quarta-feira, março 30, 2011

Nada disto é novo

Portugal já declarou bancarrota parcial em 1891 e saiu-se bem A dívida externa passou de 31 para 75 por cento do PIB e os juros comiam metade das receitas. Mas o Governo decidiu adoptar um outro modelo de financiamento. Nem tudo é mau na bancarrota. Até à grande crise financeira de 1891, as dificuldades em pagar a dívida externa eram resolvidas com o aperto da economia e quem sofria eram as camadas “menos abastadas”. Mas a declaração da bancarrota serviu ao Governo para mudar a forma de se financiar e relançar a economia. Esta visão benigna da bancarrota nacional, como uma opção política do então ministro da Fazenda Oliveira Martins, é lembrada pelo historiador da economia portuguesa Pedro Lains, professor do Instituto de Ciências Sociais de Lisboa. E até seria algo bastante actual. “Na Irlanda, chegou-se a falar do reescalonamento da dívida”, adianta, e, “eventualmente, isso seria mais justo”. Porquê? Porque a sua causa foi a deficiente gestão bancária do “excesso de liquidez com que as economias foram inundadas”. Provocaram enormes movimentações de capitais, maus investimentos. “Os Estados vieram socorrer os bancos e agora são os Estados que precisam de ser socorridos”, conclui Pedro Lains. A bancarrota poderia ser uma solução? Se calhar, não. É um debate a fazer, mas o que aí vem parece saído dos compêndios de História. Recue-se a esses tempos. “Há uma grande diferença entre o século XIX e XX”, começa Lains. “É que, no século XIX, foi necessário financiar a construção do Estado. Em 1830, o Estado era muito débil. O Governo em Lisboa podia emitir uma ordem que não chegava a Trás-os-Montes”. A centralização deu-se por toda a Europa. E a dívida pública foi de longe – em Portugal – a fonte de financiamento. O sistema fiscal era incipiente e estava centrado nas taxas alfandegárias e nas transacções, quase nada sobre o rendimento. A dívida cresceu à medida dos gastos. “À cabeça, o funcionalismo, haver administração em todo o lado. Depois, as obras públicas”, salienta. Estradas, caminhos-de-ferro, portos, escolas e instituições sociais. Mais a defesa e, “claro, o serviço da dívida que ia crescendo”. Portugal aderiu ao padrão-ouro em 1854 e ganhou crédito nos mercados de Londres e Paris. O primeiro empréstimo internacional surge em 1856. Tentou-se estruturar o sistema bancário e fiscal. Criou-se em 1868 a contribuição predial e industrial – que iriam ficar até 1989. Mas em 1880 falhou a reforma fiscal sobre o rendimento. Criar impostos gerava revoltas e – como recordam José Luís Cardoso e Pedro Lains no artigo Public finance in Portugal, 1796-1910 – o recurso à dívida era a solução de curto prazo politicamente mais indolor. No dealbar da crise, os impostos sobre o rendimento eram apenas 15 por cento da receita, que, por sua vez, representavam só 5,5 por cento do PIB. Mas no final do século XIX Portugal estava longe da Europa. A única estrada decente unia Lisboa ao Porto e a população era analfabeta. E se a dívida absorveu 31 por cento do PIB entre 1852-59, chegou aos 75 por cento em 1891. Os juros levavam metade das receitas (hoje o valor da dívida é da ordem dos 90 por cento do PIB, mas os encargos pesam 14 por cento nas receitas do Estado) . Por outro lado, a educação e assistência levavam só três por cento do PIB, isto é, seis vezes menos do que os gastos militares e pouco mais do dobro da dotação da família real. Recorria-se à dívida e prometia-se maior rigor, prosperidade. Nada se verificou. Sucederam-se as crises financeiras. Foi em 1857, 1866, 1873, 1876. Nalguns casos, com ruptura da banca. A economia sofria deflações contínuas para recuperar o equilíbrio. Subiam as taxas de juro e apertava-se nas contas públicas. Era sempre a receita. Finalmente, veio a grande crise do século, só saldada em 1902. Nesse ano de 1891, a par dos problemas políticos (ver caixa), tudo se tornou um problema. O banco londrino Baring Brothers – que colocava a divida pública de países nos mercados francês e inglês – abanou com a insolvência da Argentina e Uruguai. Gerou-se o pânico internacional e os mercados fecharam-se. Em Portugal, a solução foi mais uma vez austeridade. Tornam-se patentes as más aplicações da banca (Joel Serrão). Em Maio, dá-se uma corrida aos depósitos e é suspensa por 90 dias a conversão das notas de banco. A economia deprime-se, só atenuada pelo proteccionismo da pauta aduaneira. Mas também pelo recurso ao banco emissor e à controversa receita extraordinária de conceder o contrato dos tabacos ao conde de Burnay, por três milhões de libras. “Mas em 1891, quando é declarada a bancarrota parcial, não era a única alternativa”, lembra Lains. “O modelo de financiamento do Estado liberal que era característico de alguns países mais periféricos não estava à partida condenado. Ele podia continuar”. O que é que aconteceu? Pedro Lains interpreta que esse modelo de empobrecimento da economia se tornou “demasiadamente oneroso”. Afectava as camadas de menores rendimentos, que “começaram a ganhar voz” nas forças republicanas. Em 1891, “quando o Governo declara a bancarrota parcial, o que efectivamente estava a dizer era que se pretendia acabar com esse tipo de financiamento e passar a outro”. Portugal sai do padrão-ouro, reescalona a dívida externa e passa a financiar-se através de recursos internos, pela emissão de moeda. “Foi uma opção política clara”, conclui Lains. A alteração resultou. Mas também porque a economia internacional cresceu e absorveu a inflação. “A solução foi boa, no momento certo”, sorri Lains. “Podia não ter sido”. E hoje? Hoje a opção monetarista não é popular e está impedida. “Não há uma massa de operariado como havia antes”, já não influencia, acha Lains. E o debate político está ao nível de 1891: os bons e os maus. “A oposição a dizer que o Governo levará o país ao abismo”. O “abismo” apenas terminou no Estado Novo. Mas foram 48 anos de ditadura e de atraso nacional. Análise Por Guilherme d”Oliveira Martins 1891 conheceu uma confluência excepcional de factores negativos na economia internacional. O desastre financeiro da Argentina e a falência da casa Baring Brothers de Londres são sintomas de uma crise internacional, com graves consequências para a economia portuguesa. Perante a nossa dependência e o peso do endividamento, a quebra de uma instituição com a qual a economia portuguesa tinha relações intensas arrastou a impossibilidade de solvermos os nossos compromissos no exterior. O segundo Governo de João Crisóstomo é incapaz de responder à crise, caracterizada por inflação, desemprego, especulação, açambarcamento do ouro, corrida aos bancos, irregularidade e insuficiência nos meios de pagamento, recusa do comércio retalhista em aceitar notas de banco sem ágio, emigração clandestina… Após o optimismo do final da década de oitenta, veio a depressão. O défice orçamental e o desequilíbrio da balança de transacções correntes agravam-se significativamente. Para contrariar esta tendência, é emitido um empréstimo público, a fim de fazer face à situação do sector bancário. O Estado pede ajuda aos banqueiros nacionais. Os bancos emissores lançam moeda fiduciária, sendo adoptado o bimetalismo, que substitui o padrão-ouro, antecâmara da inconvertibilidade do papel-moeda. Mariano de Carvalho, ministro da Fazenda, procura negociar com os credores externos, sem êxito e sob suspeitas, com pressões nas concessões dos caminhos-de-ferro. A confiança esvai-se. Fala-se de Oliveira Martins para a pasta da Fazenda. O Rei D. Carlos convida o conde de Valbom para a Presidência, mas este considera não poder aceitar. Surge então o nome de José Dias Ferreira, lente de Coimbra, do velho Partido Reformista. O Governo de emergência constitui-se, no início de 1892, com três pares do Reino e três deputados. O novo ministro da Fazenda propõe um plano de emergência, a que se seguiriam outras estruturais, para estabilizar a situação económica e financeira. As medidas drásticas surgem, exigindo grandes sacrifícios: corte na despesa pública e suspensão da admissão de funcionários. O Rei reduz em 20% a sua dotação. Perante uma Câmara de Deputados com maioria regeneradora, os partidos parecem acatar o apelo patriótico. Num primeiro momento, houve acalmação, mas foi sol de pouca dura. O executivo pede plenos poderes: para cortar vencimentos, suprimir verbas, aumentar os impostos com taxas mais manejáveis, diminuir os juros da dívida pública, iniciar as negociações para um convénio com os credores externos, lançar um novo empréstimo e adoptar uma nova pauta aduaneira. O ministro dirá que “o convénio e o empréstimo não eram mais do que o prólogo indispensável” para depois providenciar sobre a “reconstituição do organismo financeiro e económico português”. Se no exercício de 1890-91 havia um défice de pouco mais de três mil contos de réis, a execução registou um desequilíbrio de 11.550 contos. As medidas são: uma contribuição sobre os rendimentos superiores a 300 mil réis, com taxas de 5% e 20%; novas taxas suplementares para as contribuições predial e industrial; taxa acrescida da contribuição de rendimentos dos títulos da dívida pública; autorização para negociar com credores externos um convénio de conversão que produzisse os mesmos efeitos para a economia e para o Estado, com vista à redução do capital e dos juros; e a adopção de medidas de disciplina financeira. A questão central era a da negociação com os credores externos. Os primeiros contactos pareceram apontar num sentido positivo, mas tudo se precipita e o ministro demitiu-se por discordar da rigidez de José Dias. A situação só se resolveria em 1902. No dia em que deixou o Terreiro do Paço, O.M. escreveu a Eça de Queirós: “José Maria do meu coração! Emergi da cloaca ministerial. Parto a 31 no Magdalena para Inglaterra, onde tomarei algumas semanas de ar”. Presidente do Tribunal de Contas. Oliveira Martins era o seu tio-bisavô 2010-10-10 08:13 João Ramos de Almeida, Guilherme d’Oliveira Martins, Público Daqui

segunda-feira, março 28, 2011

29 de Maio...

...é a minha aposta quanto à data das eleições legislativas antecipadas. Porquê? Se se confirmar eu depois explico.

sexta-feira, março 25, 2011

Pode ser que eu me engane...

...mas está-me cá a parecer que até Junho os juros da divida pública chegam aos dois dígitos.

quinta-feira, março 24, 2011

Lol


Eu farto-me de dizer mas não querem crer...


...então tomem lá:
«No mesmo dia, o Presidente que diplomatas estrangeiros dizem ser um sujeito vingativo, tira a mesquinha desforra daquilo que se passou há duas semanas. Mal o seu ainda 1º Ministro saiu de Belém, apressou-se a divulgar o pedido de demissão que aquele lhe fora apresentar e sem sequer aguardar o comunicado oficial do dito cujo. Como diz António Barreto, o espectáculo não é dos melhores».

quarta-feira, março 23, 2011

República é isto... a portuguesa não foge à regra

Veja-se a reportagem SIC aqui e observe-se o desalento, o descrédito e o desânimo dos portugueses. Já não confiam em ninguém. Nenhum político de qualquer partido é digno de crédito. Nenhum já goza sequer o beneficio da duvida. Os portugueses sentem-se perdidos e não sabem em quem mais confiar. Sentem-se sem Rei nem Roque. Falta a Portugal um denominador comum, sério, imparcial, desprendido, preocupado unicamente com o interesse nacional.







segunda-feira, março 21, 2011

Tributo a Mohamed Nabou

Os bloggers e os ciber-activistas em geral assumem-se cada vez mais como uma voz incómoda, uma voz poderosa, uma voz a ter em conta e uma voz da liberdade.
Mohamed Nabou é um nome que não diz nada a muita gente. No entanto ele foi a voz da oposição anti-Kadhafi, intervindo através da criação da web TV Libia Alhurra (Libia Livre) e de um blog bem como de uma página nas redes sociais.
Foi assassinado por snipers pró-Kadhafi mas o seu trabalho continuará para grande desgosto destes. Era Engenheiro de Telecomunicações, tinha 27 anos e deixa a esposa grávida.
Por cada blogger que cai, mil outros se levantam. Sabe Deus quantos «defensores» da democracia e da liberdade de expressão por vezes não desejariam o mesmo que aconteceu a este nosso e meu colega blogger tal não é o ódio que por vezes destilam em vários blogs de forma cobarde e anónima quando a «música» não lhes soa bem aos seus delicados ouvidos mas nós cá estaremos doa a quem doer e que «as nossas mãos nunca nos doam na hora de dizer as verdades». Porque a liberdade de expressão existe e é um facto... até mesmo em ditaduras.
Para saber mais clique aqui

Só peca por tardia

Tal como havia referido aqui, era preciso ajudar o povo líbio rapidamente e em força. Dando cumprimento à resolução 1973 do Conselho de Segurança das Nações Unidas, aprovada na passada quinta feira, Reino Unido, França e Estados Unidos, a que entretanto se vão juntando outros países incluindo países árabes, deram inicio á operação militar que permite impôr a zona de exclusão aérea na Libia e proteger os civis dos ataques do regime de Kadhafi.
Este acto é, em meu entender, legítimo, necessário e tem várias consequencias:
1- Em primeiro lugar, ao contrário da invasão do Iraque, a decisão não foi unilateral e imposta por um país, no caso os EUA, levando tudo a reboque, tomada apenas tendo em conta o apoderar do petróleo iraquiano e destruindo toda a sociedade iraquiana, desmantelando forças armadas, polícia e todo o «political building» isto é, o estado iraquiano.
2- O petróleo não é o objectivo visto que Kadhafi continuaria a assegurar o fornecimento e a própria oposição pedia explicitamente o envolvimento da comunidade intrenacional.
3- A Libia não será invadida nem ocupada. Aliás os próprios rebeldes consideram tal inaceitável. Estes só queriam a ajuda para neutralizar a força aérea de Kadhafi, que lhes seja fornecido armamento e ajuda para organizar e instruir, dar formação a quem combate a ditadura.
4- Kadhafi é um dos ditadores mais ferozes da região como se pode comprovar nos últimos dias, se é que havia dúvidas, e como tal, como também se viu e vê, usaria e usa de todos os expedientes para se manter no poder, destruindo cidades inteiras se necessário fosse e usando escudos humanos tal não é o valor que para ele têm os seus concidadãos.
5- Kadhafi não pode operar livremente esmagando por todos os meios a oposição.
6- Se a ONU não interviesse o regime kadhafista triunfaria e serviria de exempolo a outros regimes ditaturiais como o regime sirio e iemenita que usariam tudo o que têm à mão para esmagar a oposição e promover uma carnificina. A decisão da ONU serve assim para manter tais regimes em sentido e obriga-os a pensar duas vezes.
Por tudo isto, o «Pedra no Chinelo» apoia totalmente a intervenção militar que só peca mesmo por tardia.

sexta-feira, março 18, 2011

Japão

Vento Divino

Na verdade são muito mais porém como cada turno é composto por 50 elementos são já conhecidos como os 50 de Fukushima e os Heróis de Fukushima. Engenheiros, técnicos superiores, bombeiros, policias, soldados. São estes os homens que voluntáriamente se expõem a doses letais de radiação na central nuclear de Fukushima tentando impedir um desastre nuclear. A maior parte deles está condenada, irão brevemente morrer. Eles sabem-no. O seu derradeiro sacrificio em prole do seu país e do mundo deve ser respeitado, reconhecido, valorizado e gratificado. O «Pedra» presta assim um tributo aos anónimos e heróicos kamikaze japoneses. Que o vento divino sopre com uma força tal que consiga arrefecer os 6 instáveis e sobreaquecidos reactores em particular o nº3, o único que é alimentado por plutónio - muito mais letal que o urânio - e um dos que mais danos sofreu.





A palavra Kamikaze que no ocidente é sinónimo de suicida no Japão significa literalmente vento divino

segunda-feira, março 14, 2011

A mensagem de Alá

Alguém escreveu que se o terramoto que abalou o Japão tivesse ocorrido na Europa de Leste uma catástrofe nuclear sem precedentes seria inevitável.
O Irão ambiciona construir centrais nucleares, afirma que tem direito a usufruir do nuclear. O Irão está situado numa região de elevadíssimo risco sísmico. Agora está-se mesmo a ver o que teria acontecido se o Irão tiver centrais nucleares e voltar a ocorrer aí um sismo de grande intensidade. Alguém acha que as eventuais centrais nucleares iranianas seriam mais seguras que as japonesas? O sismo que abalou fortemente o Japão - um dos países mais desenvolvidos, estáveis e organizados do mundo - é uma mensagem que lembra à humanidade que não pode ir contra a natureza e muito menos dominá-la. Que não reste a menor dúvida ou equivoco sobre tal.

domingo, março 13, 2011

Sem medo

Esta impressionante reportagem da Sky News mostra que os líbios não se rendem nem se resignam fácilmente lutando até ao limite das suas forças contra um regime tirânico e autocrático que os considera lixo e de quem se alimenta. Chega ser arrepiante o facto de muitos deles gravemente feridos no pescoço, pernas, braços, peito, alguns deles mortalmente atingidos e com apenas alguns instantes de vida mas ainda conscientes e sabedores do seu sentenciado destino e ainda assim erguerem os dedos em sinal de vitória. Só pode vencer quem assim luta. Só pode vencer quem combate por ideais, com convicção, sem medo e sem nada a perder contra quem apenas combate por dinheiro, por medo ou para única e simplesmente se prepetuar no poder.
Ontém realizou-se a manifestação «Geração à Rasca». Impressionante e um sucesso pelo número de participantes apenas. Pode-se dizer que foram várias manifestações dentro da manifestação e mais do que uma manifestação houve muita gente que se deslocou ali para ver um mega desfile de carnaval. Por fim, nem um líder da manifestação emergiu para se dirigir às massas. Se o objectivo era pôr em xeque o sistema bem que este pode dormir o sono dos justos sem sobressaltos cívicos de maior. Ninguém está para se chatear muito, nem para se sacrificar. E certamente que já noite fora mais de 90% dos jovens que ali estava povoaram tudo quanto era bar consumindo tudo quanto era shots e «bjecas»; o normal. Tudo está bem quando acaba bem. E agora? E depois? O evento de ontém mais não foi do que um gigantesco desabafo, o exteriorizar de um estado de alma sem que se conseguisse galvanizar ninguém (se é que alguém estava galvanizado). Depois muita tralha ideológica, anacrónica e desfasada. Dizer-se que somos precários, estamos desempregados ou que licenciados limpam retretas ou ganham 500€ ou menos? E daí? Isso toda a gente sabe. Isso sabem os homens do regime. E depois? Acções concretas?
Descer a Avenida da Liberdade, do Marquês até ao Rossio, e depois ir cada um para as suas casas tranquilamente? Isso não dá em nada. Fazia sim permancer na Avenida um fim-de-semana inteiro acampados, organizando discussões abertas a todos, pondo o «dedo na ferida» e discutindo tudo sem tabus ou acampar lá mais para o verão no Terreiro do Paço, etc. Para grandes males...




sábado, março 12, 2011

Manifestação «Geração à Rasca» - Foto reportagem

Mais de duzentas mil pessoas só em Lisboa. Diziam-me a mim em particular que não adiantava nada ir a Lisboa. Adianta pois na medida em que revejo-me totalmente no motivo do protesto - a precaridade, o desemprego e os licenciados corridos a quinhentos euros. Para além disso, quanto mais não fosse, foi um dia bem passado, divertido, assistindo a algo que não se vê todos os dias e com o facto inédito de ser a primeira manifestação convocada em Portugal através das redes sociais. Aqui está a foto reportagem dos principais acontecimentos.
Quando cheguei eram cerca das 14.30 e confesso que fiquei bastante apreensivo pois quando subi os degraus vindo do Metro, a primeira coisa com que me deparei foi uma tarja do PCP e logo pensei que seria mais uma manifestação do PCP e BE. Depois, a manifestação reunia para aí uma mil pessoas, alguns «jovens» de cabelo e barba branca e bóina basca. Diabo! Mas em pouco mais de quarenta minutos milhares e milhares de manifestantes encheram a Avenida da Liberdade e foi o que se viu.


Os primeiros a chegar


O monumento que celebra o Armistício e o fim da I Guerra Mundial

Uma perspectiva da Avenida da Liberdade

Ainda bastante vazia nesta altura

O primeiro sinal
Uma tarja do PCP foi a primeira coisa a vislumbrar quando saí do túnel da estação de Metro da Avenida


Gente e mais gente a chegar
Enquanto acima já os manifestantes se enquadravam para iniciar o protesto e ainda milhares e milhares de pessoas ininterruptamente continuavam a subir Avenida da Liberdade acima


Filmagem aérea

O helicópetero que filmou a manifestação do ar para as televisões



Ao pontapé?




Partidocracia


PNR

A extrema-direita marcou presença através do Partido Nacional Renovador. Foi o único partido a participar de forma explicita. Iam à cabeça da manifestação.



Eles «andam'n» a'i

Os Kadhafis e os camelos. Os lesados do BPP não quiseram ficar de fora.



Vamos quê?

Aí está algo inédito: Vamos refodê-los. Refodê-los? Significa que já foram... e agora vão ser re....?




Precarizarem

Bem dito. Basta de precarizar(em)


De saias

Frau Angela...






Directos

«Shôr PR dê-me uma das suas reformas» só uma pequenina o resto é tudo pra si. Não coma tudo sem deixar nada. «Jovem Licenciado precisa de dinheiro. NIB 0009...» - um apelo á generosidade.



Velhos camaradas

Olhem-me só quem veio á festa



Ao alto mas com o mastro murcho

A república tuga é impotente


Iniciativa jovem

Assim hajam mais... iniciativas




«Plantem marijuana»






Era o que afirmava quem distribuia estes simpáticos panfletos: «Plante marijuana». Quando me deu um, disse-me: «Planta marijuana». E eu: «Arranja-me as sementes». Aí está uma maneira original de impulsionar a economia.



Aí estão eles... a lutar

Em cima de uma camioneta, os Homens da Luta cantaram e encantaram, no palco móvel.



«Luta luta camarada luta»



Procura-se

...em todo o lado e para que o pai ou a mãe não duvidem








Mais ou menos

A geração mais menos... só pode


Chamem a polícia


Também são precários não haja dúvida... nos escalões mais baixos, claro




Cheirinho a jasmim

Outras manifestações lembradas, made in Tunisia




«PEC Aralho pra eles»

«PEC 1, PEC 2, PEC 3, PEC aralho» assim se gritava aqui




À Rasca e à rasquíssima e não é pouco





Açores





Mega recibo verde

Licenciada em Engenharia Quimica... psicólogos, arquitectos, etc... não há curso que resista




«Ordenado mínimo para os políticos já»

O problema até nem é tanto o ordenado dos políticos mas sim os ordenados milionários dos gestores públicos e regalias inerentes



Quem avisa...






Batuque

Para fechar em beleza.

sexta-feira, março 11, 2011

Os «meus» sobressaltos cívicos

Quem parece que se anda a querer colar à manif. da Geração à Rasca e ao mesmo tempo a tentar sacudir a água do capote é Cavaco. O tal que aparenta dupla personalidade vem agora falar em sobressaltos cívicos. Por falar em tal, aqui estão alguns videos do tempo em que o sobressaltado era ele e que agora parece que já não se lembra.




Marinha Grande, Dezembro 1994




Bloqueio da Ponte 25 de Abril, Junho de 1994


Terreiro do Paço, Abril de 1989

E ainda há mais...

Burlesco

O que dizer quando em época carnavalesca se ouve Kadhafi dizer que querem roubar a liberdade ao povo líbio (dele e dos seus sequazes, só pode) e que lhe querem (ao povo, leia-se) roubar o petróleo? Só se for a ele e à sua camarilha. Esses sim é que têm metido os lucros astronómicos todos ao bolso. É preciso ter lata.

A luta é alegria

Quem anda para aí nervoso com esta música são alguns «democratas» europeus que temem que a canção portuguesa se transforme de facto em algo incómodo e possa servir de mote a justos protestos por essa Europa fora daí andarem ja a pensar numa forma de a desclassificar. Se não fossem os telespectadores portugueses a votar já se sabia o que teria acontecido e palpita-me que se os espectadores europeus conhecerem a letra e o significado da mensagem não exitarão em a eleger e esse é o grande medo: que a música dos Homens da Luta se torne um ícone a nível europeu. Já querem establecer um paralelismo com a música da Geórgia que foi desclassificada. Pois foi. Foi-o pelo facto da Geórgia e a Rússia terem um diferendo e terem entrado em conflito e a música ser marcadamente hostil à Rússia. Num festival haver músicas que mais do que cantarem algo relativo aos seus países, cantarem contra outros países ainda se justifica a desclassificação. Acontece que a música dos Homens da Luta não é contra ninguém em particular. Apenas encoraja as pessoas a não se resignarem... e aí é que está a génese da polémica e do medo. O resto é conversa... e a música até nem é tão má assim.

Daltónico

No seu jeito habitual, «Bimbo» da Costa refere, comentado o Benfica e os seus jogadores que o que se passou em Braga «já devia ter acontecido há muitos jogos com aquele e outros jogadores, porque fazem dos cotovelos e das agressões uma forma normal de entrar nas jogadas». Tem razão. De facto há jogadores que fazem dessa a sua forma de jogar e ainda são considerados os mais disciplinados da Liga como se pode ver aqui.

Finish him

terça-feira, março 08, 2011

Há aqui qualquer coisa que definitivamente não bate certo

Beatriz, Rainha da Holanda


Margarida II, Rainha da Dinamarca


Ali Abdullah Saleh, Presidente do Iémen*



De acordo com o noticiado no Diário Digital:


Dia Internacional da Mulher - Portugal é 40º entre 139 países na igualdade de género

Portugal é o 40.º no ranking da igualdade de género, entre 139 países considerados nesta área no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) das Nações Unidas, revelam dados da organização internacional divulgados a propósito do Dia da Mulher

Segundo informação de Setembro de 2010, actualizada com dados da mortalidade materna (Unicef), a desigualdade de género continua a constituir uma barreira significativa para o desenvolvimento humano no mundo.

O último relatório do Desenvolvimento Humano (HDR 2010) introduziu um novo indicador (Índice de Desigualdade de Género – GII no acrónimo inglês), o qual considera a evolução do estatuto (de homens e mulheres na sociedade) em função de três dimensões: saúde; capacitação e mercado de trabalho. Com base neste indicador apurado para 138 países, Portugal obteve uma pontuação de 0.310. A média mundial do GII é de 0.56. Quanto mais baixo for o valor calculado, melhor estará um país relativamente aos prejuízos humanos que resultam das desigualdades entre homens e mulheres.
À luz dos critérios das Nações Unidas, os países europeus dominam os primeiros 10 lugares. Do resto do mundo, apenas Singapura está no top10, ocupando o quinto lugar da tabela. Assim, enquanto a Holanda, Dinamarca e Suécia surgem no top3 dos menos desiguais, Iémen, RD Congo e o Níger aparecem com os piores desempenhos, segundo os dados actualizados a 2010.


Enquanto em Portugal, um pouco por todo o lado, o Dia Internacional da Mulher é celebrado com cravinhos rubros, jantares mais ou menos fartos, excursões e bailaricos, outros países dão passos mais concretos no que à igualdade de género diz respeito. Bem longe do pódio, a república portuguesa aparece em 40º lugar. De acordo com a notícia, nos três primeiros lugares aparecem a Holanda, Dinamarca e Suécia com a particularidade do Chefe de Estado dos dois primeiros ser uma senhora. Por seu turno, os três primeiros a contar do fim são o Iémen, a República Democrática do Congo e o Níger. Escusado será dizer que os três primeiros são REINOS e os últimos três... Repúblicas... para variar.
Porra, é que este cenário verifica-se constantemente. Será coincidência??? Ui, mas são tantas!!! Não percebo... mas não é a república sinónimo de igualdade e tal e a monarquia...??? Vá-se lá perceber uma coisa destas! Definitivamente há aqui qualquer coisa que não bate certo mesmo.

* Esse mesmo, o tal que governa o país com mão de ferro há 33 anos, que deve ter acumulado um bom pézinho de meia e que está a ser fortemente contestado nas ruas do Iémen, o mais pobre dos países árabes, por causa da corrupção, das altíssimas taxas de desemprego e onde metade da população vive com menos de 2 dólares. Fica a curiosidade... para os mais esquecidos.

Assembleia Municipal reúne no Torrão: Resumindo e concluindo

No passado dia 26 de Fevereiro a Assembleia Municipal mudou-se de «armas e bagagens» para o Torrão onde decorreu uma sessão ordinária na sede da Sociedade 1º de Janeiro Torranense. Os trabalhos, que contaram com onze pontos, tiveram inicio às 16.30h prolongando-se por cinco longas horas.
A sessão abriu com a evocação da memória do deputado pela CDU, Paulo Guerreiro, recentemente falecido, e a tomada de posse de novo membro. Antonieta Santos, a também veterinária municipal, irá ocupar a vaga deixada por Paulo Guerreiro.
Depois de se iniciarem as hostilidades políticas, digamos assim, houve lugar a uma polémica com origem na moção apresentada pelo deputado do PSD, Frederico D’Orey na qual este apela a uma maior intervenção por parte do Presidente da República; isenta e assente no rigor, com BE e CDU a acusar Cavaco de não ser nem isento nem garantia de rigor e a considerar a moção sem sentido não só porque o Presidente da República tem competências definidas pela Constituição e está constitucionalmente impedido de ir muito mais além como a Assembleia Municipal não é o local mais apropriado para tal desiderato. A moção acabou previsível e inevitavelmente por ser chumbada.
Ao entrar nos pontos relativamente ao Torrão, o deputado da bancada do PS e Presidente da Junta de Freguesia do Torrão propôs a fusão dos pontos 5, 6 e 7 (relativos à Freguesia do Torrão) num único ponto. Décio Fava aproveitou ainda a sua intervenção para elogiar todo o trabalho desenvolvido nos últimos anos em termos de infra-estruturas.
O Vice-Presidente da Câmara, Hélder Serafim anunciou que as próximas intervenções irão decorrer no Bairro Novo e na zona dos Castelos bem como nas ruas envolventes à Sociedade 1º de Janeiro e revelou ainda a construção de um novo depósito da água no recinto da feira devido ao facto do abastecimento levado a cabo pelo depósito junto ao Mercado Municipal implicar custos em electricidade da ordem dos 700€ por mês. Ao invés desse depósito, o futuro reservatório não implicará custos de maior com electricidade devido ao facto do abastecimento se fazer por acção da gravidade. Anunciou ainda a renovação da ETAR e a remodelação da ETAR de Rio de Moinhos.
Hélder Serafim aproveitou ainda para falar do IC33 afirmando que esta já é a terceira versão do projecto. Afirmou também que a preferência pelo traçado A (ver mais aqui) se deve ao facto da via ter início junto a Grândola aproveitando o IP8 e o trânsito vindo de Sines e também porque no essencial este passa mais perto do Torrão com vantagens económicas nomeadamente na fixação de empresas o que implicará a expansão da Zona de Actividades Económicas (ZAE) prevendo ainda a construção de uma variante.
Por seu turno, a Vereadora da Educação, Isabel Vicente pouco coisa de novo acrescentou para além do facto dos protocolos serem para continuar e que o início das aulas no novo Centro Escolar do Torrão coincidirá com o inicio do 3º período sendo o mesmo inaugurado no próximo dia 26 de Abril. Informou ainda – e essa sim foi a novidade de maior – que o velho edifício que alberga actualmente a pré-escola irá servir para instalar um pólo da Universidade Sénior.
A CDU, pela boca do deputado José Balona, apelou a um maior esforço do Executivo no sentido de ajudar as colectividades a superarem as dificuldades e em particular a Sociedade 1º de Janeiro Torranense. Relativamente ao IC33 está acordo porém espera que este se concretize. José Balona afirmou também estar de acordo com a instalação do posto médico em Rio de Moinhos alegando que em vez de transportar os doentes é mais fácil e cómodo ir um clínico a Rio de Moinhos.
O PSD por seu lado lembra a questão orçamental afirmando que sem orçamento não pode haver viabilização dos projectos referidos. Aproveitou ainda Frederico D’Orey para referir que é preciso potencializar o turismo nomeadamente com o IC33. A CDU, desta feita através da intervenção de Nédia Cabecinha refere que não estão a ser aproveitadas da melhor maneira as potencialidades da barragem de Vale de Gaio e que não se tem investido devidamente no Torrão onde conclui que esta é uma terra deprimida. Intervindo no debate, o Presidente da Assembleia Municipal, Duarte Faria, afirma que o Torrão não é uma terra deprimida e que para tal é preciso criar oportunidades.
Luís Pereira, do Bloco de Esquerda refere que o IC33 trará de facto mais mobilidade para o Torrão mas que isso só por si não é suficiente e que este deve servir para trazer pessoas e não para as levar. Chama ainda a atenção para o facto da Quercus ter considerado que o impacto ambiental não foi devidamente avaliado e que tal pode implicar que o projecto seja chumbado o que já não seria a primeira vez.
Por fim interveio o Presidente da Câmara, Pedro Paredes. O edil afirma que em relação à hipotética construção de um polidesportivo no Batão não quer arriscar por recear que este fique vazio e sem actividades reconhecendo que até o polidesportivo do Torrão, inaugurado no passado dia 19 de Dezembro, está vazio. Volta a falar em triângulo mágico para se referir ao Centro Escolar do Torrão, ao pavilhhão gimno-desportivo e aos vestígios arqueológicos ali encontrados com o BE a pôr em causa a importância do achado arqueológico. Paredes teve tempo ainda para cometer a gaffe do dia ao referir que acha estranho a Fonte Santa ter ficado no interior do recinto uma vez que é uma fonte pública e que mais não seja sempre serve para molhar as mãos. Claro que ninguém informou o Sr. Presdiente da Câmara que a fonte está seca. Ninguém pode molhar as mãos numa fonte que não deita pinga de água se é que mais alguma vez irá deitar. As obras poderão muito bem ter ditado o fim da Fonte Santa como fonte o que é lastimável.
Entrando no ponto 8 da ordem de trabalhos, dedicado inteiramente á intervenção do público, assistiu-se a uma debandada geral de deputados o que é lamentável pois de certa maneira demonstra uma enorme falta de respeito e desprezo mesmo dos eleitos para com os eleitores e munícipes e no limite, um supremo acto de arrogância sendo que esta já não é a primeira vez que tal acontece.
Apenas um munícipe interveio. O Sr. Joaquim Carolino habitante de Rio de Moinhos do Sado, em nome da Associação de Moradores de Rio de Moinhos reivindica de forma serena e sem crispação ou agressividade embora algo atabalhoada e pouco objectiva, a cedência do edifício da antiga escola primária a essa associação revelando que enviou um abaixo-assinado para a Junta de Freguesia e Câmara Municipal, onde presume-se que os habitantes locais se mostravam a favor desta solução e que em reuniões que teve na Câmara a sua reivindicação foi bem acolhida mas que da parte do Presidente da Junta de Freguesia do Torrão sentiu hostilidade acusando-o deste não o receber alegando que tal é imcompreensivel pois sempre teve uma boa relação com ele e estranha tal atitude e que o facto do Executivo Municipal ter mudado de ideias pode ter como responsável o Presidente da Junta. Nédia Cabecinha, no uso da palavra, mostra-se indignada acusando o Presidente da Câmara de faltar à palavra qualificando tal de acto de grande gravidade institucional e deste se deixar manietar por um Presidente de Junta de Freguesia. Vendo no comportamentos deste último o facto dele ser hostil á população de Rio de Moinhos por esta não votar nele. Por fim a deputada da CDU afirma que já existe um posto médico em Rio de Moinhos há mais de vinte anos pelo que a ideia de instalar um posto médico no edifício escolar é um perfeito disparate que não faz nenhum sentido.
Mostrando-se bastante melindrado, indignado e enervado mesmo (?!), o Presidente da Junta de Freguesia recusou-se a comentar a intervenção tanto do munícipe como da deputada da CDU preferindo falar em provocações gratuitas, e linguagem ofensiva que põem em causa a sua honestidade. Ao entrar por esse caminho, Décio Fava perdeu uma oportunidade de ouro de expôr e desferir um golpe contundente, embaraçoso e irrefutável na oposição, como veremos mais adiante - Como se sabe ou devia saber, seja num confronto físico ou intelectual ou de que natureza for, quem perder a calma, perde o desafio.
Pedro Paredes acusa o munícipe e a CDU de pessoalizar a questão e Duarte Faria apela a uma maior objectividade.
Por fim a única coisa digna de registo prendeu-se com o ponto 11 relativo ao Plano de Urbanização da Barrosinha. Convidado a esclarecer a Assembleia, o promotor turístico e dono da Herdade da Barrosinha, revelou a intenção de serem investidos cerca de 600 milhões de euros (!) na Barrosinha e a construção de doze unidades operacionais de turismo. Resta saber onde é que na Barrosinha cabem 600 milhões de euros. Porém só que um décimo disso seja investido de facto já seria muito bom.
O momento hilariante da noite foi protagonizado por Nédia Cabecinha. A deputada da CDU alertou o promotor e dono da Herdade da Barrosinha para o facto daquela ser uma zona infestada de mosquitos e que estes não fazem cerimónia nem tão pouco distinção pois tanto picam o pobre como picam o rico no entanto deseja boa sorte e espera que o projecto venha de facto a ter êxito… apesar dos mosquitos, dizemos nós.

Para terminar algumas notas que me parecem importantes:
A primeira prende-se com a afluência de público. De facto foram pouquíssimas as pessoas que assistiram à sessão onde por fim já praticamente não se encontrava nenhum munícipe presente. Como se referiu, apenas um(!) munícipe interveio. Postura bem diferente do que tiveram por exemplo os habitantes da aldeia de Santa Susana quando a Assembleia reuniu aí, o que é lamentável.
Finalmente afirmar taxativamente que o Torrão não está a ser, isso a meu ver naturalmente, condignamente representado na Assembleia Municipal. Eu não me sinto representado enquanto habitante do Torrão e ponto final. Pese embora o facto de três dos deputados serem do Torrão, estarem lá três ou não estar lá nenhum, o resultado é exactamente o mesmo. Se havia sessão onde eles deveriam ser protagonistas seria esta, afinal de contas estavam na sua terra e ninguém a conhece melhor do que eles… ou deveria conhecer. Infelizmente das suas bocas não se ouviu um murmúrio o que diga-se em abono da verdade ocorre desde o inicio do mandato. O único deputado do Torrão que falou e fala regularmente em todas as sessões é Décio Fava por razões óbvias. Nesta sessão em particular, para além do Presidente da Junta de Freguesia, os que mais usaram da palavra na bancada socialista foram Rui Damião e o inevitável Serafim Inocêncio que é quem praticamente faz as honras da bancada rosa. Refira-se contudo que este tem vindo, na minha modesta opinião, eu que vou com alguma frequência às sessões, a perder fulgor e brilhantismo. Do mandato anterior para este por exemplo a diferença é abissal o que se compreende pois é ele quem tem «carregado a equipa às costas». Andar todo o mandato anterior e mais uma fracção do actual a «carregar o piano» provoca naturalmente desgaste e cansaço.
Oportunidades porém para «brilhar» de facto foi coisa que não faltou. Ninguém se pode queixar de que não as ter tido. No entanto perdidos entre cafezinhos e cigarrinhos, os deputados do Torrão e mesmo do PS em geral perderam o ensejo de sair dali com uma retumbante vitória parlamentar senão vejamos:

1 - A primeira oportunidade surgiu aquando da intervenção de Luís Pereira quando este alerta para o impacto ambiental e para as chamadas de atenção da Quercus relativamente ao traçado do IC33 donde se poderia pegar na sua argumentação para defender o traçado A. Quem leu (ou devesse ter lido) o Estudo Prévio; Volume V - Estudo de Impacto Ambiental; Tomo 4 - Resumo Não Técnico da autoria da Consultores de Engenharia e Ambiente, disponível no site da Agência Portuguesa do Ambiente, lido a imprensa regional ou até mesmo este singelo artigo e tivesse tido conhecimento do teor do ofício enviado pela mesma Assembleia - pese embora eu não acredite que nenhum membro não tivesse tido acesso a ele - poderia ter usado tal matéria para suportar a sua argumentação e usar as palavras do deputado do BE a seu favor na defesa da solução A pois se, de acordo com o referido oficio, no trecho 2 a solução B é mais desiquilibrada do que a solução A «no que respeita ao movimento de terras e constituição de aterros com os consequentes impactos» e que «a solução B implica um maior impacto sobre zonas agrícolas, o corte de diversas explorações agricolas homogéneas, criando desequilibrios e pondo em risco a própria rentabilidade das explorações afectadas» e ainda que «para além da solução A ser a mais curta e a que movimenta menor volume de terras, a solução B é traçada sobre cotas mais baixas em zonas de regadio e de RAN o que implica um maior impacto sobre zonas agrícolas, o corte de diversas explorações homogéneas, criando desequilibrios e um maior impacto ao ruído» ou que «a perturbação na zona imediatamente adjacente à solução B» implica uma «muito maior necessidade de construção de taludes em zonas irrigadas o que implica maior afectação da área da RAN e de regadio e cotas mais baixas o que significa maior impacto em termos de ruído» e também que no jornal Diário do Sul: «o autarca, alertando que de acordo com o parecer técnico e a chamada “Solução B”, apresentará “maiores impactes negativos na região, a nível ambiental”. Entre os impactes negativos a edilidade inscreve “as grandes movimentações de terras e o corte de diversas explorações agrícolas homogéneas”, acrescentando que a emergente produção vitivinícola da zona iria ficar bastante prejudicada» logo se a Quecus, a fazer fé nas palavras do deputado bloquista, «torce o nariz» aos possíveis impactos negativos mesmo relativos à solução A e se existe o risco real do traçado proposto vir a ser chumbado então se a solução B viesse a ser adoptada o chumbo era mais que certo o que demonstra até nesse aspecto particular a solidez da solução A relativamente à solução B e a sensatez dos órgãos autárquicos na defesa do referido traçado. Donde se conclui que as suas palavras vêm de encontro, mesmo sem querer, à defesa da solução A.



2- Acabada a intervenção do Sr. Carolino (algo errática de facto mas de forma alguma ofensiva), impunha-se que lhe fossem colocadas algumas questões objectivas. O Sr. Carolino referiu que estava a representar a Associação de Moradores de Rio de Moinhos (AMRM). A estratégia a ser levada a cabo seria desafiá-lo a esclarecer toda a gente presente. A primeira questão que se impunha era que esclarecesse o que é a AMRM! Lógico! Mas não só. O senhor representava a AMRM em que qualidade; presidente, membro da Direcção? Prosseguindo impunha-se questioná-lo se a AMRM está formalmante constituida, se tem Estatutos, quais as actividades que leva a cabo (se é que as tem), quais os fins da associação, desafiá-lo a tentar convencer a Assembleia para o facto da AMRM merecer mais o edificio em deterimento das outras propostas que são a criação do Museu do Negro e a instalação de um posto médico, no local. Todas estas questões e mais algumas que eventualmente surgissem iriam de encontro ao proposto pelo Presidente da Assembleia Municipal: Objectividade.
Para além disso, o referido munícipe aludiu ao facto de ter enviado um abaixo-assinado à Câmara Municipal e Junta de Freguesia donde se impunha que fosse questionado acerca do porquê de não ter feito o mesmo em relação à Assembleia Municipal perguntando-lhe se tal foi por lapso ou se desvalorizou esse órgão, se o considera um órgão menor e se assim é porque se deu ao trabalho de perder tempo a estar presente convidando-o em seguida a explicar o seu teor ou se eventualmente tivesse um cópia do mesmo consigo, a partilhasse e comentasse.

3- Por fim a mais flagrante de todas. Poderia ter cabido apenas ao Presidente da Junta e simultâneamente deputado, ele que foi um dos mais directamente visados tanto pelo Sr. Carolino como pela sua colega, da bancada da CDU, a lidar inteiramente com o assunto e fazer as honras da casa mas a perturbação e melindre (excessivos) e o desnorte (absolutamente desnecessário) toldaram-lhe o raciocínio donde se impunha inevitávelmente que um colega de bancada - volto a bater na mesma tecla: preferencialmente do Torrão - saisse a terreiro em seu apoio, primeiro para confrontar o munícipe e depois para responder ao ataque da CDU. Quem estivesse minimamente atento (será que só eu é que tomei notas para dar a conhecer aos meus leitores, em especial os do Torrão, uma visão concreta e o mais próximo possivel da realidade, do que se passou?!) teria constatado que ainda nos pontos de ordem relativamente à Freguesia do Torrão, o deputado José Balona afirmou peremptóriamente estar plenamente de acordo com a ideia de criar um posto médico em Rio de Moinhos chegando a referir que é mais fácil e cómodo ir um clínico à povoação do que transportar os doentes. Quando já no periodo de intervenção do público, a sua colega de bancada, finda a intervenção do Sr. Carolino, pede a palavra e surpreendentemente afirma algo radicalmente oposto como sendo o facto de Rio de Moinhos já dispôr de um centro de saúde há mais de vinte anos pelo que não faria nenhum sentido e seria um perfeito disparate instalar um posto médico no antigo edifício da escola primária o que foi revelador de algum desnorte e falta de coordenação na bancada comunista.
Mais surpreendente, incrível e inexplicável foi o facto de não ter havido ninguém da bancada socialista que apontasse e explorasse políticamente tão flagrante contradição que passou completamente despercebida e inquirisse directamente a CDU no sentido de a forçar a uma tomada de posição clara, inequívoca e objectiva. Se esta subescreveria o que afirmara José Balona ou se por outro lado subscreveria o que afirmara Nédia Cabecinha.

Para terminar gostaria de referir que, na minha opinião, existe um certo paralelismo entre uma sessão parlamentar ou uma entrevista comum e um exame - pois ambos exigem preparação e estudo - ou um desafio desportivo para o qual de forma a obter boas performances é necessário trabalho e treino. Não é à toa que todos os membros da Assembleia recebem um calhamaço para prepararem as sessões e terem conhecimento cabal das matérias e assuntos em discussão, nos quais podem tomar notas, riscar, rasurar, sublinhar... é material de estudo. Referir ainda que ninguém está ali gratuitamente. Como munícipes temos todos o direito de exigir qualidade, até porque a qualidade de um órgão, de uma instituição, seja ela de que natureza for, é tanto maior quanto maior for a excelência, a todos os níveis, dos seus membros.
Se me for permitido um conselho e simultanemante uma sugestão, eu propunha que dentro das possibilidades, durante os fins-de-semana ou feriados, individualmente ou em grupo, se juntasse o útil ao agradável, fossem dadas umas voltas pela freguesia e concelho em geral; disfrutava-se do passeio e ao mesmo tempo se tirassem fotos, se tomassem notas, se constatasse in loco assuntos que eventualmente estejam no papel e outros que não estando possam e devam vir a estar. Ninguém é obrigado a usar da palavra e nem todos têm que o fazer em todas as sessões no entanto se se ficar com conhecimento de facto adquirido no terreno, se se falar com as pessoas e sobretudo se se ouvir um bocadinho do que todas têm para dizer, isto tudo complementado com documentação fornecida e pesquisada concerteza que tal não só seria enriquecedor para a democracia local como incrementaria qualidade à Assembleia Municipal - afinal de contas a nossa casa local da democracia - e em particular às suas sessões como ainda todos os munícipes se sentiriam de facto mais e melhor representados.

segunda-feira, março 07, 2011

Sofisticações

Topem-me só a pinta com que este tipo chama burros a todos nós de forma «sofisticada».

Like i said before...

Já havia escrito na minha pagina do Facebook que a gasolina ainda há-de chegar ao 1,75€ e o gasóleo ao 1,50€ e não me vou enganar.

Homens da Luta na manif. do dia 12

Retire-se toda a tralha e indo ao cerne da questão chega-se à conclusão que o que o Jel diz tem toda a lógica e faz todo o sentido.

Conta os mamões marchar marchar

Ouro e Prata para Portugal



Lá como cá

Olhem pra eles. Boa aparência, boas roupas, anéis e bons carros. Não hã-de eles apoiar o presidente Kadhafi - embora ele diga que não tem nenhum cargo para justificar que não se pode demitir(?!)... Pudera!

Pólvora Pura

Homens da Luta vencem Festival da Canção. Reportagem explosiva na SIC.

sábado, março 05, 2011

Por estas e outras é que...

É por essas e outras é que temos que dizer basta. Dia 12 lá estarei. Depois porei a reportagem aqui no Pedra.
NÃO PODEMOS FALTAR. BORA LÁ.



Nós, desempregados, “quinhentoseuristas” e outros mal remunerados, escravos disfarçados, subcontratados, contratados a prazo, falsos trabalhadores independentes, trabalhadores intermitentes, estagiários, bolseiros, trabalhadores-estudantes, estudantes, mães, pais e filhos de Portugal.

Nós, que até agora compactuámos com esta condição, estamos aqui, hoje, para dar o nosso contributo no sentido de desencadear uma mudança qualitativa do país. Estamos aqui, hoje, porque não podemos continuar a aceitar a situação precária para a qual fomos arrastados. Estamos aqui, hoje, porque nos esforçamos diariamente para merecer um futuro digno, com estabilidade e segurança em todas as áreas da nossa vida.

Protestamos para que todos os responsáveis pela nossa actual situação de incerteza – políticos, empregadores e nós mesmos – actuem em conjunto para uma alteração rápida desta realidade, que se tornou insustentável.

Caso contrário:

a) Defrauda-se o presente, por não termos a oportunidade de concretizar o nosso potencial, bloqueando a melhoria das condições económicas e sociais do país. Desperdiçam-se as aspirações de toda uma geração, que não pode prosperar.

b) Insulta-se o passado, porque as gerações anteriores trabalharam pelo nosso acesso à educação, pela nossa segurança, pelos nossos direitos laborais e pela nossa liberdade. Desperdiçam-se décadas de esforço, investimento e dedicação.

c) Hipoteca-se o futuro, que se vislumbra sem educação de qualidade para todos e sem reformas justas para aqueles que trabalham toda a vida. Desperdiçam-se os recursos e competências que poderiam levar o país ao sucesso económico.

Somos a geração com o maior nível de formação na história do país. Por isso, não nos deixamos abater pelo cansaço, nem pela frustração, nem pela falta de perspectivas. Acreditamos que temos os recursos e as ferramentas para dar um futuro melhor a nós mesmos e a Portugal.

Não protestamos contra as outras gerações. Apenas não estamos, nem queremos estar à espera que os problemas se resolvam. Protestamos por uma solução e queremos ser parte dela.

Baratinho este Cavaco


Este é que não pára de surpreender. Por isso é que são sete cães a um osso como se viu o mês passado. Numa altura de crise e de extrema dificuldade para muitas familias portuguesas saem-me com uma destas. Parece que as despesas de Belém sobem 18% ao ano e que Cavaco tem uma corte de 500 individuos.
A mim nunca ele me enganou!
É óbvio que a Monarquia é bem mais cara que a República. Só não vê quem não quer.
Não admira que eles gostem tanto de República. PUDERA!

quarta-feira, março 02, 2011

Detectado sistema não operacional - uma grande verdade da república tuga


Gasolina: preços históricos e decisões maradas



É a ver notícias destas e esta em particular que me leva a pensar para com os meus botões: Porque raio há-de ter a Junta de Freguesia do Torrão uma carrinha (Peugeot) a gasolina? Quem teria sido o génio que decidiu ou sugeriu tal veículo isto quando a gasolina sempre foi mais cara que o gasóleo? E ainda por cima é carrinho que não se contenta com pouco...
Por seu turno, já a carrinha Ford adquirida pelo actual Executivo é a gasóleo e bem mais económica. Um decisão sensata e uma boa decisão. O dinheiro dos contribuintes, e o meu em particular, não pode ser esbanjado de qualquer maneira. É isto que nós temos de ver e reivindicar. Por isso eu digo para todos participarem. É um erro crasso desprezar a política como se viu na recente Assembleia Municipal que eu aqui relatarei. De mim todos sabem o que os espera. Chama-se a isso Democracia!