Desenganem-se aqueles que julgam que as agências de rating (americanas, sublinhe-se que isto é importante) darão tréguas a Portugal. Não o farão! Aliás Portugal está a seguir exactamente o mesmo trilho da Grécia. Já o suspeitava mesmo sem fazer um levantamento cronológico do percurso grego e português e posteriormente compará-los. Era apenas intuição. Mas ontém, com a classificação da Moody's, que classifica a dívida portuguesa como lixo, foi-me claro como a água. Nem a mais pálida dúvida paira sobre o meu espírito. Daqui para a frente será uma espiral descendente e se não houver uma qualquer inflexão na tendência lá irá o Primeiro-Ministro Coelho de passinho em passinho apresentando sucessivos pacotes à moda de Papandreou.
Hoje ficou-se a saber, pela boca do Presidente Obama, que os próprios EUA, enfrentam sério risco de insolvência e que o dólar tem desvalorizado sucessivamente. É natural pois que as agências financeiras americanas tudo façam para deitar abaixo o Euro. Fazem o que lhes compete e é muito natural que assim seja. Antes de serem agências internacionais são instituições americanas e estão claramente a jogar pelo seu país. E como é que o fazem? Atacando os elos mais fracos, os pontos fracos: Grécia, Portugal, etc. e depois é só aguardar o efeito dominó e de colapso.
Portugal se está nesta situação só de si se pode queixar. Se a república não se tivesse endividado até ao pescoço não teria arrastado o país para esta situação. Se tivessem sido levadas a cabo políticas sustentadas de fomento e fortalecimento da economia e dos sectores mais estruturantes e se tivesse havido prudência e sensatez, a começar nos responsáveis políticos de todos os níveis, que deviam ter dado o exemplo, até ao mais humilde cidadão, ao invés de despesismo e deslumbramento e loucura e fúria consumista. Se tivessemos posto em prática a política da formiga de amealhar para estar preparados para quando tempos de dificuldade se abatessem sobre Portugal ao invés de levarmos por diante a política da cigarra de ir cantando e rindo e dizendo «no pasa nada» e fazendo férias e acabando com a agricultura e pesca e sei lá que mais e querendo ser o bom aluno da Europa mas que sendo tão bom mesmo assim nunca mais se forma e de querer entrar para o Euro sem ponderar os prós e os contras. Se tudo isso fosse levado em conta bem podiam eles andar de roda que daqui não levariam nada. Quem paga manda diz Ferreira Leite. Completamente de acordo. E depois, lá venho bater na mesmo tecla, são todos tão bons desde os titulares de pastas ministeriais até camarárias, eminentes professores, economistas, doutores e engenheiros e não tiveram capacidade para analizar a situação e aperceberem-se que Portugal estava a caminhar para o abismo?! Afinal... Agora que caimos no abismo é como diziam os romanos: Abyssus abyssum invocat (o abismo atrai o abismo).
O Estado Português não tem capacidade de gerar riqueza, superavits, isto é, gasta mais do que recebe em impostos, contribuições, etc. Gasta com um pesado funcionalismo publico, com institutos parasitas, com mordomias escandalosas, com sabe-se lá mais o quê que configuram uma autentico caso de roubo, um autentico caso de saque, uma autentica depredação de dinheiros, de recursos e das finanças públicos que, se tivessemos num país com um sistema judicial a sério seriam um caso de polícia e os responsáveis levados e apresentados à justiça, e ainda vê todos os anos milhões pelo canudo resultantes da fuga ao fisco. Claro que para puder pagar salários de polícias, militares, enfim de todos os que trabalham para o Estado e para puder honrar os seus compromissos, o Estado tem que pedir emprestado como qualquer familia, como qualquer empresa. O mecanismo é o mesmo, a ordem de grandeza é que é da ordem dos milhares de milhões. E como a qualquer outra entidade, quem empresta no fundo... vende, isto é vai querer de volta o que emprestou mais os juros sobre o valor que sendo da ordem de grandeza referida está-se mesmo a ver quanto é que o Estado paga só em juros. Como essas instituições são na maior parte, e desde sempre, usurárias, isto é, umas autenticas rapinas que quanto mais no fundo um devedor está, quanto mais fraca é a presa mais elas se aproveitam, cobrando juros cada vez maiores procurando limpar tudo até ao osso.
O que uma agência de rating faz é análise financeira. Isto é, fornece aos credores, ou seja, a quem empresta, uma análise, uma nota, um classificação sobre a capacidade do devedor de saldar, de amortizar a dívida que contrai. Quando alguém pede um empréstimo a uma instituição financeira, a um banco, para adquirir um determinado bem - uma casa, um carro - ou serviço ou para fazer obras ou seja lá o que for, o banco analisa a capacidade desse alguém saldar a dívida, em função dos dados que recolhe sobre quem querer contrair o empréstimo. No fundo cada banco tem a sua agência, o seu serviço de rating que dará um parecer, uma classificação sobre essa pessoa e, em função do risco, o banco procederá a um empréstimo ou não - recorde-se que quem empresta não o faz por ajuda, porque é porreiro mas por negócio e claro ninguém arrisca ficar a «arder». É daqui é que se tem que partir sempre. Claro que pode ocorrer uma catástrofe (um despedimento, um acidente, uma incapacidade, um erro de gestão) ou um erro de avaliação da parte do banco e quem contraiu a dívida ficar sem capacidade de a liquidar (o chmado crédito mal parado) e aí se não houver outra solução tem lugar a tal renegociação da dívida.
Ora no mundo da alta finança internacional o mecanismo é análogo. O que a Moody´s, uma das grandes agências internacionais de rating, ontém fez foi atribuir um nota tipo não satisfaz, a Portugal, a nota Ba2. O que a Moody's fez ontém foi classificar a divida portuguesa como lixo. O que a atribuição da nota Ba2 a Portugal diz aos credores é que Portugal não terá capacidade para pagar a quem emprestar. O credor vai ver a avaliação dessas agências especialistas em classificar os mercados baseando-se numa série de dados e estas dizem-lhe: «Não emprestes nada a essa gente senão nunca mais vês o capital» ou «esses gajos estão com as calças na mão e não têm onde cair mortos por isso não vale a pena emprestar-lhes um tostão furado que nunca mais vês o guito. É o mesmo que estar-lhes a dar dinheiro de mão beijada». Claro que qualquer credor pode emprestar. As agências não impedem ninguém de financiar ninguém. Agora quem o fizer terá em conta o que dizem as avaliações e claro que se «jogam para trás», não vão arriscar; emprestam mas é o tanas. Mesmo o capital de risco (aqueles credores que gostam de aventuras finaneiras radicais e têm apetência pelo risco) tem limites aceitáveis. Agora pode haver especulação? Pode! Pode haver um erro de avaliação? Claro que sim! Pode haver interesse em dar esta classificação ou outra a Portugal ou á Grécia ou a qualquer outro país ou entidade? Certamente! A explicação é esta e a quem ler este blog espero ter esclarecido. Posso estar a dizer algumas asneiras? Posso perfeitamente. Sou um leigo nesta matéria. Não sou economista nem nada que se pareça.
E já agora podem ir começando a pôr as «barbinhas de molho» porque a Moody's tomou a iniciativa, fez o caminho à frente mas no seu encalço virão a Standard & Poor's e a Fitch que alinharão pelo mesmo diapasão.
Vai-se a ver, no fim desta trapalhada toda ainda é o velho Oliveira, que teimou em poupar e teimou em ficar orgulhosamente só, que tinha razão. Tinha razão, que é como quem diz, pois esse impôs um pacote de austeridade que durou, grosso modo, 4 décadas (1928-1968) espartilhando a economia nacional. Mas que saneou as finanças públicas, isso saneou. Ironias da História!
E agora? Agora é só eu vislumbrar uma oportunidade, dou logo de «frosques» e recomendo-o a quem ler este singelo artigo. Quem papou a carninha agora que vá roendo os ossinhos. Agora? Agora olhem: «troikem-mo»!
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