terça-feira, outubro 25, 2005

Baboseiras


A última da série de pérolas com que a gestão camarária, em fim de mandato, nos brindou, no Boletim Municipal, foi a de que a feira do Torrão tinha atraído milhares de visitantes. A feira do Torrão que é uma das, se não mesmo a mais fraca num raio de 50 Km, ou até mais, atrair milhares de visitantes... Curioso, eu que estive cá e fui à feira não me apercebi dos milhares que nos visitaram. Vá lá duas ou três centenas de pessoas e já foi muito! Só mesmo na cabeça deles e vá lá vá lá pois quem fala em milhares também pode falar em milhões!
O circo há muito que deixou de vir, as barracas se forem 10 já são muitas, o único carrossel que esteve cá este ano foi os «carrinhos de choque» e o resto é sempre o mesmo. Um dos eventos mais importantes que decorre neste período é a tourada. No entanto até esta tem vindo a decrescer em qualidade em termos de cartel. Por exemplo, a feira das Alcáçovas é tão grande como a do Torrão contudo o cartel taurino ali apresentado é substancialmente melhor e, tanto na abertura como no encerramento, os visitantes são brindados com dois espectáculos artísticos. Este ano, nas Alcáçovas, a abertura da feira esteve a cargo, salvo erro, dos «Anjos» e o seu encerramento contou com a actuação da cantora Ágata enquanto que aqui só no último dia de feira é que fomos contemplados com a actuação do cantor Toy. Na abertura da feira os únicos que actuam são o conjunto aqui do sitio e/ou grupos de cantares – o do Torrão e/ ou outros.
A mediocridade da feira do Torrão e dos eventos associados a esta deve-se, sem sombra de dúvida, à falta de verbas no entanto, aquilo que se deduz pelo que ali é dito, é que o número de visitantes e feirantes é inversamente proporcional às verbas disponibilizadas e investidas. Um espanto!

sexta-feira, outubro 21, 2005

Ah sacana!


E as gaffes somam e seguem! Por cima da pérola bibliotecária surge outra pérola ainda mais brilhante; brilhante não só porque esta «novidade» ocupa mais espaço como também por, neste caso, o erro ser ainda mais clamoroso. Diz a dita «novidade» que a Câmara de Alcácer realizou uma série de furos, com vista à captação de água, para abastecimento do concelho ou, pelo menos, de boa parte deste. Mais uma vez, o problema não reside no que foi escrito mas na contradição entre o que foi escrito e as imagens utilizadas para ilustrar o texto. É caso para dizer que houve mais um furo ou que estamos perante mais uma acção furada!
A imagem utilizada no Boletim é a que está acima exposta. Acontece que esta imagem não é de nenhuns furos de água nem do local supostamente furado mas sim das obras de reabilitação, levadas a cabo pela Junta de Freguesia local, num velho moinho de vento que fica à entrada do Torrão, como quem vem de Vila Nova da Baronia, junto ao largo onde se realiza a feira anual.
Para que se saiba: Este velho moinho foi recuperado embora eu não saiba bem para que serve, embora gostasse de saber. Foi rebocado, pintado e chegou-se ao cúmulo de lhe serem colocadas porta e janelas de alumínio – a tradição e as regras de boa gestão impunham que estas fossem de madeira, que sairia bem mais barato – sem que no entanto se lhe tenha colocado o telhado ou qualquer outra cobertura e sem lhe ser colocado o mecanismo de moagem o que justificaria a obra, faria com que o moinho fosse um interessante local de visita e permitiria, sobretudo, que pequenos agricultores o utilizassem para converter em farinha os cereais por si cultivados. E assim...ali está sem servir para muito ou, pelo menos, serve para passar por local de furos ou, se calhar ainda, andam a furar o solo que está confinado ao interior do moinho sem que eu saiba. Neste país, neste concelho, nesta terra já nada me surpreende!

Que giro!


Talvez prevendo o descalabro eleitoral que se avizinhava, para as suas hostes, aqui no concelho de Alcacer do Sal, e correndo a contra-relógio, devido à escassez de tempo que restava para fazer propaganda, o que é certo é que no último Boletim Municipal, editado ainda durante a gestão CDU, ou melhor dizendo, PCP, existem algumas pérolas que, sinceramente, merecem ser comentadas.
Comecemos pela notícia que dá conta da abertura do pólo da Biblioteca Municipal no Torrão. Diz a dita, como se pode ver, que foi inaugurado, repare-se, inaugurado no passado dia 24 de Setembro o tal dito pólo. Até aqui tudo bem... não fosse o facto de por cima do escrito estar a fotografia em que se vê a biblioteca ainda a ser montada e, o que é ainda mais giro, as estantes sem livros. Se a noticia desse conta de que a biblioteca iria ser inaugurada, ainda vá mas ao afirmar que esta foi inaugurada, pondo, deste modo, a frase no passado e encimando a notícia com aquela fotografia, está tudo dito.

Reflexões autárquicas

E agora vamos falar das Autárquicas: Vou começar com a leitura que faço dos resultados a nível nacional e em seguida, «vamos» a Alcácer do Sal, sede do meu concelho.
Foi com grande satisfação que constatei que o PSD não só irá continuar a ser o partido maioritário em números de Presidências de Câmara com ainda ganhou nas principais cidades do país. Era fundamental que o poder local continuasse nas mãos do principal partido que faz oposição ao Governo. Se à Presidência da República, ao Governo, à maioria absoluta no Parlamento e à administração do Banco de Portugal o PS juntasse ainda a maior fatia do poder local então Portugal iria ficar sufocado e refém do poder esmagador e tentacular de um único aparelho partidário com todas as consequências e implicações nefastas que isso acarreta (clientelismo, amiguismo, cunha, «boyada» e «girlada», etc.)
É curioso verificar que quando o PSD era maioritário em Portugal o PS falava em poder absoluto, défice democrático, perigos de uma maioria absoluta e outros que tais. Mário Soares, enquanto Presidente desta República violando os princípios de imparcialidade que a chefia do Estado implica, ou que deveria implicar, divertia-se a fazer oposição aos Governos maioritários de Cavaco Silva, fazendo, deste modo, um frete, ao seu partido, o partido que ele fundara, ao mesmo tempo que bradava aos quatro ventos que tinha colocado o socialismo na gaveta enquanto fosse Presidente. E quando já tinha saído de Belém chegou a afirmar que nesse período vigorava em Portugal uma «democracia musculada». É este mesmo Mário Soares que agora viola descaradamente a lei eleitoral aproveitando os microfones para, no dia das eleições, apelar ao voto no PS, pedir maiorias absolutas e votos para o seu filho. Agora, que a maioria é socialista, os perigos que vislumbravam para a democracia portuguesa, quando outros eram maioritários, já não existem. É agora a vez do PSD, esquecendo o passado e a afirmação «um Governo, uma maioria e um Presidente» da autoria do seu antigo líder e fundador, Sá Carneiro, usar este tipo de argumentos. É curioso verificar como a memória dos políticos é fraca e a incoerência é a sua maior «virtude» mudando radicalmente o discurso consoante a conjuntura se lhes apresente favorável ou não.
Fiquei muito satisfeito com a vitória de Carmona Rodrigues em Lisboa. Foi muito bem feito Carrilho ter perdido. O ideal era que não ficasse na Câmara nem como Vereador. Ali foi derrotada a arrogância, o pretensiosismo, a futilidade e a falta de humildade. Era nítido que o homem andava à força na campanha, como se tivesse alergia às pessoas, principalmente as mais humildes, as que habitam e/ou frequentam as zonas mais degradadas da cidade. Aquilo era para ele um mal necessário. Esteve no seu melhor aquando do momento da derrota, em que nem aí mostrou «fair play», nem para com o seu rival directo nem para com o eleitorado lisboeta, a quem passou um atestado de estupidez quando afirmou que este não teve a capacidade necessária para compreender o projecto que propunha. O que me deu mais gozo foi quando nos brindou com a pérola «Lisboa queria a mudança mas não deixaram»; dava a sensação que os eleitores alfacinhas até queriam Carrilho na presidência do Município mas que os extraterrestres apareceram ali de surpresa para lhe negar a vitória. Se Lisboa queria assim tanto «a mudança» porque é que não mudou?! E depois, o que é que era mais útil para Lisboa; um engenheiro, um técnico ou um filósofo, um académico puro? Fiquei também bastante satisfeito com a eleição de Sá Fernandes, o independente apoiado, principalmente, pelo BE. Pode vir a ser uma mais-valia para a capital.
No Porto, ainda bem que ganhou Rui Rio. Teve alguns aspectos menos positivos ou, pelo menos, mais polémicos e menos compreendidos durante o seu mandato mas a sua vitória foi a vitória da seriedade, do anti-populismo e de quem não mistura política com «bola». Nem se dá ao trabalho de ir com frequência ao estádio assistir aos jogos, numa atitude de «à política o que é da política e ao futebol o que é do futebol». Não foi à toa que Pinto da Costa lhe moveu uma guerra sem quartel e, também não foi à toa que o presidente portista declarou o seu apoio ao candidato socialista, preparando-se para, à semelhança do que fez no passado com os edis socialistas Fernando Gomes e Nuno Cardoso, manietar Francisco Assis, influenciar as decisões na Câmara e ir festejar os seus títulos futebolísticos (se os conquistar) para o Município, como se este fosse propriedade de FCP. Rio teve ainda que enfrentar, durante algum tempo, as investidas hostis do seu companheiro de partido e Presidente da Câmara de Gaia, Luís Filipe Meneses – um homem que aparenta ser tão ambicioso quanto Santana Lopes, de quem, aliás, foi sempre apoiante indefectível. Ou me engano muito ou à semelhança de Santana ainda o vamos ver muitas vezes disputar a liderança do seu partido, ele que se perfila para ser o próximo «enfant terrible» do PSD, basta ler algumas das suas crónicas no «Correio da Manhã» – que, cobiçava a Câmara portuense tentando tudo para afastar Rio inclusive convertendo-se no fiel escudeiro de Pinto da Costa, ele que disse ser sportiguista mais que se converteu também num adepto ou, se calhar até, sócio portista, vê-se bem com que objectivos. Mas Rio conseguiu resistir a tudo e assim, pelo menos ali, a dualidade futebol-política não será, na medida do possível, uma realidade.
Também me deu um gozo enorme ver a dupla Jorge Coelho-João Soares, principalmente este ultimo, ser derrotada em Sintra. Seara, o presidente-comentador futebolístico, é um mal menor. Quanto a João Soares, o «paraquedista», para a próxima, o PS pode, se quiser, «larga-lo» em Freixo de Espada à Cinta. Infelizmente, apesar das autarquias serem órgãos do poder local e que portanto, na minha modesta opinião, deviam ser dirigidas pelos locais, gente que habitasse o concelho, a que se candidata, pelo menos há 10 anos, a Lei permite que um ou mais indivíduos se possam candidatar num concelho onde nunca antes haviam posto os pés.
Em Aveiro e Faro, as vitorias dos candidatos da oposição (PSD e PS respectivamente), pelo o que me pareceu, representaram a vitória da humildade e da simplicidade sobre a soberba e a arrogância.
O facto negativo da noite foi a eleição dos candidatos arguidos, em boa parte graças ao mediatismo gratuito, e que eles certamente agradecem, dado pelas televisões que, na maioria das vezes, não se importam de «vender a alma ao diabo». Isaltino, em Oeiras, não deu hipótese. Se bem que o caso aqui tem contornos particulares. Felgueiras não só ganhou como arrasou; algo que eu tinha previsto anteriormente no «Pedra». E quanto a Valentim... nem vale a pena dizer mais. No entanto, foi este «valentão» de Gondomar o autor do facto hilariante da noite. Foi de morrer a rir quando a figura começou a fazer o discurso de vitória. Agarrou-se a um microfone, só que este não funcionava. Era, contudo escusado o «micro»! O homem berra como um capado, como um possesso, seria certamente bem audível. Só que o fulano queria por força agarrar-se ao objecto cilíndrico. Experimentou um; não funcionava. Tentou outro e... nada; e o homem dando sinais de grande impaciência e pondo bem em evidência a sua flagrante boçalidade esbracejava, revirava os olhos, arfava, bufava... De vez em quando, lembrando-se de que estava a ser visto no país inteiro e não só, lá «arreganhava a taxa» para as objectivas. No meio daquela lufa-lufa, arrancou com violência, das mãos de um indivíduo, presume-se que um assessor, que estava ao seu lado, um microfone, ao mesmo tempo que dava um safanão no suporte dos ditos «micros» enquanto deixava escapar da sua boca expressões atrás de expressões menos próprias para um homem na sua condição.
Belíssima foi sem duvida a lição que o eleitorado amarantino deu ao, também truculento, Ferreira Torres. Nem em segundo lugar ficou. Infelizmente conseguiu um lugar na vereação mas felizmente que não o quer. Na hora da derrota foi ridículo! Bem tentou lavar a imagem na Quinta das Celebridades mas não lhe valeu de muito; não resultou mas ainda ganhou algum. Vai meter a viola ao saco e cantar para outra freguesia. Que pena! O que Amarante vai perder! Bela foi também a derrota da semente (filho) que este deixou em Marco de Canavezes.
O que também me deixou satisfeito foi a perda da maioria absoluta por parte de Isabel Damasceno em Leiria. Ganhou, mas ficou em minoria; menos-mal! O caso Damasceno não deixa de ser intrigante. É este tipo de cenas que me deixam «à nora» É tão arguida no «Apito dourado» quanto o «valentão» de Gondomar e, no entanto a liderança de Marques Mendes, que não quis que Isaltino fosse o candidato do PSD em Oeiras nem quis que o major fosse o candidato do PSD em Gondomar, por este estar arguido no «Apito Dourado», não se importou de Damasceno ser a candidata «laranja» na cidade do Lis.
As televisões passaram ao lado do assunto sempre que falavam de candidatos arguidos e, por sua vez o Bloco, que tanto atacou os «candidatos bandidos» inacreditavelmente, deixou-a de fora. Não falaram um única vez, que eu visse, nela! Porquê? Gostava de saber! Tá mal! O BE que tanto se diz contra a discriminação caiu no erro de ter discriminado. Criou um «Fantastic four» quando devia ter criado um «Fantastic five» e eu até já sei que poderes é que dava a esta figura – A Hipnotizadora, porque parece que foi isto que esta senhora fez. Toda a gente, estranhamente, a ignorou! E já para não falar no absurdo de colocar Alberto João Jardim (retratado na «Tangas» como «A Coisa») no lugar de Avelino Ferreira Torres. Essa «coisa» é deveria estar na equipa porque era ele, e não Jardim, um candidato autárquico, um «candidato bandido» e que, por isso, devia estar ao pé dos outros «candidatos bandidos». Jardim agora não ia a votos. Não de enquadrava de forma alguma naquela fotografia.
E finalmente Alcácer do Sal
Foi com grande alegria que recebi a notícia de que o PS tinha ganho a Câmara. Já previa algo do género só não pensei que fosse por um resultado tão expressivo; logo com maioria absoluta! Era fundamental que a Câmara mudasse de mãos. Trinta anos nas mãos de um único aparelho partidário (ainda por cima, do PCP, um partido não democrático de defende uma ideologia não democrática) que punha e dispunha... é muito! E olhem que aqui no Torrão esse domínio e essa cultura democrática se faziam notar e bem. Esses indivíduos daqui acham que democracia é só andar no 25 de Abril de punho no ar e cravo vermelho na lapela a gritar palavras de ordem. Quando confrontados, democraticamente com criticas e opiniões desfavoráveis sobre as suas opções mostram logo toda a sua cultura...democrática (se tivessem um KGB ou uma STASI ou uma SECURITATE ali mesmo à mão...) e, já para não falar, da extrema agressividade que imprimem nas campanhas autárquicas. Apesar da Junta ter mudado de mãos entre 1993 e 2001, o pessoal da Câmara, alguns daqui do Torrão e militantes do PC davam bem nas vistas. Eu sei bem o que digo e o tipo de gente que são e algumas coisas que fizeram. Por esta e outras mil e uma razões é que era fundamental remover este tipo de gente que mais do que fossilizada estava já cristalizada no poder. A maioria absoluta conquistada pelos socialistas, em Alcácer, foi ouro sobre azul. Assim o PS pode executar sem embaraços nem desculpas a sua política e o seu programa e ser-lhes-á mais fácil remover os resíduos locais do PREC. A única desculpa que, mesmo assim, podem vir a ter, é a desculpa da falta de verbas, o possível défice e os buracos financeiros que possam vir a encontrar. Pelo menos eu li uma vez na imprensa que a Câmara de Alcácer estava endividada. Eu nem quero imaginar os «gatos» que muito provavelmente lá vão encontrar.
As eleições que me dá mais gozo para participar são estas justamente porque neste caso eu conheço quase todos os candidatos, de todas as listas, principalmente os que concorrem à Assembleia de Freguesia daqui. Conheço alguns (aqueles que têm mais ou menos a minha idade) desde pequenos, brinquei com eles, andei na escola com eles, alguns andaram comigo na mesma turma, via as notas de todos eles afixadas e por isso conheço bem as suas capacidades (ou falta delas) e limitações. Salva-se uma ou outra honrosa excepção! Sinceramente, o ideal aqui era que, se isso fosse possível, todos tivessem perdido. Anulei o voto no boletim branco... Ganhou o PS com maioria absoluta. Têm-na em Alcácer e têm-na aqui e por isso agora não têm desculpas, e eu já lho fiz saber. Compreendo, uma vez mais, que possam futuramente vir a debater-se com falta de verbas mas, sem estarem manietados por quem quer que seja, com «engenho e arte», imaginação, e uma boa gestão de recursos pode-se fazer muita coisa basta querer, ou melhor, saber...

sábado, outubro 08, 2005

Jardins há muitos...

Alberto João Jardim, um dos figurões mais pitorescos desta república (que ele renega) teve (mais) uma intervenção, no seu bom estilo truculento, a sua imagem de marca, que marcou (perdoem-me a redundância) estas Autárquicas e que a muitos abalou e indignou, em especial no PS.
Lamentavelmente, o Presidente do Governo Regional da Madeira, afirmou que se os socialistas ganhassem uma só Câmara que fosse na Madeira que o Governo Regional não a financiaria. Esta atitude, de intimidação, de chantagem barata e de tentativa de condicionamento dos eleitores revela bem o sentido democrático das mais altas figuras da república portuguesa e o respeito que estes têm pela decisão do eleitorado.
A prova de que este desrespeito pelas normas democráticas tem os seus seguidores e que não é apenas apanágio de Jardim vem na sequência de outros acontecimentos similares mas que os jornalistas e comentadores tudo fazem para que passem despercebidos, sendo Jardim o alvo único destas figurinhas que também têm uma «grande» cultura democrática. Mas os portugueses, ao contrário do que esta gente, estes doutores (da mula ruça) pensam, é bem mais inteligente do que aquilo que eles julgam. Vou apenas falar de três casos flagrantes.
Numa acção de campanha do Bloco de Esquerda um cidadão já de uma certa idade insurge-se contra o facto do Bloco ser a favor da despenalização da interrupção voluntária da gravidez, vulgo aborto. O cidadão em causa é abordado (por favor, não confundir com abortado) por Francisco Louçã e é no seguimento do pequeno diálogo que travaram que aquele senhor afirmou que até concordava com o BE nalgumas das causas que defende mas que, por exemplo, é contra o aborto e tenta alguns argumentos. A expressão facial de Louçã altera-se de imediato e sem nunca perder a calma mas visivelmente incomodado pede ao dito cidadão que este fale um pouco mais baixo e perguntando-lhe se ele (Louçã) lhe falava naquele tom – é um mero truque usado pelos políticos para tentar embaraçar, desconcentrar, desacreditar e pôr no devido lugar pessoas que lhes saem ao caminho e que não têm experiência nem política, nem de discursar em público, nem de debates sem ser os do dia-a-dia ou os de café.
Contudo o que se constata é que o tom de voz empregado por aquele senhor foi sempre o mesmo; era um tom alto, de facto, mas foi sempre assim desde o início do diálogo e nunca se alterou nem para mais nem para menos. Se antes quando a «música» lhe agradava não se incomodou com o volume de som debitado pelo seu interlocutor, na verdade, até era bom que falasse alto quando a conversa lhe era favorável para o som ser bem captado pelas diferentes reportagens televisivas, já o tom de voz empregado lhe era incomodativo quando a «música» já não lhe estava de feição. Quanto menos perceptível fosse a segunda parte do diálogo melhor (para ele). Ainda questionou a pessoa em causa sobre se esta achava bem que uma mulher fosse condenada a pena de prisão por fazer um aborto. Perante uma firme resposta afirmativa que recebeu, logo atirou à cara do seu interlocutor de ocasião um seco e altivo «lamento mas estamos em desacordo» e nisto, virou-lhe as costas.
Mas é bem feito, quem é que mandou a esse ilustre cidadão anónimo quer argumentar com um político. Os eleitores só servem para uma coisa (e com isto não estou a dizer ou a querer dizer que sou contra as eleições, em particular, ou contra a democracia, em geral); depositar o boletim com a respectiva cruzinha no sítio «certo» (depende das várias perspectivas) na urna e pronto. Nada de tentar argumentar com os políticos em campanha, seja ela qual for, ou querer discutir com civismo e democraticamente ideias com eles, independentemente de qual seja a sua natureza partidária. Isso é apenas para os doutores (e não são todos) e não para qualquer um(a) que apareça. A esses apenas lhes compete (se quiserem) alimenta-los politicamente com espectáculos em público como sejam pezinhos de dança com eles, gritaria, aplausos, frases de apoio (aqui convém que o tom de voz empregado seja o maior possível e com alma para transmitir emoção e ser bem audível por todos), beijos e abraços – porque nesta alturas todos os políticos e, pontualmente, os seus familiares estão com carências afectivas – e «chingarem» os adversários da força política que está na ocasião à sua frente, fazendo um frete gratuitamente a estes porque não convém (e bem) que políticos façam tal coisa a bem da civilidade e da democracia. Mas ao povo, tudo é permitido porque este é simples e ingénuo como uma criança e os diversos actores políticos, lá no fundo, não se importam com isso; não é assim? Já os antigos romanos, que tinham bom senso (foram também eles os autores do principio político do «pão e circo» ainda hoje tão utilizado por todos) diziam «vox populi vox dei».
Quanto à democraticidade dos diversos órgãos de comunicação social, basta ver a descriminação que estes fazem a todos os concorrentes com excepção das cinco grandes forças partidárias. Mandando a igualdade de oportunidades às urtigas, tanto nos debates como nas reportagens sobre as acções de campanha, só este clube dos 5 é que tem direito a ter voz; os outros são pura e simplesmente ignorados fazendo esporadicamente uma pequenina reportagem sobre eles. Os argumentos utilizados são que estes partidos, movimentos independentes e respectivos candidatos têm pouca expressão eleitoral. Mas isso não é argumento em democracia. Existe liberdade de escolha e o eleitorado destas pequenas forças tem o direito de ser informado sobre as acções dos seus partidos e movimentos. Até os quatro candidatos arguidos mesmo sendo independentes tiveram mais tempo de antena do que todos os outros movimentos juntos. Outro argumento utilizado é afirmar que algumas destas formações são extremistas. É um facto, porém não compete aos órgãos de comunicação social julgarem quem quer que seja e, para além disso, os responsáveis pela informação em Portugal não se podem esquecer que se estes concorrem é porque foram autorizados a tal. E não nos podemos ainda esquecer que neste clube dos 5 existem dois partidos extremistas e com pouca cultura democrática; aliás, a sua ideologia colide totalmente contra os princípios democráticos.
E para o fim vem o melhor. O inefável Jorge Coelho, num comício do PS em Sintra, teve esta brilhante tirada que tem todos os ingredientes para ficar ao lado da de Jardim. Dizia, ou melhor, berrava Coelho que para que Sintra andasse para a frente era imperioso votar PS. Mais, afirmou que se o PS vencer em Sintra, logo no dia seguinte se realizariam reuniões ao mais alto nível com o Governo com o objectivo de desbloquear imediatamente verbas importantes para que Sintra volte a ser reposta no mapa.
Aquilo que eu depreendo das palavras do coordenador autárquico do PS (e candidato em Sintra) é que se os socialistas conquistarem Sintra esta tem toda a atenção do Governo; se o PSD ganhar, então numa atitude pouco democrática e vingativa, o Governo de Portugal vota ao abandono uma parte do país. Infelizmente, qualquer semelhança com as declarações de Alberto João, da Madeira, não é pura coincidência.

sexta-feira, outubro 07, 2005

É tudo republicano

Embora seja assim durante todo o ano, é por alturas do dia 5 de Outubro que a febre republicana atinge o seu pico máximo. Os seus dirigentes imbuídos de um sectário republicanismo balofo e pouco sadio no lugar de um espírito verdadeiramente democrático e nacional desatam a dizer sandices, a começar pelo seu presidente. Ele é as leis republicanas, os valores republicanos, a justiça republicana, as instituições republicanas, a moral republicana, a ética republicana... não há nada neles que tenha a marca «Nacional».
O mais castiço que ouvi e vi, por estes dias, foi quando o candidato socialista à Câmara Municipal de Lisboa, M.M. Carrilho se dirigiu ao seu adversário, Carmona Rodrigues para o cumprimentar, tal não é a ânsia de fazer esquecer o acto deplorável e de pouco «fair play» de deixar o seu rival de mão estendida. Carmona, quando o viu, obviamente que correspondeu e embevecido logo declarou à boca cheia que este «é um gesto republicano». Ora das duas uma; ou só os republicanos é que se cumprimentam ou então aquilo que se passou nos bastidores da SIC – o pouco «fair play» de Carrilho e o correspondente «não me cumprimenta senhor doutor...? Que grande ordinário!», que também deixou mal na fotografia Carmona – é um gesto... monárquico.
Conclui-se portanto que não há nada, em Portugal, que não tenha a marca «republicano».
Então sendo assim lá vai disto porque existem certos fenómenos que decorrem no interior da sua república e que também merecem este distinta classificação. A começar; a trafulhice republicana, o amiguismo republicano, o negocismo republicano, o clientelismo republicano e, não esqueçamos essa grande instituição... republicana, com certeza; a cunha republicana, a incompetência republicana, o caos republicano, a desorganização republicana, a pouca vergonha republicana, a enxovia republicana, a pulhice republicana, a corrupção republicana e sei lá que mais. E por aqui me fico... mais palavras para quê?

Por um maior visibilidade


É incrível! Há 95 anos que a república portuguesa mete água e ainda não afundou, mas já pouco falta... pena é se arrastar Portugal consigo!
Se não afundou não foi, certamente, por mérito próprio mas por um conjunto de erros - ou talvez sempre o mesmo erro - cometido(s) ao longo de quase um século pelos defensores da Monarquia. Na verdade pode-se mesmo afirmar que temos proporcionado um autentico «festival de golos perdidos».
Portugal não é (embora apresente alguns sinais) um país do terceiro mundo mas é, infelizmente, uma república das bananas, facto que se tem agravado nos últimos tempos.
O que é surpreendente é não se falar com insistência na restauração da Monarquia e ao invés disso se falar cada vez com mais insistência na integração de Portugal... na Espanha; tal como em 1580 (será que a Historia afinal sempre se repete?).
Mas porque é que Portugal tem que «atirar a toalha ao chão»?
Não! A solução dos problemas nacionais não é apenas e só a restauração da Monarquia. Essa era a maneira de pensar, ou de fazer crer, dos republicanos acerca da implantação do regime republicano em Portugal. Bastava implantar uma república em Portugal e todos os problemas desapareciam como que por artes mágicas. O resultado está à vista!
A restauração da Monarquia é a base, o ponto de partida, nunca a solução total e absoluta. Só com uma boa base, um bom modelo se pode construir um bom futuro!
Portanto a minha admiração prende-se com o facto do movimento monárquico ser quase invisível, quase clandestino, quase secreto? Do que estamos à espera para esclarecer e mostrar aos portugueses a evidência que se impõe?
A república tem alienado Portugal, destruído o orgulho patriótico, dilacerado a alma lusitana. Portugal é hoje, literalmente, um país sem Rei nem roque quase convertido numa região espanhola, embora outros jurem o contrario e falem em preconceito.
Portugal perdeu a sua matriz politica, a sua alma, a sua identidade histórica em 1910. Daí para a frente seria cada vez pior.
Será que se vai desaproveitar mais esta GRANDE janela de oportunidade que está escancarada?!
Não fosse, tal como hoje em dia, a instabilidade e a falta de ética na política e ter havido uma campanha propagandística de descredibilização sistemática – sem fundamento. A coroa foi afinal o bode expiatório – do Rei e da família real, em suma, das instituições históricas do Reino esta república jamais teria sido imposta aos portugueses; uma herança triste dos terroristas da Carbonária. Recorde-se que o movimento republicano partiu do nada pois Portugal tinha sido sempre um Reino.
Mas que não se faça confusão, não estou a apelar ao recurso a acções terroristas - essas não são as nossas armas. Ah! E também não quero ver ninguém ser assassinado cobardemente pelas costas, nem no Terreiro do Paço, nem noutro ponto qualquer do país. Quero ver sim, é forçar a divulgação, nos órgãos de comunicação social, quero ver campanhas, congressos, acções de esclarecimento, etc. É necessário divulgar todos os símbolos de Portugal e refamiliarizar os portugueses com as autenticas cores nacionais (azul e branco). O verde, amarelo e vermelho não são nem nunca foram as cores de Portugal, são sim as cores típicas das repúblicas das bananas (subdesenvolvidas, ditatoriais, caóticas e corruptas) impostas em 1910.
Não basta sair à rua apenas no dia 5 de Outubro, isso é, a meu ver, um erro estratégico grave, pois dá a sensação de se andar a reboque da república. Se se quer comemorar o dia da fundação da nacionalidade porque não realizar uma série de eventos em Guimarães? E no dia 1 de Dezembro, aí sim, sair em Lisboa, e não só, e explicar entre outras coisas, porque é que os conjurados só optariam por proclamar a república em ultimo caso, para restaurar a independência nacional.
No entanto, a campanha deve ser sistemática, todo o ano, e não apenas em dois dias.
Só com conhecimento de causa é que as pessoas se podem manifestar. Este é o meu apelo: visibilidade, divulgação e campanhas de esclarecimento. Penso que está mais que na hora do regime presidencial ser pressionado e confrontado com os resultados, democraticamente claro!!

VIVA PORTUGAL!
NÃO À INCOMPETENCIA!

Democracia sui generis!

Na última semana de Setembro morreram mais de 200 iraquianos em atentados bombistas já para não falar nas vítimas civis que nem sequer se dão a saber em Tal Afar vitimas da ofensiva do ocupante e dos soldados iraquianos por estes treinados. Não há votos de pesar nem condolências vindos donde quer que seja. O costume!
Agora está em marcha mais uma ofensiva, classificada pelos invasores como de limpeza de terroristas. O que é curioso é o facto de ser já no dia 15 de Outubro que irá decorrer o referendo sobre a Constituição que se quer impor a qualquer custo. Ao que parece, uma grande operação militar foi lançada nas zonas sunitas. Por muito que digam o contrário o que o ocupante pretende fazer é amedrontar as populações que, na sua esmagadora maioria, estão contra este projecto constitucional.
Os objectivos são claros. Matar algumas dezenas de eleitores que democraticamente diriam de sua justiça e intimidar e manietar os sobreviventes. O cinismo e poucos escrúpulos do ocupante são tantos que agora têm-se entretido a destruir algumas das principais pontes sobre o rio Eufrates com a esfarrapada desculpa de que é para impedir a movimentação de terroristas. Parece que só agora é que se deram conta de que os rebeldes utilizam pontes. Também utilizam estradas; podem começar a espatifa-las! E acontece que não são apenas os terroristas que utilizam as pontes. Também as populações as utilizam! E porquê agora a escassos dias do sufrágio? Outro ponto interessante prende-se com o facto dos invasores estarem a destruir infraestruturas básicas sem que o governo iraquiano proteste. Mas também, não é suposto que um governo-fantoche proteste. Quanto à destruição das pontes, está bem de ver o que se pretende. Para bom entendedor...

quinta-feira, outubro 06, 2005

Viva Portugal


Fez ontem, dia 5 de Outubro, 862 anos que Portugal se tornou num Reino independente. De facto, foi no dia 5 de Outubro de 1143 que El' Rei D. Afonso Henriques e Afonso VII, Rei de Leão e Castela assinaram, na presença do representante do Papa, Guido de Vico, o Tratado de Zamora, no qual foi reconhecida a independência do Reino de Portugal.