Todos nós sabemos que a sociedade actual, adoptou à risca o “Lema Olímpico”: Citius, Altius, Fortius, ou seja, O mais rápido, O mais alto, O mais forte. Partindo do principio de que só um o pode conseguir, o resto da humanidade está feita ao bife, pois para haver um mais rápido tem de haver um mais lento, para haver um mais alto tem de haver um mais baixo e para haver um mais forte tem de haver um mais fraco. Se partirmos desta lógica logo chegamos à conclusão que a história de que somos todos humanos com os mesmos direitos está errada. Logo toda a construção social está errada. Todo o modelo de sociedade que se vem construindo de há dezenas de anos a esta parte está errado. O modelo não se foi actualizando com o avanço ou recuo do ser humano. As relações causa-efeito não foram corrigidas. Quantas vezes nos perguntámos já: Porque viemos nós aqui e para onde vamos nós? E ficamos confusos, eu pelo menos. Então algum ser superior, bondoso e justo ia dar-se ao trabalho de pôr um ser como eu nesta terra só para comer, trabalhar e ganhar dinheiro, bem acrescentemos dar uns passeios? Se assim fosse não havia lógica em alguém ter fome, em alguém estar desempregado, alguém não ter dinheiro e, consequentemente não poder passear. Depois para nos aliviar inventaram uma palavra muito linda que por sinal está bem entranhada na tola de muita gentinha: Eternidade. E depois ainda criaram a ideia de que esta vida é só uma passagem, depois de mortos é que começamos realmente a viver.
Quando eu era muito jovem, digamos até aos meus 14 anos, fui uma espécie de sacristão ajudante de um homem que marcou a minha vida e a de muito boa gente, que tinha por nome Padre Daniel Bernardo Fernandes, que me ensinou um truque. «Quando quiseres tentar mesmo saber uma coisa usa a expressão: Porquê? no fim de cada explicação que te derem e vais ver que chega a um ponto que já nem o teu explicador sabe Porquê?» Claro que o bondoso Padre Daniel depois levou ainda alguns anos com o Porquê? E começava logo: agora não tenho vagar e ria-se com aquele sorriso amistoso que tinha. Isto para provar que toda a gente pensa que sabe algo sobre um assunto mas os continuados Porquê? vão acabar por lhe mostrar que afinal não sabe tudo. Se experimentarem a “técnica” mesmo entre amigos vão reparar que a resposta final é sempre a mesma: Ora porque sim. Claro que há também muito boa gente ainda que terá a frontalidade de responder: Oh pá mais já não sei. Soa-me a mim tão bonito quando ouço esta última frase. Sim porque ninguém sabe de tudo. Cada um sabe só o que sabe e não o que pensa saber.
Mas esta lenga-lenga vem apenas porque eu acho uma piada aos “oradores”, “palestreiros” e outros sábios que nos andam a contar histórias da carochinha. Eles a única coisa que sabem é convencer-nos que aquilo que eles dizem é ouro. Mas se usarmos o Porquê? Sobretudo aos pretensos políticos (letra pequena de propósito) que já andam a tentar vender as tais de promessas de futuro e de bem-estar, de trabalho e de ganhar, veremos se há alguma lógica neste meu pensamento manhoso. Como é que estes crápulas conseguem convencer os incautos é que eu não sei. Sócrates (que não o grego) foi mestre nesta arte porque nunca ninguém lhe colocou o tal de Porquê? Agora deram para prender as pessoas e não lhes interessa o Porquê? Mas sim o quê, o como e o quanto.
Continuarão sem conseguir corrigir os seres humanos enquanto houver Porquê? Só quando descobrirem os genes da inveja e da ganância e os corrigirem na gestação do ser humano teremos avançado algum passo para criar uma humanidade mais justa, coerente e solidária. Um homem precisa de mil milhões de euros como fortuna pessoal Porquê?
Uma boa semana para todos e pensem.
Jorge Mendes
Bruxelas, 27/02/2015
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