Muitas e muitas
vezes dou comigo a pensar na desertificação do interior do País. Claro que
serão “pensamentos manhosos” segundo aqueles que não estão interessados em
reverter a situação. O medo da “livre concorrência de ideias” atemoriza quem se
habituou a ser visto como o mais esperto do lugar. Tudo o que venha de fora e
possa pôr em perigo a sua posição “catedrática” deve ser reprimido e afastado
com todas as suas forças. As ideias novas que eles não conseguem entender são
logo tidas como “ideias parvas”. Temem os debates e evitam até as próprias
conversas porque lhes faltam os argumentos que, como nunca os tiveram, vão
imediatamente por a nu todas as suas carências intelectuais. Estas pessoas,
algumas gravitando há 40 anos nesta órbita, têem de entender que o futuro deles
já foi, e que os próprios filhos e netos, quando se aperceberem, vão ficar
muito decepcionados. Eu não quero acreditar que alguém faça ou decida errado só
pelo prazer de se cobrir de ridículo, mas sim porque não tem capacidade ou
conhecimento para fazer melhor. Assim sendo, vamos lá expandir os meus
“pensamentos manhosos”.
Um dos segredos
do sucesso dos centros comerciais é exactamente o facto de, ao co-habitarem um
espaço comum, permitirem ao cliente numa única deslocação ter ao seu alcance
tudo o que precisa e consequentemente aumentar o consumismo de quem não pode
ou não quer conter-se. A concorrência é a única forma de progresso em tudo. Os centros comerciais, grande ideia do capitalismo, só tiveram sucesso porque os
pequenos comerciantes das vilas e aldeias não se souberam unir e criarem o seu
próprio espaço, antes de eles se lembrarem de avançar. Neste meu “pensamento
manhoso” apenas pretendo demonstrar que, se não houver uma tomada de posição inteligente,
com gente capaz, que saiba fazer e liderar a sério as aspirações das
populações, todo o interior será destruído. Quando todo o interior estiver
destruído virão então os “espertinhos das orelhas” instalar-se de borla. Se
houver sentido de antecipação eles virão na mesma instalar-se, mas com regras
que beneficiem quem toda uma vida labutou nesses lugares. Se um Isaltino de
Morais conseguiu construir um concelho que é considerado o melhor e mais
progressista concelho do País ao ponto de as pessoas o quererem de volta mesmo
depois de ter estado preso, isso também é possível de fazer em todos os outros
concelhos do País corrigindo apenas o facto de, em vez de os lucros iram para
os bolsos dos nossos funcionários, irem directamente para o erário público ou
seja o bem comum.
Alguém que me
explique para que servem os terrenos inertes e os edifícios que são propriedade
dos municípios? Porque é que esses bens não serão cedidos a preços simbólicos
ou mesmo gratuitamente, desde que daí advenham empregos e bem estar para as
populações? Ah e tal, mas existem leis que impedem isso. As leis foram feitas
por homens e devem ser desfeitas ou corrigidas por homens quando o “todo” está em
jogo. Com as modificações rápidas das sociedades, as leis ficam meteóricamente
ultrapassadas e deixam de servir os interesses comuns embora continuem a servir
os interesses dos tais que temem o progresso. Continuo a advogar o sistema da
Islândia: Não precisamos de políticos mas sim de gente capaz de transformar em
realidade as ambições das populações. Não precisamos de um PDM que seja violado
por um “inadvertido” qualquer, mas sim de um PDM que possa ser executado pelos
tais técnicos com competência e rigor em tempos razoáveis. Só aí sim se pode
pensar em premiar os executantes e nunca os políticos, como ainda ontem advogou
o Presidente da República, que passam a vida a gabar-se que fizeram isto e
aquilo como se não fosse para isso que foram eleitos. Já alguma vez ouviram um
político no fim do mandato vir pedir desculpa e justificar o facto de não ter
feito praticamente nada daquilo que prometeu em campanha?
Realmente há
pessoas que só têem “pensamentos manhosos”.
Uma boa semana
para todos e pensem.
Jorge Mendes
Bruxelas, 07/10/2014
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