sábado, março 07, 2015

PENSAMENTOS MANHOSOS – “Acto final”

Estes “Pensamentos Manhosos” ao longo de tantas semanas tiveram para mim uma utilidade preciosa pois obrigaram-me a pensar ainda mais e a tirar conclusões. Nasci numa geração de ouro que assistiu e viveu o aparecimento da mini-saia, ao reaparecimento dos homens de cabelo comprido, de sapatos de tacão alto e calças à boca de sino, à liberalização da droga em países ditos avançados, que defendeu os interesses de Portugal onde era necessário, fez uma revolução e entregou de bandeja a um povo a possibilidade de escolher o seu destino. Pessoalmente, andei pela Europa inteira a divulgar a Cultura Portuguesa, escrevi muito mais que um livro, plantei muitas árvores, criei uma filha de que me orgulho e, por fim, compreendi que fiz tudo o que tinha a fazer.
Eu não posso continuar a expressar os meus “Pensamentos Manhosos” a um povo que está contente e feliz com o que tem. Um país em que um preso por enriquecimento ilícito (grande expressão) exige e pede explicações a um governante que não cumpriu as suas obrigações sociais - num país em que todos pensam que sabem tudo nem admitem que Passos Coelho (ofereceu-me esta gravata que trago hoje) pudesse não saber que estava em falta e que por 7.000€ pusesse em causa uma vida e uma carreira política boa ou má.
Num país em que um ladrão que geriu anos e anos o maior banco privado português anda à solta e exige “direito ao contraditório”. Num país em que 99% dos directores bancários estão sob suspeita (eterna) de terem roubado todo o dinheiro vivo português, continuem a dar “bitaites”. Onde 99% dos gestores provaram que não sabem gerir absolutamente coisa nenhuma a não ser a sua própria algibeira e continuem a ser condecorados pelo Presidente da República. Num País em que os principais dirigentes dos diversos sectores da vida nacional estão a ser investigados por corrupção, assalto à mão armada e sequestro. Um país em que as leis permitem que sejam penhorados os alimentos que foram recolhidos para matar a fome a quem necessitava. Um país em que um ex-Ministro da Cultura obriga um filho de onze anos a pronunciar-se perante um tribunal só porque quer uma menina que pode ser sua filha para brincar. Um país em que os falhados todos são contratados pelas televisões públicas e privadas para dizerem o que lhes vem à cabeça. Num País em que uma televisão paga pelos contribuintes faz uma adjudicação directa para representar Portugal (quem lhes deu o foral para tal acto?) num festival de cantigas para membros da Rede da Eurovisão e em que uma pretensa dama com idade para não andar a arrastar-se e enfadar as pessoas se presta ao ridículo de participar na fantochada. Só pode ser por necessidade e aí... pronto aceito.
Para não me tornar enfadonho fico por aqui. Não tenho o direito de andar a pedir ás pessoas que pensem. Peço desculpa publicamente por todos estes desmandos que ousei. Aos meus amigos e fiéis leitores os meus agradecimentos por me terem seguido e se terem manifestado por mensagem particular. Sinto que as pessoas têem medo de se manifestar e emitir as suas opiniões publicamente e creiam que já vi isso há muitos anos e pensei que estivesse erradicado da sociedade portuguesa mas contrariamente está a enraizar-se cada vez mais. Claro que não me vou calar mas vou emitir sempre a minha opinião quando achar necessário e fazê-la chegar aos que têem só uma cara, aos que têem um rumo e objectivo a atingir mesmo diferente do meu porque sempre respeitei os que não concordam comigo. Grato também ao Paulo Selão do Blog Pedra no Chinelo pelo convite para esta aventura, mas tudo tem um tempo e um fim.

Uma boa semana e... deixem de pensar que não vale a pena. Existe uma enorme panóplia de entretenimentos tipo novelas, Got Talent, Casas dos «Degredos», Festivais das cantigas e, claro, sempre a vida dos outros para nos darem suficientemente que pensar.

Jorge Mendes
Bruxelas, 05/03/2015

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