Embora não nos apercebamos ainda bem, tudo está a mudar na sociedade mundial em geral e na Portuguesa em particular que é o que nos interessa. Sim porque eu não sou daqueles que acreditam que a globalização é o único caminho.
Há 40 anos Portugal era um estado soberano, independente e respeitado no mundo inteiro. Mandava quem sabia e quem pensava que sabia não tinha hipóteses de enganar ninguém. Havia meia dúzia de carteiristas que ganhavam a sua vida humildemente nos apertos do Metro e nas paragens dos transportes públicos. Claro está que haviam excessos e muitas pessoas válidas foram afastadas por serem perigosas a um regime que não entendia a evolução. Fartos de um regime que não os deixava abotoar à vara larga nas riquezas incomensuráveis de África, alguns inteligentes tipo Americanos, Russos, Chineses resolveram apoiar uma Revolução de Abril aproveitando-se da inexperiência de meia dúzia de militares que só queriam, em principio, acabar com as guerras coloniais onde tantos jovens perderam a vida. Assim que se dá a Revolução apressaram-se a enviar os seus representantes para “salvarem” Portugal dos opressores. Dos dois principais rostos do pós-Revolução, só um teve direito a chegar ao topo. Vai daí toca a dar indepêndencia ás “Colónias”. Saltámos fora e deixámos milhões de Portugueses, entregues a guerrilheiros sem formação que rápidamente tomaram conta das respectivas “quintas”. Entre barafundas e desmandos, ficaram os capatazes que mais convinham às tais potências estrangeiras a gerir as coisas a contento. Olhemos hoje e veremos quem está a tirar riquezas enormes de África ... e olhem que não é o Povo desses Países. Não há recuo possível da nossa adesão a União Europeia. Fomos desarmados e estamos reféns de Povos a quem outrora matámos a fome nesta Europa. Mas também estamos reféns dos filhos que abandonámos em África. Tal como as novas gerações Europeias se estão borrifando para o bem que lhes fizemos, também os Africanos transformaram em mal o bem que lhes fizemos e, mesmo que digam que não, todos os que vivemos nessa época “do antigamente” sentimos que eles se vão vingar de nós, porque alguém lhes disse que nós éramos os maus. Até Timor já grita connosco. Reparem que o único País de língua portuguesa da América do Sul, é o que está melhor e agora conta anedotas sobre nós. Todos os outros que ficaram sob o regime espanhol estão como estão. Não aprendemos nada com o passado. E vamos de novo cometer os mesmos erros. É fatal, agora com os Árabes. Andam os nossos Governantes de mão estendida pelo Norte de África à procura de migalhas que ainda se fossem para o nosso povo tinham desculpa mas não; andam à cata de novas fontes que lhes abasteçam os bolsos deles. Não há por enquanto, e nos próximos 300 anos, condições de convivência “normal” entre civilizações tão diferentes. Não garanto qual das civilizações é a melhor, se a deles se a nossa. Provavelmente até somos dissidentes dessas civilizações. Uma coisa é certa: quando escolhemos a nossa independência e empurrámos essas civilizações para o outro lado da ribeira grande foi porque entendemos que o nosso caminho tinha de ser outro. Fomos ao longo dos anos tentando aperfeiçoar a nossa civilização, procurando que as pessoas se respeitassem umas às outras nas suas relações de base. Fomos, ao longo de séculos, ganhando a admiração e o respeito dos outros povos do mundo inteiro. Demos um exemplo ao mundo inteiro quando em 1867 fomos os primeiros a abolir a pena de morte. Firmámo-nos como um povo honesto e trabalhador. Nos últimos 40 anos, meia dúzia, sim meia dúzia, de idealistas de trazer por casa, encarregaram-se de nos pôr no degrau mais baixo da miséria. Descredibilizaram-nos. Atiram-nos à cara que não produzimos. Que vivemos acima das nossas posses. Que fomos nós que roubámos o país. Depois quando algum se descuida e é apanhado pelas malhas da teia, que afinal de contas foram eles próprios que criaram, bradam e clamam que estão a ser perseguidos, que estão a ser nossas vítimas. Tentam intimidar a Justiça tal e qual como “o outro fazia”, só que o outro morreu pobre, e eles vivem na opulência e a amealhar fortunas que é para quando o dinheiro puder comprar a morte, eles não vão morrer nunca.
NÃO. NÃO FOMOS NÓS QUE VENDEMOS PORTUGAL. NÃO FOMOS NÓS QUE ROUBÁMOS O POVO!
Os “políticos” pedem-nos que votemos neles da mesma forma que a televisão nos pede que liguemos com chamadas de valor acrescentado porque querem fazer-nos crer que: A DECISÃO É SUA.
Uma boa semana para todos e pensem.
Jorge Mendes
Bruxelas, 27/11/2014
Sem comentários:
Enviar um comentário