Fez no passado dia 30 de Novembro setenta anos que morreu um dos maiores e mais genial poeta, não apenas português mas mesmo mundial, de todos os tempos. Refiro-me, obviamente, a Fernando Pessoa. Entre milhares se não até mesmo dezenas de milhar de obras e escritos conta-se «A Mensagem», à qual eu vou «roubar» um poema intitulado de Nevoeiro. Escolhi este poema não apenas para prestar um singelo tributo ao poeta mas também por ser um poema que, apesar de ter sido escrito no já longínquo ano de 1928 continua, ainda e mais do que nunca, a fazer sentido neste pobre Portugal, convertido em república de bananas; entregue «aos bichos», aos medíocres, à incompetência e à enxovia sem que o povo se informe, participe, reivindique e, duma vez por todas, abra os olhos!
NEVOEIRO
Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer –
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo-fátuo encerra.
Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...
É a hora!
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