Se há personalidade que tem sobressaído nos meandros europeus é Yanis Varoufakis. O novo Ministro das Finanças grego é, a meu ver, sem a mais pequena sombra de dúvida, o protagonista e o mais conhecido de todos os elementos do novo elenco governativo helénico.
Varoufakis emerge porque tem um enorme carisma, é um gigante, ocupando totalmente qualquer palco político. Perto dele, os demais actores tornam-se pequeninos e insignificantes como o cinzento homenzinho, presidente do Eurogrupo ou o sénior homólogo francês, Sapin. Como se destacou terrivelmente do velho, burocrata e cinzento ministro francês quando foi ao seu encontro com uma indumentária mais própria de um motard. A sua presença cresce ainda porque a sua confiança e à vontade são desmedidos; chega a parecer insolente e irreverente. E ainda mais: É jovial e informal e tem um sentido de humor desconcertante. Este homem tem 54 anos???
Yanis Varoufakis está a anos-luz do patético Gaspar ou da insignificante Albuquerque e de outros homúnculos que soçobraram a pasta das finanças portugueses nos últimos anos. Passos Coelho, que tem falado alto, vai ter o seu momento da verdade e anseio por ver a sua performance ao lado do grego. Será eclipsado, disso não me parece haver grandes dúvidas. Se tem mostrado dificuldades em engolir o resultado grego e revela mesmo pânico, uma vez num frente-a-frente ficará KO como os demais.
A confiança de Yanis é a confiança de quem sabe, de quem sabe que sabe, de quem está preparado, de quem não caiu de pára-quedas e por isso, ao contrário de outros, não é titubeante. A sua confiança advém do facto de que ele é genuíno, tem pergaminhos e de ter a plena consciência de que não é uma fraude.
Fazem falta muitos mais Varoufakis na política local, nacional e europeia. Mas que não haja confusão: Não do ponto de vista ideológico! As ideologias valem o que valem, muitas delas estão ultrapassadas e, per si, não resolvem muita coisa sendo inclusive restritivas, por analogia, são as palas que se punham antigamente nos burros para só verem para um lado.
O que faz falta é gente arrojada, inovadora, jovial, carismática, séria, preparada, culta, inteligente, venha ela de onde vier. Pode ser ecologista, comunista, nacionalista, etc. e sobretudo independentes e em listas independentes ou em movimentos emergentes.
O académico, professor de Teoria Económica terá agora o seu momento da verdade: Pôr na prática o modelo que entende mais ajustável à realidade. Pode não o conseguir, é facto e as probabilidades são grandes. Há muitas variáveis em jogo e a esmagadora maioria delas imprevisível e incontrolável, e ainda para mais, a conjuntura não é fácil e qualquer perturbação pode provocar grandes alterações pois o sistema económico, ainda para mais nas actuais condições, é muito instável. Ele no entanto sabe-o. Mas também pode ter sucesso e nesse caso teremos um caso sério e uma personalidade que pode inclusive vir a «dar cartas na Europa».
Yanis Varoufakis aparenta ser um líder nato, tem uma personalidade fortíssima e tem um enorme carisma, mais até do que o próprio Tsipras que me parece ser um homem bem-intencionado mas tímido e introvertido.
Se o novo governo helénico - pioneiro e que por isso mesmo ainda está isolado mas que, por contágio, pode com elevada probabilidade vir a ter parceiros com a mesma afinidade política, na Europa - conseguir levar a água ao seu moinho e conseguir resolver os problemas mais prementes da Grécia e as causas da tragédia grega: a corrupção (pequena e grande) endémica e a fuga massiva ao fisco, o Syriza pode ser uma força a ter em conta e Yanis Varoufakis corre o risco de ele próprio vir, a médio prazo, chefiar o governo grego.
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