Convido os meus leitores e visitantes a assinar a petição nacional que decorre online. O motivo da petição encontrá-lo-á em baixo bem como a razão porque deve ser assinada. Façam como eu (Assinante Nº661) e centenas de portugueses -ASSINAI A PETIÇÃO ONLINE - pois, fazendo juz a uma expressão conhecida, terrorismo não pode ser branqueado.
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Por LUIS GUERREIRO
Panteão Nacional! Igreja de Santa Engrácia, Lisboa! Mausoléu Nacional de pelo menos parte da nossa memória colectiva! Para lá foram alguns dos grandes, os maiores da Pátria. E os que não pudemos lá colocar, erigimos em Seu nome cenotáfios (monumentos evocativos de corpo ausente). Foi isso que fizémos em memória de Luís de Camões, Nuno Álvares Pereira, Infante Dom Henrique, Afonso de Albuquerque, Pedro Álvares Cabral e claro, talvez o Português mais famoso no Estrangeiro - Vasco da Gama!
Mas alguns dos Grandes Portugueses que temos orgulho em recordar, não têm no Panteão Nacional um monumento evocativo. Os seus restos mortais estão lá de facto! Foram lá sepultados e veneramos a sua memória, porque não apenas serviram o glorioso e antigo nome de Portugal, honraram a nossa Portugalidade, o nosso Universalismo, o nosso Humanismo e às vezes a nossa maneira muito peculiar de estar no Mundo e de ser Nação! Almeida Garrett, João de Deus e Guerra Junqueiro foram lá sepultados. Faz-lhes companhia - quem não se lembra? - Amália Rodrigues, tão adorada em Portugal como... no Japão! O Funeral de Amália, coisa rara, escreveu páginas inteiras nos jornais de todo o Mundo. Será que já nos esquecemos? Lisboa ficou de pernas para o ar e o Mundo também. Mesmo que não se goste de fado, quem não ficará orgulhoso de uma Portuguesa que deixou no Mundo uma marca tão especial, da nossa maneira de ser tão especial?
O Panteão Nacional, longe de ser apenas um mausoléu, a última morada de alguns de nós, é também o lugar em que, de algum modo, nós Portugueses, repousaremos. Não fisicamente! Não é disso que se trata! É a nossa nacionalidade que ali repousa. Traquilamente. Serenamente. O espírito universal de se ser Português, a representação de uma Língua, sexta posição nas línguas mais faladas no Mundo, partilha e herança cultural de quase 300 milhões de Seres Humanos no Mundo inteiro. É OBRA! Ou será que nos esquecemos?... É esta grandiosidade imensa de um País relativamente pequeno que reflecte o verdadeiro espírito de se ser Português. Cidadãos de Portugal, mas seguramente Cidadãos do Mundo, reflectimos perante nós mesmos e aos olhos do Mundo, características próprias, que fazem de nós uma Cultura única universalmente reconhecida.
É portanto claro - ou devia ser - que o Panteão Nacional nunca foi nem é uma simples colecção de defuntos que em vida tiveram algum talento. O Panteão Nacional representa mais, muito mais. É um Monumento de Excelência Portuguesa, de Universalismo e de Humanismo. De Glória. De Honra. De Cidadania no seu melhor.
Ora a recente decisão da Assembleia da República, de para lá mover os restos mortais de Aquilino Ribeiro ofende gravemente e - devo dizer - dolorosamente estes princípios e valores.
Aquilino Ribeiro tinha talento! Salazar dizia dele que era um inimigo do regime, mas isso não importava, porque era um grande escritor!
Porque razão então nos opomos à sua trasladação para o Panteão? Porque Aquilino Ribeiro cometeu actos inaceitáveis e participou em acções de terrorismo, subversão e cumplicidade no assassinato de um Chefe de Estado de Portugal! E assim, não cumpre todos os requisitos que fazem da nossa herança cultural colectiva uma mensagem universal de Humanismo, Paz e Civilidade.
Quem guardava em casa caixotes de explosivos destinados ao fabrico de bombas, com o intuito de matar Seres Humanos, simplesmente não pode ir para o Panteão.
Quem, um belo dia, durante a preparação de uma bomba em sua casa, foi apanhado pela Polícia em flagrante delito, porque a bomba explodiu acidentalmente (28 de Novembro de 1907), e por essa razão foi encarcerado, não pode ir para o Panteão.
Quem, no desrespeito pela Ordem e o Primado da Lei, se evade da prisão (12 de Janeiro de 1908), não pode ir para o Panteão.
Quem, uma vez em fuga, se une de novo a seus compinchas assassinos do Chefe de Estado e, no dia 1 de Fevereiro de 1908, é identificado por numerosas testemunhas, de arma em punho, perto do local do assassinato do Chefe de Estado, claramente, não pode ir para o Panteão.
Quem, uma vez assassinado o Chefe de Estado, foge para Paris, não pode ir para o Panteão.
E o Parlamento Português, num mundo dominado por violência, morte, sofrimento, guerra e terrorismo, que tem feito centenas, milhares de vítimas, NÃO DEVE enviar para o Panteão Nacional alguém com o passado de Aquilino Ribeiro! Os ecos desta decisão soarão Mundo fora e a imagem externa de Portugal sofrerá com esta decisão desastrosa da Assembleia da República. Ao enviar Aquilino Ribeiro para o Panteão, a Assembleia da República tacitamente endorsa actos que o resto do Mundo Civilizado claramente condena. É um erro!
Portugal é um Estado de Direito! Integrado num Mundo de Estados de Direito, Democracias onde a Ordem Legal e o Primado da Lei são valores fundamentais a defender e por causa destes condena o Terrorismo que nos tempos de hoje tem os mesmos efeitos do terrorismo que Aquilino Ribeiro de alguma forma subscreveu: morte, sofrimento humano e subversão do Primado da Lei!
E quanto a nós Portugueses... Quantos de nós REALMENTE estariamos dispostos a receber junto dos nossos próprios mortos, alguém que se envolveu em actos como os que acima descrevi?
É que, os mortos no Panteão, contrariamente ao que possamos pensar, não são desconhecidos! São nossos, os mortos especiais da Família Portuguesa e isto, Portugueses... Somos todos nós! Mas unidos por uma Paz que Aquilino Ribeiro não subscreveu! E por isso o Panteão não o pode acolher!
ASSINE A PETIÇÃO! A DIGNIDADE NACIONAL MERECE!
To: Presidente da Assembleia da República
A Sua Excelência o Senhor Presidente da Assembleia da República
Excelência, Verificado o cumprimento dos pressupostos legais para o exercício do direito de petição colectiva, no caso uma representação, vêm todos os signatários manifestar a sua discordância com a trasladação dos restos mortais de Aquilino Ribeiro para o Panteão Nacional, por deliberação da Assembleia a que Vossa Excelência preside. Mais vêm manifestar esta discordância de uma forma determinada e expectante. Determinada e expectante, Senhor Presidente, porque a Assembleia da República, independentemente de considerações de natureza cultural, deve atender ao facto, historicamente provado, de Aquilino Ribeiro ter participado na conspiração para o assassinato do Chefe de Estado de Portugal, em 1 de Fevereiro de 1908, Sua Majestade El-Rei D. Carlos, e Seu Filho, Sua Alteza Real o Príncipe Dom Luis Filipe. A contradição, Excelência, parece-nos díficil de ultrapassar: considerar herói nacional, propor como exemplo às gerações vindouras, alguém que participou na preparação de atentados terroristas e que foi preso por isso mesmo; alguém cujo processo por participação em atentados bombistas foi levado a tribunal em 13 de Fevereiro de 1908, juntamente com mais dois arguidos; alguém que depois veio branquear o seu passado e sacudir as mãos à varanda de Pilatos, confunde-nos o espírito de portugueses e de ocidentais, defensores da democracia e dos direitos humanos. Com esta trasladação, a instauração da República fica equiparada ao acto do regícidio! Mas, Senhor Presidente, Herói e Assassino são antónimos. A sua conjunção é uma impossibilidade ética. E, se não se confirmar a impossiblidade legal daí decorrente, são um conceito apenas: um equívoco no coração da própria República! Vossa Excelência, personalidade de elevadíssima idoneidade e dimensão humana, constitui motivo de certeza para todos estes portugueses, em número de e de todos os outros que dentro e fora do território nacional têm o espírito em sobressalto, de que esta ignomínia ficará pela mera tentativa. É o País inteiro que atento e grato pela procedência desta representação, vem assinar e dirigir a Vossa Excelência este grito muito forte e muito português: Deixem em paz as cinzas de Aquilino Ribeiro! Deixem que a Posteridade lhe teça os elogios literários que merecer! Mas não ergam em símbolo de cidadania quem deu provas de aceitar que os métodos terroristas e o assassinato de um Chefe de Estado são meios procedentes e legítimos para instaurar ideais políticos. Não o coloquem no Panteão Nacional!
Sincerely,
3 comentários:
Nunca tinha ouvido falar desta situação ligada a Aquilino Ribeiro o que não invalida que isso realmente tivesse acontecido. Mas participou no assassinato de um chefe de estado? Que chefe de estado? O nosso último monarca? Deve ser isso. Mas não deve ter sido o único a conspirar contra a monarquia e a favor do regime republicano. As coisas têm que ser vistas à luz da época. Caso contrário, como nos podiamos orgulhar do nosso passado colonizador? Fazer uma petição por causa disso parece-me exagerado. Mais grave é a antiga sede da PIDE ir agora tornar-se num empreendimento de luxo, em vez de aí se fazer um museu que informe/forme os nossos jovens (e adultos) sobre o que foi a ditadura. Enfim... mas respeito a sensibilidade de cada um.
Antes de mais, D. Carlos não foi o último monarca mas foi sem a menor sombra de dúvida, a meu ver e no ver de muito boa gente, o melhor e mais talentoso Chefe de Estado que Portugal teve no século XX. Contudo o que está aqui em causa é o branqueamento do terrorismo levado a cabo por uma organização clandestina que perpetrava actos criminosos contra os cidadãos portugueses. A Familia Real portuguesa não foi a única vítima desta organizãção que espalhou o terror por Lisboa e não só.
Aquilino pode não ter sido o único que conspirou ILEGALMENTE contra o estado de direito que vigorava na época mas é o único até agora proposto para ir para o Panteão Nacional e isso não pode passar em claro porque ao contrário daquilo que diz tais actos não podem ser apenas vistos à luz da época como refere.
Afirma a senhora, e muito bem, que deveria ser feita isso sim uma petição contra o facto da antiga sede da PIDE, polícia política da 2ª República, vulgo Estado Novo, ser convertida em hotel de luxo pois deveria ser erguido em seu lugar um museu que «informe/forme os nossos jovens (e adultos) sobre o que foi a ditadura» mas de acordo com aquilo que afirma anteriormente eu serei forçado a perguntar PORQUÊ na medida em que a sua argumentação enferma de uma contradição grave pois se, como afirma, o terrorismo da Carbonária deve ser visto à luz da época o que equivale a dizer que se deve compreender e até perdoar tais actos pois eram apenas fruto da época então eu ou qualquer outra pessoa poderá retorquir se quiser igualar-se na sua argumentação que se calhar também seria escusado fazer uma petição relativamente à sede da PIDE/DGS pois os actos criminosos da polícia política (e não só; a Guarda Republicana - GNR - também praticou muitos assassinatos durante o Estado Novo e até mesmo durante a 1ª República algo que os senhores recusam a aceitar) devem ser vistos á luz da época.
Aquilino pagou um preço por participar em tais actos; custou-lhe o Prémio Nobel pois sabia-se da sua participação em actividades criminosas. Pelos vistos em Portugal, e numa altura em que o mundo está empenhado no combate ao terrorismo, tais factos são irrelevantes. Aquilino pode até ter sido um brilhante escritor mas não será certamente pelos seus belos escritos que irá para o Panteão mas sim pela sua «obra política» pois se assim não fosse porque não elevar ao Panteão outro qualquer escritor que não Aquilino Ribeiro e ainda mais quando se aproxima o centenário da República de 1910? Só não vê quem não quer que este acto é eminentemente político. Será o «justo» prémio atribuido durante a comemoração do centenário da imposição da República a quem usou todas armas para impor à força um regime apoiado por um franja residual da sociedade como os resultados eleitorais da época demonstram (o Partido Republicano era livre de concorrer a eleições e de exprimir os seus pontos de vista) e só não se premeia Buiça e Costa porque o despudor ainda não chegou para tanto ou porque sabem que o povo português jamais permitiria tal infâmia.
Homenageando um membro homenageia-se a organização e a sua «obra» e estamos ditos.
Não me sinto à vontade para discutir questões ligadas ao fim da monarquia porque, por manifesta falha minha, não conheço os factos como o Paulo conhece. Também já percebi que é Monarca, o que o faz ver as coisas desse prisma e sinta como injusto o facto de Aquilino Ribeiro ir, eventualmente, para o panteão. De qualquer forma, a minha argumentação não está enferma, nem considero que caia numa contradição por achar mais relevante um facto do que outro. São sensibilidades diferentes. Como Republicana e, acima de tudo, democrata, considero que aquilo que se passou antes do 25 de abril foi manifestamente mais grave que as conspirações republicanas. Há 30 anos atrás as mulheres não votavam, a taxa de analfabetismo era enorme, existia uma guerra colonial estupida onde morreram milhares de pessoas (portugueses e africanos)e é o antigo regime, cujo salazar e a pide são os marcos principais, que está na base do nosso atraso estrutural relativamente aos outros países europeus. Para além do país não ter desenvolvido durante 50 anos, tendo mesmo regredido em vários sectores, há uma coisa ainda mais importante que ficou: uma mentalidade formatada, em que as pessoas não eram convidadas a pensar, pois não tinham acesso à educação, à informação e que nos dias de hoje ainda se sente! E de que maneira...
Desta forma, considero essencial formar os jovens e informá-los sobre toda a história de Portugal, não só sobre os factos que conta, sobre o derrube da Monarquia e de quem conspirou contra a mesma, mas também sobre a época da ditadura. A partir daqui cada um decide sobre que facto é mais relevante e quem merece, ou não, ser glorificado antes ou após a morte.
Eu nasci a seguir ao 25 de Abril.
Nunca vivi em ditadura, mas não me consigo imaginar a viver num país cinzento, triste e injusto como foi o do salazar, da pide, da falta de liberdade e da guerra colonial. Por isso, acho que é importante educar as pessoas para que não se volte ao mesmo.
No que diz respeito à monarquia, parece-me uma situação totalmente resolvida no nosso país. Poucas pessoas desejarão o seu regresso, até porque não faz sentido. Mesmo os países com regime monárquico (Espanha) têm no rei um poder meramente simbólico.
Se D. Carlos foi o mais talentoso chefe de estado português de século XX, não sei. O que fez de tão importante? Distinguiu-se no quê? Aquilo que sei é que a monarquia estava podre e desadequada da realidade, isso estava. Basta ler Eça de Queiroz. Na sociedade daquela época, está a base do que somos hoje e Eça soube descrevê-la tão bem! As ideias liberais vingavam um pouco por toda a Europa e os mais iluminados, que tinham acesso a mais informação, acabaram por colocar em causa um regime de séculos mas que já não respondia às aspirações das pessoas, às necessidades de um país que já aí tinha tiques de não produtividade, de não desenvolvimento, com as elites muito centradas em copiar os modelos de fora e em produzir pouco ou nada...
E já agora, as coisas têm mesmo que ser vistas à luz da época, caso contrário, D. Afonso Henriques será considerado o pai do terrorismo nacional, tal não foram os métodos, técnicas e estratégicas bélicas utilizados para alcançar os seus fins! Sendo monárquico, acredito que terá este rei em grande consideração, já que é a base daquilo que somos hoje!
Enfim... a sua argumentação (como monárquico) será tão válida como a minha (como republicana).
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