Esta é uma daquelas situações que deveria indignar os portugueses e por isso eu trago este artigo à luz do dia.
A Igreja das Mercês, em Évora, situada na Rua do Raimundo foi seriamente danificada aquando da construção de um mamarracho - construído inclusive com fundos do INALENTEJO - que arquitectonicamente não se enquadra no traço das construções existentes; uma autêntica cicatriz na face da «Cidade Museu».
Ora para quem não sabe, Évora foi classificada em 1986 pela UNESCO como Património da Humanidade sendo mesmo designada como «Cidade-Museu». Então agora pergunta-se: Permite-se uma construção desta natureza em pleno centro histórico da «Cidade-Museu»? E quem permitiu?
Não só foi permitido como ainda tal projecto usufruiu do apoio de fundos comunitários.
Por outro lado, essa mesma construção vem pôr em risco património e quem aceitou o projecto de fundações e geotecnia não viu que as fundações e os trabalhos ao nível dos solos iriam ter estas consequências?
O que se fez para estabilizar minimamente os solos?
Ora acontecendo o que aconteceu - e que não devia ter acontecido - mandava o bom-senso e a sensibilidade que pelo menos, até porque a cidade recebe anualmente milhares de turistas, se procedesse rapidamente à reparação dos danos. Mas parece que também aqui a política é deixar cair. Resta saber se não cairá em cima de ninguém.
Ora entretanto já passaram oito meses ou seja, quatro pares de meses estando tudo tal como as imagens recolhidas ontem, dia 15 de Outubro, mostram. E as grades lá se vão perpetuando no local dando uma imagem nada abonatória da forma como o património da «Cidade Património Mundial» é tratado.
Resumindo e concluindo, assim se vê o tratamento que os nossos «bons» poderes públicos devotam ao património. Nem mesmo a classificação da UNESCO é suficientemente influente e forte para levar a que situações destas não se verifiquem.
Experimentem «os do costume» a dar um saltinho aqui ao lado ao Reino de Espanha. Vão até Santiago de Compostela, Granada, Toledo e vejam como é tratado o «Casco Histórico». Vejam também como outras cidades Património da Humanidade são tratadas como por exemplo Dubrovnic, na Croácia - que inclusive sofreu durante a guerra que ali eclodiu nos anos 90.
Ora se é assim que se trata uma «Cidade Museu» e uma cidade Património da Humanidade, está tudo dito. A República Portuguesa no seu melhor.
As grades mantendo-se indefinidamente junto à fachada da Igreja das mercês
Em evidência a igreja e o edifício onde funciona um hotel
Os danos na igreja em pormenor
Para cúmulo, uma empreitada privada, em termos arquitectónicos totalmente desenquadrada com o traço do centro histórico e cuja construção causou danos avultados a património histórico ainda tem um apoio de «apenas» um milhão e setecentos mil euros
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