Temos ouvido dizer, da parte de quem é poder local, que muito foi feito nestes oito anos. É um facto. Mas há aqui uma falácia.
No mandato 2005-2009 de facto muitas foram as obras executadas, houve dinamismo, houve acção, houve alguma seriedade. Os eleitores reconheceram tal facto e premiaram (e bem) o trabalho feito elegendo os actuais executivo e assembleia de freguesia do Torrão com ampla maioria. Ora é bom de ver que o que o eleitorado tem que avaliar é o período de um mandato - que são quatro anos. O que se vai avaliar agora no próximo dia 29 de Setembro é o que entretanto foi feito desde 2009 e não desde 2005. O periodo 2005-2009 já foi avaliado e escrutinado. São quatro anos. Quatro anos serão avaliados. Quarenta e oito meses.
Como sabemos, as diversas candidaturas elaboram um programa, uma lista de propostas/promessas com as quais se comprometem a executar no mandato se forem vencedores.
Vamos deste modo avaliar o programa do PS de 2009 e o que foi feito e o que não foi feito.
E porquê do PS? Porque é o actual poder. Dos outros candidatos não é relevante saber quais os programas, pois foram vencidos.
I. Aumento da natalidade e da fixação na freguesia - CUMPRIDO EM PARTE: OBJECTIVO FALHADO
O primeiro ponto foi cumprido. Na verdade é ou era (?) atribuido um cheque de 250€ por cada recém-nascido. Já o segundo ponto (criação de incentivos para fixação de pessoas na freguesia) falhou.
Seja como for, o objectivo falhou pois nestes quatro anos não só não se verificou um aumento da natalidade e da fixação (de gente) na freguesia como ocorreu o inverso com a emigração de bastantes pessoas e uma desertificação significativa.
II. Apoiar e incentivar a educação- CUMPRIDO
Pode-se dizer que este item foi cumprido.
III. Mais apoio às colectividades e associações - NÃO CUMPRIDO
Não houve um apoio reforçado às colectividades. Na verdade, temos como exemplo a sala de teatro da Sociedade que está desactivada há 3 anos por se encontrar em risco. De referir que na assembleia geral de Janeiro de 2012 que decorreu numa Sexta-feira, o actual Secretário da Junta de Freguesia - não sei se na qualidade de sócio da colectividade se noutra qualidade qualquer - quando eu referi tal facto, refutou as críticas e referiu que na Segunda-feira seguinte o problema seria resolvido. Passaram-se três anos e a sala de teatro continua à espera. Quanto ao animador cultural e desportivo, não existe.
IV. Novas iniciativas para a juventude - NÃO CUMPRIDO
Não consta que tenha havido quaisquer programas para jovens virados para actividades saudáveis e interessantes, em particular nas férias escolares.
Em nenhum ano entre 2009 e 2013 houve uma edição sequer da «Semana Radical» na Barragem de Vale do Gaio. Também não houve nenhuma «Semana Ambiental». Instituição de workshops também não houve e intercâmbios entre jovens, atraves da promoção de viagens aos jovens da freguesia também foi coisa que jamais ocorreu.
V. Turismo e desporto de qualidade - NÃO CUMPRIDO
A criação de rotas turísticas na Freguesia do Torrão limitou-se à colocação de uma placa perto da igrejinha na ponte com a inscrição «Veredas do Xarrama». Não foi criado nenhum posto de turismo. Quanto à pista de remo olímpico, se houve ou não reivindicação junto do governo não sei, mas que não há pista isso não há.
VI. Requalificar mercados, ruas, zonas verdes e estradas - CUMPRIDO EM PARTE
Se exceptuarmos a colocação de novos nós de marinheiro, no moinho - um moinho que curiosamente está a cerca de 100 Km da costa e que só vê nós de marinhagem porque o sr. Presidente da Junta foi da Marinha - não houve qualquer requalificação do largo da feira nem nenhuma infra-estrutura de apoio. Quem duvidar que passe lá e veja.
Nem novos nem velhos equipamentos para as zonas verdes do Torrão. Pavimentação da Rua 25 de Abril inexistente.
Houve efectivamente beneficiação da rede viária do Torrão e foram substituídas as placas de sinalização deterioradas. Algumas graças à intervenção do Pedra no Chinelo como se vê neste exemplo.
Acompanhou-se efectivamente a reparação da ER2, estrada que liga Alcáçovas ao Torrão e o Torrão a Odivelas.
Desde 1997 que o IC33 não sai do programa do PS. Seja como for, nem IC33 e muito menos a variante que ligaria o IC33 á vila do Torrão.
VII. As novas tecnologias ao serviço do Torrão - NÃO CUMPRIDO
Não foi instalada nenhuma rede de wirless para acesso à internet na vila do Torrão. De referir que Odivelas tem e mesmo Santa Susana, aldeia e sede de uma freguesia que é agora extinta e cujo candidato vencedor e actual Presidente da Junta eleito na lista da CDU, Paulo Jacinto tinha no seu programa também a mesma proposta/promessa. Algo que foi aí cumprido.
Posto isto e porque o PS apresenta exactamente as mesmas quatro pessoas para comporem o executivo e para a presidência da assembleia de freguesia a pergunta que se põe é: o que se poderá esperar?
Terá esta fórmula algo mais para dar ou estará completamente esgotada?
Vamos pois ver as propostas para o mandato 2013-2017 e comparar com as propostas feitas no mandato 2009-2013:
Um programa praticamente por cumprir. As setas vermelhas em ambos os programas assinalam os pontos que se repetem deixando à vista tão confrangedor e comprometedor fiasco
Alguns pontos do programa de 2009 foram partidos em dois. A esmagadora maioria dos pontos que constam no programa de 2009 foram embutidos no programa de 2013.
Algo interessante prende-se com a pretensão de promover estudos arqueológicos no Monte da Tumba e na Calçadinha Romana. Agora?! Agora é que é?! E antes? O espaço do Monte da Tumba está neste estado há anos. Nem se deixou as pessoas construirem a casa, em meados dos anos 80 entenda-se, nem se preservou a casa, nem continuaram os estudos e escavações, nem se preserva o que está escavado. Os autarcas não podem justificar a sua não intervenção com o facto de só o puderem fazer com autorização do IGESPAR e depois em tempo de eleições fazerem promessas sobre estes espaços. É um discurso enganador.
E as escavações no recinto do Centro Escolar onde se acharam vestígios arqueológicos e que por causa disso o projecto foi alterado e gastou-se mais uns milhares e agora, ao fim e ao cabo, temos uma parte do recinto abandonada e é uma autentica selva?
Alguns pontos do programa de 2013 foram mesmo decalcados do programa eleitoral de 2009 e alguns erros verificam-se à mesma como é o caso do «reivindicar do governo» ao invés de «reivindicar junto do governo».
Este é mais um dado para o eleitorado do Torrão puder votar em consciência. Os eleitores devem votar em função de factos concretos e não em função da estética dos cartazes, da quantidade de promessas ou de gente em campanha nem do número de brindes ou de gostos e simpatias ou partidos, siglas e ideologias.
Esta é tão só a missão do Pedra no Chinelo: Esclarecer.
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