A embaixadora de Cuba visitou ontem o Torrão. Segundo palavras que se presume serem do senhor Presidente da Junta de Freguesia, o dia de ontem foi de «grande importância para a Freguesia do Torrão e para a sua população» - ainda que ninguém tivesse sabido de nada previamente.
Estas palavras só podem ser interpretadas como sendo fruto de um deslumbramento bacooco e quase orgasmico que tolheu por completo o raciocínio do autarca. Só pode.
A pergunta que legitimamente se coloca é: Qual é afinal a «grande importância», a mais-valia que a simples visita da representante diplomática de um país do terceiro mundo, ainda para mais uma ditadura, traz para o Torrão?
Mal vai o Torrão e os seus líderes quando se deslumbram com a visita de um representante de um regime autoritário e de um país do terceiro mundo, um dos mais pobres da América Latina. Que se receba com dignidade e as devidas honras o ou a representante diplomática de um qualquer país, é uma coisa; que haja este grau de deslumbramento e euforia transcendental que chega a raiar o delírio, é outra completamente diferente.
Grande importância para a freguesia do Torrão, em particular, e para o concelho de Alcácer do Sal, em geral, e para a população era se se tivesse deslocado em visita a estas paragens um representante diplomático da Suécia, da Noruega, da Dinamarca, do Canadá, do Japão, por exemplo. Se um desses diplomatas viesse visitar esta terra e trouxesse empresários, investidores, gente que tivesse interesse em investir, neste concelho ou nesta freguesia em particular, em criar empregos, em criar mais-valias, em dar um empurrão à estagnada e endémicamente anémica economia local, ou diplomatas esses que viessem com empresários à procura de mão-de-obra qualificada, viessem mostrar oportunidades de emprego nos seus países aos desempregados locais, aí sim, seria sem a menor sombra de dúvida uma visita de importância capital para o Torrão e para as suas gentes e mesmo para o concelho. Agora a visita de uma representante de um país como Cuba ser de grande importância? Porquê? Mas percebe-se a cegueira e fanatismo afinal de contas Cuba é uma ditadura comunista. Esta tomada de posição tem um significado político claro: os nossos autarcas, pelo menos ao nível da Junta de Freguesia mostram a sua simpatia e mesmo admiração pelo regime cubano, uma ditadura que nada fica a dever à ditadura portuguesa do Estado Novo cujo derrube a 25 de Abril de 1974 foi há poucos dias celebrado com toda a pompa por estas bandas sendo bem reveladora do equívoco, da falta de coerência e da contradição pantanosos em que este poder autárquico cada vez mais desacreditado se vai afundando. Caiu a máscara de vez e todos revelam afinal a sua verdadeira face. Afinal o que mais se pode esperar de um partido estalinista e seus idiotas úteis?
Com esta mentalidade retrógrada e empedernida assente numa propaganda manhosa com o intuito único de enganar os incautos cidadãos, o desenvolvimento deste concelho nunca será uma realidade.
Aguardamos agora com ansiedade e júbilo a próxima visita: a de um representante diplomático dessa grande democracia - nas palavras de um compagnon de route, também ele autarca, do senhor Presidente da Junta de Freguesia do Torrão - que é a Coreia do Norte.
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