, o gato ou o periquito o fazem. Não deve vestir o colete mesmo que alguém que não tenha nada a esconder o diz para fazer nem o deve fazer porque um tipo qualquer que muito não conhecem de parte alguma com bonitos discursos a isso incentivam. A decisão, e é isso que quero deixar bem explícito, tem que partir do interior consciente de cada um.
Esta é a verdadeira força do movimento e do simbolismo do colete amarelo, só isso, o despertar consciente da consciência cívica de cada um, sem manipulações é o pior pesadelo de quem sempre se habituou a manipular borregos para fins pessoais e para jogos de poder; isto é inorgânica pura daí o medo dos tais movimento ditos inorgânicos, isto é, sem intermediários, eles, os mesmos de sempre bem se vê.
Vestir o colete só está ao alcance daqueles que se conseguiram libertar de complexos ideológicos que subliminarmente lhe incutiram para melhor manipular e depois de terem finalmente ganho consciência de que, como diria um pensador, a ideologia é o refúgio dos idiotas; que é o pragmatismo e o realismo que devem nortear o governo da coisa pública e não ideologias vazias e utópicas que só fomentam divisões e só servem para nos dividir, ao seu, deles, rebanho para melhor os controlar.
Só é digno de vestir o colete quem finalmente se consiga libertar do espartilho da partidarite e dos sindicatos. Aliás, esse é o corolário lógico, a consequência de quem o faz de forma consciente pois isso significa que quem o faz disse para si próprio basta de apenas e só levar a cabo certas e determinadas acções em função do partido de estimação ou dos sindicatos, que mais não são do que correias de transmissão dos respectivos partidos de onde emanam os quais têm uma agenda própria. Isso é ser autónomo, isso é ser livre, isso é repudiar a ideia de se deixar enquadrar que é como quem diz, arrebanhar, em suma, isso é ser «inorgânico».

Deve ainda ser digno de vestir o colete aquele que de uma vez por todas nunca tire os olhos dos seus autarcas, aquele que deixe de se iludir achando que não é abstencionista porque basta votar e largar, não indo sequer a uma única sessão da respectiva Assembleia de Freguesia, da respectiva Assembleia Municipal, ou a uma reunião da respectiva Câmara Municipal em quatro longos anos de mandato mal sabendo que a sua omissão de participação e de cidadania é a raiz de muitos dos males e como tal, chegando à conclusão que muito do que se contesta afinal tem como principais culpados nós e apenas nós.

Termino com uma mensagem de esperança. Tenhamos o engenho e a arte de começar a agir para alterar este estado de coisas. Nunca é demais lembrar e ter plena consciência de que temos as melhores praias, o melhor clima, tradições, riquezas naturais, materiais e imateriais, a melhor gastronomia, uma localização privilegiada. Portugal podia, aliás pode, perfeitamente estar ao nível de uma Suíça ou de um país nórdico. Assim façamos por merecer.

PARA COMEÇAR:

NESTE NATAL VESTE O COLETE POR PORTUGAL