domingo, setembro 23, 2012

O porquê de todas as coisas

Tenho  constatado relativamente à manifestação do passado dia 15 e relativamente a esta última, frente ao Palácio de Belém, que muita gente não compreende o porquê da situação, que é uma fatalidade a austeridade e que não adiante protestar pois é o capital injectado que permite que Portugal não vá cair na bancarrota, que defende a tese de que estas são manifestações da gente do sistema, do funcionalismo público, dos que querem continuar - perdoe-me a expressão caro leitor - a mamar, dos apaniguados, dos «barrigudos», etc. Defendem ainda que uma grande camada da população estava mal habituada e que chora porque está a ver ir pelo ralo as férias exóticas, as Play Station dos meninos, os montes alentejanos, os jipes, etc.;  que, enfim, Portugal endividou-se e que tem que honrar os compromissos. Claro está que alguns dos que defendem tais posições e que certamente não foram a estas ou não irão a futuras manifestações por óbvias razões:

São os meninos, os ignorantes que cairam na política de paraquedas para se servirem e não para servirem, são a familia, os Amigos. Faltam aí muitos ainda. Faltam os que estão espalhados por aí encafuados na província, nas Juntas, nas Câmaras, nas escolas, nas instituições privadas, os que se encaixaram com jogadinhas e não com mérito e que por lá andam pelas suas capelinhas uma vida inteira a fazerem o que querem e a gozarem com os outros apesar de já terem há muito provado a sua infinita estupidez, incompetência e vulgaridade e que se tivessem vergonha na cara já há muito que se tinham ido embora mas que continuam a fazer nada ou a fazer porcaria e a servirem-se dos transportes, dos bens e das influencias e posições.

Mas em parte dou-lhes razão! A manifestação é desses que outros tais afirmam, sublinho, também é deles. Mas é também daqueles que não têm loja, nem templo, nem partido - e se calhar por isso é que também não têm emprego – e que trabalham 12, 13, 14 e mais horas por dia, uma vida inteira para ganharem para a casa, para os filhos e… para uma corja de parasitas e que portanto não passam da cepa torta tal como o hospedeiro que não medra por estar minado de parasitas; é dos desempregados; é dos reformados, dos que trabalharam uma vida inteira muitos deles de sol-a-sol; é daqueles que constatam que os combustíveis, o gás a electricidade são dos mais caros da Europa senão do mundo – aliás os aumentos dos combustíveis são uma pouca vergonha que raia a infâmia. Por dá cá aquela palha sobem e para enganar os otários por vezes descem um cêntimo ou dois para passadas duas semanas subir três ou quatro; é daqueles que constatam que para pagar Portugal é campeão, é onde se paga mais mas para receber é o país onde menos se recebe. Ressalvo no entanto a curiosidade de, desde o dia 15 de Setembro, dia da mega-manifestação, já terem sido anunciadas duas descidas no preço dos combustíveis. - a última depois da manifestação frente ao Palácio de Belém na passada Sexta-feira. Curioso, não?
 



 
 
 Sabe caro leitor, eu considero que as pessoas tolerariam a austeridade se vissem que o Estado também era tão austero quanto aquela austeridade que quer impôr. Mas não é! Os portugueses estão, tal como a caricatura de bordalo Pinheiro, na pele de uma mula carregada por todos os outros que se montam em cima dela. Que exemplo dá o Estado quando tem quase cem mil viaturas topo de gama ao serviço até de obscuros assessores? – veja o que diz o Correio da Manhã.
 
 
E o que me diz, caro leitor, dos gestores milionários pagos a peso de ouro, com telemóvel e combustível com plafond ilimitado e «carrinho» às ordens? Como acha que o povo reage quando é notícia que um sem-abrigo que rouba um chocolate, de uma poderosa cadeia desupermercados, para se alimentar, vá a julgamento, o Estado gaste um valor maisde 100 vezes superior ao valor do bem subtraído, o réu seja condenado a pagaruma multa incomportável para o seu bolso e os «galifões do BPN e outros mais que surriparam milhões num esquema que faz da burla de Alves Reis, um simples roubo de rebuçados, que escondem o dinheiros nas off-shores passam incólmes e que para cúmulo é o Estado, diga-se contribuinte que tem que tapar buracos de milhares de milhões? 


 
 
A típica justiça para os «pilha-galinhas», expressão usada na Idade Média, é o que se constata ainda por cá. Que credibilidade merece uma justiça assim? Sem justiça não pode haver liberdade.
 
 
E da actuação da GNR e PSP, instruídas para a caça à multa - quando o Ministro Gaspar com todo o despudor vem dizer que o Estado prevê arrecadar 90 milhões de euros em multas – recorrendo ao mais baixo que pode haver, emboscando-se pelas estradas do país fora como vulgares salteadores de estrada, que pela dimensão e capacidade de actuação e poder fazem dos bandos do Zé do Telhado e do Diogo Alves uma brincadeira de crianças? E o «bom exemplo» que dão, inclusive ministros - a prepotência, o agir impunemente, a atitude pedagógica? Como é que os portugueses vão respeitar tais «autoridades» e  um tal Estado?
Carro da Brigada de Trânsito, em Évora, «bem estacionada» mesmo ao lado do tribunal
 
 
 
E quanto às listas de «especialistas» que têm vindo a público nas redes sociais de meninos e meninas na casa dos vinte, acabados de sair das Universidades, como já referido acima, que «têm a sorte» de ir parar aos gabinetes governamentais receberem somas avultadas da ordem dos milhares de euros por mês com subsídios e tudo, ferindo o principio da igualdade, enquanto os seus colegas, e que se calhar saíram com uma média superior a eles e que vão para o desemprego porque não têm aquele factorzinho que nós sabemos e que tem como expoente máximo Passos Coelho, que assim que terminou o seu curso de gestão foi nomeado para… o conselho de administração de uma empresa? Sorte? Génio? Hummm…Ou os embusteiros académicos como Relvas….  e outros esquemas do género? Tudo gente que, a maior parte não sabe articular dois pensamentos, não sabem escrever, nem fazer contas, nem sabem a tabuada?
 
 
 
Eu próprio constatei ao vivo e constata-se basta estar atento. Estudantes que são especialistas sim mas é a apanharem valentes bebedeiras, aliás a queima é um dos pretextos para tal desiderato. Eu tive colegas, do curso de matemática, que tinham disciplinas em conjunto comigo, que era de física, que quando o professor fez no quadro uma conta de dividir daquelas da primária para explicar a divisão de polinómios ficaram a olhar para aquilo como boi para palácio. Muitos há que não leem a não ser revistecas manhosas e que têm nos big brothers e casas dos segredos os seus programas favoritos… é esta a sua cultura!  São estes os futuros Dr. e afins, os especialistas;  atrevidos e aventureiros. Tão atrevidos que gozam ainda por cima com um povo inteiro com os otários porque espertos são eles porque treparam e foram bem sucedidos. Por isso eu digo que isto já não vai com manifestações-folclore que eles assistem das janelas a rir a bandeiras desbragadas como atrevidos e velhacos e gozões que são. Fosse esta manifestação do dia 15 um fiasco e o que seria o gozo. Assim todos ficaram com medo, cobardes como são. A polícia, tenho  a plena convicção,  tinha (e tem) instruções emanadas do mais alto nível, do próprio Ministério da Administração Interna para ficar muda e queda, o PSD e o Primeiro-Minsitro silenciados, o CDS, dúbio e tentando passar incólume por entre as gotas de chuva, dá uma no cravo e outra na ferradura.
Eu tenho 36 anos, sou licenciado e estou a tirar um mestrado e não sou especialista nem nada que se pareça e nem me considero assim. Eu só não trabalho nem uma hora sequer porque estou desempregado, excepto para o mestrado e para outras actividades onde trabalho tanto fisica como intelectualmente mais que certa gente que se arrasta por aí uma vida inteira e que eu tenho denunciado e continuarei a denunciar. Eu constato que gente que andou comigo à escola na primária, no ciclo preparatório, etc, e sei bem o que valem (dizendo melhor, o que não valem) e onde estão encaixados. Porque será?

A realidade é essa pelo país fora. Eu concordo que a função pública em particular é um caso de parasitismo, de gente que  na maior parte dos casos só consegue entrar com esquemas e jogadinhas, constituída ao nível das Câmaras e Juntas por enxames, redes e teias de familiares e amigos uns dos outros, que pouco ou nada fazem, que é imensa, que têm imensas regalias mas também sei que ainda assim também há muitos e bons servidores da «res publica». Gente competente, prestável e disposta a ajudar os colegas e os utentes ou clientes de determinados serviços. Infelizmente também há a escória que apenas se move numa lógica de prejudicar os colegas e gozar ou maltratar os utentes dos serviços, os quais tratam como animais e consideram como cães já para não falar de outros abusos como os pequenos-almoços de horas e a desconsideração e insultos aos cidadãos da parte daqueles que trabalham nas ruas.  
 Está mais do que na hora de dizer, aos trastes que há anos se espalham por aí como uma praga, que o seu tempo de validade acabou, que já estão mortos e que ainda não se aperceberam e que não podem perpétuamente roubar o lugar que é por direito próprio dos mais jovens, dos mais capazes, daqueles que, ao contrário do que alguns dizem por aí, são gente bem formada e que também são bons técnicos, não são analfabetos e têm infinitamente mais competências e habilitações. A esses sim, deixem-nos trabalhar, são esses que trabalham - ao contrário do que alguns senhores dizem - e que trabalham sim seriamente.
O primeiro aviso foi dado a 11 de Março de 2011. Novos e mais vigorosos avisos foram dados no passado dia 15 e dia 21 de Setembro e mais se seguirão.
 
 
Povo de brandos costumes? Então fiem-se na virgem e não corram... Por enquanto já são «oferecidos» timidamente tomates e ovos mas quem sabe se o povo, agradecido e encorajado por pedagógicos exemplos vindos de outras paragens, não perde a timidez e começa a mimar tão excelsas criaturas com alguns presentes e outras guloseimas. De facto, face a tudo o que foi aqui exposto, convenhamos que merecem.
 
 

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