É verdadeiramente preocupante e triste o estado de degradação a que chegou o, sem dúvida, mais antigo e imponente edifício do Torrão. Tão preocupante que mesmo a nível estrutural já começaram a surgir os primeiros sinais de ruína.
Devemos relembrar que não é de hoje que aqui se alerta para tal. Fizemo-lo aqui e voltamos a relembrar o assunto aqui por tanto se evocar o património histórico e arquitectónico do Torrão nomeadamente da parte dos autarcas locais. Cheguei inclusive a fazer um périplo pelas localidades vizinhas como termo de comparação e o que se temia e esperava tornou-se terrivelmente evidente e tristemente claro como a água: A Igreja do Torrão é sem a menor sombra de dúvida a mais mal cuidada de todas, a mais desprezada, a que apresenta maior risco de degradação, e claro, a que mais vergonhosa e até criminosamente abandonada se encontra. Até as portas; portas valiosas, portas antigas, se encontram ressequidas, mal cuidadas, esburacadas, rombas, empenadas tendo inclusive que se recorrer a pedras - sim a pedras - para tapar os buracos.
Todos nos deveríamos perguntar como foi possível ter-se chegado a uma situação destas?!
Quem deixou chegar um monumento histórico, um dos mais antigos monumentos do Torrão a tal estado?
A quem se deve pedir responsabilidades? Às instituições públicas? Ao Estado? Às autarquias? À diocese? À paróquia? A quem?
Bem, no limite a todos e a cada um de nós. Porém tal não invalida que quem de direito não devesse ter agido. E se o não fez ainda que o faça pois ainda vai a tempo; mas que o faça rápido sob pena de o fazer tarde demais.
Naturalmente que obviamente quem lidera os destinos da Freguesia, do Concelho há muito que deveria ter feito algo pois a liderança tem que ser efectiva, carismática, motivadora e não meramente simbólica.
Foi-me ali revelado que arquitectos da Câmara foram enviados para «ver» e para «inglês ver», neste caso torranense. Ficou tudo em «águas de bacalhau». Ficou-se tudo pelas vistas. Foi-me ali revelado que o Presidente da Junta terá afirmado que tanto a Junta como a Câmara dispunham de uma verba destinada à pintura e reparação do edifício mas que não haveria ninguém no Torrão, nenhum dos pintores disposto a aceitar o trabalho. Consideramos tais afirmações verosímeis pois o Sr. Presidente disse exactamente a mesma coisa na Assembleia de Freguesia que se realizou em Outubro. Curiosamente, na Acta dessa sessão, lida e posta à aprovação na sessão de Dezembro, nada consta mas os presentes ouviram, incluindo alguns munícipes que ali se encontravam. Foi-me ali revelado que foi pedido à Junta um trabalhador para reparar a porta que dá para a Travessa da Matriz mas que a qualidade do trabalho deixou muitíssimo a desejar e deixou indigandos os responsáveis da paróquia. Foi-me ainda ali revelado que o cata-vento que se encontrava na torre e que caiu devido ao rigor de um inverno passado e à má manutenção e que poderia ter tido consequências bem mais graves, teria sido levado para o estaleiro da Câmara onde ainda se encontrará embora, alegadamente, ninguém faça a mínima ideia do seu paradeiro. Mas enfim...
Não se trata aqui de um caso dos poderes públicos favorecerem uma religião. Nada disso! Trata-se sim, dos poderes públicos zelarem pelo património histórico-arquitectónico independentemente da natureza religiosa do monumento.
Seja como for, todos nos devemos preocupar, indignar e, mais importante, agir. Todos sem excepção! Crentes, não-crentes, católicos, não católicos, agnósticos e mesmo ateus pois este, antes de ser um local de culto, é um monumento histórico. Um traço da nossa cultura, da nossa portugalidade, um legado que nos foi deixado pelos nossos antepassados e que todos nós - sim todos nós, sem excepção - não temos sabido honrar, não temos querido saber honrar.
Depois de múltiplos alertas receio bem que este seja o derradeiro. Pouco mais haverá para mostrar e pouco tempo restará para agir. Creio que cumpri o meu dever de cidadania, de português, de torranense; o dever de me informar primeiramente e posteriormente de informar «urbi et orbi», de informar o mundo, de vos informar a todos vós. Estarei inteiramente disponível e o Pedra no Chinelo também. Faço minhas as palavaras D'El-Rei D. Carlos I ao afirmar que cumpri o meu dever. Agora outros que cumpram o seu.
O trabalho que incidiu sobre esta porta e que tão indignados deixou os responsáveis da paróquia
O nítido estado de degradação da porta
A placa a assinalar o monumento. A única obra relevante de quem de direito
A porta de entrada junto ao adro também não está famosa
E a que dá acesso á sacristia também não. Em pormenor uma pedra que tapa um enorme buraco
A parede lateral
Beirais quebrados
O tecto de madeira vai apodrecendo e as tábuas soltando-se devido à humidade e inflitações
A porta e as suas companheiras pedras que vão selando os buracos que esta, vergada pelo tempo e incúria, vai apresentando
Uma enorme fissura num dos altares
Outras enormes e preocupantes fissuras noutro dos altares
Um pouco mais à frente também aí o tecto de madeira se encontra lastimoso
E por fim o pior e mais preocupante: A sacristia.
Bolores, humidades, fendas. Mobilias antigas, valiosas expostas à inclemência da humidade
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