sexta-feira, dezembro 07, 2012

E agora burr'calhos?

Obrigatoriedade do Acordo Ortográfico pode ser adiada no Brasil para 2016

A iniciativa do adiamento surgiu de uma audiência pública realizada com professores de Português.


E agora «tcheu» que é como quem diz; e agora como é que descalçam essa bota? E pronto, lá parece que fica a república portuguesa (mais uma vez), como dizia ontém na TV o deputado brasileiro Anthony Garotinho, a fazer figura de parva. Nós, inúmeros cidadãos avisamos e ficamos firmes sem mudar o que quer que seja, incluindo o vosso escriba que escreve Português tal como aprendeu na escola primária. Mas eles, ufanos, que dão o cuzinho e mais oito tostões a tudo o que os amadores - pigmeus mesquinhos que com os seus actos indolentes e omissões cobardes e criminosas escarram diáriamente na sepultura dos gigantes que, ao longo de séculos, forjaram a nação portuguesa com sangue, suor, lágimas e mesmo com o sacrifício das suas próprias vidas - a quem está entregue o aparelho de Estado vomitam cá pra fora, papam tudo sem vacilar. 
A novela acordo tem sido um folhetim digno de uma tragi-comédia. Como é que é possivel que governo, institutos  públicos, câmaras, juntas de freguesia escrevam segundo regras que ainda nem sequer estão em vigor do ponto de vista legislativo - isto partindo do princípio que um governo tem o direito de legislar sobre essa matéria, algo que a meu ver não tem mas isso é outra questão -  e que o estarão (ou estariam) apenas em 2015? Aplicar oficialmente tal coisa assim sem mais nem menos e com tamanha ligeireza e querer impôr a todos e mais alguns a começar pelos pobres dos alunos, é ilegal já para não falar no desastre de proporções bíblicas e na chacota que é o «mix» híbrido português-acordês. Apenas aqueles que nunca souberam escrever nem nunca souberam gramática beneficiam pois agora têm desculpa para ocultar a sua eterna ignorância. Sim é ilegal até porque um aluno de português é penalizado na disciplina de Português (que desse modo devia chamar-se acordês) senão escrever segundo aquilo. Fosse eu aluno do ciclo ou do secundário e teriam que se haver comigo mas os miudos de agora, coitados...
Ao que parece foi o Brasil quem pressionou para que a coisa fosse para a frente. Mas agora se o Brasil recuar...
De líder, de nação de líderes e de bravos, Portugal passou a nação de tíbios, de indolentes, de frouxos, de «bananas», passou a ser um desprezível, abjecto e vergonhoso seguidista manso. Na CPLP, do Brasil; na Europa, da Alemanha, a nível geo-político, dos EUA e agora também da China a quem começa agora a ir, para suprema humilhação de um povo milenar, estender o chapéu depois da Europa que foi «chão que já deu uvas». Sem «bater o pé», sem discutir pontos de vista, sem olhar para os seus interesses. Segue e pronto.
No Brasil, tal coisa sucedeu, não sejamos ingénuos, porque lá a sociedade civil tem uma grande postura crítica, porque lá os professores de português, jornalistas, políticos, etc. mobilizaram-se. Não é por acaso que o governo brasileiro recua.
E por cá? Bem, por cá é o seguidismo mansarrão. Dos professores de português, nem um piu; escolas seguem, aplicam e pronto; televisões foram todas atrás do pagode e ainda nem sequer deram esta notícia, e etc, etc, etc. Mas há uma esmagadora maioria silenciosa, jornais e editoras de referência, dignos desse nome que, quais irredutíveis gauleses, resistem ainda e sempre, resistem também inúmeros bloggers, tudo gente que ignora olímpicamente a distorção e mutilação a que o português escrito tem sido sujeito sabe-se lá porquê e que se calhar até dava direito também a teses académicas bastante interessantes. Quem sabe!
Pois que continuem assim que eu em particular continuarei «assado» isto é, sempre sem mudar o que quer que seja e irei escrever em Português como sempre tenho escrito desde 1982. E já que dizem que a coisa é de carácter obrigatório, tal implica que terão que arranjar uma forma de fiscalizar os prevaricadores. Pois faço uma declaração de interesses dizendo já que o farei mesmo que, depois da PIDE, saia da cartola uma PIDOLA (Polícia Internacional para a Defesa da Ortografia e Linguística Autorizadas).
Como corolário, diria que Portugal depois do «orgulhosamente só» de há cinco décadas atrás, arrisca-se agora a um humilhante «tristemente só».
É caso para perguntar à laia daquele reclame ao vinho «Porto Ferreira» que dava nos 80's: Foi você que pediu um acordo ortográfico?

Hip, hip burros!


Poderá gostar também de:

«Devemos desobedecer ao Acordo Ortográfico»

Estado não tem legitimidade para impor

«No fundo, é uma questão política»

À atenção do Senhor Ministro da Educação... e de todos os portugueses

Acordo Ortográfico cada vez mais contestado

 
 
Acordo Ortográfico cada vez mais contestado II

 
 
Acordo Ortográfico cada vez mais contestado III
 

Estudantes reprovam Acordo Ortogáfico

 

 

Sem comentários: