«São precisas acções e não palavras. De palavras, bem o sabemos, está o país farto»
D. Carlos I, Rei de Portugal (1863-1908)
«Cumpro o meu dever; os outros que cumpram o seu»
idem
Quem cala consente!
Expressão popular
Todos têm direito à protecção da saúde e o dever de a defender e promover
nº1, artigo 64º da Constituição portuguesa
Para assegurar o direito à protecção da saúde, incumbre prioritariamente ao Estado:
Garantir o acesso de todos os cidadãos independentemente da sua condição económica, aos cuidados da medicina preventiva, curativa e de reabilitação;
Garantir uma racional e eficiente cobertura de todo o país em recursos humanos e unidades de saúde
alíneas a) e b) do nº3, artigo 64º da Constituição portuguesa
*Acções e não palavras (expressão latina)
Conforme noticiado aqui a semana passada, a freguesia do Torrão continua sem médicos no Centro de Saúde agora já há três semanas consecutivas e sem qualquer vislumbre da normalização da situação. Ao que parece, procura-se uma solução mas esta será uma solução precária e provisória. Cabe por isso a todos nós insurgir-mo-nos contra esta situação e fazermos ouvir as nossas justas e legítimas reivindicações. Esse é mote principal deste artigo e este é o apelo que eu quero vos deixar.
Torranenses, compete-nos a todos nós defender os nossos interesses: homens, mulheres, crianças, jovens, doentes, saudáveis... todos. Todos temos familiares doentes, idosos, fragilizados e que precisam de cuidados continuados de saúde; todos teremos que, em caso de cuidados médicos, nos deslocar a Alcácer do Sal, a 37Km de distância e quanto ao transporte, cada um terá que se desenvencilhar como puder. Todos inevitávelmente iremos precisar a qualquer momento de cuidados de saúde. Isto é algo que nos diz respeito a todos; é um assunto que é transversal a toda a comunidade. O alheamento e a indiferença não favorecerão ninguém. Bem pelo contrário! Sejamos pois solidários. Estejamos todos unidos e remando para o mesmo lado. Vamos mostrar ao Governo toda a força do nosso descontentamento.
Como é que poderemos fazer-nos ouvir? Em primeiro lugar reclamando, preenchendo o livro de reclamações, que é para isso que ele existe (reclamar entenda-se). Poder-se-ão questionar do porquê de fazer isso; que tal não leva a nada... Bem, ficar parado é que não levará a lado nenhum definitivamente - isso não pode servir de desculpa! Alegar não saber escrever ou custar a ver ou escrever mal também não. Haverá quem ajude, haverá quem explique. Ajudem-mo-nos uns aos outros!
Basta nos deslocarmos ao Centro de Saúde do Torrão e fazermos a nossa reclamação por escrito. Vamos fazê-lo continuadamente. Mobilizem-mo-nos PORRA! É inacreditável a freguesia do Torrão estar nesta situação desgraçada e apenas terem sido feitas QUATRO(!!!) miseráveis reclamações. Barafustar cá fora, perdoem-me que vos diga, não resolve. Apenas serve para fazer figuras ridículas; falar na padaria, no café, na loja, no talho não adiantará; reclamar verbalmente na Junta de Freguesia também não; no centro de saúde a mesma coisa. Gritar, o «é uma vergonha», reclamar por boca, junto das funcionárias, é escusado e tudo por uma razão muito simples: porque estatísticamente para o Governo isso não conta. Se no livro não há reclamações, a leitura feita é de que todos estão satisfeitos. E é uma leitura correcta! Totalmente correcta! Reclamações zero logo satisfação total; simples.
Desta forma, vamos todos inundar a caixa do correio do Ministério da Saúde, em Lisboa com as nossas legítimas reivindicações. VAMOS DEIXAR DE SER UMA MANADA DE BOIS (E VACAS) MANSOS E PATOS MUDOS! BASTA!
Eu, já fiz a minha parte. Que sirva de exemplo. Felizmente e graças a Deus que não tenho sido, até aos dias de hoje, «cliente» habitual e faço a minha parte para que continue assim até porque em Portugal não se pode ficar doente; é perigoso, é chato... aliás, dá para ver e quem precisa é que sabe o que tem penado, porque o nosso país nem condições dignas de saúde assegura aos seus cidadãos como se pode constatar. Tudo é negócio neste país! A vida, a saúde dos portugueses não tem valor e é um negócio e ponto final parágrafo. Quanto à minha pessoa, se em trinta anos que aquela casa ali está, se lá entrei umas vinte vezes já é muito e se a essas vezes descontar as que lá entrei apenas para levar vacinas ou fazer exames de rotina, contam-se pelos dedos das mãos as vezes que lá entrei realmente doente. E que assim permaneça por longas décadas. Porém estou cá, solidário, sensibilizado, mobilizado e atento. Talvez seja essa a minha vocação: Lutar contra injustiças, pelos mais fracos, dar voz a quem não tem voz e sem nada pedir ou ganhar em troca.
Torno aqui público o teor da minha reclamação para servir de base para outras reclamações. Porém cada um pode e deve falar da sua experiência pessoal e da sua situação concreta. Doentes crónicos, idosos, gente que necessita de cuidados de saúde continuados deve mencionar isso. Gente carenciada deve mencionar isso. Grávidas que precisam de acompanhamento clinico devem mencioanr isso e etc., etc.
RECLAMAÇÃO
Eu, Paulo A. S. Selão, portador do cartão de cidadão nº ... , reclamo contra o facto da Freguesia do Torrão, habitada maioritáriamente por uma população envelhecida, carenciada e sem autonomia para se deslocar até ao Centro de Saúde mais próximo (Alcácer do Sal, a 37 Km), enfrentar há três semanas consecutivas a falta de médicos no Centro de Saúde do Torrão. Esta situação, lamentável a todos os níveis, é totalmente inaceitável num país que se pretende europeu e ao nível dos países mais avançados. Privar uma população inteira dos cuidados mais básicos de saúde é mais próprio de países sub-desenvolvidos, de países do chamado terceiro mundo e configura mesmo, no limite, uma grave e grosseira violação da Carta dos Direitos Humanos e da própria Constituição Portuguesa na medida em que os cuidados de saúde são um direito universal, um direito de todos os cidadãos.
Apelo portanto ao bom senso e à sensibilidade de quem de direito no sentido de pôr cobro a esta lamentável situação com a máxima celeridade possível.
A sombreado: Nos termos da legislação em vigor, a presente reclamação será enviada, no prazo de cinco dias, aos gabinetes dos ministros que tutelam este serviço (via azul) e à Administração Pública (via amarela), respectivamente. A via verde destina-se ao reclamante.
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