quarta-feira, fevereiro 23, 2011

Poderá o Torrão retirar vantagens do futuro IC33?

Objectivo


Este trabalho tem como objectivo essencialmente mostrar a importância estratégica da Freguesia do Torrão. Importância essa que poderá crescer ainda mais com a passagem do futuro IC33. Pretende-se ainda que este trabalho, apesar de algo superficial e longe de ser um estudo minucioso, sirva como base para alguém no futuro desenvolver ainda mais em profundidade esta temática. Por fim espera-se que sirva para enquadrar e clarificar no sentido de agir de forma a que esta freguesia tire vantagens da sua localização única de maneira a não permitir a fuga de oportunidades cruciais e valências únicas para a região.


A Freguesia

A mais meridional das freguesias do Concelho de Alcácer do Sal e a segunda maior freguesia, do país, em área (372,763 quilómetros quadrados) - sendo a primeira Santa Maria do Castelo, freguesia também pertencente a este concelho - a Freguesia do Torrão conta com cerca de 2758 habitantes, de acordo com dados do INE, distribuidos por seis povoações: a Vila do Torrão (sede da freguesia) e as aldeias de Rio de Moinhos do Sado, Mil Brejos Batão, Casa Branca do Sado e S. Romão do Sado.
A Freguesia do Torrão é atravessada pelo Rio Xarrama - cuja nascente se situa nas próximidades de Évora e vai desaguar no Rio Sado - e é uma zona de terra férteis produzindo principalmente batata, azeite, cortiça, arroz e, tem-se assistido recentemente, a um cada vez maior desenvolvimento da actividade vitivinícula.
As principais actividades económicas do Torrão são a agricultura, a pecuária e a industria de panificação bem como a construção civil, serralharia e carpintaria.


Localização geográfica do Distrito de Setúbal

Localização geográfica do Concelho de Alcácer do Sal relativamente ao distrito em que se enquadra



Localização geográfica da Freguesia do Torrão em relação ao concelho a que pertence

O Torrão como zona de charneira


Localizada estratégicamente a meio do corredor Sines-Évora e praticamente no centro do triângulo Setúbal-Évora-Beja, a vila do Torrão e a freguesia em geral, assume-se assim como uma importante placa giratória no eixo norte-sul e também no eixo este-oeste distando 55 Km de Beja, 45 Km de Évora e 87 Km de Setúbal. A sua localização é fulcral por se encontrar assim estratégicamente colocada nas próximidades de infraestruturas estratégicas como sendo o aeroporto de Beja (já concluido mas ainda não operacional) e a futura fábrica de aeronáutica da EMBRAER em Évora (já em construção). O Torrão está ainda a cerca de 45 minutos da A2, via que liga Lisboa ao Algarve e a aproximadamente uma hora e meia de Lisboa, que se situa a cerca de 120 Km. O Torrão dista ainda a cerca de 60 Km do litoral mais concretamente da Comporta mas também de Tróia, locais onde estão implementadas importantes zonas turísticas.
Factor importantíssimo para a economia nacional e poderá sê-lo também para o Torrão, o complexo de Sines, engloba a refinaria petroquimica e o Porto de Sines. Com fundos naturais até 28 metros, o Porto de Sines é o maior porto de águas profundas da Europa. Devido às suas características geofísicas, é a principal porta de entrada de abastecimento energético de Portugal: gás natural, carvão, petróleo e seus derivados. Com o recrudescer da tensão e instabilidade no Médio Oriente e em particular no Egipto onde o desenvolvimento dos acontecimentos e da situação política poderão ter reflexos ao nível da operacionalidade do Canal do Suez, o Porto de Sines adquire deste modo uma importância estratégica crucial, o que vem de encontro ao que defendeu SAR D. Duarte Pio em recente entrevista à Golden News Cascais onde afirma que «Portugal não é um país periférico. Ao contrário, está no centro do mundo entre a Europa, África e América».
Como referido anteriormente, o Torrão situa-se ao centro do corredor Sines-Évora, situação privilegiada tendo em vista a passagem do futuro IC33, via que, entre outros, tem como objectivo reforçar as ligações entre o Porto de Sines e a Península Ibérica e o resto da Europa.




Mapa que procura demonstrar a importância estratégica da Freguesia do Torrão


O projecto IC33

Há cerca de doze anos que o tema IC33 começou a constar da agenda política local, nomeadamente da parte do Partido Socialista. O Itinerário Complementar Nº33, vulgo IC33 é uma via que irá ser concebida com o propósito principal de establecer uma ligação rodoviária entre o litoral e o interior sul do país e de proporcionar o reforço das acessibilidades regionais bem como - e isso é mais importante - de permitir o reforço das ligações entre o Porto de Sines e a Península Ibérica e restante Europa, contribuindo para alargar de forma relevante a área de influência deste porto, cujas especificidades já foram referidas anteriormente.
Integrado no Plano Rodoviário Nacional 2000 (PRN 2000) e integrando a Rede Rodoviária TransEuropeia (E82), o IC33, ao permitir a ligação referida entre o litoral e o interior sul bem como a conexão com Espanha e consequentemente com o resto da Europa, nomeadamente por parte do Porto de Sines, assume uma importância estratégica regional, nacional e de abertura à Europa significativa e não desprezável.
De acordo com o Estudo de Impacto Ambiental, o troço a ser construido será um corredor com 14 metros de largura que engloba duas vias e terá uma extensão de 70Km com início nas próximidades de Grândola e terminando nas próximidades de Évora.
O mesmo estudo, que divide o troço em três trechos prevê que a construção demore mais ou menos dois anos por trecho e cerca de três a quatro anos a sua totalidade.
Relativamente a postos de trabalho, o estudo prevê a criação, na fase de construção, de cerca de trezentos e na fase de exploração cerca de quarenta postos de trabalho nas áreas da limpeza e manutenção da via. Prevê-se ainda que esta via tenha um tráfego de aproximadamente quatro mil viaturas por dia.



Estudo de Impacto Ambiental - Mapa 1

Uma via, duas soluções


O Estudo de Impacto Ambiental, divide, como se disse, o trajecto em três trechos (para o caso vamos apenas nos debruçar sobre o trecho 2 por ser o que engloba a Freguesia do Torrão) e contempla duas soluções denominadas A e B.
Relativamente à passagem pela Freguesia do Torrão, o futuro traçado seja na versão A seja na versão B interceptará a ER2 no troço Torrão-Odivelas e a EN 383 no troço Torrão-Vila Nova da Baronia.




Estudo de Impacto Ambiental - Mapa 3 (Troço 2)



Qual a solução que melhor serve os interesses do Torrão?


O estudo aponta para um custo, relativamente à solução A, de 119.200.000 € e, relativamente à solução B, de 91.300.000 €. Para além disso, embora o estudo preveja várias combinações de alternativas por trechos, a Assembleia Municipal de Alcácer do Sal, em ofício enviado a várias entidades, identificou a ausência da combinação de alternativa B-(A, A1, A)-B sublinhando a preferência pela solução A por ser aquela que mais favorecerá não só o Torrão mas também Alcáçovas não prejudicando Vila Nova da Baronia nem Odivelas.
Na verdade, a intercepção do futuro IC33 com a ER 2, na versão A, distará apenas aproximadamente 4,5 Km do Torrão, em particular da intercepção da Rua de Beja (ER2) com a Rua da Estalagem enquanto na versão B distará aproximadamente 10,5 Km. Quanto à intercepção com a EN 383 a solução A prevê que esta se situe a cerca de 5 Km do Torrão, mais concretamente do campo de Futebol do Torino Torranense enquanto a alternativa B implica que esta se situe a cerca de 9,5 Km. Tanto num caso como noutro, as imagens seguintes retratam os pontos de intercepção referidos.
Ainda de acordo com a Assembleia Municipal, baseando-se no estudo, a solução B surge como a mais desiquilibrada do ponto de vista ambiental nomeadamente no que respeita ao movimento de terras e constituição de aterros. Por fim, este órgão autárquico alerta que a adopção da solução B irá afectar várias explorações agricolas, nomeadamente a Herdade das Soberanas, zona de importante produção vitivinícola reconhecida em todo o mundo como o demonstram os vários prémios arrecadados.
Por fim, também a Junta de Freguesia do Torrão, em concertação com os demais órgãos autárquicos, não deixou de se pronunciar sobre o assunto e em missiva dirigida à Estradas de Portugal usou como principal argumento o facto da construção do IC33 ter na sua génese a razão deste vir a complementar a A2 e o IP2 que já servem aglomerados populacionais nas imediações procurando ainda sensibilizar para o facto da freguesia vir a ter oportunidade de almejar o desenvolvimento da sua economia tendo para tal de estar servida de acessibilidades rodoviárias adequadas defendendo ainda que só a solução A trará manifestamente mais valias ao nível da mobilidade local, regional, nacional e até mesmo internacional o que beneficiará muito a região.

Local de intercepção do futuro IC33 com ER2 (Solução A)



Local de intercepção do futuro IC33 com ER2 (Solução B)



Local de intercepção do futuro IC33 com EN 383 (Solução A)



Local de intercepção do futuro IC33 com EN 383 (Solução B)


Conclusão


A conclusão que se tira é que a Freguesia do Torrão está implementada numa zona fulcral. O IC33 é uma via extremamente importante do ponto de vista estratégico.
A passagem do traçado do futuro IC33 poderá potenciar várias valências para uma região que se bate com a interioridade e o envelhecimento da sua população. Na verdade este traçado poderá abrir múltiplas prespectivas. Porém só isso não basta. Caberá ao Torrão e aos órgãos políticos locais a sapiência e inteligência necessárias de forma a conseguir captar investimento e atrair empresários para a região bem como apostar na formação nomeadamente das camadas mais jovens da população. São vários os desafios que se põem a começar pelo de tentar que a solução A seja adoptada e venha a vingar. Seja como for, para que tal desígnio se concretize não pode haver lugar ao imobilismo. Só o dinamismo dos diversos órgãos e instituições envolvendo toda a população poderá implicar o tão almejado desenvolvimento que estará ao alcance da região assim se aproveite a oportunidade.

2 comentários:

Anónimo disse...

Pois é...muito bem, muito bem assim não fosse destruir o que "alguns" construíram com muito gosto, mas será que essa destruição será um mal necessário para o NOSSO Torrão?? Se assim o for então talvez valha a pena, mas como diz S. Tomé VER PARA CRER.
Esse tão afamado IC33 terá uma intercepção por um local que me pertence e que nada nem ninguém me conseguirá pagar o valor que ele representa para mim.
Juliana Madaleno

Anónimo disse...

por mim, tirava todas as arvores que estao junto as estradas, isso é um grande perigo...mas com a paneleirice de proteger a natureza, ha mortos depois...ate dà raiva as leis que se fazem em portugal...