sábado, outubro 06, 2012

Um regime de pantanas

"Se mandarem os Reis embora, hão-de tornar a chamá-los. Eu que suponho que as instituições monárquicas podem, devem e hão-de ser algum dia garantias de liberdades, estou por esta parte inteiramente descansado"
Alexandre Herculano (1810-1877)
 
"Bandidos da pior espécie (muitas vezes, pessoalmente, bons rapazes e bons amigos – porque estas contradições, que aliás o não são, existem na vida), gatunos com seu quanto de ideal verdadeiro, anarquistas-natos com grandes patriotismos íntimos, de tudo isto vimos na açorda falsa que se seguiu à implantação do regime a que, por contraste com a Monarquia que o precedera, se decidiu chamar República."
Fernando Pessoa (1888-1935)
 
"A Monarquia havia desperdiçado, estúpida e imoralmente, os dinheiros públicos. O país, disse Dias Ferreira, era governado por quadrilhas de ladrões. E a República que veio multiplicou por qualquer coisa - concedamos generosamente que foi só por dois (e basta) - os escândalos financeiros da Monarquia."
Fernando Pessoa (1888-1935)

E o regime está, na verdade, expresso naquele ignóbil trapo que, imposto por uma reduzidíssima minoria de esfarrapados morais, nos serve de bandeira nacional – trapo contrário à heráldica e à estética porque duas cores se justapõem sem intervenção de um metal e porque é a mais feia coisa que se pode inventar em cor. Está ali contudo a alma do republicanismo português – o encarnado do sangue que derramaram e fizeram derramar, o verde da erva de que por direito mental devem alimentar-se.»
Fernadno Pessoa (1888-1935)


 

Alexandre Herculano vaticinou premonitoriamente. Fernando Pessoa dissecou com uma precisão assombrosa e cortante aquilo que já lhe era óbvio. Estivessem cá ambos.
Desengane-se quem pensar que isto é uma montagem. Não é! Aconteceu ontém no reservado espaço (Páteo da Galé), onde os condenados (às galés)... perdão - se bem que a esmagadora maioria o merecia - dignatários da república se refugiaram com medo da... res pública, do povo.
Alguns poderão vir dizer que todos os problemas de Portugal fossem a bandeira hasteada ao contrário. Mas não. Nem a isso se atrevem pois sabem que não há força maior do que a força de um simbolismo. Para a mente humana a força de um simbolo é avassaladora. Nos tempos que atravessamos. esta iamgem é mortal, é simplesmente demolidora, desmoralizante, desanimante, é uma imagem de descrédito, de bandalheira, de desvergonha total. É o fim!

Aquilo que ontém verificamos mais não é do que o expoente máximo daquilo que vem sucedendo. Não é só o povo da bola que volta e meia dá uma cambalhota ao pendão republicano sendo que até em edificios públicos como tribunais, Câmaras, Juntas, etc. tal se verifica. Este, até pela força do simbolismo e por ser em directo, é apenas o mais ridículo, grotesco e caricato de todos os eventos do género.

Os códigos militares são explícitos: uma bandeira hasteada ao contrário significa rendição e que o local está tomado pelo inimigo, cabendo até ao inimigo hastear a bandeira do derrotado ao contrário como forma suprema de humilhação e com o objectivo da desmoralização total retirando ânimo, vontade e motivação a quem ainda queira lutar e procure inverter o rumo dos acontecimentos - é essa funesta carga simbólica que uma bandeira invertida carrega.


Mas quem pensa que só em Lisboa é que há bandeiras de pantanas desengane-se. No mais recôndito local o mesmo se verifica. Naturalmente que o nosso Torrão não ficou atrás e já havia cometido a proeza. Aqui está retratada a bandeira hasteada no edifício da Junta de Freguesia mas em outras instituições cá do burgo já se cometeu a mesma façanha.
Mais triste ainda foi ouvir de viva voz o nosso gracioso edil, ex-militar de carreira, de classe intermédia, ver aqui uma coisa perfeitamente normal e banal referindo à boca cheia que na tropa era a coisa mais normal e natural do mundo: a bandeira ser hasteada ao contrário, calcule-se. Só se for uma tropa fandanga, patamar ao qual eu não acredito que as nossas Forças Armadas tenham chegado ainda, muito graças ao alto gabarito dos homens e mulheres, nomeadamente Oficiais, que as compõem, embora infelizmente, na minha modesta opinião, estejam no limiar.
Ontém, graças a esta moscambilha, Portugal foi humilhado e motivo de chacota por esse mundo fora. Com o advento das redes sociais e dos blogs estes fenómenos têm uma repilcação viral. Nada que tire o sono a estas nulidades.

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