Foi numa sala a abarrotar de
gente que a Assembleia de Freguesia do Torrão reuniu extraordinariamente ontem,
dia 8 de Maio, para debater a situação relativamente à Estação de Correio de
Torrão. Os populares acorreram em massa face à apreensão com o futuro do
correio no Torrão e com os exemplos de encerramentos que têm ocorrido
recentemente pelo país fora. De tal forma foi a afluência que o espaço lotou,
tendo sido necessário aumentar o número de cadeiras de forma a que estas chegassem
para toda a gente. Outro facto curioso foi que tal situação implicou que não
houvesse separação entre os deputados eleitos e os populares.
No entanto, o mesmo já não se
pode dizer da assembleia pois dos 9 elementos que a compõem apenas marcaram
presença 7 (5 do PS e 2 da CDU) sendo que a Mesa estava completa bem como o executivo
da Junta.
O primeiro ponto da ordem de
trabalhos constou na leitura e aprovação da acta da sessão anterior, a qual foi
aprovada por unanimidade e na qual já tinha havido inclusive lugar à tomada de
posição do Presidente da Junta contra o possível encerramento da Estação de
Correio e possível agenciamento pela Junta de Freguesia.
Entrando no ponto quente e que
motivou a realização desta sessão extraordinária, o Presidente da Junta de
Freguesia, Décio Fava, confirmou que dia 23 de Abril pelas 10 horas da manhã,
teve uma reunião na Junta com um gestor, enviado dos CTT, na qual decorreu um
facto insólito pois o representante dos CTT fez-se acompanhar por uma senhora a
qual o Presidente não ficou sabendo quem era mas que assumiu ser jurista até
porque segundo ele não lhe foi apresentada pelo homem dos CTT revelando ainda
em seguida que posteriormente solicitou junto do Presidente da Assembleia de
Freguesia, João Lavradorinho, a convocação desta sessão extraordinária no
sentido de dar conhecimento aos deputados da freguesia e à população em geral.
Foi ainda lida em primeiro lugar
uma moção apresentada à Assembleia de Freguesia pelo executivo da Junta, na
sessão anterior que vai contra a privatização e encerramento da Estação de
Correios e onde se repudia a demissão de responsabilidades por parte da empresa
e onde se prevê interceder junto da sua administração, a qual havia sido
aprovada por unanimidade na sessão anterior. Décio Fava fez ainda alusão à
moção que apresentou na Assembleia Municipal de 30 de Abril, na qualidade de
deputado municipal por inerência de funções tal como havia sido noticiado aqui.
Em seguida o executivo apresentou nova moção nesta sessão intitulada «Contra a
demissão de responsabilidade e suposto encerramento da Estação de Correios» a
qual invoca o envelhecimento da população da freguesia bem como a carência económica
e falta de mobilidade o que resulta num claro prejuízo para a população e um
maior isolamento da freguesia bem como a privação de direitos das populações
marcando esta moção também a mesma linha de acção: Executivo e Assembleia de
Freguesia procurar interceder junto da Administração dos CTT no sentido da sua
sensibilização para esta problemática.
O Presidente da Junta revelou
ainda que decorreu no dia anterior a esta sessão, portanto dia 7 de Maio, nova
reunião com o representante dos CTT que desta vez veio sozinho – ao contrário do
autarca que desta vez fez-se acompanhar por Nuno Baião, advogado e quadro da
Câmara Municipal de Alcácer do Sal - o que o levou a crer que este contaria que
a Junta iria mesmo aceitar o plano revelando ainda que o homem dos CTT
esquivava-se habilmente às dúvidas suscitadas o que teria provocado a
desconfiança de Décio Fava relativamente ao processo de negociação.
O autarca frisou ainda que os CTT
têm um contrato com o Estado que termina em 2025 e que obriga a empresa a
prestar um serviço universal e socialmente relevante bem como o facto da
Administração dos correios se ter comprometido que não vai avançar com o encerramento
da referida estação no Torrão apesar desta supostamente dar prejuízo. Décio
Fava salientou ainda que teve conhecimento de uma reunião que teria decorrido
no Torrão, no mesmo dia em que se realizou a sessão da Assembleia de Freguesia,
entre representantes dos CTT e comerciantes locais, deduzindo que depois dos
CTT terem tentado junto da Junta de Freguesia, irão agora tentar junto dos particulares
para que estes fiquem com o negócio, estratégia que teria sido análoga à
seguida pela empresa, na freguesia vizinha de Alcáçovas, a qual por fim tenta
«encostar à parede» os seus interlocutores quando todas as tentativas de
negociação forem goradas pondo-os perante o dilema do «sim ou sopas» tendo
ainda sido deixado o alerta para que haja cuidado pois geralmente este tipo de
negócio não será rentável para quem o aceita mas sim para os CTT, os quais
procuram com estes agenciamentos reduzir as suas despesas com pessoal e meios,
transferindo essas despesas para os agentes com os quais chega a acordo e que
no limite se os particulares desistirem à posteriori será a Junta de Freguesia
quem terá que inevitavelmente ficar com o agenciamento pois para os CTT o facto
estará consumado e não irá haver lugar a retorno à situação inicial. O
Presidente da Junta salientou ainda que o apoio de toda a população é
necessário e fundamental nesta questão.
Excepcionalmente – pois nas
sessões extraordinárias o público não usa da palavra – o Presidente da
Assembleia de Freguesia abriu o assunto à discussão pública e deu a palavra aos
cidadãos para que estes se pronunciassem, tendo havido muita e viva
participação por parte dos torranenses que ali acorreram.
Entre as várias intervenções,
Paulo Selão propôs que o executivo da Junta conjuntamente com a Assembleia de
Freguesia promovessem uma sessão de esclarecimento público mais alargada num
espaço mais abrangente face ao interesse e afluência dos torranenses dando como
exemplo o salão de bailes da Sociedade 1º de Janeiro Torranense e que nesta
sessão fosse aferida da disponibilidade dos CTT em participar na iniciativa de
forma a que a sessão de esclarecimento público contasse com a presença de um
representante da empresa. A proposta foi aceite, comprometendo-se o executivo a
envidar esforços no sentido de agendar a referida sessão pública no espaço
proposto depois de solicitá-lo à Direcção da colectividade, num horário que
possibilite a presença do maior número possível de torranenses e de forma a que
esta conte, se possível, com um representante dos Correios de Portugal, a qual
se espera que seja bastante participada a fim de dar uma inequívoca legitimidade
e uma imagem de união e solidariedade local bem como frisar o apoio da população
aos órgãos autárquicos tendo-se apelado a que os torranenses fiquem atentos e
que passem a palavra o mais que puderem usando todos os meios à sua disposição.
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