Por sua parte [o povo português], acha-se no seio da civilização que o explora como o touro em tarde de corrida no meio do redondel. É puro, bravo, boiante e claro. Está aí para o que quiser dele o capinha, o bandarilheiro e o espada. Acenam-lhe com o trapo encarnado e ele arrancará sempre com lealdade e braveza, entrando pelo seu terreno, acudindo ao engano e indo ao castigo de todas as vezes que o citem para atacar, para escornar, para estripar e afinal para morrer, o que tudo para ele é unicamente marrar. Como o boi puro, o povo não se desilude nunca, nunca se desengana na lide.
Ramalho Ortigão - «Farpas na República». verbo: 1910, pp. 33-34
Ramalho Ortigão - «Farpas na República». verbo: 1910, pp. 33-34
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