terça-feira, janeiro 25, 2011

Vae victis III - A face da vendetta




Miguel Sousa Távares viu a marca da vingança no discurso de Cavaco Silva. Mário Soares viu rancôr.
Nada que não soubessemos já. Nada que os americanos não tivessem já visto. Nada que a Wikileaks não tenha dado a conhecer e para quem ainda não conhece aqui vai o trecho que interessa:

C O N F I D E N T I A L SECTION 01 OF 03 LISBON 002300

NOFORN
SIPDIS
...

President Cavaco Silva

(...) Cavaco Silva considers former President George H.W. Bush a personal
friend. Cavaco Silva was displeased that he did not get an
Oval Office meeting with President George W. Bush during his
2007 visit to Washington to open a Smithsonian exhibition of
Portuguese art, and he declined the former President Bush's
offer to visit Kennebunkport.

Basicamente o que os americanos querem dizer é que o homem levou a cabo "sérias vinganças políticas pelo simples facto de não ter sido convidado à Sala Oval na Casa Branca"
Quando tantas opiniões convergem...
Ou eu me engano muito ou a vendetta vai ser a imagem de marca da república durante cinco anos ou pelo menos enquanto o PS for governo. É só haver uma oportunidade e o antigo lider do PSD... pimba. Não é de admirar! Bem pode ele ter afirmado não ter muito apetite por coisas explosivas...
O que importa é perguntar: Quem disse que a chefia de estado republicana é isenta e neutra? Quem é que é anjinho o suficiente para acreditar em estórias da carochinha?
Isento e neutro de facto é o Rei (ou Rainha) que coopera e ajuda o Governo, os Ministros e em particular o Primeiro-Ministro; de quem é confidente, um amigo de confiança e alguém a cuja experiência podem sempre recorrer; a quem podem pedir um conselho o qual será dado sem segundas intenções; de quem não esperam, não receiam, nem têm que se preocupar com ataques nem intrigas e em quem não vêm um inimigo ou um adversário. É assim que acontece no Reino Unido, em Espanha e noutras democracias reais pelo mundo fora onde o Estado não é minado nem fragilizado pela famigerada co-habitação que enfraquece e deixa o Governo em desvantagem em relação à oposição ou desiquilibrado a favor do Governo na relação de poder entre governo e a oposição pelo simples facto do presidente ser oriundo do mesmo partido do governo ficando a oposição subalternizada em relação a este. Países onde o Chefe de Estado respeita o Governo democráticamente eleito saido das urnas seja ele de que área for, que coopera e ajuda tendo plena consciência de que assim estará a prestar um bom serviço ao país mas que também respeita e não ostracisa a oposição.
Por cá e por outras tantas repúblicas é o que se vê. Por isso, tanto num caso como noutro, os resultados estão à vista. Bem se viu hoje a forma timida, algo temerosa e em nítida subalternização, típica do elemento da alcateia que por ser o elo mais fraco tem que andar com o rabo entre as pernas, sinal da sua triste posição dentro da mesma, com que Francisco Assis, dirigente do PS, veio afirmar que a cooperação institucional é para continuar e que para o PS nada mudou ou mudará.
Pois, pois dirá Cavaco em incontestável vantagem estratégica apesar dos 23%!
Infelizmente não querem ver nem querem «crer que há bruxas» e depois...

VAE VICTIS!

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