Pensamentos manhosos - Porquê?
Por: Jorge Mendes
Pensar é uma coisa a que me habituei de há uns anos para cá. Do muito que tenho pensado vem-me ultimamente muito ao “penso” a palavra: Porquê?
Porquê nos têem tentado convencer nos últimos anos que somos os mais cultos, os mais malandros, os menos produtivos, que não sabemos fazer nada, que temos um País pequeno, que ganhamos demais para o trabalho que fazemos, que nunca mais conseguimos pagar a dívida que fizemos? Há até quem advogue que não merecemos o belo governo que temos.
Ora bem, criaram cursos e mais cursos, diplomas e mais diplomas, criaram Universidades disto e daquilo; Porquê? No meu fraco ponto de vista para nos convencerem que afinal somos todos muito cultos e podemos à vontade fazer de conta que percebemos todas as coisas que nos dizem e que são, segundo eles, para nosso bem. Para não pensarmos muito, pois haveria o risco de chegarmos a conclusões bastante diferentes das pretendidas. Deram-nos a liberdade de falar à vontade ao ponto de qualquer parvoíce que dizemos nos parecer um grande discurso, do qual eles riem por detrás como quem diz: mói-te. Toda a gente se sente capacitada para falar sobre qualquer assunto. Fazem-nos fazer figuras ridículas convencidos de que estamos a ser o centro das atenções. Somos uma espécie de médicos de clínica geral que no fundo não são especializados em nada, mas são Senhores Doutores.
Então mas vamos lá a ver: Temos a melhor laranja do mundo, a melhor cortiça do mundo, o melhor azeite do mundo, o melhor calçado do mundo, as melhores cidades para viver do mundo, somos campeões do mundo em várias coisas, temos um dos melhores climas do mundo, as melhores praias do mundo, as melhores peras do mundo, o melhor vinho do mundo, enfim quase tudo melhor do mundo, que nós produzimos com as mesmas pessoas que eles dizem que nem 505€ por mês merecem. Estes mesmos trabalhadores que depois emigram e são considerados dos melhores do mundo nos Países onde são integrados. Alguém anda a achincalhar os trabalhadores portugueses e está-me cá a parecer que quem é pago para os defender não é isento de culpas. Então mas ao fim de vários anos de salários congelados aceitam 20€ de aumento por mês!!! E depois vêm dizer-nos que foi o melhor que se pôde arranjar, senão os patrões zangavam-se!!! Quando os trabalhadores tiverem plena consciência que é o valor do seu trabalho que permite a riqueza aos patrões, não terão medo de os encostar à parede. E não é preciso roubar nem violentar os patrões. Basta ter a certeza do seu valor e colocá-los perante a evidência. Há mais urgência em nivelar os salários por cima do que nivelá-los por baixo. Quando isso acontecer podem crer que eles vão sofrer mais do que os que ganham misérias pois a estes custa menos deixar de comer lagosta, se é que alguma vez a comeram... e Deus quando criou a lagosta foi para todos.
Levaremos, salvo seja, mais 50 anos para pagar uma dívida que ninguém sabe quem a fez? Então e quem é que nos anos 80 nos desmantelou a Agricultura, a Indústria e o Comércio? Então e quem é que durante 40 anos nos esvaziou os cofres do Estado? Alves Reis mandou imprimir dinheiro e injectou-o à revelia no sistema monetário português; esta cambada retirou o dinheiro do sistema monetário português e injectou nos paraísos fiscais. Eu penso que é altura de começarmos a utilizar o sistema do: Porquê?
Quando eu era muito mais novo, há no Torrão muita gente que se lembra, fui um dos sacristões do Padre Daniel Bernardo Fernandes, que repouse em paz, um homem bom que tanta gente ajudou no Torrão e que de tão boa memória é. Eu tinha feito alguns cursos religiosos para jovens que nessa altura se denominavam “Decolores”, pelo menos na nossa linguagem de gíria. Numa das muitas conversas que tive com o Padre Daniel utilizei uma técnica que me tinham ensinado num desses cursos e que consistia em fazer uma pergunta, esperar a resposta e, quando a tivesse, perguntava de novo: Porquê, senhor Padre? E ele, por isto e por aquilo, etc e tal, percebeste? Porquê, senhor Padre? E assim sucessivamente até que ele dizia: Bem por agora chega que eu tenho mais que fazer. E eu: Porquê, senhor Padre?
Porquê nos têem tentado convencer nos últimos anos que somos os mais cultos, os mais malandros, os menos produtivos, que não sabemos fazer nada, que temos um País pequeno, que ganhamos demais para o trabalho que fazemos, que nunca mais conseguimos pagar a dívida que fizemos? Há até quem advogue que não merecemos o belo governo que temos.
Ora bem, criaram cursos e mais cursos, diplomas e mais diplomas, criaram Universidades disto e daquilo; Porquê? No meu fraco ponto de vista para nos convencerem que afinal somos todos muito cultos e podemos à vontade fazer de conta que percebemos todas as coisas que nos dizem e que são, segundo eles, para nosso bem. Para não pensarmos muito, pois haveria o risco de chegarmos a conclusões bastante diferentes das pretendidas. Deram-nos a liberdade de falar à vontade ao ponto de qualquer parvoíce que dizemos nos parecer um grande discurso, do qual eles riem por detrás como quem diz: mói-te. Toda a gente se sente capacitada para falar sobre qualquer assunto. Fazem-nos fazer figuras ridículas convencidos de que estamos a ser o centro das atenções. Somos uma espécie de médicos de clínica geral que no fundo não são especializados em nada, mas são Senhores Doutores.
Então mas vamos lá a ver: Temos a melhor laranja do mundo, a melhor cortiça do mundo, o melhor azeite do mundo, o melhor calçado do mundo, as melhores cidades para viver do mundo, somos campeões do mundo em várias coisas, temos um dos melhores climas do mundo, as melhores praias do mundo, as melhores peras do mundo, o melhor vinho do mundo, enfim quase tudo melhor do mundo, que nós produzimos com as mesmas pessoas que eles dizem que nem 505€ por mês merecem. Estes mesmos trabalhadores que depois emigram e são considerados dos melhores do mundo nos Países onde são integrados. Alguém anda a achincalhar os trabalhadores portugueses e está-me cá a parecer que quem é pago para os defender não é isento de culpas. Então mas ao fim de vários anos de salários congelados aceitam 20€ de aumento por mês!!! E depois vêm dizer-nos que foi o melhor que se pôde arranjar, senão os patrões zangavam-se!!! Quando os trabalhadores tiverem plena consciência que é o valor do seu trabalho que permite a riqueza aos patrões, não terão medo de os encostar à parede. E não é preciso roubar nem violentar os patrões. Basta ter a certeza do seu valor e colocá-los perante a evidência. Há mais urgência em nivelar os salários por cima do que nivelá-los por baixo. Quando isso acontecer podem crer que eles vão sofrer mais do que os que ganham misérias pois a estes custa menos deixar de comer lagosta, se é que alguma vez a comeram... e Deus quando criou a lagosta foi para todos.
Levaremos, salvo seja, mais 50 anos para pagar uma dívida que ninguém sabe quem a fez? Então e quem é que nos anos 80 nos desmantelou a Agricultura, a Indústria e o Comércio? Então e quem é que durante 40 anos nos esvaziou os cofres do Estado? Alves Reis mandou imprimir dinheiro e injectou-o à revelia no sistema monetário português; esta cambada retirou o dinheiro do sistema monetário português e injectou nos paraísos fiscais. Eu penso que é altura de começarmos a utilizar o sistema do: Porquê?
Quando eu era muito mais novo, há no Torrão muita gente que se lembra, fui um dos sacristões do Padre Daniel Bernardo Fernandes, que repouse em paz, um homem bom que tanta gente ajudou no Torrão e que de tão boa memória é. Eu tinha feito alguns cursos religiosos para jovens que nessa altura se denominavam “Decolores”, pelo menos na nossa linguagem de gíria. Numa das muitas conversas que tive com o Padre Daniel utilizei uma técnica que me tinham ensinado num desses cursos e que consistia em fazer uma pergunta, esperar a resposta e, quando a tivesse, perguntava de novo: Porquê, senhor Padre? E ele, por isto e por aquilo, etc e tal, percebeste? Porquê, senhor Padre? E assim sucessivamente até que ele dizia: Bem por agora chega que eu tenho mais que fazer. E eu: Porquê, senhor Padre?
Uma boa semana para todos e pensem.
Jorge Mendes
Bruxelas, 29/09/2014
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