segunda-feira, novembro 05, 2012

A Herança

Mau ordenamento, mal organizado, mal planificado, mal urbanizado; assim foi desenhada a Zona H2, agora Bairro Miguel Torga, há coisa de duas décadas. Apesar de ser o mais recente dos bairros do Torrão esta zona tem, por incrível que pareça, ilhas afaveladas. É o espelho de tudo aquilo que não se deve fazer em termos de ordenamento e gestão urbanística. Não se compreende porque é que os lotes não confinaram uns com os outros, levando assim a um enorme desperdício de espaço e a estas zonas de ninguém.
São três enormes espaços de ninguém, três baldios, três enclaves com as casas de costas umas para as outras, com ruelas, com veredas com postes eléctricos ali colocados sem nenhum critério aos quais se junta um enorme largo que, já aqui tinha sido referido e intitulado de Jardim dos Ferros, nem é zona verde nem é loteado.
Agora? Agora há que remediar. É claro que não se pode demolir o que foi construido. O mal está feito. Mas qual a política que domina? Ignorar, assobiar para o lado. Essa é a política. Fingir que não existe... Aliás para os serviços não existe ou se existe, vai-se lá só quando «o Rei faz anos» o que até faz algum sentido visto que aquilo não é urbanizado.
Agora há que requalificar essas zonas; zonas onde, se não houvesse civismo ou se fosse noutro tempo, há muito que se teriam convertido em zonas de estrumeira, onde ainda assim há alguns resíduos, onde as águas das chuvas formam autenticas barragens. A solução passa por exemplo por criar ali zonas verdes; mas zonas verdes não quer dizer necessáriamente jardins com banquinhos, canteiros, calçadas e outros equipamentos pois quem é que iria para uma zona enclausurada rodeado por traseiras de habitações? Zona verdes, pese embora o facto de apenas os arquitectos paisagístas poderem apresentar soluções sustentáveis, por exemplo, apenas com uma árvore frondosa no centro, algumas plantas, um arranjo do espaço... Outra solução que a Câmara poderia adoptar, e que existe em cidades como Évora, era estimular a criação de hortas comunitárias, aproveitando os espaços, tornado-os úteis.
Seja como for, assim como está, aquilo não é nada. Aliás é! São nódoas.
 
 
 












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