sábado, fevereiro 14, 2015

Em apenas um mês: Rádio do Torrão já é um caso sério de popularidade


O símbolo da MRA consiste numa imagem estilizada da ponte romana sobre o Rio Xarrama na entrada norte do Torrão


Nasceu quase em simultâneo com o novo ano, mais concretamente no dia 10 de Janeiro de 2015, e hoje, dia 14 de Fevereiro, um dia depois de assinalado o Dia Mundial da Rádio, efeméride assinalada anualmente aos 13 dias do segundo mês do ano, fomos visitar aquela que em apenas um mês já tem quase um milhar de ouvintes oriundos dos cinco continentes.
Portugal ocupa, como não podia deixar de ser, o lugar cimeiro logo seguido do Brasil, França, Estados Unidos da América e Reino Unido. Mas Venezuela, Egipto, Grécia, Turquia ou Malásia, por exemplo, são também outras paragens onde a MRA, a rádio que emite online a partir da vila do Torrão, segunda maior localidade do concelho de Alcácer do Sal, é escutada.
A ideia partiu de Mário Rui Aleixo, um modesto e discreto torranense, já na casa dos cinquenta anos, e que até agora tem passado despercebido. Mas não se pense que é o súbito desejo de protagonismo que o move; é antes o amor e estima que tem pela sua terra e a preocupação com que tem vindo a assistir ao declínio, desertificação, pobreza e forte emigração na sua freguesia mas, verdade seja dita, é também a curiosidade pelas rádios web - fenómeno que tem vindo a verificar-se nos últimos tempos - que o motiva.
Mário Rui garante que a rádio MRA cuja designação resulta simplesmente das iniciais do seu nome (Mário Rui Aleixo) surgiu de forma espontânea. O projecto iniciou-se com emissões experimentais mas depressa se expandiu com o web radialista a contactar o seu amigo Vital Mirra, também ele detentor de uma web rádio, a RSA, esta a operar em Alcácer do Sal, fez no passado dia 1 de Fevereiro um ano, no sentido deste o ajudar a consolidar o seu recém criado projecto.
Mas o que começou como uma brincadeira depressa se tornou um caso sério e uma nova fonte de motivação, mais uma, aí estava. A receptividade foi imediata com inúmeras pessoas nomeadamente torranenses que vivem fora do Torrão mas não só a aderirem formando um público fiel e entusiasta que incentivava à continuidade e apelando à não desistência. Ouvindo mas também interagindo, uma outra vantagem das rádios online sobre a rádio tradicional onde o público não se limita passivamente a ouvir mas tem também uma vertente activa na medida em que pode escrever no chat, ir fazendo pedidos e conversando inclusive com quem faz a emissão e mesmo entre eles. A outra vantagem é poder ser ouvida em qualquer parte do mundo, coisa fisicamente impossível às rádios que operam através de ondas electromagnéticas.
A nova rádio estava assim em marcha e o processo era já irreversível. Desistir nem pensar! O público não perdoaria tamanha traição!






As estatísticas não deixam margem para dúvidas acerca da diversidade da audiência da MRA no ar há apenas umas escassas quatro semanas


É pois tempo de entrar em cena uma outra locutora improvável. Vânia Mártires, filha de Mário Rui, também ela saiu do Torrão para se fixar em Alcabideche, Cascais, depressa se rendeu aos encantos da rádio. Ouvinte assídua - como não podia deixar de ser! - aceitou o repto do pai e por brincadeira começou a participar. Ficou o bichinho, perguntamos. "Acho que o bichinho já cá estava" contrapôs. A motivação cresceu com os elogios sinceros que entretanto foi recebendo sendo mesmo considerada para alguns uma revelação no mundo dá rádio por ser possuidora de uma bela voz radiofónica. Infelizmente também o desemprego bateu à sua porta ocupando agora a rádio um papel principal nesta fase da sua vida.




Mário Rui Aleixo e Vânia Mártires no «centro de operações». A última foto revela aos ouvintes da MRA e leitores do Pedra no Chinelo o estúdio virtual a partir do qual a magia da rádio acontece


Na verdade, fazer uma rádio ainda que online e de forma amadora, não é tarefa simples. "Ocupa bastante tempo, é muito absorvente" assegura Mário Rui que se confessa ainda perfeccionista e assegura que faz questão de ouvir à posteriori as suas emissões para fazer a sua auto-critica com vista a melhorar o seu desempenho ao contrário de Vânia que diz que ainda não ganhou coragem para se ouvir.

Mas já lá diz o ditado que santos da casa não fazem milagres e se há motivos que elevam o entusiasmo também há o reverso e aspectos que não diríamos negativos mas menos positivos. Mário Rui não esconde a sua tristeza por oficialmente ainda não ter havido por parte das entidades oficiais qualquer palavra de reconhecimento e apreço público pelo trabalho entretanto desenvolvido cuja solidez e aderência estão à vista e alerta que muitos ouvintes já repararam nessa questão.
O radialista sublinha no entanto que elogios  e reconhecimento público não se pedem pois é algo que tem que surgir de forma espontânea das entidades oficiais e assegura que não é isso que se pretende com estas palavras mas ainda assim reconhece que seria um estímulo substancial o reconhecimento pelo mérito de fazer um serviço público e de forma gratuita.
Mário confessa no entanto que o que mais o entristece e desmoraliza é receber elogios e incentivo de várias pessoas oriundas de outros lados enquanto que da parte dos seus conterrâneos, residentes na freguesia, apenas tem imperado o silêncio e o desprezo algo que Vânia confirma. "Viver fora do Torrão é para mim uma mais-valia na medida em que o facto de viver em Alcabideche atrai muita gente da zona de Cascais e mesmo da grande Lisboa, pessoas minhas conhecidas, que têm curiosidade de me ouvir e de ouvirem e conhecerem a MRA" ao mesmo tempo que afirma com orgulho, e a título de exemplo, que a gerente, sua amiga, de um salão de cabeleireiro da localidade onde reside, lhe pediu para passar publicidade na MRA.

E por fim, como não podia deixar de ser, quais os planos para o futuro. Será a MRA um projecto sustentável e algo para continuar?
Mário Rui Aleixo assegura convictamente que é para continuar e que até já tem alguns projectos na manga. Instado a ser mais específico, assegura que o objectivo principal passa pela divulgação da região e pelo crescimento da MRA e garante que não se pretende apenas passar música mas ir mais além e divulgar eventos e mesmo notícias relacionadas com a terra de Bernardim Ribeiro. Está ainda em estudo fazer um programa de entrevistas a convidados que tutelem entidades públicas e privadas locais, pessoas que se destaquem publicamente e mesmo pessoas mais velhas do Torrão onde estas tenham oportunidade de partilhar as suas experiências de vida.
Mas para além de divulgar o Torrão também os donos da rádio pretendem divulgar o que de melhor se faz por cá e não enjeitam o desafio de fazer e passar publicidade na MRA. Mário Aleixo afirma que se entidades e comerciantes estiverem interessados em divulgar iniciativas e produtos basta entrar em contacto via chat, via Facebook ou outros meios. Basta contactar e garante que toda a informação estará no site da rádio. Alerta no entanto que o principal foco não está na publicidade e que não se pretende sobrecarregar a rádio com anúncios publicitários. Qualquer entidade ou empresa ou serviço que esteja interessado pode ter publicidade na MRA mas o Torrão terá sempre prioridade, garante. 

Se o caríssimo leitor depois de ler este artigo ficou curioso, é fácil matar a sua curiosidade; basta clicar no endereço www.radiomra.pt e dar uma espreitadela.

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