Pois é verdade sim senhores que estou mesmo a pensar seriamente em deixar de escrever, seja no que for e sobre o que for. Este pensamento baseia-se em muitas teorias e constatações. As pessoas cada vez sabem e querem menos ler. Ler tornou-se uma grande chatice. Uma verdadeira perda de tempo. Curiosamente, em contradição, cada vez mais há pessoas a escrever ou antes: a transcrever. Assim tudo quer escrever, ou transcrever, mas ninguém quer ler. Toda a gente quer ser o centro das atenções mas ninguém dá atenção a ninguém. As redes sociais vieram dar uma impressão ás pessoas de que sabem mas realmente a esmagadora maioria só sabe ligar o botão, entrar directamente no Facebook ou noutra rede social qualquer, e depois fazer colagens, alguns, daquilo que vem nos jornais e revistas. Tenho um vizinho, aqui em Bruxelas e português de gema, com oitenta e muitos anos que nos diz, convicto: Bem vou para o computador. Nós sabemos que ele nem tem computador mas fica muito feliz e sente-se importante por pensar que nós achamos que ele está muito à frente. Ir ás redes sociais tornou-se um sinónimo de “proeza”. Eu tive de barrar a postagem de outras pessoas na minha página do Facebook senão eu não conseguia colocar nada de meu por falta de espaço. Não é que eu não gostasse que os meus amigos e amigas me dessem as suas opiniões agora estarem-me a forçar a ler opiniões de não sei quem que na maior parte das vezes já foram escritas há 5 oub 6 anos, mas que só agoram foram “descobertas” pelo pessoal. É fastidioso. Os políticos perderam a total noção que não têem capacidade de governar. Os professores perderam a noção que não têem conhecimentos para ensinar, pois com as novas tecnologias de ensino, qualquer miúdo lhes dá um baile. Mas para que é que um miúdo precisa de estudar os Descobrimentos se pode ir à “Wikipédia” e está lá tudo? Quando precisar de saber quem foi o rei tal basta perguntar à “Wikipédia”. Qual é o rio que banha tal terra?, está na “Wikipédia”. As escolas vão evidentemente desaparecer. Basta um professor atrás de uma “câmara” e dá aulas a partir da casa dele a milhões de alunos ao mesmo tempo, que nem precisam de sair de casa, nem precisam das carrinhas das Juntas e Câmaras Municipais para os transportar e que depois têem de agradecer “encarecidamente” aos Presidentes como se fossem as suas próprias viaturas. Os mecânicos vão acabar, estragou, partiu, compra-se novo. Os maridos e as esposas vão acabar aliás, em cada vez mais casos, já nem sabemos como tratar a espécie. Duas mulheres ou dois homens que casaram com parceiros do mesmo sexo como é que lidamos com o assunto? A "marida" da Beta? O esposo do Beto? Alguém vai ter de mudar de novo a ortografia e o vocabulário. Aprender línguas para quê se com o “Google Translate” eu posso apresentar uma queixa à EDP em chinês, ainda que, seja em que língua for, não vale a pena queixar-me.
A maioria das pessoas passa a vida a escrever com erros no Facebook, e a levar horas para escrever: estás bom? nas mensagens, quando basta clicar no bonequinho da câmara (não da Municipal claro) e falar directamente vendo a pessoa. Dos quase 1000 amigos que tenho adicionados só uns 10 falam directamente comigo neste sistema. Os outros que não utilizam a aplicação só pode ser por vergonha de apresentarem o “frontispício” pois por desconhecimento não acredito. Ora tudo isto são mais que razões para eu deixar de escrever mas a principal é que desde que a extrema esquerda se aliou com a extrema direita na Grécia e as pessoas estão exultantes a pensar que amanhã vão ser aumentadas no salário não há escrita nenhuma que os desanime e lhes faça ver que não é bem assim. Como para mim o escrever é como o falar começa a perder sentido qualquer das opções. Por razões políticas também já não vale a pena dissertar pois está mais que visto o fundo ao tacho. Assim está a tornar-se difícil emitir opiniões. Vou mantendo os “Pensamentos Manhosos” no Pedra no Chinelo, agradecendo até que me sugiram temas mas vou cortar quase radicalmente os meus bons dias diários no Facebook, claro que eu todos os dias futuros desejo, desde já, muitos bons dias automáticamente, incluindo àqueles que realmente não merecem.
Uma boa semana para todos e pensem.
Jorge Mendes
Bruxelas, 07/02/2015
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