Nos finais dos anos 80, um arrogante enciclopedista brasileiro chamado António Houaiss, teve uma brilhante ideia: unificar a grafia da Língua Portuguesa. Porquê? Porque as enciclopédias de duvidosa qualidade (por isso os brasileiros lhe puseram a alcunha de “vendedor de enciclopédias mil”) e que ele dirigia eram recusadas em todo o lado por serem “brasileiras”. Convenceu então um dirigente da Academia de Ciências (Malaca Casteleiro) que tinha ficado encarregue pelo Estado de elaborar um dicionário de Língua Portuguesa, o qual, ao fim de 10 anos ainda não tinha passado da letra “A”. Após umas viagens de “trabalho” ao Brasil, Casteleiro tentou convencer linguistas portugueses a abraçar o projecto. Como é lógico, só uns quantos menores ansiosos por porem a pata na História, aceitaram a ideia. A trupe ainda conseguiu arranjar apoios importantes: as editoras. Descobrindo elas que tudo o que havia sido editado “para trás” teria de ser objecto de “harmonização e reedição” isso significaria mais e mais vendas. Atalhando… em 1990 foi lançado o famoso AO, cujo preâmbulo escrito em Português macarrónico e com erros de Gramática (não estou a inventar), foi alvo de uma oposição da opinião pública surpreendendo os “ilustres”. Como se não bastasse, o Acordo foi assinado apenas por Portugal e Brasil porque os PALOP “não tinham condições na altura” (?!). Em reacção, grandes linguistas, professores e anónimos encheram as páginas da Imprensa com mil e uma razões para serem contra tal atentado à Língua. Por outro lado, a maioria dos escritores, como dependem das suas editoras, respondiam evasivamente à questão. Fizeram-se mil e uma tentativas para institucionalizar (o termo aqui não é inocente) a ideia e até foram buscar um professor (Aguiar e Silva) o qual, num dia era a favor – no outro era contra, até sair de mansinho.
Depois de muitos avanços e recuos e muito dinheiro dos contribuintes gasto em viagens e outras rubricas, o Brasil rejeita o Acordo e temos um país (Portugal) único no mundo que não sabe hoje qual é sua grafia. O desespero dos “ilustres” é tal que um sensaborão chamado Agualusa vem afirmar “não compreender a reacção [contra] das pessoas porque é um assunto que não as afecta”. Sim, claro… se quiserem transformar a Sé de Braga num centro comercial, isso não me tira o bife do prato, mas afectaria muita coisa que não está ao alcance de gente “ilustre”.
Teixeira Moita daqui
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