terça-feira, março 17, 2015

Não é assim que se promove o turismo - a arruinada e abandonada Fonte de Vale de Semedeiros

É neste aspecto desolador que se encontra a Fonte de Vale de Semedeiros, na estrada entre Alcácer do Sal e o Torrão.
Já há dois anos o assunto tinha sido abordado aqui. O que é que se fez então? Nada.
Entra nova gente a prometer restaurar o património entre outras coisas e o que se fez? Até agora nada. Uns e outros até agora só mostraram incompetência, insensibilidade, incúria, negligência, desprezo...
Esta fonte está localizada na União de Freguesias de Alcácer do Sal. É uma bonita imagem. Deviam de a ter levado à BTL. 
Ainda assim não há uma pequena verba para reparar esta fonte? Em uma semana e com algumas dezenas de euros esta fonte ficaria como nova, ficaria atractiva. Assim é o que se vê.
Não é assim que se promove o turismo.
Mas se calhar até é do interesse que as fontes fiquem neste estado. Só mudam mesmo as moscas pois o resto...
Sobre esta matéria diz-nos José Gomes Ferreira no seu livro «Carta a um Bom Português» o seguinte:

Sabes tu que há Câmaras Municipais em Portugal que não autorizam a construção de reservatórios ou depósitos particulares de água nos projectos de moradias novas, nem que seja para captar a água das chuvas recolhida nos beirais?
E que já há Câmaras Municipais que não autorizam construções novas em sítios onde não exista rede pública de água?
Sabes porquê?
Querem garantir clientes para os seus próprios sistemas de distribuição, mesmo que estes não precisem. Mesmo que estes tratem de prover o auto-abastecimento.
Já vimos muito negócio à volta do sector, com a maioria a pagar e alguns a receber. Muito mais negócios, ou negociatas, ainda havemos de ver neste sector.
Sabes, às grandes corporações nacionais e sobretudo às multinacionais do sector da água não interessa nada a utilização livre desse bem. Mesmo pelos proprietários das terras onde a água nasce.
Farão de tudo para pressionar os governos no sentido de restringir o uso livre de água pelas populações.
O próprio presidente da multinacional Nestlé, num vídeo sobre o futuro da água, questiona o direito de acesso universal e gratuito a este bem. Está na internet. Podes ver e indignar-te. E repassar para alertar toda a gente contra o perigo que esta abordagem representa para a humanidade.
E sabes, é tão fácil aos governos empurrar as populações para o uso de água que tem que ser paga. Basta invocar a necessidade de tratamento do líquido. A insalubridade de certas fontes. O risco de utilizar um bebedouro de forma não controlada.
Agora repara como há cada vez mais fontes de aldeias e vilas por esse país fora sem controlo de qualidade da água. Fontes comunitárias, postas à disposição de vizinhos para outros vizinhos, de particulares para comunidades, fontes postas à disposição de todos.
Repara como há cada vez mais letreiros a dizer: «Água impropria para consumo humano». E cada vez menos fichas técnicas de serviços municipalizados afixadas ao lado a atestar a composição e o estado da água dessas fontes.
Julgas que é porque todas as fontes ficaram de repente poluídas? Desengana-te. Nalguns casos, sim, na maior parte, não.
Não lhes interessa que tu consumas essa água em regime livre. Não interessa aos serviços municipalizados das Câmaras, às concessionárias privadas de sistemas de águas, às empresas nacionais e às grandes multinacionais de água engarrafada, aos hipermercados que a vendem.
É um cerco, percebes? Muito discreto, quase invisível, mas é um cerco.
Dá-lhe luta, a esse cerco. Dá-lhes luta, a esses interesses.
Recusa aceitar privatizações de mais serviços municipais de água.
Quando ouvires falar da entrada de privados no capital da ADP, mesmo até 49%, desconfia. Não deixes privatizar a água no teu país. Eles querem é arranjar negócios para os amigos.
A água é vida. Vida é para todos. É o maior direito da humanidade. Maior do que a garantia de ter pão à mesa. Porque com a água cada um pode criar o seu pão, semear, plantar, cultivar, criar animais. Por isso, o acesso à água deve ser o maior direito público e não objecto de negociatas.
Olha para os exemplos de Barcelos e de outros municípios onde se privatizou a gestão da água? O que se ganhou com isso?
Maiores preços, mais negociatas, mais compensações financeiras pelo não aumento total do preço que os operadores queriam.
Onde é que já vimos isso? Nas PPP rodoviárias! Um perigo.
Há um princípio altamente perniciosos na argumentação a favor das virtudes da privatização de certos serviços públicos.
O Estado tem de deixar de fornecer serviços porque não tem dinheiro para pagar os salários e os custos de bens e serviços de consumo intermédio. Entende-se que os operadores privados fazem melhor esse serviço e basta o Estado pagar uma quantia menor para encaixar a diferença.
Pois… em quase todos os casos, o serviço custa mais ao Estado como serviço externo, garantindo lucros avultados a privados que não gerem melhor coisa nenhuma. E a conta a cargo do contribuinte, essa vai sempre subindo…
No caso da água, deixa de se pagar alguma coisa à Câmara Municipal pelo serviço, passa a pagar-se muito mais a uns senhores engravatados. Mas a troco de quê?
Melhor serviço?
Não…
Preço mais reduzido?
Não, pelo contrário.
O que ganhaste?
Não ganhaste nada, perdeste.
No preço a pagar e noutra coisa:
Uma administração de uma SMAS é uma emanação de uma Câmara Municipal. Não a consegues controlar directamente, indirectamente pensas que podes penalizar quem a nomeou, nas urnas, através do voto.
Mas como controlar democraticamente uma administração de um serviço privatizado de águas com contrato até por 40 anos? Não há controlo democrático nenhum. Em praticamente nada. As decisões arbitrárias ficam escondidas nas alíneas dúbias dos contratos de concessão preparados por eminentes escritórios de advogados muito antes de a concessão ser feita.
Sim, é outra forma de dizer que este é um Estado capturado.
Não deixes privatizar o sector das águas em Portugal em circunstância nenhuma.
Rejeita programas de partidos políticos que te prometam essa medida. Aliás, começa mais cedo. Rejeita essa ideia logo na primeira conversa de café em que alguém falar disso. Para eles perceberem que estás atento.

Para eles, decisores políticos conluiados com interesses privados, perceberem que não terão chão fértil para fazer essa sementeira. Nem no bairro, nem na cidade, nem na região, nem no país. Já chega de conluios perniciosos de interesses no sector das águas em Portugal.
























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