domingo, janeiro 30, 2011

Quem avisa...

Neste post referi que «Se porventura numa determinada e hipotética conjuntura futura, os EUA tenham que sacrificar Portugal ou qualquer outro aliado tendo como alternativa, se o não fizerem, a sua própria ruína estes não exitarão com certeza em sacrificar quem quer que seja para satisfazer a sua estratégia. Quem nos garante que tal informação seja apenas para identificar potênciais terroristas e que no futuro ou até mesmo no presente quem detém essa informação possa usá-la para outros fins?»
aqui se diz que: «Pronto, os americanos querem-se desembaraçar de Mubarak, o homem que ao longo de trinta anos foi um "close ally" e um "best friend" em todas as campanhas militares - feitas em nome da democracia, claro - que os states desencadearam contra as "forças do mal". Não se pode, decididamente, confiar num aliado que trai as mais elementares expectativas, que entrega os amigos protegidos à maré vindicativa e limpa as mãos sem uma molécula de remorso».
Decididamente, não são de confiança.

sábado, janeiro 29, 2011

Eu desbloqueei


Na teoria, a república é mais justa e mais democrática que a monarquia e, creio, a grande maioria dos defensores da república agarram-se a essa ideia teórica. Mas, se nos agarrarmos a ideias teóricas, também temos de dizer que o comunismo é uma ideia fantástica e muito mais democrática que todas as outras ideologias políticas. E é; teoricamente é. A... ideia de uma sociedade igualitária, sem classes, na qual cada um trabalha, igualmente, para o bem comum, é uma ideia linda! Mas não funciona. A URSS, Cuba, China são bons exemplos da falta de democracia, da opressão, pobreza e violência (física e psicológica) a que os povos estão sujeitos na busca da “perfeição democrática” dos seus ditadores comunistas.

Ao contrário do comunismo, no entanto, a república não é um caso de tão grave falhanço. Provas disso são repúblicas como a Finlândia ou a Alemanha que funcionam lindamente. Ou os Estados Unidos que, mesmo com falhas, têm o regime que ao seu povo se adequa. E é nesta adequação do povo que está a chave do sucesso. Cada povo, seu regime. Cada povo sua história.

Se me perguntarem se, teoricamente, eu acho que é mais justo votar-se em alguém do que ver alguém aclamado? Acho que é muito mais justo votar! Sem dúvida! Mas, em Portugal, não funciona na prática. É muito bonito, é uma ideia fantástica, mas não; já provou, bem provado, que, no nosso cantinho à beira mar, não funciona!

Então, qual a solução? A questão de os monárquicos mencionarem a monarquia como solução está no facto de que 100 anos de república (com 3 repúblicas distintas) já provaram que, a república, não funciona. E, se nos dermos ao trabalho de ler livros (não escolares) da História de Portugal, apercebemo-nos que, durante a Monarquia Constitucional, Portugal, mesmo estando numa crise devido a uma série de factores externos e internos (interno esse sendo o facto de sermos constitucional há pouco tempo) estava a crescer. Portugal estava na média da Europa e a crescer, a nível financeiro e democrático e continuava português. Seguia uma governação que era a nossa identidade, e não uma, como agora, que se identifica com os franceses e não com os portugueses. Veio a I República e começámos numa decadência brutal a todos os níveis (democráticos, de valores, financeiro). A II República (Estado Novo) levantou-nos a nível financeiro e recuperou alguns valores, mas democraticamente batemos no fundo e em termos de patriotismo foi-se perdendo mais. A III República é uma podridão! Fora o "sufrágio universal"- que por si só não constrói a democracia, e ao qual as pessoas nem ligam por aí além, basta ver os números da abstenção - não temos mais nada. Financeiramente estamos na cauda da Europa, democraticamente também, a nível de valores nem falar, a nível de patriotismo só piora. Foi aqui que chegámos em 100 anos. Desculpabilizar a república é atirar areia para os olhos, negar o nosso passado e permanecer no erro.

Se a monarquia é perfeita? Não! Claro que não é. E não irão ouvir nenhum monárquico, minimamente realista, a afirmar o contrário. No entanto, segundo o índice de países com melhores níveis democráticos, social e de estabilidade, os 2 primeiros são monarquias e nos 10 primeiros, 6 deles são monarquias. Claro que também os há com falhas, mas se formos comparar com a república, esta última perde e em muito (e se comparássemos a nível percentual então a diferença era ainda mais brutal, pois existem muito mais repúblicas que monarquias). Mas cada país sua sentença. Jamais eu diria que a monarquia funcionaria, por exemplo, nos Estados Unidos, assim como a república não ia funcionar no Reino Unido. Portugal é mais monárquico na forma como funciona, na mentalidade, na "portugalidade", do que republicano. Infelizmente foi feita uma grande "lavagem cerebral" aos portugueses durante 1 século e as pessoas, mesmo olhando, verificando que isto está mal (muito mal), vendo que até esteve melhor na monarquia, percebendo que a estabilidade política na monarquia é muito maior, etc., não conseguem desbloquear o preconceito contra a ideia monárquica. Eu desbloqueei. Como afirmei anteriormente, teoricamente a república é muito mais justa, assim como por exemplo, teoricamente o comunismo é fantástico. Na prática não funcionam, e não nos podemos guiar por ideias teóricas; temos de perceber o que funciona na prática e libertarmo-nos de preconceitos para levar as coisas a bom porto.

Creio que o problema essencial dos portugueses está na falta de "sermos portugueses", na falta de orgulho, na falta de interesse e na falta de patriotismo. Isso afecta a nossa forma de ser e os nossos valores (entrando também estes em falta). Todas estas faltas afectam o estado democrático e a crença no mesmo. A meu ver faltam-nos líderes. Faltam-nos símbolos nos quais nos apoiemos e que nos unam num só objectivo e no amor à pátria. Uma coisa leva à outra. Um povo seguro e orgulhoso de si não deixa que o pisem, não fica desmotivado e luta pelo que quer. Isso, eu creio, tenho a convicção, que era mais fácil alcançar com um rei imparcial, que funcionava como símbolo, líder e união, do que com um presidente tão parcial como qualquer outro político, porque enquanto um presidente, por exemplo social-democrata, tem tendência de beneficiar sempre o PSD, um socialista sempre o PS, não permitindo uma imparcialidade política, o rei tem essa imparcialidade e o que influencia é por crença pessoal e não por dever alguma coisa a alguém. Porque ele já nasceu rei, não chegou lá com favores de ninguém. É-o naturalmente e, naturalmente, e sem interesses, exerce essa função.

Todos concordamos que isto está mal mas, dentro da república, qual a saída que encontramos? Outra revolução? Eu francamente acho que nos faria mal outra revolução porque os problemas não se resolvem de armas na mão (isso é como tratar uma perna partida com analgésico...) ...Pela democracia? E como? Votando em quê e em quem? Alertando e consciencializando os 90% de portugueses que se estão a borrifar e à espera que "o outro" solucione as coisas? - Sim, este seria o caminho - alertar e consciencializar esses 90% de apáticos, desmotivados, desmoralizados, desportuguesados que cá andam. E como fazemos isso? Como fazemos isso na nossa actual república?

Não podemos esperar 20 anos para que as consciências despertem, Portugal não tem 20 anos. Portugal tem 4 ou 5 (se tiver). É neste contexto que o facto de se alterar a constituição permitindo um referendo para a monarquia pode, rapidamente, consciencializar as pessoas. O facto de aparecer um referendo (e nem é preciso que a monarquia ganhe e se mude de regime), pode fazer com que a mente apática de grande parte das pessoas desperte. Seja porque não querem a monarquia e, como tal, têm de discutir o que está mal na república e exigir essa mudança, seja porque querem a monarquia e, como tal, vão escarafunchar no que está mal na república para mudar mentalidades. Seja por que motivo for era bom um referendo, e era bom que a comunicação social desse mais voz aos monárquicos porque eles, aparentemente, são os únicos que não se limitam a levantar a voz para criticar, também a levantam para apresentar soluções. Essa voz devia ser ouvida, mas ouvida provocando o "medo" republicano e a esperança monárquica. Quer se mudasse ou não, esse temor ou esperança de que, o que temos pode não ser eterno, dariam novo folgo à mentalidade. Agora, o outro caminho que vejo é o silencioso. O daqueles que, não conseguindo mudar as mentalidades à velocidade necessária, agarram em armas e tomam o poder pela ditadura e só nos enterram mais (porque, eventualmente, a apatia e o "desaportuguesamento" vão continuar).

Os portugueses, na verdade, já não se identificam com o que temos, mas também têm medo da monarquia porque lhes fizeram imagens de monstros que vivem à custa do povo em palácios e, como tal, também não se identificam com ela (apesar de ser isso o que, na verdade, têm, mas na república). Estamos com uma crise imensa de identidade e não creio que o caminho seja permanecer aqui a tentar mentalizar as pessoas, e sim pegar numa fórmula tipicamente portuguesa e mostrar que é possível ser patriota, ter valores e continuar em democracia. Parece-me mais difícil mentalizar as pessoas disso pelo caminho republicano (completamente descredibilizado) do que pelo monárquico. Basta que percebam que a monarquia não é absolutista. Porque acredito que, neste momento, o Portugal descredibilizado facilmente aceitaria outro “Salazar” e custa-me imenso perceber que as pessoas mais facilmente aceitem o caminho da ditadura republicana, do que da monarquia constitucional democrática.

Vejo a monarquia como a única actual saída democrática que permite a mudança de mentalidades e a restauração dos valores tão necessária à nossa sociedade, porque, ao haver a mudança iria haver uma reflexão do porquê do povo ter optado pela monarquia e, logo aí, a mentalidade ia mudando.

Não é para meu proveito pessoal que eu apoio a restauração da monarquia, porque nada ganharei, mais do que o resto do país com isso, é porque, pensando imparcialmente no bem do país, revendo a sua história, tenho de baixar os braços e dizer: A república não funciona e vai continuar a não funcionar!
Se queremos salvar o país desta degradação permanente temos de largar os preconceitos que existem (e são tantos) relativamente à monarquia e aceitar que esse é o único caminho possível a seguir se queremos ter alguma hipótese.


Por: Sara Jofre

terça-feira, janeiro 25, 2011

A insustentável leveza de Miguel Sousa Távares

Bem mais púdico que Marcelo Rebelo de Sousa - que defendeu com todas as letras, sem contudo se comprometer demasiado remetendo-se a um esquivo e confortável passar de batata quente «a ponderar», o voto obrigatório - foi Miguel Sousa Távares que referiu na SIC, quando confrontado com a posição de Marcelo, que não iria tão longe, que não defenderia necessáriamente o voto obrigatório mas sim uma penalização para quem não vota (pelo menos para os abstencionistas crónicos o que não é de todo o meu caso). Ora inteligentes como ambos são, virtude que lhes reconheço, certamente já se deram conta há muito que a III República está tipo este imóvel. Desgraçada e despuduradamente no entanto Miguel Sousa Távares, cujos comentários eu particularmente aprecio, teve, neste caso, a infelicidade e a desfaçatez de passar um atestado de estupidez em directo a milhões de portugueses.
Ora então o facto de algo ser obrigatório por lei não implica que quem não cumpra não seja sancionado?! Uma não é consequência da outra ou, dito de outra maneira, algo obrigatório não é equivalente a haver penalização caso não haja cumprimento?! A conclusão, óbvia, que se tira é que tanto um como o outro disseram uma e a mesma coisa. Contudo Sousa Távares usou um cauteloso eufemismo falacioso. É que o objectivo será a eventual implementação de tal medida sem levantar muitas ondas o que demonstra claramente que a gente do sistema tem medo mas não tem vergonha.
Vejamos o exemplo destes diálogos fictícios cujo objectivo é pôr a nú o óbvio:
Diálogo 1
Dois sujeitos A e B discutindo acerca do serviço militar voltar a ser obrigatório em Portugal.
Sujeito A:
- Eu sou a favor do serviço militar vir a ser novamente obrigatório.
Sujeito B:
- Eu não defendo o serviço militar obrigatório mas defendo que quem não vá à tropa deveria ser penalizado.
Agora pergunto eu (e já agora respondo): Ora mas não era isso que sucedia antes? O serviço militar era obrigatório. Quem não fosse à tropa era penalizado! Era considerado desertor, procurado como um criminoso e preso. Ponto final.
Diálogo 2
Dois sujeitos A e B discutindo a obrigatoriedade de parar perante um sinal de STOP.
Sujeito A:
- O código da estrada diz que é obrigatório parar perante um sinal de STOP.
Sujeito B:
- Não, nada disso. Quem quiser, não pára mas depois é penalizado.
Pois; é penalizado com uma valente coima e inibição de conduzir por ter desrespeitado a obrigatoriedade de parar.
Este tipo de diálogos e de absurdos eram mais próprios destes senhores mas pelos vistos há para aí mais duplas-maravilha.
Mas quem é que eles querem enganar? Pensarão porventura que os seus concidadãos são estúpidos? Votar é um direito e um dever. Não votar é um direito. Quem não vota não cumpre o seu dever de cidadania mas também prescinde do seu direito e para mais são várias as razões que levam determinado cidadão a não votar. O Estado não pode partir do pressuposto (como estes senhores desesperada e descaradamente fizeram) de que quem não vota é simplesmente porque se está nas tintas.

Direito de Resposta de um Abstencionista Convicto

O desprezo desta república em relação aos Portugueses continua a atingir proporções gigantescas, mais uma vez verificados pela passividade da CNE face ao escandaloso episódio dos cartões de eleitor. Não obstante, não faltaram líderes políticos e comentaristas caducos a destilar veneno em ataques aos mais de 50% de eleitores que decidiram abster-se nesta farsa pseudo-democrática, remetendo sempre essa decisão para um nível mais ou menos irrelevante de relativo descontentamento dos Portugueses com a campanha eleitoral e a classe política actual.

Longe de mim pretender que a abstenção de dia 23 representa com alguma legitimidade o universo monárquico do país, mas algures entre o desejo de rever a coroa estampada na bandeira nacional e o redutor «descontentamento com a classe política» encontra-se a verdadeira explicação para estes absurdos níveis de abstenção: Os Portugueses não se revêem neste regime!

Querer negar este facto é um insulto aos Portugueses. Insinuar que os mais de 5 milhões de Portugueses que se recusaram a votar, o fizeram sem saber o que implica a sua decisão, é chamar a 5 milhões de Portugueses de atrasados mentais.

A necessidade de rever a nossa democracia é imperativa, e a república não se pode apresentar como «plenamente consolidada» e muito menos «madura» enquanto for como criança e tiver medo de se submeter à legitimação popular. Através de um referendo monarquia/república? Porque não? Não implica que se não discutam também outras alternativas ao actual sistema, como por exemplo a tão discutida alteração dos poderes presidenciais.

A república foi imposta com tiros nas costas e contra a vontade dos Portugueses. Isto é um facto. Só os Portugueses podem finalmente conceder aos traidores o perdão que liberte a república dos seus fantasmas. Se as pazes forem feitas através do sim à república, assim seja: o povo é soberano! Mas até esse dia chegar Portugal continuará o seu luto. E eu, como tantos outros, de forma consciente e responsável, manterei o meu sentido de (não) voto.


Felipe de Araújo Ribeiro in Estado Sentido

Vae victis III - A face da vendetta




Miguel Sousa Távares viu a marca da vingança no discurso de Cavaco Silva. Mário Soares viu rancôr.
Nada que não soubessemos já. Nada que os americanos não tivessem já visto. Nada que a Wikileaks não tenha dado a conhecer e para quem ainda não conhece aqui vai o trecho que interessa:

C O N F I D E N T I A L SECTION 01 OF 03 LISBON 002300

NOFORN
SIPDIS
...

President Cavaco Silva

(...) Cavaco Silva considers former President George H.W. Bush a personal
friend. Cavaco Silva was displeased that he did not get an
Oval Office meeting with President George W. Bush during his
2007 visit to Washington to open a Smithsonian exhibition of
Portuguese art, and he declined the former President Bush's
offer to visit Kennebunkport.

Basicamente o que os americanos querem dizer é que o homem levou a cabo "sérias vinganças políticas pelo simples facto de não ter sido convidado à Sala Oval na Casa Branca"
Quando tantas opiniões convergem...
Ou eu me engano muito ou a vendetta vai ser a imagem de marca da república durante cinco anos ou pelo menos enquanto o PS for governo. É só haver uma oportunidade e o antigo lider do PSD... pimba. Não é de admirar! Bem pode ele ter afirmado não ter muito apetite por coisas explosivas...
O que importa é perguntar: Quem disse que a chefia de estado republicana é isenta e neutra? Quem é que é anjinho o suficiente para acreditar em estórias da carochinha?
Isento e neutro de facto é o Rei (ou Rainha) que coopera e ajuda o Governo, os Ministros e em particular o Primeiro-Ministro; de quem é confidente, um amigo de confiança e alguém a cuja experiência podem sempre recorrer; a quem podem pedir um conselho o qual será dado sem segundas intenções; de quem não esperam, não receiam, nem têm que se preocupar com ataques nem intrigas e em quem não vêm um inimigo ou um adversário. É assim que acontece no Reino Unido, em Espanha e noutras democracias reais pelo mundo fora onde o Estado não é minado nem fragilizado pela famigerada co-habitação que enfraquece e deixa o Governo em desvantagem em relação à oposição ou desiquilibrado a favor do Governo na relação de poder entre governo e a oposição pelo simples facto do presidente ser oriundo do mesmo partido do governo ficando a oposição subalternizada em relação a este. Países onde o Chefe de Estado respeita o Governo democráticamente eleito saido das urnas seja ele de que área for, que coopera e ajuda tendo plena consciência de que assim estará a prestar um bom serviço ao país mas que também respeita e não ostracisa a oposição.
Por cá e por outras tantas repúblicas é o que se vê. Por isso, tanto num caso como noutro, os resultados estão à vista. Bem se viu hoje a forma timida, algo temerosa e em nítida subalternização, típica do elemento da alcateia que por ser o elo mais fraco tem que andar com o rabo entre as pernas, sinal da sua triste posição dentro da mesma, com que Francisco Assis, dirigente do PS, veio afirmar que a cooperação institucional é para continuar e que para o PS nada mudou ou mudará.
Pois, pois dirá Cavaco em incontestável vantagem estratégica apesar dos 23%!
Infelizmente não querem ver nem querem «crer que há bruxas» e depois...

VAE VICTIS!

segunda-feira, janeiro 24, 2011

As vitórias: da abstenção, dos brancos e de Pirro

Cavaco é o Presidente eleito com menos votos - Público
Presidente da República teve menos 500 mil votos do que em 2006 e é o chefe de Estado eleito com menos votos. Abstenção bateu recorde. E votos em branco também - Expresso
Cavaco é o Presidente do País da gigantesca abstenção - Diário de Noticias

Hasta

Coisas de um país onde o povo é quem mais ordena

Resultados no Concelho de Alcácer do Sal

Freguesias apuradas: 6
Freguesias por apurar: 0

Nº de eleitores inscritos: 11178
Nº de eleitores votantes: 5360

ABSTENÇÃO: 5818 = 52,05%
Brancos: 149 = 2,78%
Nulos: 71 = 1,32%
Total: 6038 = 56,15%

Cavaco Silva: 1528 = 29,73%
Francisco Lopes: 1527 = 29,71%
Manuel Alegre: 1437 = 27,96%
Fernando Nobre: 472 = 9,18%
José Coelho: 119 = 2,32%
Defensor Moura: 57 = 1,11%
Fonte: SIC

Os resultados no país



Freguesias apuradas: 4260

Freguesias por apurar: 0


Nº de eleitores inscritos: 9.656.474
Nº de eleitores votantes: 4.502.814


ABSTENÇÃO: 53,37% = 5.153.660
Brancos: 4,26% = 191.820
Nulos: 1,93% = 86.904

TOTAL(%)= 59,56% = 5.432.384

Cavaco Silva: 52,94% = 2.236.233
Manuel Alegre: 19,75% = 834.258
Fernando Nobre: 14,1% = 595.597
Francisco Lopes: 7,14% = 301.600
José Manuel Coelho: 4,5% = 190.084
Defensor Moura: 1,57% = 66.318

Fonte: SIC


Tal como havia referido num outro post mais atrás:
(...) dia 23 irei fazer o que me der na real gana mas votar está de todo longe dos meus planos. Se votar é um direito, não votar também o é.
Quem não estiver contente com o estado do país e queira enviar uma mensagem ao regime que faça como eu. Quem estiver contente com o que tem, que vá votar para para uma instituição que «não é carne nem é peixe» e que mesmo assim come 21 milhões do orçamento...


Penso que a conclusão, com base nestes valores, é óbvia.

domingo, janeiro 23, 2011

O Espalhafatoso vs O Harmonioso

Depois do que vi esta noite, não me admirava nada se alguém sensato resolvesse dar alguma decência à república e desse um toque de bom gosto à Bandeira Nacional e devolvesse a Portugal as suas verdadeiras e originais cores removendo o borrão verde e encarnado, herança da terrorista Carbonária.
Era o mínimo que podiam fazer. Não resolve nada mas sempre era mais agradável.
Compare-se uma e outra e verão onde quero chegar.





Gracioso - A voz do sistema

Quem anda acagaçado com a abstenção é a voz do sistema e do status quo, Marcelo Rebelo de Sousa, que lançou a hipótese do voto obrigatório face aos valores da abstenção. Pelo meio ainda uma falácia ao afirmar que quem não votou não tem autoridade moral para depois reclamar; como se estas eleições fossem para um órgão decisor importante, um órgão executivo com influência na governação. Caro professor, estas eleições foram para escolher um corta-fitas. Nada mais.

Night in blue

O que é que o cenário da SIC e da TVI tiverem em comum? O que mais se viu em termos de gravatas, começando em Francisco Lopes e acabando em Marcelo Rebelo de Sousa?
Todos estes factos tiveram em comum a côr azul.

Azul-e-branco. Verde, a côr do PR, pouco se viu. Verde e vermelho então... fica mal né? É traumatizante né? Satura o cerebro né?

Porque é que todos fogem do espampanante verde-rubro como o diabo da cruz? Sim porquê?









Vae victis II

«Há trinta anos que sigo eleições em Portugal e nunca ouvi um discurso como o de Cavaco Silva esta noite. O discurso de Cavaco é um discurso de vendetta»
Miguel Sousa Tavares na SIC

Bom senso

Cavaco teve o bom senso de não se intitular presidente de todos os portugueses.

Vae victis

Cavaco substitui o discurso da magistratura de cooperação pelo da magistratura actuante.

Abstenção foi mesmo solucão

Presidente de todos os portugueses, o tanas

Presidente de todos os portugueses graças a pouco mais de um quinto destes?!

Leitura de resultados

Em primeiro lugar, os totalmente inesperados resultados de Cavaco Silva e Francisco Lopes. Um muito acima e outro muito abaixo dos quais se devem tirar ilações, nomeadamente da parte do PCP/CDU. Nem com a dispersão de votos socialistas e nem com o descontentamento motivado pela crise, a CDU descola obtendo este resultado natural e essencialmente pelo crónico (e em massa) voto comunista de Rio de Moinhos.
Manuel Alegre é o paradigma, no Torrão, do por um se ganha por um se perde. A Assembleia Municipal foi ganha, relembro, por 5 votos; Alegre perde por 3. Naturalmente que houve dispersão do eleitorado socialista pela abstenção, Cavaco e Nobre básicamente. Fica também a análise que se espera útil às estruturas do PS. Sei de dois eleitores que votaram PS nas últimas autárquicas que desta vez não votaram no candidato PS. Sei de eleitores que votaram PS nas últimas autárquicas que se abstiveram. Na minha casa foram dois, para ser mais específico. Pelas mais diversas razões deu-se a dispersão. No meu caso por não concordar com esta forma de Chefia de Estado, como todos, ou pelo menos os que me leiem, sabem. Estes 4 votos eram suficientes para Alegre ficar à frente na Freguesia do Torrão. Todos contam e contarão sempre e não apenas em momentos específicos! Que ninguém se iluda! Ninguém é dono dos votos, nem da razão crítica de ninguém. No meu caso pessoal tal permissa é mais que certa. Que fique para memória futura. Que se reflita e analise a fundo os números e os factos.
Guardo para o fim, o que considero mais significativo, tanto por razões pessoais como quantitativas e qualitativas - A Abstenção. A abstenção, tal como tinha previsto, foi altíssima, contando com 56,57%. Em 2139 eleitores inscritos, apenas 929 se deslocaram às urnas. Se a essa se juntarem os votos nulos e brancos, tal dá um resultado total de 60,44%.
O significado qualitativo, a ilação que se tira deste resultado é que a população do Torrão está descontente. Não certamente com o trabalho dos políticos locais por razões óbvias. Não é todos os dias que se investe um montante no Torrão da ordem dos 8 milhões de euros. Não é todos os dias que se requalficam ou se erguem tantas infraestruturas em simultâneo. O descontentamento, em sintonia com o geral descontentamento na população portuguesa, será, na minha opinião, com a qualidade da democracia; com o regime. Relembro particularmente algumas opiniões pertinentes de algumas figuras públicas dos quais em alguns casos neste blog faço referência.
A moral da história é que é importante que se faça uma reflexão em profundidade - e não apenas superficial - tanto a nível local como a nível nacional sob pena de haver surpresas a curto e médio prazo as quais sinceramente não só não me surpreenderão como as acharei perfeitamente naturais.

Os resultados na Freguesia do Torrão



Freguesia do Torrão

Resultados definitivos

Nº de eleitores inscritos: 2139

ABSTENÇÃO: 1210 - 56,57%
Brancos: 21 - 2,26%
Nulos: 15 - 1,61%

Total(%) = 60,44%

Cavaco Silva: 276 - 30,91%
Manuel Alegre: 273 - 30,57%
Francisco Lopes: 241 - 26,99%
Fernando Nobre: 79 - 8,85%
José Manuel Coelho: 16 - 1,79%
Defensor Moura: 8 - 0,9%

Primeira mão: Está encontrado o vencedor


Ainda assim...

...a abstenção pode ser superior a 50%. Ainda assim há que contar com os brancos e nulos.

A Barraca

Parece que o circo está a pegar fogo

Parece...

... que só votaram, até às 16.00h, 35,16% dos eleitores.
O número de eleitores inscritos é de 9.656.474 eleitores
Só votaram 3.395.216.
Deve ser do frio. Lá diz o ditado: A morte trás sempre una desculpa.

sábado, janeiro 22, 2011

Portugal - The beauty of simplicity

Welcome to Portugal
Bienvenue au Portugal
Bienvenidos a Portugal

Torrão

sexta-feira, janeiro 21, 2011

No limits - A cara de pau da república

A cara de pau deste cavalheiro não conhece mesmo limites. Não há hipótese! É por e para gente desta bitola que os portugueses vão votar no dia 23 de Janeiro? Comigo não, violão. Não dou para esse peditório. Domingo nem lá ponho as pantufas; nem pra lá embeiro. Open your eyes! Abram os olhos!




«Eu adoro andar de comboio». Que ternurento!
Shame on you!

quinta-feira, janeiro 20, 2011

Nós vamos vencer; resta saber por quanto

«Pior do que qualquer crise, será uma abstenção superior a 50%»
Eduardo Cabrita, Deputado do PS in Correio da Manhã

De uma coisa eu tenho a certeza: nós, os abstencionistas de domingo, vamos vencer. Disso não tenho a menor dúvida. Resta saber por quanto. Se a abstenção for superior a 50% esta república e o seu presidente ficam feridos de legitimidade e aí estaremos a enviar uma forte mensagem ao regime. De que este precisa fazer uma séria introspecção, de olhar para dentro de si, auto-avaliar-se, discutir-se e aferir da qualidade presente da nossa democracia e do rumo que Portugal está tomando e que rumo quererá seguir no futuro.
Quem ainda assim está indeciso sobre o que vai fazer recomendo-lhe a leitura deste, deste e deste artigo.
Carpe diem

Toma lá qu'é democrático

Presidenciais:
Nobre diz ter recebido telefonemas anónimos com ameaças


Notas falaciosas

Nota 1: Qualquer um pode ser presidente da república
Nota 2: Esta (candidaturas presidenciais) é uma candidatura pessoal, é a candidatura de um cidadão e não de partidos

terça-feira, janeiro 18, 2011

Como se fala para dentro de casa falando de e para fora desta

Quem anda já a fazer pela vida é Khadafi. O presidente da Libia (um daqueles que verdadeira e genuinamente garante a soberania do povo), no poder desde os anos sessenta, comentando a fuga do seu homólogo da Tunisia, há vinte e três aninhos no poder, afirma que Ben Ali irá fazer muita falta à Tunisia e que não haverá ninguém na Tunisia capaz de assegurar a governação no futuro.
Sendo a Tunisia um país fronteiro à Libia compreende-se a declaração. Isto é o que se chama um olho no burro e outro no cigano... não vá o diabo tecê-las e o povo libio lembrar-se também de pôr a sua garantia de soberania «prá córré».

Piadas de ultima hora

Acabei de ouvir - sem querer - o «camarada» Chico Lopes dizer que o Rei não garante a soberania do povo.
Se eu ganhasse bem e fosse amigo do senhor já sabia o que lhe oferecer pelo seu aniversário: um périplo pelo Reino Unido, Luxemburgo, Noruega, Suécia, Japão, Tailândia e já agora, para desanuviar o stress de paragens tão opressivas, um outro bem mais agradável e relaxante pela República Popular da China, República Popular da Coreia (a Coreia do Norte, essa grande democracia), República Popular do Vietname, a Tunisia, Costa do Marfim, Haiti, países onde, por exemplo, o povo é verdadeiramente soberano.
Se calhar faz-lhe falta conhecer o mundo... não sei; digo eu.

Prédio em risco de ruina

Um novo ponto negro está identificado no Torrão. Desta feita, o prédio devoluto situa-se no Largo de S. Francisco. O rigor do clima fez mossa na estrutura deste imóvel cuja fachada ameça ruir. O local já foi assinalado e isolado. Recomenda-se deste modo aos transeuntes que evitem passar nas proximidades e aos automobilistas que evitem estacionar no local em frente.



Nesta foto, tirada mais de uma semana depois, pode-se ver que a fita sinalizadora que delimitava a zona de maior risco já foi arrancada.







República também é isto



Ao que parece, a primeira dama tunisina, aquando da fuga, terá levado consigo 1,5 toneladas (!) de ouro dos cofres do Estado. É claro que, a tê-lo feito, o não fez sozinha e claro, todo este ouro, a ser verdade, será não apenas para a familia presidencial mas para todo o séquito que com ela foi forçado a fugir: Chefe da Casa Civil, assessores, enfim, essa gente que vive nas presidências e que ninguém sabe quem são ou quantos são.
Já estou a ouvir a ladaínha: que é um caso pontual, nem toda a gente é assim, são ovelhas negras, etc., etc.
O problema é que este tipo de notícias não são esporádicas, antes se repetem com uma terrivel frequência; em repúblicas, claro.

A grande faena ou as touradas da república por Ramalho Ortigão



Por sua parte [o povo português], acha-se no seio da civilização que o explora como o touro em tarde de corrida no meio do redondel. É puro, bravo, boiante e claro. Está aí para o que quiser dele o capinha, o bandarilheiro e o espada. Acenam-lhe com o trapo encarnado e ele arrancará sempre com lealdade e braveza, entrando pelo seu terreno, acudindo ao engano e indo ao castigo de todas as vezes que o citem para atacar, para escornar, para estripar e afinal para morrer, o que tudo para ele é unicamente marrar. Como o boi puro, o povo não se desilude nunca, nunca se desengana na lide.

Ramalho Ortigão - «Farpas na República». verbo: 1910, pp. 33-34

domingo, janeiro 16, 2011

Mais uma acha para a fogueira

Abstenção é a solução


Quando homens do regime tais como Vasco Pulido Valente ou António Barreto afirmam:
«Termino esta breve nota fazendo notar que a patranha do chamado "voto útil" tem sido uma das coisas que mais tem desgraçado Portugal, induzindo o Povo a votar em quem não quer com a ideia que se está a defender de quem tem medo.
Está na altura de ter uma atitude verdadeiramente cívica: Abster-se de votar, indicando assim o verdadeiro desencanto para com o regime vigente.
Para quem pensa que o voto branco (ou nulo) resolve alguma coisa, estejam atentos à noite eleitoral: Estes últimos, se forem referidos percentualmente, será de forma marginal. A abstenção não ! A abstenção é verdadeiramente um problema para o regime, e dependendo da sua magnitude, poderá de facto influenciar o regime».


ou António Barreto:

«(...)há motivos políticos, que passam pelo meu desapontamento radical com a função do Presidente da República em Portugal. Nós fomos muito especiais, ao tentar encontrar um sistema que não é nem água quente nem água fria, nem carne nem peixe. É uma coisa muito esquisita. Não é presidencialista, não é semipresidencialista, não é parlamentarista».

Penso que não há mais nada a dizer a não ser que dia 23 irei fazer o que me der na real gana mas votar está de todo longe dos meus planos. Se votar é um direito, não votar também o é.
Quem não estiver contente com o estado do país e queira enviar uma mensagem ao regime que faça como eu. Quem estiver contente com o que tem, que vá votar para para uma instituição que «não é carne nem é peixe» e que mesmo assim come 21 milhões do orçamento mais de metade da Casa Real Espanhola, só para dar um exemplo; e ajudar um tipo a subir na vida - e de que maneira - mesmo depois de ter deixado o cargo. Isso é que era bom.

terça-feira, janeiro 11, 2011

Esclarecimento esclarecedor

É este filmezinho da CNE, com um toque de propaganda, que está passando nas TV's para apelar ao voto nos candidatos ao emprego de presidente.
O que se verifica é que nem mesmo a propaganda é de qualidade com muitos erros e omissões de certeza por pura ignorância. Senão vejamos:




Logo na primeira imagem aparece o «ignóbil trapo» ondulando enquanto se ouve o Hino Nacional.
Eu, como nisto das bandeiras e heráldica, tenho um olho de lince logo detectei um lapso.
De acordo com o decreto da Assembleia Nacional constituinte datado de 19 de Junho de 1911, publicado no Diário do Governo nº 141 do mesmo ano, que aprovou a Bandeira Nacional pode ler-se que:
A Bandeira Nacional é bipartida verticalmente em duas cores fundamentais, verde escuro e escarlate, ficando o verde do lado da tralha. Ao centro, e sobreposto à união das cores, tem o escudo das armas nacionais, orlado de branco e assentado sobre a esfera armilar manuelina, em amarelo e avivada de negro.
A imagem abaixo ilustra a descrição constante no referido documento que aprova a forma do ainda estandarte nacional. Pode ver-se a orla, a pequena faixa branca circundando o escudo.



Ora nos últimos tempos, muito por culpa do futebol, muita gente começou a adquirir uma bandeira pelo que estas foram sendo comercializadas em quantidades industriais por gente que não se preocupa muito com pormenores, a começar nos chineses, daí terem aparecido versões algo pitorescas.

A bandeira que surge no anúncio, como se pode ver, é do género da que está aqui em baixo e, como se pode ver, não tem a orla em torno do escudo. Num anúncio institucional... o descuido e o desleixo dizem tudo acerca da natureza abananada e abandalhada do actual regime.


Mas não é só nesse pormenor que está o lapso. Todo o anúncio é uma pérola condenada a ser um tesourinho; tesourinho deprimente.
Vamos então continuar a esmiuçar o anúncio até porque a feitura deste deve ter custado umas boas massas ao erário público.

Reparemos nas datas que surgem como marcantes no periodo da república:

Logo a primeira data a aparecer é... 1926. Quem não sabe poderá pensar que a república portuguesa foi fundada nessa data. Ora em 1926, mais precisamente a 28 de Maio, caiu a I República e começou a II República, vulgo Estado Novo. Bem, mais ou menos, porque o periodo de 1926 a 1933 designou-se por ditadura militar e só com a Constituição de 1933 é que começou o Estado Novo. Embora a data de 1926 é que conte porque foi nessa data que foi posto um ponto final na I República. Da mesma forma que a III República começou em 1974 e não em 1976, data em que passou a vigorar um nova constituição que veio substituir a de 33.
Ora muitos teóricos, políticos e historiadores afirmam que o periodo que medeia entre 1926 e 1974 não é república e apesar de termos tido três constituições de cariz republicano (1911, 1933 e 1976) de tal forma que nos documentos timbrados do estado português e mesmo em muitos dos documentos dos cidadãos portugueses aparecem as letras «S» e «R» com o escudo ao meio. S.R. que supostamente significa Segunda República. Bem se fizermos umas contas veremos que de já são três as repúblicas!!!
Neste anúncio, onde são referidos os «vários momentos que marcaram os últimos cem anos da república portuguesa» das sete datas e uma década referidas só duas é que se referem ao periodo pós-1974 e nem uma acerca dos primeiros dezasseis anos!!! Assim, 75% dos «vários momentos» passaram-se durante o periodo da ditadura do Estado Novo, curiosamente aquele que mais polémica levanta. Curioso também o facto destas datas que decorreram inseridas MAIORITARIAMENTE no periodo da ditadura serem aqui invocadas num anúncio... eleitoral!!! Este é um reconhecimento inequivoco de que o Estado Novo afinal foi república (como foi de facto). Não esqueçamos que esta é uma publicidade institucional.

Porém, vamos aqui dissecar alguns dos vários momentos (esquecidos) importantes que marcaram os últimos cem anos da república portuguesa:

1910 - A data da fundação da república. Esquecida... terá sido porque a república nasceu de um golpe de estado? Pergunto.

1912 - A data em que os grevistas foram brutalmente reprimidos indo conta tudo o que o PRP prometera antes de 1910

1918 - Curiosamente, uma data esquecida. Então invoca-se 1945, presumo eu por ter sido nesse ano que terminou a II Guerra Mundial que apesar de ser uma data feliz para o mundo e para Portugal onde também foi efusivamente comemorado o fim do conflito embora esta não se tenha sentido em Portugal e não se fala da data em que terminou a I Guerra Mundial, na qual a república forçou Portugal a entrar apenas para esta se fazer reconhecer e na qual milhares de soldados do CEP sofreram as mais atrozes agruras?

1918 - Mais concretamente a 14 de Dezembro de 1918 era assassinado na Estação do Rossio o Presidente da República Sidónio Pais.

1921 - A camioneta fantasma do Cabo Olimpio também conhecido por dente de ouro que a 19 de Outubro percorreu meia Lisboa num processo que levou à morte várias personalidade politicas entes elas o cessante Primeiro-Ministro António Granjo cuja queda do governo e o seu pedido de demissão foram motivados por este movimento revoltoso que teve este desfecho macabro.

1925 - O «cantar do cisne» da I República. A mega burla de Alves Reis (curiosamente sobrinho de Cândido Reis o «herói» da república que estupida e prematuramente se suicidou antes do triunfo golpista do 5/10) apenas possivel no estado de bandalheira em que o país se encontrava 15 anos depois da implantação da república. Desengane-se quem pense que o caso BPN é um caso virgem.

1933 - Já com Salazar no poder, 1933 foi o ano em que entrou em vigor a Constituição da II República, vulgo Estado Novo.

1961 - O ano em que começou a guerra do Ultramar, o ano do assalto ao paquete Santa Maria, o ano do fracassado golpe de Botelho Moniz, o ano da invasão e perda de Goa, Damão e Diu para a União Indiana. Esquecido. Porquê a alusão a 1963?

1975 - O periodo do «manicómio em auto gestão»

1976 - Em Abril de 76 entrava em vigor a actual Constituição. Também foi em 1976 que foi dado aos portugueses a oportunidade de elegerem o PR por sufrágio universal; 66 anos depois de imposta a república. Até aí o unico PR eleito dessa forma havia sido Sidónio Pais; esse mesmo, o que foi assassinado.

1980 - A 4 de Dezembro de 1980 morria vítima de acidente (ou atentado?) de aviação o então Primeiro-ministro Francisco Sá Carneiro

1983 - É extinguido o Conselho da Revolução

1994 - O dia 24 de Junho de 1994 ficou marcado por uma das maiores manifestações desde o 25 de Abril - o bloqueio da Ponte 25 de Abril. Era Cavaco Silva (esse mesmo), Primeiro-Ministro e Dias Loureiro, Ministro da Administração Interna.

Eis aqui umas datas determinates e que foram esquecidas. Foram de facto vários (e mais que fossem) e ricos os momentos que marcaram os últimos cem anos em Portugal. Se o que se pretendia era esclarecer não seja por isso.

Um orgulhoso português - The best one, the great one*

«Sou um orgulhoso português». Para além de ser o melhor treinador do mundo de todos os tempos, este homem é um patriota. Até nisso ele é grande. Se fosse um tuga falava em inglês ainda que mal. Mas este é PORTUGUÊS. Não tem que pedir desculpa a ninguém e ainda mais por se expressar na sua lingua. Quem não percebe que aprenda. É grande! Está de parabéns!



*Uma parte do título do post está em inglês porque Mourinho é apelidado, até mesmo cá, por «special one» senão o título era todo em português

sábado, janeiro 08, 2011

Não há nada que resista

Para a república das bananas não há limites. Para além de ter vindo a carcomer Portugal como uma doença cancerígena agora já nem a Espanha está a salvo. A economia do Reino tem vindo a ser contaminada pela situação ecomómica do nosso pobre país.

De Espanha nem bom vento nem bom casamento?

Isso era dantes. Agora quem vive próximo da fronteira com o Reino de Espanha poupa dinheiro e não é pouco. Quem conseguir pôr a salvo o seu dinheiro das patorras desta república cleptocrática que aproveite. Basta ver aqui, aqui e aqui.

É desta...

...têmpera e fibra que os portugueses eram (1537) e ainda são (pelo menos estes) feitos:


A fortaleza de Diu, defendida por António da Silveira ao comando de 600 homens, encontrava-se cercada pelas forças do sultão de Cambaia e pelo turco Suleimão Paxá, constituídas por 23 mil homens e 70 galés. Este último não era tido em muito boa conta pelos portugueses, pois tratava-se de um eunuco que, através de uma revolução palaciana, usurpou o respectivo trono.

Por um prisioneiro português, enviou uma carta ao comandante da fortaleza garantindo livre saída de pessoas e bens, desde que entregassem a fortaleza e as armas. Por outro lado, prometia esfolar todos vivos se não o fizessem, vangloriando-se de ter reunido “o maior exército em Cambaia, tendo muita gente que tomara Belgrado, Hungria e a ilha de Rodes. Perguntava mesmo a António da Silveira como se iria defender num "curral com tão pouco gado!”

Em resposta, o comandante português envia a seguinte missiva: “Muito honrado capitão Paxá, bem vi as palavras da tua carta. Se em Rodes tivessem estado os cavaleiros que estão aqui neste curral podes crer que não a terias tomado. Fica a saber que aqui estão portugueses acostumados a matar muitos mouros e têm por capitão António Silveira, que tem um par de tomates mais fortes que as balas dos teus canhões e que todos os portugueses aqui têm tomates e não temem quem os não tenha!”

Escusado será dizer que a coisa deu “pancadaria de criar bicho”. Ao fim de mais de um mês de cerco, as forças turcas retiraram-se devido às pesadas baixas sofridas. No lado português sobravam cerca de 40 homens em condições de lutar.


Retirado deste livrinho

Dupla apreensão

Certamente que deve causar enorme apreensão o desaparecimento de armas da unidade dos comandos em Belas pois as armas desparecidas são armas de guerra e são armas que estavam à guarda de uma força de elite do exército português.
O que também deveria causar apreensão ou pelo menos admiração foi a notícia que, para além de ter dado conta do facto, ainda refere que os militares estariam revoltados e sobre enorme pressão psicológica por estarem impedidos de sair do quartel.
É de estranhar e sinceramente não acredito preferindo acreditar que foi um exagero jornalístico de uma situação que terá causado quanto muito algum aborrecimento na unidade.
Enorme pressão psicológica? Se fossem uns mancebos da tropa regular integrados há pouco tempo nas fileiras ainda vá, agora comandos?
Os Comandos bem como os Rangers, os Fuzileiros e na polícia, os operacionais da UEP entre outros são gente altamente treinada para vir a ter grande resistência física como psicológica tal não é a exigência das missões que terão que desempenhar. Os homens das nossas forças de elite são do melhor que há no mundo e não acredito que quebrem com essa facilidade toda. Não é qualquer um que ingressa nessas unidades. Só uma estrita minoria ingressa tal não é a exigência do ponto de vista físico e psicológico costumando-se dizer que só «malucos» é que conseguem entrar. Se quebram ou se ficam revoltados por causa de terem que ficar encerrados na unidade durante o tempo que o comando entender necessário até serem apurados alguns factos e de serem sujeitos a um interrogatório intenso levado a cabo não por um inimigo mas por agentes do mesmo Estado que, tal como eles, servem então o que é que aconteceria se fossem capturados pelo inimigo de facto num qualquer teatro de operações e encerrados, aprisionados e seviciados à séria? Mijavam-se todos logo ali na hora sem oferecer qualquer resistência? Não acredito. Tomara a muitas forças especiais por esse mundo fora desde os SEAL, Delta Force, SAS, etc. terem gente da têmpera e da fibra dos portugueses que aliás são muito respeitados e considerados pelo mundo fora e cujos operacionais de elite não ficam nada atrás dos seus congéneres estrangeiros.
Se isso porventura fosse verdade...
Não acredito! Não quero!

bull sheet


Diziam que era milagrosa, que equilibrava, dava força, etc. sendo usado pelos famosos... famosos, seja lá o que isso for. Mas os cientistas advertiam e alertavam para o facto de tal ser uma fraude. A música já é velha e eu lembro-me perfeitamente que no ínicio da década de noventa já ter aparecido algo semelhante: uma pulseira metálica que curava quase todos os males.
À quem as venda a 40€. Cá pelo Torrão vendiam-nas ou vendem-nas a 25,00€ a unidade. Os chineses vendem-nas a 7,5€.
Quando me perguntaram o que é que eu achava, se era verdade ou era treta, se está provado cientificamente ou não e quando me queriam fazer crer que resultava eu fui peremptório: É treta. Como físico que sou, nunca tive dúvidas. Assim que ouvi falar em energias quânticas (?), frequências de vibração, criação da NASA, o ser cientifico... vi logo que andavam aí a tentar encher os bolsos à pala dos tansos e disse logo cá para mim: yea right, bull sheet, fuck off mother fuckers...
Era o que faltava dar 25 «aérios» por um bocado de silicone e uma chapa de latão que brilha tipo a chapa do meu cartão de crédito ou a fita contida nas notas de euro. Reconheço que do ponto de vista puramente estético a pulseira tem pinta daí ainda ter andado a querer arranjar uma mas dar sete e meio aos chineses por uma coisa que vale só para aí meio euro...
Agora vá, vão lá dar 25€!

sexta-feira, janeiro 07, 2011

Luvas e fábulas*

Em Portugal, para liquidar-se um regime, apenas se requer a criação de um não-tema. Qualquer coisa que alimente os sonhos de vingança, açule a inveja pelo chinelo do vizinho e seja susceptível de corresponder à máxima popular de "quem conta um conto, acrescenta um ponto", terá um inesgotável manancial para estorietas. Nos tempos de Pombal, existia a "conspiração nobiliárquico-jesuíta", copiosamente reproduzida cento e cinquenta anos depois pelo sucedâneo PRP. Após as invasões francesas, acentuou-se a quase fábula do "absolutismo" e criou-se a lendária pugna pela "liberdade e representatividade", mesmo que isso significasse a clausura do país inteiro, nos ávidos cofres de uma mão cheia de oportunistas bem instalados. Com a República, foi o que se sabe, desde as maluquices positivistas do Teófilo, até ao repescar do libelo condenatório de Maria Antonieta, aqui tendo como alvo a Rainha de Portugal que por si, valia mais do que todos os directórios republicanos juntos, fossem eles os dos Centros políticos sitos ao Chiado, ou os das tabernas alçadas a Academias. Bem vistas as coisas, estamos como sempre, perante a real proporção das coisas. Quando na Alemanha e cada um à sua maneira, Marx ou Hegel escreviam e vociferavam, sendo acompanhados na invenção de uma outra história tão nebulosa como as óperas de Wagner, por uma plêiade de homens dados "às novidades" do seu tempo, aqui em Portugal tirava-se o chapéu perante o citado Teófilo, génio incomparável entre aqueles outros que no Casino também souberam interpretar, ou melhor dizendo, inventar um passado tão credível, como a felicíssima e dourada "época do municipalismo" medieval de Herculano. Contentamo-nos com pouco, tudo se reduzindo a uma mudança de bandeira, esta com as tais "cores positivistas", por mais negativas que elas se tenham mostrado.



Há cem anos troavam "casos da Monarchia", confundindo-se deliberadamente a cobiça mais básica de um ou outro agente político estabelecido nas empresas - tal como hoje -, como se de questões de regime se tratassem. Sabia-se que a Coroa estava acima, muito acima de qualquer tipo de participação nas negociatas imobiliárias de tabacos, de fomento ou de fósforos, por mais incendiários que estes últimos fossem. Apesar desta ser uma verdade por todos conhecida - o Rei D. Carlos era de longe, o monarca mais pobre de toda a Europa -, todos os males advinham "da Monarchia". Naquela teimosia infantil em que nos reconhecemos, assim era e assim tinha que ser, "porque sim". Uma lista civil que datava de há oitenta anos e que jamais sofrera qualquer actualização e que para agravar a situação, ainda era cortada a cada anual entrega, servia para pretexto de grande escândalo público. Os bens pessoais - o património da Casa de Bragança - do monarca, eram usados para as próprias despesas de representação do Estado e pasme-se, quando da "Grande Subscripção Nacional" pós-Ultimatum, a aviltada Casa Real foi quem mais contribuiu para a aquisição do cruzador Adamastor que sintomaticamente, iniciaria a sedição que a derrubaria! Mas disso poucos terão o devido conhecimento, pois a história é escrita pelos vencedores, por momentâneos que eles sejam.



Alguém conseguiria imaginar os senhores Cavaco Silva ou Manuel Alegre abrirem os cordõezinhos das suas preciosas bolsas, para subsidiarem uma viagem num Falcon ou um banquete oficial durante a visita de um Chefe de Estado estrangeiro a Portugal? Claro que não. Seria ridículo, desprestigiante para o Estado português e um esbulho da propriedade alheia, neste caso, a do Chefe de Estado em exercício no gabinete belenense. Em suma, uma injustiça, para não dizermos roubo descarado e sob coacção moral de uma imprensa ávida por misérias.



A República Portuguesa está agora a provar do veneno que prodigamente espalhou, por quantos "anéis de caixa-falsa" pôde distribuir ao longo de mais de um século. Criou o escabroso princípio basilar da total credibilidade da insinuante atoarda, por mais miserável, mesquinha e torpe que ela fosse. Não é preciso empunhar um telescópio para claramente vermos que os "escândalos" dos Tabacos, do Predial, dos Tratados de delimitação colonial com a Inglaterra, da "filha do jardineiro" ou dos "Adeantamentos", são mixuruquices ou míseras migalhas, se compararmos com o que hoje se passa. Sem qualquer exagero no paralelismo anacrónico, o que são os "escândalos" da viragem do século XIX-XX, quando confrontados com os roubos ou desperdício de biliões provenientes dos Fundos Comunitários, a ostensiva má gestão e fiscalização dos mesmos, as falências criminosamente induzidas de tantas empresas outrora produtivas e de todos os sectores, os caixotes e caixotes de "luvas" a propósito de armas, computadores, adjudicações, viaturas e outros bens mais, os favoritismos nos concursos públicos, os casos Freeport, Face Oculta, Casa Pia, os "sobreiros Portucale", do BPP, do BPN, etc, numa exaustiva lista sem fim e que a memória já não comporta?



A ser dita, a verdade prende-se com a inextricável rede de interesses de casta que "a política e os negócios" criaram, nela fazendo cair - quantas vezes inadvertidamente? - muitos dos utentes e comensais dos vários palácios que conformam o poder. Não se trata de contabilizar números mais ou menos extensos pelos zeros colocados à direita do 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9 ou 10, mas sim, de um princípio em si. Justa ou injustamente - e preferimos acreditar que este é um caso de indecente injustiça -, Cavaco e Alegre estão a ser fustigados em plena praça pública, por uma corrente que impiedosamente lhes vergasta as costas. Corrente velha e enferrujada, mas sempre activa e símbolo de poder, porque forjada na bigorna republicana que eles ainda há quatro meses exaltaram em ditirâmbicos discursos. Agora, que chamem o ferreiro que a consiga atirá-la para o incandescente cadinho.


Têm o que quiseram. Têm o que bem merecem, como representantes de um passado do qual tiram o institucional benefício.


*PUBLICADO ORIGINALMENTE NO ESTADO SENTIDO

segunda-feira, janeiro 03, 2011

A questão orçamental

Está na ordem do dia, como as imagens abaixo documentam, a questão relativamente ao orçamento municipal para o ano de 2011. Como é do domínio público, no passado dia 20 de Dezembro, a Assembleia Municipal chumbou o documento pela mão dos deputados da CDU e do Bloco de Esquerda o que implica que durante o ano de 2011 a Câmara terá que se reger por uma gestão de base duodecimal isto se entretanto não for convocada nova sessão para tentar fazer passar o orçamento.
A reacção do Executivo não se fez esperar, acusando a oposição de irresponsabilidade e de com esta atitude pôr em causa a administração Municipal colocando em xeque até mesmo serviços básicos, de tornar inacessível ao concelho beneficiar dos fundos do último quadro comunitário de apoio e de inviabilizar projectos como o RUAS - Regeneração Urbana de Alcácer do Sal e criação do Balcão Único para além de comprometer seriamente o apoio a colectividades e associações. Na verdade o Pedra no Chinelo sabe de fontes seguras que tais oficios já foram recebidos por várias instituições concelhias.
Por sua vez a CDU acusa o Executivo de destempero e falta de honestidade justificando o chumbo com a necessidade de «mais rigor e mais transparência» e acusando o Executivo de emploar o valor da receita de forma a cobrir um hipotético buraco orçamental.

Não irei comentar números pela simples razão de que não conheço o documento do orçamento. Na verdade, tal deveria ser disponibilizado para consulta pública bem como o orçamento das Juntas de Freguesia; documento que deveria ser publicado nos respectivos sites. Devo recordar que a Lei de Orçamento de Estado, que regerá a actividade gestora do governo do país durante o ano, é conhecida da opinião pública.
Assim sendo, não posso inferir onde está o emploamento de números. Se de facto há empolamento da receita não sei mas também não sei se a CDU não estará também a emploar os números. No entanto se de facto se comprovar aqueles valores em despesas de representação e em despesas com refeições...
Uma guerra de números vale o que vale. O que há a ter em conta é uma realidade nova no concelho. Pela primeira vez um Executivo não detém o apoio maioritário na Assembleia Municipal devendo para tal buscar consensos sempre que possivel. Tem forçosamente que negociar sob pena da sua gestão se tornar irremediávelmente penosa. A Assembleia Municipal não é um mero apêndice. Tem poderes significativos e perrogativas definidas. Não é assim tão irrelevante deter a maioria ou não na Assembleia. Nem com toda a certeza é irrelevante a origem do Presidente da sua respectiva mesa.




Pela salvagurada dos nossos dados

Reconheço que a reacção foi extemporânea e que a linguagem empregue não terá sido a adequada mas tal se deve á extrema inquietação - que deve ser partilhada por todos - tal não foi a surpresa com que li a notícia que dá conta que os EUA, a pretexto da luta contra o terrorismo, querem aceder aos dados do aquivo de identificação nacional, isto é, aos dados que constam dos documentos de identificação nacional de todos os portugueses bem como ainda à incipiente base de dados de ADN portuguesa, que é como quem diz, acesso ao código genético de cada um de nós. O que é mais gravoso nisto tudo é que, de acordo com notícias veiculadas, o governo português não só concordou como cedeu sabe-se lá em que moldes, como anuiu firmando um acordo bilateral com o governo norte-americano faltando apenas ao que parece a necessária ratificação parlamentar.
Ora o que aqui está em jogo é a cedência a uma potência estrangeira de um recurso estratégico de valor incálculável. Trata-se tão só de depositar nas mãos de um país estrangeiro, que hoje é um aliado mas que amanhã ninguém sabe, informação sobre a identidade e código genético de líderes políticos, militares, juízes, agentes das forças de segurança, agentes dos serviços de informações, de empresários, cientistas, médicos, académicos, banqueiros; em suma, todos os cidadãos portugueses. Portugal sempre foi aliado e amigo dos EUA e vice-versa mas tal não implica que no futuro a conjuntura possa, ainda que remotamente, mudar. Se porventura numa determinada e hipotética conjuntura futura, os EUA tenham que sacrificar Portugal ou qualquer outro aliado tendo como alternativa, se o não fizerem, a sua própria ruína estes não exitarão com certeza em sacrificar quem quer que seja para satisfazer a sua estratégia. Quem nos garante que tal informação seja apenas para identificar potênciais terroristas e que no futuro ou até mesmo no presente quem detém essa informação possa usá-la para outros fins?
Portugal é um país com uma área de cerca de oitenta e nove mil quilómetros quadrados e uma população de mais ou menos dez milhões de habitantes. Não representa uma ameaça nem é ameaçado por nenhuma potência porém ocupa uma região de grande valor geo-estratégico (porta de entrada na Europa, zona de passagem do Atlântico para o Mediterrâneo, zona de acesso ao norte de África, zona de passagem do Atlântico norte para o Atlântico sul, etc.) tanto no passado, desde há vários séculos, como no presente e certamente no futuro podendo ser fulcral o seu domínio e controlo. Não deixa de ser estranho que não existindo qualquer actividade terrorista em Portugal actualmente nem existindo condições muito favoráveis para que células terroristas estrangeiras se instalem em Portugal para a partir daí planearem e leverem a cabo os seus ataques como se demonstrou recentemente com o desmantelamento de uma célula da ETA e de uma rede mafiosa o governo americano peça ao governo da república portuguesa que partilhe tal informação. Tal informação a ser partilhada deve recair única e exclusivamente sobre suspeitos de actividades terroristas. O fenómeno do terrorismo serve de pretexto e até tem sido conveniente e útil aos americanos em certos domínios. E se é legítimo que os EUA têm direito a defenderem-se de ameaças e têm direito a um nível de segurança tolerável para si também é legítimo que Portugal também usufrua de tais perrogativas não tendo o governo seja ele qual for qualquer tipo de legítimidade para sacrificar os superiores e vitais interesses do país. Logo seria lógico que, a ser assim, no limite, houvesse uma troca. Portugal cedia os registos dos seus cidadãos a uma potência estrangeira, neste caso aos EUA, mas em troca Portugal ficava com os registos dos cidadãos dessa potência. Não haverá também um grande probabilidade de cidadãos oriundos dos EUA puderem instalarem-se em Portugal com fins pouco amigáveis? É claro que se Portugal lançasse tal proposta para cima da mesa com toda a certeza que os americanos a considerariam inaceitável e sem nenhum tipo de negociação possível. Para além disso, fizeram por acaso os EUA essa proposta a outros países? E por curiosidade, qual a posição desses países partindo do princípio que lhes foi feito tal pedido?
Mais do que a identidade civil e criminal, a identidade genética é fulcral e infinitamente mais valiosa assumindo no futuro um potêncial estratégico enormíssimo podendo até substituir as anteriores. Tenhamos em mente, que aquando da recente Cimeira da Nato em Lisboa, ficamos a saber que o Serviço Secreto, o corpo de segurança presidencial americano, os chamados homens do presidente, aqueles que vemos nos filmes em caso de séria ameaça a rodear o presidente e a dar o seu corpo ás balas, se encarrega de recolher copos por onde o presidente bebeu, talheres ou tudo o que seja susceptível de depositar material genético do presidente americano para que o seu material genético não caia em mãos indesejadas e seja eventualmente recolhido e identificado e o seu genoma descodificado. Só por aí ficamos com uma amostra da importância e do valor que o material genético de um individuo possa ter. Se são tão zelosos nessa matéria é porque certamante têm noção e até os conhecimentos e a tecnologia necessários, ainda que não sejam do domínio público, tendo perfeita consciência do que podem verdadeiramente alcançar no presente e no futuro através de manipulação genética.
E depois há ainda, não menos importante, questões jurídicas a ter em conta a começar pelo facto de se analisar se tal acordo é constitucionalmente aceite.
A diplomacia portuguesa demonstrou ser no passado uma das melhores e mais bem preparadas diplomacias a nível mundial. Esperemos que a diplomacia e os responsáveis, analistas políticos e estrategas portugueses estejam à altura das suas responsabilidades não cometendo o fatal erro da imprudência e/ou ingenuidade a bem da Nação.

domingo, janeiro 02, 2011

Só podem estar a brincar!!!


Por que carga de água os meus dados e os de todos os portugueses hão-de ser devassados e irem cair nas patas destes filhos da puta??? E a puta da república pelas mãos dos frouxos do governo não têm coragem para os mandar mamar na quinta pata do cavalo, dando de bandeja os dados dos seus cidadãos. Não devo renovar o BI de certeza. Não podemos permitir isto sem tudo ser bem explicadinho pois receio que se estejam a atirar de cabeça de forma imprudente, sem pensar nas consequências e sem cautelas, que tal nos seja prejudicial e que tal até seja inconstitucional. Não podemos ficar de braços cruzados. Nenhum estado decente permitiria tal coisa...

sábado, janeiro 01, 2011

Erros informáticos

Supostamente foi um erro informático. Curioso é este tipo de erros lesar sempre os clientes/utentes/cidadãos. O que era de admirar era se em vez de cobrar os 23% um ou dois dias antes ter começado a cobrar só dois ou três dias depois. Ou se o erro em vez de implicar uma subida para 23% implicasse uma descida para 19% ou 17%. São erros... pois... mas quando a sua natureza é constante...
Dos CTT e da república tuga nada me surpreende...

Aviso à navegação: É para continuar!


"Ou você tem uma estratégia própria ou então é parte da estratégia de alguém"
Alvin Toffler (1928 - )

"A minha estratégia sempre foi fazer a minha própria corrida. Somente você pode determinar seu desafio pessoal. Não deixe a competição ou o seu oponente determinar qual deve ser o seu desafio"
Joan Benoit Samuelson (1957 - )

"A estratégia é a ciência do emprego do tempo e do espaço. Sou menos ávaro com o espaço do que com o tempo. O espaço pode ser resgatado. O tempo perdido, jamais"
Napoleão Bonaparte
(1769 - 1821)

"A estratégia de ontém foi o que nos possibilitou sobreviver até agora, mas uma nova estratégia deve ser criada se quisermos garantir a nossa sobrevivência no futuro"
Paul Levesque



Fazendo votos de um 2011 melhor que um 2010. Pelo menos eu pessoalmente assim o espero pois não há male que sempre dure.
Agora que um novo ano se inicia é altura de renovar, com quem aqui vem, o «contrato» digamos assim que existe informalmente. Assim o Pedra irá manter a sua linha editorial intacta não cedendo um milímetro que seja naquilo que é pertinente para o seu autor e, se não para todos, para a maioria dos seus leitores.
Este é e será sempre um espaço de liberdade e reflexão e um espaço de informação/opinião/notícia não se deixando influenciar ou pressionar seja por que circunstância for, não será subserviente seja para com quem for e procurará manter o bom senso na medida do possível. Esta é uma ferramenta poderosa como já se demonstrou em várias ocasiões e como eu já tive oportunidade de testar no terreno podendo servir para construir ou destruir. Pessoalmente perfiro construir mas se for forçado a uma acção destrutiva não hesitarei.
O simbolo do Pedra no Chinelo está definido - O cavalo negro do xadrêz (The Black Horse). Não só porque gosto muito de xadrêz, me fascina o jogo e me considero exímio - já jogo há mais de 20 anos e penso que seja o melhor ou um dos melhores jogadores senão em todo o concelho pelo menos na freguesia, algo que gostaria de saber em pormenor; quem quiser jogar uma partidinha - como também porque o cavalo é uma peça única no jogo com caracteristicas bizarras sobre as demais. Não se detém perante seja que peça for independentemente do poderio ou categoria, saltando-lhes por cima se necessário for, tem um movimento único e errático com caracteristicas polivalentes. Um pivô que pode desencadear acções de ataque em profundidade sobre o adversário e abrir defesas cerradas. Tem uma boa mobilidade e acção à distância podendo, se centrada no tabuleiro, cobrir um raio de acção considerado controlando 8 casas todas da mesma cor em pontos díspares e podendo dar apoio de retaguarda a várias peças em simultâneo. Uma arma a não menosprezar e que com mestria na mão de um bom estratega faz estragos de monta. Opto pelo negro porque esta é a cor da discrição, da rebeldia/subversão/insubmissão e porque impõe temor.
Pena que não haja mais bloggers no Torrão pois assim poderia abrir e expandir o Pedra a mais autores. Essa seria mais uma novidade, uma melhoria para o blog e está em estudo. Quem quiser escrever textos decentes, e mais importante, pertinentes (assinados ou com pseudónimo mas que eu saiba quem é pois garanto que guardarei segredo sobre a identidade) e/ou enviar fotos a acompanhar o texto sobre os mais variados assuntos com exepção de publicidade, difamação ou insulto seja a quem for, e propaganda seja de que género for está à vontade. O texto será publicado como post e não como comentário. No entanto os textos a serem publicados serão da inteira responsabilidade dos autores dos mesmos. Como eu disse, o Pedra no Chinelo é de todos os que vierem por bem. Que ninguém tema, pois o Pedra no Chinelo não está a metamorfosear-se, a transformar-se. São apenas melhorias. Ano novo, vida nova!
O meu único interesse é servir Portugal, o concelho, a freguesia. Esta empresa é um acto de cidadania activa porque a participação não pode ser uma palavra vã em panfletos eleitorais das mais variados forças políticas. Comigo é para valer e se não servir de um jeito servirei de outro mas servirei sempre em qualquer circustância. Todos temos que ser um factor a ter em conta sempre - a não menosprezar acima de tudo - e não apenas em determinados periodos que quando terminam, tchau que agora é conosco, nós é que mandamos bem ou mal e ninguém tem nada que se meter e depois quando forem precisos venham cá outra vez e depois tchau novamente sem que o ciclo se quebre. Ah ah comigo não, violão. Conosco não. Lanço o desafio: Façamos todos do Pedra e da blogsfera em geral um factor a ter em conta pois não é fácilmente controlável. No século XXI todos têm opinião e palavra e isso custa a muita gente, os que querem deter o monopólio do poder. Agora sim sei, se duvidas ainda havia, que também detemos o poder e que até mesmo algo que à primeira vista parece ser pequeno e insignificante pode tomar proporções incontroláveis.
Até entidades poderosas se vergam perante os pequenos e as notícias sobre o mais obscuro assunto no mais obscuro local podem ser conhecidas em todo o mundo. É de facto uma ferramenta poderosíssima. Agora é tão mais fácil David vencer Golias. Já não é tão improvável este tipo de evento.