O que se verifica é que nem mesmo a propaganda é de qualidade com muitos erros e omissões de certeza por pura ignorância. Senão vejamos:
Logo na primeira imagem aparece o «ignóbil trapo» ondulando enquanto se ouve o Hino Nacional.
Eu, como nisto das bandeiras e heráldica, tenho um olho de lince logo detectei um lapso.
De acordo com o decreto da Assembleia Nacional constituinte datado de 19 de Junho de 1911, publicado no Diário do Governo nº 141 do mesmo ano, que aprovou a Bandeira Nacional pode ler-se que:
A Bandeira Nacional é bipartida verticalmente em duas cores fundamentais, verde escuro e escarlate, ficando o verde do lado da tralha. Ao centro, e sobreposto à união das cores, tem o escudo das armas nacionais, orlado de branco e assentado sobre a esfera armilar manuelina, em amarelo e avivada de negro.
A imagem abaixo ilustra a descrição constante no referido documento que aprova a forma do ainda estandarte nacional. Pode ver-se a orla, a pequena faixa branca circundando o escudo.
Ora nos últimos tempos, muito por culpa do futebol, muita gente começou a adquirir uma bandeira pelo que estas foram sendo comercializadas em quantidades industriais por gente que não se preocupa muito com pormenores, a começar nos chineses, daí terem aparecido versões algo pitorescas.
A bandeira que surge no anúncio, como se pode ver, é do género da que está aqui em baixo e, como se pode ver, não tem a orla em torno do escudo. Num anúncio institucional... o descuido e o desleixo dizem tudo acerca da natureza abananada e abandalhada do actual regime.
Mas não é só nesse pormenor que está o lapso. Todo o anúncio é uma pérola condenada a ser um tesourinho; tesourinho deprimente.
Vamos então continuar a esmiuçar o anúncio até porque a feitura deste deve ter custado umas boas massas ao erário público.
Reparemos nas datas que surgem como marcantes no periodo da república:
Logo a primeira data a aparecer é... 1926. Quem não sabe poderá pensar que a república portuguesa foi fundada nessa data. Ora em 1926, mais precisamente a 28 de Maio, caiu a I República e começou a II República, vulgo Estado Novo. Bem, mais ou menos, porque o periodo de 1926 a 1933 designou-se por ditadura militar e só com a Constituição de 1933 é que começou o Estado Novo. Embora a data de 1926 é que conte porque foi nessa data que foi posto um ponto final na I República. Da mesma forma que a III República começou em 1974 e não em 1976, data em que passou a vigorar um nova constituição que veio substituir a de 33.
Ora muitos teóricos, políticos e historiadores afirmam que o periodo que medeia entre 1926 e 1974 não é república e apesar de termos tido três constituições de cariz republicano (1911, 1933 e 1976) de tal forma que nos documentos timbrados do estado português e mesmo em muitos dos documentos dos cidadãos portugueses aparecem as letras «S» e «R» com o escudo ao meio. S.R. que supostamente significa Segunda República. Bem se fizermos umas contas veremos que de já são três as repúblicas!!!
Neste anúncio, onde são referidos os «vários momentos que marcaram os últimos cem anos da república portuguesa» das sete datas e uma década referidas só duas é que se referem ao periodo pós-1974 e nem uma acerca dos primeiros dezasseis anos!!! Assim, 75% dos «vários momentos» passaram-se durante o periodo da ditadura do Estado Novo, curiosamente aquele que mais polémica levanta. Curioso também o facto destas datas que decorreram inseridas MAIORITARIAMENTE no periodo da ditadura serem aqui invocadas num anúncio... eleitoral!!! Este é um reconhecimento inequivoco de que o Estado Novo afinal foi república (como foi de facto). Não esqueçamos que esta é uma publicidade institucional.
Porém, vamos aqui dissecar alguns dos vários momentos (esquecidos) importantes que marcaram os últimos cem anos da república portuguesa:
1910 - A data da fundação da república. Esquecida... terá sido porque a república nasceu de um golpe de estado? Pergunto.
1918 - Curiosamente, uma data esquecida. Então invoca-se 1945, presumo eu por ter sido nesse ano que terminou a II Guerra Mundial que apesar de ser uma data feliz para o mundo e para Portugal onde também foi efusivamente comemorado o fim do conflito embora esta não se tenha sentido em Portugal e não se fala da data em que terminou a I Guerra Mundial, na qual a república forçou Portugal a entrar apenas para esta se fazer reconhecer e na qual milhares de soldados do CEP sofreram as mais atrozes agruras?
1925 - O «cantar do cisne» da I República. A mega burla de Alves Reis (curiosamente sobrinho de Cândido Reis o «herói» da república que estupida e prematuramente se suicidou antes do triunfo golpista do 5/10) apenas possivel no estado de bandalheira em que o país se encontrava 15 anos depois da implantação da república. Desengane-se quem pense que o caso BPN é um caso virgem.
1933 - Já com Salazar no poder, 1933 foi o ano em que entrou em vigor a Constituição da II República, vulgo Estado Novo.
1961 - O ano em que começou a guerra do Ultramar, o ano do assalto ao paquete Santa Maria, o ano do fracassado golpe de Botelho Moniz, o ano da invasão e perda de Goa, Damão e Diu para a União Indiana. Esquecido. Porquê a alusão a 1963?
1975 - O periodo do «manicómio em auto gestão»
1976 - Em Abril de 76 entrava em vigor a actual Constituição. Também foi em 1976 que foi dado aos portugueses a oportunidade de elegerem o PR por sufrágio universal; 66 anos depois de imposta a república. Até aí o unico PR eleito dessa forma havia sido Sidónio Pais; esse mesmo, o que foi assassinado.
1980 - A 4 de Dezembro de 1980 morria vítima de acidente (ou atentado?) de aviação o então Primeiro-ministro Francisco Sá Carneiro
1983 - É extinguido o Conselho da Revolução
Eis aqui umas datas determinates e que foram esquecidas. Foram de facto vários (e mais que fossem) e ricos os momentos que marcaram os últimos cem anos em Portugal. Se o que se pretendia era esclarecer não seja por isso.
7 comentários:
Olha meu caro colega, não li tudo até ao fim. Dá-me alguns arrepios.
Enfim...cada maluco tem a sua mania.
Podes ter os teus ideais e ao mesmo tempo respeitar os outros que os têm diferentes dos teus.
Boa? Nunca ninguém te ensinou isso?
E Chá? Bebeste quando eras pequeno?
Não sei porquê mas aquela expressão que o Povo usa "o respeitinho é muito bonito" faz todo o sentido. Para mim, é claro.
Quem não se dá ao respeito, como pode ser respeitado?
Agora vamos ao que interessa: "ignóbil trapo"?
Não tens vergonha?
Tens a tua bandeira, a monárquica.
Eu tenho a minha, a repúblicana.
E ponto final.
Mas mesmo assim tens que te por a pau, porque o regime instituido é republica e por muito que barafustes e monarquia jamais será implatada.
Boa? (take 2)
Saúde e fraternidade e já agora bom senso.
Aurora Florêncio
PS: é para publicar SFF.
Ohhhh meu deus...ao que tu te deste ao trabalho por ua coisa que ninguém vai ver...a não ser os senhores da CNE.
Cara colega
Antes de mais, se me permite um conselho, eu quando vou a determinado site ou blog e não gosto, regra geral, não volto lá tão depressa. Isto para lhe dizer que se a VOCÊ se lhe dá arrepios vir ao Pedra, não venha. Não vale a pena, penso eu, enervarmo-nos à toa.
Deixe-me em seguida que lhe diga que se não leu até ao fim - e é legítimo visto que ficou arrepiada - devia ter feito um esforço para ler tudo e clicar em cima de algumas coisas.
Fala-me em falta de respeito. Mas eu pergunto: Onde?
Que eu saiba apenas me limitei a opinar e que eu saiba não fiz juízos de valor sobre ninguém em particular nem mandei a república portuguesa beber chá, bebda que eu aliás muito aparecio, apenas me limitei a apntar falhas inacreditáveis num anúncio para o qual a CNE e por consequência os contribuintes pagaram.
Mas por falar em respeito e ofensas, permita-me que lhe diga que os republicanos portugueses não têm históricamente autoridade moral para a exigir. Quando há 100 anos atrás se referiam ao Chefe de Estado como o porco e a matança do porco, as insinuações sobre a sexualidade da Raínha D. Amélia, algo do foro privado, as alegadas amantes do Rei, etc., etc. está tudo dito. E nem eu nem nenhum não repúblicano apela à morte do Chefe de Estado ou de quem quer que seja e nem semamos bombas, em suma não envredamos pelo caminho do terrorismo. Hoje por dá cá aquela palha, talvéz por saberem o efeito que causaram no passado, fala-se em ultraje à república (?). Ora eu como aparentemente ultrajei a república e para mais, sendo funcionário público, logo por maioria de razão que venha daí processo.
Mas se estivesse atenta, teria verificado que a expressão «igóbil trapo» quando me referi ao estandarte nacional, está entre aspas o que siginifica que a expressão não é minha. Estou a usar uma expressão de alguém e se tivesse clicado em cima dessa mesma expressão verificaria o real significado e alcance da mesma. Quem usou de facto essa expressão para qualificar a actual Bandeira Nacional foi um senhor que já faleceu há 75 anos de seu nome Fernando Pessoa; esse mesmo, o poeta (portanto não vale a pena mover-lhe um processo) e ele como viveu e presenciou esses acontecimentos saberá melhor do que qualquer um de nós o porquê de ter usado essa expressão.
Por fim permita-me que lhe diga que não sou só eu que barafusto. São milhões de portugueses que descontentes com o rumo que as coisas tomam querem salvar Portugal e aprefeiçoar a sua muito limitada Democracia. Poderá uma minoria saudosista não gostar, ameaçar, barafustar, para usar a sua expressão, e querer manter o status quo a todo o custo, porém deixe-me que lhe diga que uma nova geração de portugueses se levanta, uma geração do século XXI que está apostada em que Portugal se mantenha um país soberano, um estado de direito e com uma Democracia mais avançada à semelhança de certos países tipo Luxemburgo, Espanha, Reino Unido, etc.
Não devias de ter usado a expressão em qualquer circunstãncia, é uma falta de respeito
Seis milhões de descontentes?
Provávelmente sim, mas não me parece que seja com a república.
Não será com os corruptos e incompetentes que a que a governam?
Tudo o que disseste faz parte da história, ninguém a pode mudar.
E Portugal será sempre um país, soberano (dantes dizia-se: enquanto houver a mulher e a sardinha) e sobretudo LIVRE.
Quanto às visitas, podes ficar descansado...
As coisas só têm importância se nós lhe dermos alguma.
HASTA LA VICTÓRIA SIEMPRE!!!
Aurora Florêncio
Santa Susana...descontraia mais a virilha...vejo-a demasiado encanitada com o ignobil trapo...não vale a pena...nem é seu.
Meu caro,
Estou descontraidissima, mais não me é possivel.
E a Bandeira de Portugal é minha sim senhor.
Pode não ser sua, problema seu. Mas minha é de certeza.
Com "pontos", sem "retissências".
E na próxima vez que a mim se dirigir faça-me um favor: Faça-o com educação.
Saúde e fraternidade.
A colega utilizou uma argumentação perigosa. A argumentação que defende o princípio do facto consumado e da irreverssibilidade histórica. Tais argumentos implicam um branqueamento da mesma. A História deve ser invocada para que se aprenda com os erros e para imepdir que a mesma se repita. Ao fazer uma afirmação dessa natureza estará a desculpabilizar o terrorismo, crimes, ditaduras, perseguições... a ascenção de um novo ditador ou pretendente a tal... É o conhecido argumento do «avaliar os acontecimentos á luz da época», de ver bondade e boas intenções em gente que praticou actos hediondos e lembre-se que de boas intenções...
Não se admire pois se aparecer por aí alguém a elogiar a bondade da PIDE usando esse tipo de argumentos. Ou a GESTAPO, ou Hitler, ou Estaline, Nazismo, Comunismo, Fascismo... A História também é útil para que se tirem ilações. Não é uma mera questão de incompetência e corrupção. A questão é muito mais profunda. Não é um problema de Governo, é um problema de regime. A 1ª República caiu pelos motivos que se sabem, o Estado Novo ou 2ª República, caiu porque se esgotou e a 3ªRepública para lá caminha. Leia Ramalho Ortigão, Eça de Queiroz, Guerra Junqueiro e verá como algumas das suas obras são terrivelmente actuais. Basta mudar os nomes; o contexto é praticamente o mesmo.
Como vê, os motivos foram sempre os de sempre: incompetência, corrupção, autoritarismo. Diga lá então o que é que acha que deveria acontecer para a repúlica ser salva de tão má gente sabendo nós de antemão que eesa não pode ser salva tão somente porque é um produto dessa mesma gente?
Seria uma república do «Hasta la vitória siempre»? Não me parece! Eu quero uma Democracia moderna, do século XXI e não uma ditadura anacrónica.
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