Estava eu no domingo à noite a ver o jornal da SIC; qual não foi o meu espanto quando dá uma reportagem onde se dava a conhecer aos portugueses a ascendência dos dois principais «Belenenses» (pretendentes a Belém) – porém um deles antes de ser já o era, como a pescada.
Embora detractores da Monarquia os nossos amigos republicanos procuram cada vez mais, talvez para tentar dar mais peso à chefia do Estado republicana, que é insignificante quando comparado com o peso e prestigio da Coroa, imitar alguns dos preceitos da Realeza porque senão como explicar que se traça a árvore genealógica dos principais (um hipotético e outro já apresentado) candidatos presidenciais e não se faz o mesmo com os candidatos à chefia do Governo ou das principais autarquias, por exemplo!
Outro aspecto curioso foi o facto de se ter feito tal coisa com os candidatos do PS e do PSD e, tudo indica, do CDS-PP, embora um deles, nunca é demais repetir, ainda seja apenas pré-candidato, ignorando os já dados como certos na contenda ou disputa (vinco bem este pormenor esperando que no futuro o candidato vencedor não tenha a lata de vir dizer que o PR está acima das disputas) Jerónimo de Sousa, candidato do PCP e Francisco Louçã, candidato do BE. Há que ter também em conta o factor X (Manuel Alegre) que ainda não se afastou da luta por um lugarzinho na corrida e, que contudo não só não nos apresentaram a sua ascendência como o varreram e o têm ignorado sistematicamente nas sondagens embora a sua situação seja semelhante à de Cavaco Silva. Tanto um como o outro ainda não se sabe em definitivo se avançam ou não. A única diferença é que um tem o apoio de um ou mais partidos e quase que lhe imploram para aceitar e o outro não. Outro hipotético candidato é o advogado José Maria Martins, que, apesar de ser também figura pública poucas hipóteses terá por não ter uma máquina partidária atrás de si (só para arranjar os milhares de assinaturas necessárias é uma carga de trabalhos). Também este é ignorado!
Não me refiro à sistemática candidatura de Garcia Pereira, do PCTP/MRPP porque no domingo ainda não era conhecida.
Quanto ao trabalho propriamente dito; foi interessante ver que o republicano Mário Soares teve como antepassados para além de um ferreiro, Condes, Viscondes, Bispos, etc. As suas origens foram investigadas até ao século XVI. Pelos vistos deram-se ao trabalho, só por estes senhores serem candidatos presidenciais, ou ainda menos do que isso, de lhes investigarem a sua genealogia. Já têm mais sorte do que eu que só tenho conhecimento dos meus antepassados até à quarta geração (segunda metade do século XIX), embora tenha há muito tempo bastante curiosidade em saber qual a origem do apelido Selão por ser extraordinariamente raro; mas como não sou candidato presidencial (ainda nem sequer sou maior de 35) lá terei que pagar para que me investiguem a origem da família.
Cavaco Silva, por seu turno e ao que parece, também tem um passado familiar recheado de Marqueses, Condes, Viscondes, Arcebispos e até Cardeais. Tanto num caso como no outro parece que é bom para o currículo ostentar tão ilustres origens porque caso contrário porque carga d’água se iria a comunicação social dar a todo este trabalho? Para uma coisa já serviu. É que assim, com toda a certeza, já sabemos que vamos ter no vértice da «nossa» república, pelos seus defensores definida como um regime de cariz popular, um descendente da antiga Nobreza. «E esta hein?»
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