Tal como eu pensava, os habitantes da velha Albion foram fieis à sua História e esconjuraram o Leviatã do seu reino.
Abençoados que não vão em cantigas. E palpita-me que a seguir serão os dinamarqueses e não é liquido que os holandeses também fiquem impávidos e serenos. E mesmo os finlandeses. Em países onde verdadeiramente vigor a uma democracia plena é assim. Até mesmo os islandeses, sim os tais, mal se aperceberam da ratoeira em que estiveram prestes a cair rapidamente arrepiaram caminho e retiraram o pedido de adesão.
Muitos dizem que o Reino Unido sempre estiveram com um pé fora e um pé dentro. O que isso significa é que sempre foram críticos e pensaram pela sua cabeça e sempre que os seus interesses eram postos em causa, rapidamente batiam o pé de forma veemente.
Já em repúblicas das bananas governadas por uma cáfila de coronéis Tapioca é que nunca o povo foi visto nem achado.
Éramos o «bom aluno» como diria esse Cavaco. Já em 1992, eu dizia que Portugal era o capacho da CEE. E já então eu dizia, aquando dos milhões a fundo perdido, que os estrangeiros não nos estavam a dar nada de mão-beijada e que mais tarde iam cobrar. Passados vinte anos... Já dos milhões a fundo perdido... houve quem tivesse enchido bem os bolsos... e os offshores.
Bom aluno ou aluno medíocre, submisso, calão e cábula?
Ainda ontem, quando, ansioso, vinha a ouvir na rádio ecos da Britânia, estavam dois senhores a debater. A um deles fugiu a boca para a verdade quando disse que não interessava à Grã-Bretanha sair pois tinham tudo «do bom e do melhor» e muitas vantagens e que não estava sob o espartilho da austeridade e das restrições por não estar na zona euro. Ora aí está! Então era tão bom o Euro para Portugal. Até houve quem se gabasse que Portugal estava no «pelotão da frente». Hoje esse grande ciclista nem à frente do carro-vassoura vai. Aos traidores que venderam a nação e puseram o país de joelhos nada mais lhes interessa senão servir interesses alheios a Portugal e aos portugueses desde que eles também sejam beneficiados. Por muitíssimo menos que isto Miguel Vasconcelos sofreu os tratos que a História no diz.
Era o que faltava. os alemães, inclusive o paralítico com cara de Nazi ainda mostrou os dentes pensando que estava a lidar com a Grécia. Esquece-se que o UK não é a Grécia. A Grécia está com a corda ao pescoço mas os britânicos, que nunca foram em corridas, tinham toda a liberdade de acção. E mesmo os gregos já começam a questionar uma simples verdade que eu há muito identifiquei. Ou ficam e mamam a pastilha ou saem.
Portugal tem a corda ao pescoço e vergado sob o peso de uma impagável dívida - dívida, a moeda dos escravos. É esse o percurso do «bom aluno». Foi neste atoleiro que nos meteram sem nos passarem Cavaco e ainda há poucos dias o inenarrável e truculento actual Ministro dos Negócios Estrangeiros dizia que em Portugal nunca haverá Brexit, isto é, nunca haverá referendo para decidir a saída. Coerente, pois se nunca houve referendo para decidir a entrada fosse no que fosse.
Vendemos a soberania inclusive monetária. Uma economia fraca ficará mais anémica se a moeda for forte. Não podemos fazer varias o câmbio para equilibrar as contas. Vendemos a soberania de tal ponto que hoje até já querem que os orçamentos nacionais primeiro levem o crivo e chancela de Bruxelas e só depois é que podem ir a votação nos parlamentos nacionais. Uma Europa em que os europeus desconhecem desconhecem o seu fundamento, onde emergem figuras obscuras que ninguém votou, um parlamento europeu que vive no luxo e opulência sem que se saiba exactamente o que fazem tais tribunos. Quando eu em 2014 defendi a abstenção muitos me condenaram por não cumprir um direito e que deixava a decisão em mãos alheias. A esses pergunto: Têm acompanhado o percurso dos eurodeputados nomeadamente aqueles em quem votaram? Afinal decidiram o quê?
Pela primeira vez, em meio século abriu-se a Caixa de Pandora. Outra Caixa de Pandora será aberta no dia em que um país resolver deixar a moeda única.
Espero bem que os burocratas controlem as suas pulsões e não cedam à tentação de desestabilizar o Reino Unido acicatando minorias independentistas ou embarcando numa nova política bonapartista de Bloqueio Continental.
Não é isto que os europeus querem. O que os europeus querem é uma associação de estados livres de forma a criarem um mercado único e um espaço onde circulem livremente pessoas e bens e não uma união política onde a identidade e especificidade dos povos seja diluída num super-estado governado por eminências pardas.
Esta não é a Europa de Delors. É uma Europa neo-feudal imposta por burocratas. O caminho seria uma confederação da estados-livres associados e não, como muitos pretendem, uma diluição dos povos e identidades nacionais num super-estado: Estados Unidos da Europa. Esquecem esses idiotas que isso é possível nos EUA porque são uma entidade homogénea e recente em termos históricos mas que é impossível num continente habitado por povos milenares e totalmente diferentes entre si.
There'll always be an England!
Sem comentários:
Enviar um comentário