A caminho das autárquicas, mas ainda em fase de
pré-campanha, para além dos discursos dos políticos tradicionais, vemos e
ouvimos antigos jogadores de futebol e outros artistas dos mais
diversos ofícios, incluindo ex-árbitros e cómicos diversos, a prometerem
o impossível.
Dos políticos que temos já
esperamos quase tudo. De mensagens súbitas de um virtual País das
Maravilhas por parte de quem está no poder, a declarações fúnebres sobre
a mais triste miséria em que supostamente vivemos dos que se mantêm na
oposição.
É certo e sabido que António José
Seguro vive momentos especialmente delicados, com a oposição interna a
morder-lhe os calcanhares, sempre na perspetiva de um resultado negativo
que o possa remover da liderança do PS, mas nada justifica comparar a
atual situação política, económica e social com a dos tempos do
salazarismo.
Com o País a sobreviver ainda numa
crise sem precedentes desde 1974 e um Estado endividado até aos ossos,
deparamos, por exemplo, com glórias da bola na reforma, como é o caso de
João Vieira Pinto, agora candidato a presidente da Junta de Campanhã
nas listas do "Porto Forte" de Luís Filipe Menezes, a prometer uma
cidade "repovoada". Isto, claro, "com o seu património edificado
recuperado, com bairros sociais em que se tratem das pessoas, do
desemprego, do aproveitamento escolar das crianças, do acompanhamento
dos idosos, e não só das paredes exteriores."
Ou ainda, "o Porto do Bolhão e do Palácio de Cristal recuperados, ao serviço da população."
É
verdade que, para conhecer todas estas promessas, de norte a sul do
País, os portugueses têm de recorrer à internet – os que têm computador –
ou pedirem informações nas sedes dos candidatos autárquicos no terreno.
Isto porque a Comissão Nacional de Eleições (CNE) resolveu suspender a
democracia em Portugal.
Ao exigir que todos as
candidaturas tenham tratamento igual dos órgãos de comunicação social, a
burocrática CNE conseguiu que nenhum candidato seja acompanhado. A
informação livre pode seguir dentro de momentos.
Paulo Pinto Mascarenhas in Correio da Manhã, 13/9/2013
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