quarta-feira, agosto 31, 2005

Como do dia p’ra noite!


Grande é a diferença que separa não só a atitude como também o sentido de Estado, de responsabilidade, de ética e de estar entre os dignitários do brioso, orgulhoso, confiante, organizado e cada vez mais emergente e poderoso (já é, indiscutivelmente, uma potência regional no século XXI) Reino de Espanha e a pantomina que tem exercido o Poder, nas últimas décadas, neste pequeno grande país, o outrora grande e orgulhoso Reino de Portugal convertido numa abananada, patética, triste e pantanosa república que não passa da cepa torta; uma triste sombra daquilo que foi!
Vem isto a propósito da queda de um helicóptero militar espanhol, que vitimou 17 militares, no Afeganistão e daquilo que se vê em Portugal nomeadamente no que diz respeito à nossa triste sina, com destaque para os incêndios florestais.
Quando se deu o incidente, o Ministro da Defesa espanhol, o socialista José Bono, interrompeu as suas férias, meteu-se num avião e foi até ao Afeganistão inteirar-se pessoalmente do que tinha acontecido. Já com os corpos em Espanha, as altas individualidades, incluindo a Família Real composta pelo Rei Juan Carlos e Felipe, o Príncipe das Astúrias e Herdeiro do Trono, devidamente fardados, a Rainha Sofia e a Princesa das Astúrias Letícia, na presença das famílias enlutadas, prestaram homenagem, com a honra e dignidade exigidas, aos mortos com o Rei a condecorar postumamente os militares.
Em Portugal centenas de medonhos incêndios têm, à semelhança de anos anteriores, queimado milhares de hectares de terreno, destruindo tudo à sua passagem, deixando inúmeras famílias desalojadas e provocando algumas vítimas mortais entre populares e bombeiros.
E o que é que os titulares de cargos políticos fazem?
O Presidente da República, o socialista Jorge Sampaio, vai jogar golfe, o seu desporto de eleição, para o Algarve, interrompendo esporadicamente as férias para duas ou três visitas relâmpago ao centro de operações e, claro, para condecorar uma banda de música estrangeira, em espacial, o seu vocalista que nem se dignou a tirar o chapéu à cowboy no interior do Palácio de Belém. Mas não pôs os pés no terreno calcinado! Nem sequer nos funerais dos bombeiros mortos em serviço se viu tal alma; já nem falo em condecorações que essas são para artistas da rádio, TV e disco e, se calhar até, da cassete pirata!
O Primeiro-Ministro, o também socialista José Sócrates, vai gozar umas luxuosas férias no Quénia porque aos filhos, que aparentemente têm gosto requintado não se contentando em ir para fora cá dentro, assim prometeu esquecendo as promessas eleitorais que fez aos portugueses para conseguir uma maioria absoluta – promessas essas que ele sabia de antemão que jamais podia cumprir – levando um sumiço como o fumo durante as semanas mais quentes, em todos os sentidos. Nesse período as únicas notícias que tivemos de tão bravia e esquiva figura foi as que o seu suplente, o inefável Ministro Costa, deu ao anunciar que o senhor Primeiro-Ministro não tinha intenção de interromper as ditas mas que tinha telefonado «mais de duas vezes» para estar a par do que se passava!!!
Aquando do seu regresso, o rosado engenheiro, furioso, com os ecos que lhe chegavam aos ouvidos, acerca do facto de poucos lhe terem perdoado o «abandono da guitarra» para se ir refastelar em tão exóticas paragens, assanhou-se e, ainda com as rotinas adquiridas nos safaris bem frescas na memória, entra a matar chamando a tudo e todos invejosos, mesquinhos, politiqueiros, etc. Quem não quer ser lobo...
É claro que alguns pactuam com este tipo de actos, como um certo comentador do Correio da Manhã que ao chamar mesquinhos e outros que tais, aos que não viram com bons olhos as socráticas férias, ofendeu a esmagadora maioria dos portugueses, principalmente aqueles que tiveram que dominar o inferno abrasador enquanto o nosso animal feroz tirava fotos ao pôr do sol para mais tarde recordar!
É por estas e por outras que eu defendo a restauração de Monarquia e que sou cada vez mais monárquico pois esta confrangedora república nunca deu «uma para a caixa» e cada vez está pior. Basta um olhar mais atento para verificar a ética e o brio em países que são monarquias e a trafulhice e rebaldaria que grassa na esmagadora maioria das repúblicas, em particular nesta que nos impuseram e que até hoje não tiveram ainda a coragem de submeter a Referendo!
«Coincidência!» dirão enganadoramente alguns; «Não tem nada a ver!»; dirão enganadoramente outros. Pois! Coincidências...

Assim é que é!

Finalmente parece que o meu Benfica começa lentamente a entrar nos eixos! Foi com muita satisfação que assisti à aquisição do campeão da Europa Karagounis para reforçar a equipa de futebol que, diga-se de passagem, começou o campeonato algo combalido.
Não sei se a equipa conseguirá dar aquele salto, em termos exibicionais, que todos os benfiquistas desejam nem sei se o grego se irá rapidamente adaptar e impor; o que sei é que o Benfica está de parabéns por ter conseguido manter o sigilo. Nem o mais pintadinho jamais sequer sonhou... Não houve um único jornal que escrevesse uma linha ou um telejornal que anunciasse tal possibilidade, sendo todos apanhados completamente de surpresa.
Já lá vai o tempo em bastava alguém, no Benfica, sugerir o nome de um jogador para no dia imediatamente a seguir vir tudo escarrapachado nos jornais tal não era a quantidade de fugas e de espiões ou informadores (alguns até funcionários do clube) que dominavam o clube da Luz. Finalmente parece que essas situações estão definitivamente enterradas fazendo apenas parte do passado!

domingo, agosto 28, 2005

Alerta!


Depois de ter dizimado milhões de aves de aviário e ter feito inúmeras vitimas mortais no sudeste asiático e Extremo Oriente eis que a Gripe das Aves está agora preocupantemente ás portas da Europa, mais precisamente em regiões remotas da Rússia e teme-se que possa mesmo chegar à Europa Ocidental, e em especial a Portugal, lá para o fim do verão.
Na verdade Bruxelas já começou a pensar em propor aos países membros da União Europeia a proibição da caça de aves migratórias, que poderão ser um vector da doença, entre outras medidas para acautelar um possível surto epidémico.
Esta ameaça é real e não deve, de forma alguma, ser subestimada por quem quer que seja. Sem alarmismos nem pânicos, há que ter consciência da sua perigosidade. Os maiores especialistas mundiais em surtos epidémicos já alertaram para o facto de ser só uma questão de tempo sendo que, mais dia menos dia surgirá inevitavelmente uma nova pandemia de gripe semelhante à chamada Gripe Espanhola que dizimou milhões de pessoas por todo o mundo pouco depois do término da I Guerra MUNDIAL. Na realidade esta pandemia fez mais vítimas do que o conflito que tinha deixado a Europa a ferro e fogo.
A perigosidade deste vírus reside no facto de ter quebrado a chamada barreira da espécie podendo transmitir-se das aves para os humanos embora ainda não se consiga transmitir de pessoa para pessoa mas uma qualquer mutação do vírus poderá dar-lhe essa capacidade. Estima-se que se tal vier a acontecer o número de vítimas mortais possa ascender aos cinquenta milhões de mortos e a um maior número ainda de infectados. Em termos económicos, uma epidemia de gripe à escala mundial é o suficiente para levar à falência milhares de empresas de todos os ramos em todo o mundo e provocar o colapso da economia global criando um cenário semelhante ao que aconteceu nos anos 30 do século XX com a Grande Depressão podendo, no limite, levar a uma grave crise social e até conflitos armados em vários pontos do globo.

sábado, agosto 27, 2005

Sempre atrasado, sempre atrasado!

«Os sábios falam porque
têm alguma coisa a dizer.
Os tolos falam porque têm
de dizer alguma coisa»

Platão


Muito badalou a imprensa acerca das supostas ideias originais defendidas pelo senhor presidente desta abandalhada república em relação ao que se deveria fazer para combater o flagelo dos incêndios que todos os anos, na maioria dos casos, alguém, pelos mais variados motivos, se encarrega de fazer campear por esse país fora.
Defende o ainda presidente que deviam ser postas em prática medidas coercivas para obrigar os proprietários florestais a limparem as matas. Até aqui tudo certo! Acontece que o que Jorge Sampaio defende já havia sido proposto pelo Bloco de Esquerda, pela voz de Francisco Louçã, dias antes. Eu ouvi... E já antes mais gente propôs tal coisa. Mas há mais: o senhor presidente como licenciado em Direito e supremo magistrado da Nação que é deveria saber ou procurar saber as leis do seu país, em particular, que a falta de limpeza das matas por parte dos seus proprietários já é sancionada e que é obrigatório limpar o terreno em redor das habitações num raio de 50 metros. Só que a imprensa do regime afirmou que tais ideias tinham partido da mente iluminada do nosso, salvo seja que meu não é de certeza, presidente.
O Chefe de Estado, seja ele quem for, que a meu ver, como ponto de referência da Nação que deveria ser; por ter apenas funções representativas e, por estar livre das responsabilidades de governação que consomem tempo e concentração em problemas mais imediatos, deveria ser uma figura com grande capacidade de antecipação a médio e longo prazo e ser o primeiro a fazer propostas e chamar a atenção de todos, em particular do Governo, independentemente das circunstâncias, em especial da sua natureza ideológica, sobre os mais variados assuntos e problemas; em suma, a abrir os olhos do país. No entanto é, invariavelmente, o último a falar limitando-se a dizer banalidades tardias e a escolher para si o papel de uma simples caixa de ressonância. Para além disso, desde 1996 que este senhor é presidente e já antes haviam incêndios. Não com as dimensões dos que têm lavrado nos últimos anos mas... houve-os! Porque é que a apenas escassos meses de terminar o seu mandato é que dá esta ideia? Mais; os incêndios mais devastadores dos últimos anos começaram em 2003 e, só agora é que lança este tipo de reptos?! Porquê? Será porventura porque agora se sente mais à vontade por coabitar com um Governo do seu partido do qual já foi, nunca é demais lembrar, líder e não se sentia tão à vontade, em 2003 e 2004, com um Governo da «concorrência»?!
Para além de tudo isso há também uma curiosidade interessante. Num dia o presidente Sampaio faz a referida proposta e no dia imediatamente a seguir vem o Ministro da Agricultura anunciar a obrigatoriedade de limpar as matas e que as coimas aplicadas, aos proprietários que descurem a limpeza das suas propriedades, serão mais severas. Parece eles que se combinaram todos! Tudo tão bonito, preciso e perfeito que até dá para desconfiar que foi tudo combinado de antemão! Mais pareciam uma equipa olímpica de natação sincronizada! Parto do princípio que seria para todos ficarem bem no retrato – principalmente o PS – em época de eleições!
Se me for permitido sugerir algo, então eu sugiro que para além da actualização dos valores das coimas era bom que se reforçasse, como já disse em outro artigo, a vigilância das florestas equipando a Policia Florestal com mais meios e com mais pessoal no terreno porque os que existem, francamente, parecem-me poucos e envelhecidos ou então, fazer uma reestruturação no sector incorporando esta polícia na GNR. Pergunto-me a mim próprio de que adianta criar leis mais severas e coimas mais pesadas se depois no terreno não há ninguém com capacidade para fazer cumprir essas normas? Não me admiro nada que assim continue tudo na mesma com todos a baldarem-se ao seu dever e que, afinal de contas, só os prejudica a eles e... a terceiros!
Muitos dos incêndios de origem acidental têm inicio quando tractores e outras máquinas agrícolas se incendeiam devido ao sobreaquecimento do motor ou devido ao contacto de algumas peças metálicas com pedras que provocam faíscas ficando os seus operadores sem tempo nem capacidade de reacção. Assim, porque não tornar obrigatório o uso de extintores em todas as máquinas agrícolas? Seria sem dúvida uma medida, quiçá, mais inteligente e útil do que a obrigatoriedade de usar os célebres coletes reflectores, por parte dos condutores, em determinadas condições. Coletes esses cujo uso devia ser ainda mais obrigatório por parte dos peões e ciclistas, principalmente aqueles que transitam de noite nas vias públicas, fora ou dentro das localidades, pois uma boa parte das vítimas de acidentes de viação resultam de atropelamentos, na maioria dos casos devido ao facto dos condutores não se aperceberem a tempo da presença destes por não se encontrarem convenientemente em situação de boa visibilidade. Mas isso já será matéria para um próximo artigo.

terça-feira, agosto 16, 2005

O tubo de ensaio


Cada vez mais o martirizado Iraque mais não é do que um tubo de ensaio onde o exército de ocupação americano testa os seus novos e sofisticados brinquedos. Depois dos robots soldado, que aparentemente tinham grande poder de fogo e iriam reduzir as baixas ianques mas que pelos vistos não resultou, até porque têm de ser comandados, no terreno, por soldados de carne e osso, das bombas acabadas de sair «do forno» que foram testadas durante a invasão e de outros artefactos que não deviam estar em mãos de gente perigosa e estúpida quanto baste, eis que surgem noticias que dão conta da entrada em cena de dispositivos que detectam bombas plantadas à beira da estrada – será que também detectam bombistas suicidas e guerrilheiros emboscados que lhes fazem esperas por aquelas estradas fora? – e de minas inteligentes (???), que aparentemente «sabem» quando e contra quem devem rebentar.
Se estas ditas minas tiverem tanto de inteligentes quanto os bombardeamentos da sua aviação tiveram de cirúrgico não tarda nada que o número de iraquianos mortos e vítimas de guerra cresça exponencialmente. Mas tenho cá para mim que o «inteligentes» é só um pretexto para semear a terra iraquiana de minas terrestres anti-pessoal, um tipo de armamento interdito por todos os tratados e convenções internacionais.
No entanto, no terreno, a violência cega soma e segue com o assassinato, na passada sexta-feira, dia sagrado, como são todas as sextas, para os muçulmanos, de mais umas dezenas de iraquianos que saiam de uma mesquita, pelos seus «libertadores» que cada vez que são atacados ficam absolutamente histéricos reagindo completamente em pânico usando todo o seu poder de fogo contra tudo o que se mexa.
Os insurgentes, em especial a Al Qaeda, também matam iraquianos ás dezenas mas esses, que diabo, são «os terroristas» não são os defensores da liberdade e dos direitos humanos (?)!
Continuem assim! Quanto mais dessas fizerem mais forte e assanhada se torna a resistência à ocupação a qual, tenho a impressão, que nem daqui a 100 anos conseguem subjugar! Basta ver o que acontece em relação ao conflito Israelo-árabe, em que apesar de todas as diligências, levadas a cabo nas ultimas décadas pelo todo-poderoso exército israelita, que, aliás, é equipado e armado até aos dentes pelos EUA, ainda não conseguiram acabar com os grupos armados palestinianos e as acções terroristas contra cidadãos israelitas!

Fanatismos há muitos...

O desmantelamento e retirada israelita dos colonatos da Faixa de Gaza vem pôr em evidência o já sabido extremismo, ódio e fanatismo religioso de alguns sectores da sociedade israelita, em especial, dos colonos e até mesmo em alguns sectores militares que mostram ser tão fanáticos como os mais fanáticos integristas islâmicos no lado palestiniano.
Assim se percebe como é difícil a paz naquela região do mundo, onde a grande maioria que são os moderados está refém da minoria extremista presente nos dois povos.
Ainda no outro dia vi, numa entrevista, um grupo de jovens colonos que ameaçavam ir nas suas pranchas de surf até ao mar alto e aí se suicidarem demonstrando assim serem tão estupidamente fanáticos quanto os jovens palestinianos que se imolam com bombas presas ao corpo. Apesar disso, há que reconhecer aqui uma grande diferença; é que estes indivíduos pretendem suicidar-se sem levar ninguém atrás, ao contrário dos bombistas suicidas cujo objectivo é levar consigo o maior número de pessoas consigo. Ao menos isso!

Fez 60 anos...


Passam este ano, neste mês, seis décadas desde que foi cometido, sem duvida alguma, o maior genocídio, o maior crime contra a humanidade e o maior crime de guerra de todos os tempos, em toda a História da humanidade!
Foi a 6 de Agosto de 1945 que o primeiro e, felizmente, até agora único país, os EUA – quem mais poderia ser?! – lançaram a terrível bomba atómica, põe eles alcunhada de o «Rapazinho» sobre a cidade japonesa de Hiroshima, chacinando de uma assentada cerca de 150.000 pessoas e deixando dezenas de milhar de outras com sequelas psicológicas e físicas para toda a vida; estas últimas propagadas à descendência, não apenas directa.
Três dias depois era a vez da também cidade japonesa de Nagasaki ser atingida pelo infernal poder atómico, personificado no «Gordo», a alcunha da bomba que matou instantaneamente cerca de 70.000 pessoas. A destruição aqui só não foi maior porque Nagasaki é uma cidade implantada numa zona montanhosa que serviu como barreira, minimizando o efeito da explosão e das radiações.
É preciso não esquecer para que tal nunca mais volte a acontecer!

domingo, agosto 14, 2005

Parabéns Benfica


Escrevo estas parcas linhas apenas para dar os parabéns ao meu Glorioso Benfica pela conquista do primeiro troféu da época 2005/2006, a Supertaça, frente ao Vitoria de Setúbal, troféu que lhe escapava à 15 anos e, que portanto, lhe confere um sabor ainda mais especial!

Entrevistas, desmentidos e embaraços

Tem havido por aí muito boa gente que dá entrevistas nos jornais e depois vem desmentir algumas frases mais polémicas embora os jornais que publicam as referidas entrevistas e os jornalistas, que as levam a cabo, jurem a pés juntos que tudo o que ali está foi, de facto, dito.
Seja porque quem dá as referidas entrevistas se esqueceu daquilo que disse, seja porque à posteriori dá o dito pelo não dito, por conveniência, seja porque se «escorregaram», seja porque as suas palavras foram mal interpretadas, deturpadas ou tiradas do contexto o que é facto é que de vez em quando surgem estes embaraços. Então mas este tipo de entrevistas não são feitas recorrendo a um gravador? Assim quando surge qualquer dúvida não está lá o gravador com tudo escarrapachado para as esclarecer?!

Piolhos de pombo

Já é a terceira vez que a secção de neonatologia e pediatria do Hospital de S. Bernardo, em Setúbal, é assolada por parasitas denominados piolhos dos pombos. Apesar das campanhas de desinfestação levadas a cabo o «piolhinho» amesendou-se de «armas e bagagem» e teima em não arredar pé!
Aqui vai uma humilde e simples sugestão. Se se quer acabar com os piolhos dos pombos porque não acabar... com os pombos, que para além da sujidade que provocam são um importante vector de doenças? Aliás os columbófilos já alertaram para o facto e apelaram para que não se lhes desse comida e os expulsassem das cidades.

sexta-feira, agosto 12, 2005

Porquê a demora?

Pois é! Pelos vistos a Coreia do Norte e o Irão estão determinados a levar para diante os seus programas nucleares obviamente até em termos militares embora digam que a energia nuclear destina-se apenas a fins pacíficos. Os EUA e aliados, em especial o seu fiel escudeiro britânico, que tão ligeiramente invadiram o Iraque, porque o sinistro regime de Saddam Hussein tinha – Não tinha nada... nem Força Aérea! Apenas tinha um exército equipado com sucata que só servia para meter medo e dominar o povo iraquiano e para além disso todos sabem actualmente que isso foi um pretexto. O que realmente motivou a invasão foi, em particular, algo mais negro e viscoso e, em geral, a ambição de ocupar e dominar uma zona de crucial importância geo-estrategica! – armas de destruição massiva, parece que agora não estão com vontade ou coragem de livrar o mundo das restantes ditaduras que compõem o eixo do mal e que, ainda por cima, se estão a dotar de armamento nuclear! Porque é que não invadem o Irão? Pois, parece que o regime bushista não é completamente estúpido ou então as chefias militares e as já famosas «eminências pardas» que são os estrategas do Pentágono o desaconselham totalmente! Seria um dos maiores erros estratégicos se se lançassem à aventura! Em primeiro lugar, porque ainda não conseguiram, e nem sei se conseguirão, esmagar a guerrilha iraquiana e nem conseguiram ainda acabar com o que resta do regime talibã, no Afeganistão; em segundo lugar, porque o Irão não só é, territorialmente, muitíssimo mais vasto que o Iraque e até mesmo que o Afeganistão, como é um país, que ao contrário do Iraque, e tal como o Afeganistão, está pejado de zonas montanhosas de difícil acesso, o refugio por excelência de uma guerrilha e por isso dificílimo de controlar; em terceiro lugar, porque o Irão, apesar de ter uma atitude dúbia em relação à Al Qaeda e ás infiltrações de combatentes estrangeiros em território iraquiano, ainda assim serve de zona tampão ás movimentações de terroristas entre o Afeganistão e o Iraque por se encontrar entre os referidos países. Se porventura à antiga Pérsia os ianques derem o mesmo destino que deram ao seu vizinho ocidental (invasão, destruição e saque) esta, sem fugir à regra, cairia no caos ficando a Al Qaeda e as resistências armadas que, inevitavelmente, se criariam para combater o ocupante bem como as guerrilhas iraquianas e afegãs, com um território continuo que se estenderia do Afeganistão ao Iraque passando ainda pelas regiões fronteiriças da Síria e do Paquistão, desequilibrando completamente a estrutura militar presente no Afeganistão e a que ocupa o Iraque criando um desastre autentico, um mega atoleiro; em quarto lugar, porque a sucessiva invasão e ocupação de países do Islão é directamente proporcional ao número de aderentes à Al Qaeda ou seja, quanto mais países muçulmanos caíssem, como castelos de cartas, aos pés das potencias ocidentais, mais argumentos teria a organização de Bin Laden, mais eram as vozes que se levantavam no mundo muçulmano a favor da guerra santa e do terrorismo e maior era a aderência à «base» que, inevitavelmente, teria um crescimento exponencial; em quinto lugar, porque, ao contrário do Afeganistão onde existia uma forte oposição ao regime talibã personificada na Aliança do Norte, que controlava inclusive o norte do território (daí o nome), e que, no fundo, era quem tinha governado o país até serem expulsos do Poder e empurrados para norte pelos talibã, não existe uma alternativa política suficientemente forte e estável para fazer uma transição, como não existiu nem existe no Iraque onde se criou artificialmente uma alternativa; e finalmente, porque com a invasão do Irão as comunidades e dignitários xiitas no Iraque que ainda apoiam maioritariamente a coligação e o Governo instalado em Bagdad rapidamente o deixariam de fazer tornado a situação ainda mais insustentável. A República Islâmica sabe-o, por isso não recua nas suas intenções!
Quanto ao sufocante e orgulhosamente só regime comunista norte-coreano, a atitude é exactamente a mesma pois sabe que seria um grande esforço para os norte-americanos iniciarem uma ofensiva no extremo oriente, a opinião pública americana jamais consentiria, principalmente depois de tudo o que aconteceu e... acontece no Iraque, que Bush conduzisse os EUA para outro conflito armado, fosse contra a Coreia fosse contra o Irão e finalmente, porque a Coreia setentrional dispõe de quase um milhão, se não mesmo mais, de efectivos e o seu exército não tem apenas sucata, está muito provavelmente equipado com armas químicas e biológicas e, fazendo fé no que afirmaram à algum tempo, também já algumas ogivas nucleares, e toda esta panóplia de armamento pode ser lançado contra o Japão e a Coreia do Sul por um lado, porque só nesses países é que podiam estar estacionadas as forças que iriam intervir, aliás, existem contingentes militares ianques nesses dois países e, por outro lado, porque o regime comunista dispõe de mísseis de médio e longo alcance que, inclusive, fazendo mais uma vez fé naquilo que disseram, pode mesmo atingir território norte-americano. Mas há mais! O regime norte-coreano já avisou «a navegação» que, ao contrário do que fez a deposta ditadura iraquiana, não dará hipótese das «aves» poisarem. Assim que começasse a concentração de forças e os preparativos para a invasão ao longo do paralelo 38, o «exército do povo» passaria imediatamente ao ataque colocando a região a ferro e fogo.
A conclusão que se pode tirar é que só através da diplomacia, de negociações, de alguma flexibilidade, cedências de parte a parte, de muita inteligência e habilidade é que se pode encontrar uma saída airosa para o berbicacho que tem como protagonistas os restantes elementos do eixo maligno. As cowboyadas, definitivamente, não são solução!

Assim sim Sr. Zé!

Apesar do famigerado défice público ser um dos, se não mesmo o maior de todos males que afligem este pobre jardim... ou melhor, braseiro e posterior cinzeiro à beira mar plantado não deixa de ser curioso o facto de gente que devia dar o exemplo aos seus concidadãos, por serem figuras públicas ligadas à política e algumas terem responsabilidades de Governo, continuar a viver à grande e à francesa e a comer à tripa forra, senão vejamos estes parcos exemplos entre centenas, que se saibam:
1. O Parlamento terá que desembolsar cerca de 1.000.000,00 € para pagar regalias de antigos deputados que, certamente têm o seu emprego garantido mal deixem de ser parlamentares;
2. A Caixa Geral de Depósitos, principalmente a administração, continua a ser um refúgio de gente cuja cor do cartão partidário coincida com a cor do Governo que, terá de desembolsar centenas de milhar de euros de indemnização aos indivíduos que lá estavam;
3. O nosso Primeiro-ministro, chefe de um Governo que pede aos portugueses sacrifícios e continuação de um aperto de cinto que já mais parece um garrote ou um espartilho e que mais do que ninguém devia dar o exemplo, resolve passar férias num safari no Quénia, procurando a companhia de outros animais ferozes enquanto que a generalidade dos seus concidadãos nem dinheiro tem para safaris no Badoka!
4. A Portugal Telecom é, ao que parece, um viveiro para a prole de alguns políticos, entre eles o filho do ainda presidente desta abananada república, que mal saem das Universidades logo têm «a sorte» de conseguir lugares de topo garantidos enquanto que outros licenciados, alguns se calhar com melhor média, se vêem negros para conseguir o primeiro emprego, não tendo, alguns deles, em muitos dos casos, outro remédio senão viajar à boleia de camiões do lixo ou ir lavar pratos no restaurante da esquina;
É com certeza a esta enxovia que eles chamam ética republicana, que eu, francamente, não sei o que é, não conheço! Eu sei, certamente, é o que é ética democrática, aquela que é posta em prática em países como por exemplo a Dinamarca, a Suécia, a Noruega e, aqui lado, a vizinha Espanha e que tão bons frutos dá.
O bom, honrado e chamuscado povo português esse há-de continuar a cantar por muito tempo «eles comem tudo, eles comem tudo e não deixam nada»! Quanto a mim, resta-me perguntar a esse secular povo, usando o refrão de uma música de Gabriel O Pensador, «Até quando você vai ficar sentado levando porrada? Até quando você vai ficar sentado sem fazer nada?»

domingo, agosto 07, 2005

Era um vez um arrastão, uma conspiração ou uma intoxicação?

Vamos centrar-nos no confuso e polémico caso do arrastão na praia de Carcavelos, pois apesar de já se ter passado mês e meio, o assunto continua a dar «água pela barba» a muito boa gente, havendo já ciber-reportagens e ameaças de processos judiciais pelo meio e que, por este andar, corre o risco de se tornar num dos maiores enigmas da História do Portugal contemporâneo! Vejamos:
Na tarde do dia 10 de Junho, dia de Portugal, a mesma notícia abria os telejornais de todas as televisões portuguesas. Esta dava conta de que um grupo de cerca de cinco centenas de jovens (!), na sua maioria, africanos ou luso-africanos terá irrompido pela praia de Carcavelos dentro, assaltando os veraneantes que iam encontrando no seu caminho, espoliando-os de tudo quanto pudessem «ganfar», usando a técnica do arrastão – um método inventado e praticado em terras de Vera Cruz – «varrendo-a» de fio a pavio. Nessa altura todos os que deram a cara e o corpo (de Intervenção) ao manifesto, fossem eles autoridades, donos de bares à beira mar plantados, alegados «arrastados» ou simples testemunhas oculares, foram peremptórios ao afirmarem que não só algo de grave se tinha passado sobre o escaldante areal como os seus testemunhos coincidiam em vários pontos, tais como o número de alegados amigos do alheio e a forma como eles terão actuado. Nesse mesmo dia o Ministro da Administração Interna reuniu-se de emergência com o Secretário de Estado da Administração Interna, o Presidente da Câmara de Cascais e com o Director Nacional da PSP.
No dia seguinte, uma nova notícia dava conta de que cerca de cinquenta elementos, ente os quais alguns que terão, alegadamente, «arrastado» em Carcavelos se engajaram em autocarros e rumaram ás belas praias do «Reino dos Algarves» com o fito de pôr em prática, salvo erro em Quarteira, o mesmo método de assalto sendo os seus planos frustrados pelas autoridades policiais. Entrevistados alguns elementos suspeitos de serem suspeitos, estes argumentaram que se tinham «arrastado» até ao Algarve apenas para ir «abanar o capacete» nas loucas discotecas algarvias.
Depois destes acontecimentos, a Frente Nacional, uma organização de extrema-direita, resolve convocar uma manifestação, com doses de racismo e xenofobia quanto baste, contra a criminalidade que, de acordo com eles, subiu em flecha especialmente graças aos imigrantes – temos, apesar de tudo que reconhecer, sem preconceitos, nem o racismo e a xenofobia que destilavam por todos os poros, que não deixam de ter alguma razão – para o dia 14 de Junho no «hot spot» que é a Praça de Martim Moniz, em Lisboa, por ser o ponto de confluência de grande parte dos imigrantes.
E é justamente a partir dessa altura que começa a polémica sobre aquilo que aconteceu em Carcavelos ou... que não aconteceu! Contudo, tenho cá para mim, que há aqui qualquer coisa que não bate certo, que não encaixa, que não cheira bem!!! Não consigo engolir esta estória, como não consegui engolir, até hoje, a estória da cegonha que a meio da noite, sabe-se lá por que raio, acordou e qual ave nocturna resolveu bater as asas e dar uma saidinha à noite provocando uma apagão em boa parte do país!
O que se passou então, para pôr o país em alvoroço? Terá sido tudo um grande mal entendido, sensacionalismo da imprensa, uma gigantesca conspiração (não escrevi cabala, porque essa palavra está agora um pouco fora de moda!) contra os imigrantes e contra o sector turístico nacional, uma gigantesca campanha de desinformação e intoxicação da opinião pública à boa maneira soviética, cubana ou norte-coreana ou simplesmente delírio colectivo resultante da silly season?
A polícia, que tinha sido peremptória ao afirmar que algo de muito grave se tinha passado, vem posteriormente dar o dito pelo não dito, afirmando que tinha sido pressionada pela comunicação social para confirmar a notícia dada, mesmo sabendo que tal não corresponderia à realidade. Mal de um país em que a sua polícia se deixa pressionar pelos jornalistas ao ponto de ter que servir-lhes, obrigatoriamente, de muleta, confirmando e sustentando notícias sensacionalistas, da qual esta, alegadamente, sabe não corresponder à verdade! Porém, pela maneira trapalhona como tudo se passou, tenho a sensação que houve de facto pressões sobre a polícia. Só duvido é da origem das mesmas!
As testemunhas do alegado arrastão que antes tinham visto os supostos «arrastadores», vêm posteriormente afirmar que o que viram foi um assalto normal num dia de praia movimentado; as fotografias, tiradas pelos veraneantes, e apresentadas como prova da violência e dimensão da horda são posteriormente apresentadas como mostrando um grupo de jovens que estando na praia a dançar e a curtir, começam a fugir mal vêm a polícia, com temor de que esta actue; e os donos dos tais bares à beira mar plantados que se tinham mostrado alarmados, com algo aparentemente nunca visto na Ocidental praia Lusitana, e se tinham mostrado indignados com o facto da praia não ser suficientemente vigiada, de exigirem mais polícia e de ali reinar um grande sentimento de insegurança, pois já antes ali teriam ocorrido assaltos sendo a situação agora registada inédita, afirmam à posteriori que não se passou ali nada de especial.
Há ainda outro facto curioso no meio disto tudo. Por um lado diz-se que houve arrastão mas que o número de envolvidos não chegaria aos cinquenta, contudo, há quem defenda que pura e simplesmente não houve arrastão. Então em que é que ficamos?!
O mais importante a retirar desta estória não é o número de indivíduos, que francamente parece-me exagerado pois para se atingirem as cinco centenas teriam que se juntar elementos de vários bairros sendo que o sentimento de bairrismo nestes casos é muito forte, havendo grande rivalidade entre eles! O facto da praia estar naquele dia especialmente cheia talvez se devesse simplesmente ao fim do ano lectivo e todos terem resolvido ir «abancar» para a praia nos primeiros dias de férias! O que não deixa de ser preocupante é a introdução do método supostamente utilizado que é próprio do terceiro mundo e que vem colocar em xeque a actividade turística nacional e a segurança dos cidadãos. Para pôr em prática um arrastão bastam 10 indivíduos com armas brancas, bem organizados, ousados e agressivos quanto baste. E nem necessitam de arrastar de uma ponta à outra, basta actuarem numa pequena zona e afastarem-se tranquilamente.
O que é facto é que algo se passou e para que tal não volte a acontecer é imperioso que se olhe o problema de frente e não se enfie a cabeça debaixo da areia fingindo que não aconteceu nada.
Se o famigerado arrastão aconteceu mesmo, e se foram postas em prática campanhas de desinformação e intoxicação da opinião pública – métodos que não dignificam uma Democracia e que são especialmente utilizados por regimes totalitários – apesar de ter como objectivo retirar argumentos à extrema-direita e impedir que a xenofobia avance em Portugal então mais se não fez do que tapar o sol com a peneira, por um lado e, por outro lado, recorrer a meios não lícitos de combate político com a agravante de, a terem existido, serem levados a cabo pela extrema-esquerda tão nefasta e anti-democrática quanto a extrema-direita.

segunda-feira, agosto 01, 2005

H de histeria e hipocrisia

Foi assim aquando dos ataques terroristas em Nova Iorque e Washington. O mesmo se passou aquando dos atentados em Madrid e, agora, Londres. Sempre que uma cidade do chamado mundo ocidental é atacada logo os principais lideres mundiais, em geral, e os lideres ocidentais, em particular, reagem em completa histeria condenando os ataques, afirmando que não têm medo e que os terroristas não irão alterar o modo de vida do seu país e fazendo minutos de silencio em vários pontos do mundo ou da Europa. É claro que os sangrentos atentados terroristas são condenáveis a todos os níveis. Porém também é condenável e hipócrita a dualidade de critérios entre os atentados que ocorrem no ocidente ou aqueles que fazem vítimas ocidentais e os atentados que ocorrem em outros pontos do globo com outras vítimas.
A histeria acontece quase imediatamente a seguir a um atentado terrorista levado a cabo no ocidente. Esta é a primeira vitória dos agentes do terror. Os governos dos países atacados reagem a quente aos acontecimentos e, por isso, as declarações feitas nessas circunstâncias acabam por ser, ao contrário do que se diz, pouco serenas e pouco sensatas com laivos de arrogância e birrentas quanto baste. Uma das primeiras coisas a ser dita é que os terroristas não conseguirão impor o medo. Contudo, nos dias seguintes todos reagem, como é natural, com ansiedade e medo. Outro dos pontos dos discursos emocionados e birrentos é afirmar que os bombistas não conseguirão alterar o seu modo de vida nem destruir a democracia. Mas alteram! Pode-se falar mesmo num antes e num depois dos atentados. Cada atentado bem sucedido é sempre, quer se queira quer não, um golpe profundo e não é fácil recuperar. Basta ver que sempre que ocorre um atentado terrorista num determinado país todos os outros põem em prática, num estado evidente de grande nervosismo, medidas excepcionais de segurança sendo frequente explosões de malas, sacos e até carros (como aconteceu em Évora) que estão ou aparentem estar abandonados e se criam pacotes de leis anti-terroristas que muitas vezes vêm pôr em causa direitos e liberdades democráticas fundamentais. Mas é a única solução! O combate ao terrorismo implica condicionamentos à democracia. Resta saber até que ponto estão os cidadãos dispostos a tolerar estas limitações. E também neste caso os terroristas conseguem alguns pontos.
Há ainda as mensagens de condolências e os minutos de silêncio vindas de vários governos e instituições internacionais. Estas contudo não passam, a meu ver, de um simples acto político com uma dose de hipocrisia e vassalagem quanto baste para opinião pública ver, porque se se lamentassem verdadeiramente as vitimas então também haveriam mensagens de condolências aos governos de países que sofrem catástrofes naturais (em que o numero de vitimas é geralmente da ordem dos milhares) ou em que ocorrem acidentes trágicos (Acidentes de comboio na Índia ou Paquistão, acidentes nas minas chinesas e ucranianas, etc.). O tsunami de 26 de Dezembro de 2004 teve maior repercussão não porque tivessem morrido milhares de cingaleses, indianos, indonésios ou tailandeses mas porque morreram também milhares de turistas ocidentais muitos deles certamente em busca dos paraísos sexuais e pedófilos que são a Tailândia e arredores.
Também não se vislumbram condenações veementes, mensagens de condolências e minutos de silêncio quando são massacrados, em atentados terroristas ainda mais mortíferos, centenas de paquistaneses ou habitantes de Caxemira. No Iraque, desde que foi invadido, os atentados suicidas são o pão-nosso de cada dia. Dezenas de iraquianos são massacrados diariamente sem que se verifique o rol de tão afanosas mensagens que são endereçadas aos governos de países ocidentais atacados. E para além de serem vítimas do terrorismo, os habitantes comuns destas zonas são também vítimas da miséria, da falta de infra-estruturas básicas, da falta de meios de socorro, da falta apoio psicológico, de hospitais sem condições e de falta de medicamentos entre outras provações. Estes não têm a oportunidade de se irem tratar em hospitais no estrangeiro nem de disporem dos meios apenas ao alcance das elites ricas e corruptas que, na maioria dos casos pilham os seus países e observam as suas recheadas contas bancárias no estrangeiro crescerem dia a dia. Até os terríveis ataques em Bali na Indonésia, que foi do mais sangrento que até agora houve em matéria de atentados, só tiveram mais impacto porque entre as vítimas contavam-se inúmeros cidadãos australianos. Mas será que a vida de um qualquer cidadão da Europa (ocidental), norte-americano, australiano ou israelita é mais valiosa do que a vida de um latino-americano, africano, iraquiano ou asiático – com excepção do Japão e Coreia do Sul? Sempre que as vítimas do terrorismo são de Kerbala, Fallujah, Bagdad, Srinagar, Islamabad ou outras cidades não ocidentais dá-se a notícia encolhe-se os ombros e pronto, paciência. Se as cidades atacadas são europeias ou norte-americanas é um «ai Jesus». E quando ocorrem atentados terroristas em zonas de luxo em países terceiro mundistas e, em muitos casos, com regimes ditatoriais brutais a primeira coisa que se procura saber é se entre as vitimas estão turistas ocidentais, porque esses é que são importantes, é que são «filhos de Deus»; os outros...
Um estudo de uma instituição britânica dá conta de que desde a invasão do Iraque já foram assassinados mais de vinte cinco mil (25.000) civis iraquianos (ou inocentes se quiserem!) sendo que mais de um terço (cerca de 8500) foram mortos pelos seus auto-intitulados libertadores que falavam – entre eles o sinistro e cínico Secretario da Defesa ianque Donald Rumsfeld – para as suas opiniões publicas aprovarem a invasão, em guerra cirúrgica e zero baixas entre os civis. Quantos minutos de silêncio não teriam que ser feitos em honra destas inúmeras vítimas do terror dos bombistas suicidas e do terror das bombas da aviação e balas dos soldados invasores?
De referir que a situação em que o Iraque mergulhou, que se saiba, jamais foi equacionada pelos famosos e brilhantes (?) estrategas político-militares do Pentágono que foram, por altura da invasão, elevados a Deuses no Olimpo, pela comunicação social e pelos garbosos Oficiais Superiores das Forças Armadas portuguesas por esta convidada; os mesmos Oficiais que comentavam diariamente o decurso das operações militares das «nossas forças» (!!!) – Sem querer ser mauzinho ou insinuar o que quer que seja; é apenas um desabafo! Não sei porquê nem a troco de quê o uso sistemático da palavra «nossas». Que eu saiba Portugal não é o 51º estado da União e os únicos militares invasores que falavam a língua de Camões eram os filhos de emigrantes portugueses e, quiçá, brasileiros que se alistaram no US Army – em terras do Crescente Fértil, tão fértil que não há palmo de terra iraquiana quem não tenha sido semeada de bombas, que têm feito bastante criação... perdão, destruição estando ainda para se ver qual delas é ou será a mãe de todas as bombas. Tão fértil que os EUA (ou o regime de Bush) pensaram logo numa maneira de matar dois ou mais coelhos (e dos grandes!) com uma cacetada só. Por um lado, para invadir o Iraque foi necessário armamento e aí lucraram, e ainda lucram, as fabricas de armamento americanas pois a resistência iraquiana e a Al Qaeda têm espatifado bastante equipamento, cifrado na ordem dos milhões de dólares, ao designado exército mais poderoso do mundo, que não consegue – tem que se informar, ou lembrar, os geniais estrategas do Pentágono e outros génios militares que é impossível vencer militarmente uma guerrilha principalmente porque um guerrilheiro pode ser qualquer um. Não é à toa que os soldados da coligação e as forças de segurança iraquianas, por estes treinadas e equipadas para irem para a frente, enquanto que os americanos e britânicos ficam na retaguarda a dar as ordens e a coordenar os ataques, minimizando ou tentando minimizar o numero de baixas nas suas fileiras, revistam mulheres, velhos e até crianças – esmagar um pequeno, salvo seja, conjunto de insurrectos que não têm nem equipamento pessoal, nem meios aéreos, nem carros de combate, nem artilharia pesada, nem tanques; combatendo de chinelos, túnica e lenço palestiniano (Keffiah) enrolado na cabeça em forma de turbante, usando meios simples como metralhadoras Kalashnikov, granadas, bombas caseiras colocadas em pontos estratégicos dissimuladas em automóveis, carroças e outros equipamentos armadilhados à beira das estradas ou de edifícios alvo, algum equipamento capturado ao inimigo e o uso abundante e incessante de bombistas suicidas; a sua mais terrível arma devido ao terror psicológico, choque e pavor causado; e depois quando o Iraque estivesse «pacificado» e «democratizado» entravam em cena as empresas petrolíferas (principalmente americanas e britânicas) que iriam explorar o ouro negro em terras do Rafidahin e as empresas construtoras (idem) que iriam reconstruir as infra-estruturas básicas iraquianas, destruídas pelas bombas da coligação invasora, sendo a factura paga pelo democraticamente eleito Governo iraquiano usando para tal os recursos do país, numa lógica absurda não do quem parte paga mas do quem parte ainda recebe ou do quem vê os seus bens destruídos por terceiros, quando estes se oferecem para reparar o que destruíram, tenham ainda que lhes pagar os serviços prestados!
Seria um gigantesco e fabuloso negócio (das Arábias)! E já nem falo de outros negócios, no presente, como o da segurança privada ou aqueles que foram celebrados, no passado, com o sanguinário regime Saddamista, quando este era «bem comportado» e por consequência era protegido do Ocidente; só que o ditador estragou a vida dele com a invasão do Kuwait.
E tudo seria perfeito não fossem os desmancha-prazeres da Al Qaeda e aqueles iraquianos patriotas que, longe de serem apenas gente do regime de Saddam, não toleram a invasão, ocupação e espoliação do seu país fazendo a vida negra aos invasores e fazendo-os pagar um preço elevado em termos de baixas tornando ridícula a declaração de vitória de Bush a 1 de Maio de 2003. Pensaram, erradamente, que chegavam e roubavam os recursos do Iraque enquanto que os iraquianos comiam e calavam! Só os imbecis dos soldados ianques é que comem e não só calam como gostam pois não conseguem ou não querem perceber que estão no terreno principalmente a proteger o sonhado negócio milionário de alguns compatriotas, entre eles algumas figuras do regime Bushista não se importando de serem carne p´ra canhão ou insignificantes e sacrificáveis peões naquele xadrez pois cada vez que recebem, entre outras, a visita do sinistro Secretario da Defesa perfilam-se todos para a fotografia, risonhos, batendo palminhas e dando-lhe palmadinhas nas costas e até pedindo-lhe autógrafos. Acontece que a visita de tão ilustres personalidades é «de médico», pois a situação é perigosa, durando o tempo estritamente necessário para animar a malta, retirando-se rapidamente e em força para local mais protegido deixando a tropa macaca entregue «aos bichos»! A imprensa e os ocupantes retratam estes acontecimentos como visitas surpresa. Eufemismo barato! Eu chamo-lhe antes visitas relâmpago, de fugida e ás escondidas para não serem alvo da resistência que se soubesse de antemão de tão graúdas figuras, a bordo dos helicópteros que cruzam os céus do Iraque, chamavam-lhe um figo, abatendo-os imediatamente!
Resumindo e concluindo, sempre que as vítimas do terrorismo são de países do terceiro mundo pouca importância se dá, quando um qualquer gato-pingado ocidental é vítima do terror logo todo o mundo se desfaz em condolências e minutos de silêncio!
Há ainda o recém-criado chavão que é propalado por muitos quando ocorre um atentado terrorista de grande envergadura no ocidente que consiste em afirmar que somos todos da cidade vítima de atentado. Por mim, não me importo, em dia de atentado, de ser nova-iorquino, madrileno ou londrino desde que seja também de Bagdad, Fallujah, Kerbala, Najaf, Islamabad, Quetta, Bali, Istambul, Ramalah ou Gaza!