segunda-feira, setembro 09, 2013

Alguém se lembra?


Vicente Rodrigues nasceu a 2 de Novembro de 1910 e faleceu em 12 de Janeiro de 1982.
Foi comerciante, proprietário de uma loja situada na Rua dos Cardins, mas foi como dramaturgo e sobretudo encenador que primeiramente conquistou o apreço e admiração da população do Torrão que ainda hoje o tem em muita consideração. As suas peças de teatro fornecem  uma visão maniqueísta do mundo: o bem sai vencedor e o mal punido. A pureza feminina, o casamento por amor, a vida no campo (em oposição à na cidade) são valores exaltados. A linguagem é simples e directa e a simbologia utilizada possui carácter vincadamente popular; rosa-donzela, cravo-homem jovem, branco-pureza, etc. Num meio rural e de grande pobreza cultural, Vicente Rodrigues, persistentemente, todos os anos, montava o espectáculo teatral, muitas vezes depois de ter escrito a peça, preparado actores e cenário e vencido as mais diversas dificuldades; peça essa que estreava pela Páscoa. Chamavam-lhe o "teatro do Vicente". Esse espectáculo iria lançar as canções que durante o ano seriam trauteadas por crianças e velhos e, sobretudo, acordava na consciência de cada habitante uma consciência colectiva. Foi sem dúvida um animador e dinamizador cultural espantoso e bem inserido no meio. Vicente Rodrigues conquistou um lugar muito especial no coração da população do Torrão. A produção poética de Vicente Rodrigues, em grande parte destinada a ser cantada, é diversificada e reflecte quer as preocupações existenciais do autor quer problemas de cariz local. Figura intimamente ligada à Sociedade 1º de Janeiro Torranense, a sua vida confunde-se com a história da colectividade cujo salão de teatro - estranhamente encerrado ao público há mais de três anos - se denomina Teatro Vicente Rodrigues, em sua memória. 

Posto tudo isso, é de lamentar que a câmara municipal e sobretudo a junta de freguesia do Torrão, se tenham «esquecido» de honrar condignamente a memória deste expoente máximo da cultura contemporânea no Torrão. Algo que seria perfeitamente normal noutras paragens, por cá já se sabe o que é, o que reflecte bem a política cultural levada a cabo nestes últimos anos.
Alguém se lembra de ter sido comemorado, em 2010, o centenário do nascimento de Vicente Rodrigues? 

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