As alterações de toponímia no Bairro Miguel Torga/Zona H2 mereceram a atenção do Correio da Manhã (11 de Maio) e da Correio da Manhã TV (CMTV), cuja peça foi para o ar no mesmo dia.
O caso remonta a 2012 e embora tivesse sido notícia aqui ninguém se apercebeu do impacto da decisão até que em Fevereiro deste ano, aos moradores rebentou-lhes a bomba nas mãos e ganharam consciência da dimensão do problema, como se pode ver aqui.
Foi um dos moradores mais enrascados, digamos assim, Carlos Machadinho, que prestou declarações ao Correio da Manhã.
Mas também aqui no Pedra no Chinelo não deixamos créditos por mãos alheias e fomos ouvir Carlos Machadinho. Tivemos ainda acesso ao ofício que este enviou para o Correio da Manhã.
O morador do Lote 66 começa antes de mais por referir que «a fim de evitar eventuais apreciações transversais» que a intenção de tornar o assunto público tem apenas como objectivo procurar sensibilizar todas as partes com vista à resolução da situação para a qual pede sensatez, vontade, sensibilidade, responsabilidade e competência.
Carlos Machadinho explica ainda na carta a cronologia dos acontecimentos desde o início até ao presente, os quais passamos a transcrever:
- Primeiro trimestre de 2012: A Junta de Freguesia do Torrão decide de forma unilateral propôr as referidas alterações toponímicas;
- Junho de 2012: A Câmara Municipal de Alcácer do Sal decide favoravelmente a proposta e procede à publicação da mesma em Edital sendo que, no entanto, ambas as autarquias esquecem-se de uma rua;
- Fevereiro de 2014: Carlos Machadinho viu ser-lhe negada a renovação do Cartão de Cidadão por se considerar que a morada que este tem há 20 anos não existia;
- O morador contactou tanto a Câmara Municipal como a Junta de Freguesia e, segundo ele, tanto uma como a outra «arranjaram uma solução ainda mais perniciosa para o caso e consequentemente para os munícipes». Confrontados com o caso, terão declinado responsabilidades referindo que a solução encontrada - e a consequente responsabilidade - era única e exclusivamente dos CTT;
- Por sua vez os CTT, depois da queixa feita ao Provedor do Cliente, referem que as reclamações têm que ser feitas individualmente o que implica que um abaixo-assinado previamente elaborado não terá qualquer valor. Outra solução que os correios propõem é que os lesados façam uma procuração para que um deles os represente.
Carlos Machadinho afirma por fim que «ainda hoje» (Abril de 2015) não tem o seu Cartão de Cidadão renovado e a partir do passado dia 9 de Abril ficou igualmente impossibilitado de renovar a carta de condução e remata com uma nota onde alega que está a receber correio com oito moradas diferentes em que alguma correspondência é enviada pela própria Câmara Municipal.
O caso assumiu agora contornos de passa-culpas e jogo do empurra entre os CTT e a Câmara Municipal de Alcácer do Sal. Enquanto isso, a Junta de Freguesia do Torrão reduz um caso complexo com a simplicidade própria dos inocentes referindo que o assunto resolve-se facilmente com a colocação «breve» - seja lá o que for que isso queira dizer - de placas toponímicas como se o problema fosse apenas uma questão de confusão com o nome das ruas. Com esta ligeireza chuta-se a bola para canto e responsabiliza-se, ainda que indirectamente, o carteiro - é a conclusão a que se chega depois de ler tal declaração. Mete-se uma placa toponímica e pronto tá resolvido. Simples e rápido. Assim, com esta ligeireza, qualquer um era um grande estadista.
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