domingo, dezembro 23, 2012

D. Sebastião - O Desejado

Quando D. João III morreu, em 1557, todos os seus filhos já haviam falecido. Restava apenas um neto de três anos, D. Sebastião, a quem chamaram o desejado tal não a necessidade de haver um sucessor à coroa de Portugal. Aclamado Rei em 1557, apenas tomou efectivamente as rédeas da governação do Reino em 1568.
De um fervor religioso quase fanático, D. Sebastião sonhava com a glória militar frente aos «infiéis», sonhava participar em grandes batalhas, queria provar algo no campo de batalha. Mas provar o quê? Nunca se deteve e nunca ninguém o consegui deter ou sequer demover. 
Foi sobretudo um individuo obcecado. Obcecado com a guerra, teve a oportunidade que tanto procurou, em 1578, em Alcácer Quibir. Fez-se inclusive acompanhar da espada de D. Afonso Henriques... Tanto quis a guerra, tanto quis participar numa guerra, tanto sonhou com esse dia, tanto sonhou envolver-se em grandiosas batalhas e coroar-se de glória no campo de batalha e no entanto, no momento da verdade - sim no momento da verdade que é aí que somos verdadeiramente confrontados com o destino, com aquilo de dizemos que fazemos - no momento da verdade, dizia, quando viu o seu poderoso inimigo com as suas imensas forças se aproximar para lhe dar batalha ficou, diz-se, petrificado, paralizado, imobilizado, em choque, em transe (Medo? Pavor? Excitação?) e foi preciso o seu Estado-Maior o acordar da letargia com um «Acorde Majestade, eles vêm aí. É preciso agir» para que D. Sebastião descesse à Terra e desse a ordem de ataque com três brados a Santiago - grito de guerra que os portugueses davam antes do embate contra os mouros. Foi uma derrota catastrófica!
A sua falta de senso, a sua improdência e sobretudo a sua obcessão levaram Portugal à sua mais clamorosa derrota naquele dia 4 de Agosto de 1578, no Norte de África, em Alcácer Quibir. Perdeu-se a si próprio, perdeu o Reino e lançava Portugal numa gravíssima crise que haveria de culminar dois anos mais tarde com o domínio estrangeiro sobre Portugal, o qual haveria de se prolongar por seis longas e dolorosas décadas.



Sem comentários: