Se há alguém que não estranharia nada e até faria estragos se cá voltasse, esse alguém seria Eça de Queiróz.
Quem não conhece o grande escritor, e há muita gente que infelizmente não conhece, incluindo alunos de secundário... e até universitários, e se não forem mencionadas datas, muitos dirão que este Eça é um individuo atento que anda por aí a passear-se pelo século XXI.
Por outro lado, se ele por cá aparecesse de novo, muito se espantaria por ver que em cento e tal anos nada mudou... ou talvez não ficasse nada espantado. Espantosos são estes escritos:
“Que fazer? Que esperar? Portugal tem atravessado crises igualmente más:
– mas nelas nunca nos faltaram nem homens de valor e carácter, nem dinheiro ou crédito.
Hoje crédito não temos, dinheiro também não – pelo menos o Estado não tem:
– e homens não os há, ou os raros que há são postos na sombra pela política.
De sorte que esta crise me parece a pior – e sem cura.”
Eça de Queirós, in “Correspondência” (1891).
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