sábado, novembro 26, 2005

Os otários do costume

Quando José Sócrates anunciou que o aeroporto da Ota sempre vai avançar, anunciou, como não podia deixar de ser, implicitamente, que o lobi (Ota)rio, no interior ou exterior, do Governo, tinha saído vencedor do braço de ferro.
Apesar da tão propalada crise e do famigerado deficit que obriga a apertos de cinto maiores que o mais apertado espartilho que sufocava as senhoras de outros tempos, estão criadas as condições para mais uma obra de regime que irá certamente encher (mais uma vez?) os bolsos a alguns que de otários não têm nada!
Esta obra faraónica segue-se a outra que era, no dizer dos mesmos de sempre, uma obra imprescindível para o país – A construção de raiz ou a remodelação de estádios de futebol.
Dez, no total, quando a UEFA afirmava que apenas quatro eram suficientes. Portugal podia ter escolas a funcionar em contentores em situação provisório-definitiva ou em condições miseráveis, podia ter prisões superlotadas, podia ter tribunais e esquadras de policia a cair de podre, podia ter falta de hospitais, podia ter pontes em risco de ruína, como a de Alcácer do Sal que há mais de 30 anos é provisória (como o resto, em Portugal, que é provisório toda a vida e mais seis meses) e que está em risco de colapso, ou como a de Castelo de Paiva, que chegou mesmo a ruir, tirando a vida a 59 pessoas, vai para 5 anos sem que ainda tenham sido apuradas responsabilidades - afinal, ao contrário do que o Sr. Jorge Coelho, afirmou, na hora da despedida, na sequência da tragédia, do Governo a que pertencia, no qual era Ministro das Obras publicas (ou Equipamento Social? Vai dar ao mesmo! Afinal o nome dos Ministérios muda consoante o Governo o que acarreta ainda mais custos para a república portuguesa, convertida ao nudismo, à tanga e ao fio dental mesmo que o não queira) a culpa é bem capaz de vir a morrer solteiríssima da silva - mas estádios topo-de-gama é que não podia deixar de ter. Os dirigentes desta república como têm deixado, ao longo dos anos, o país cada vez mais desenvolvido e rico não podiam deixar de tentar uma candidatura à organização de um campeonato europeu de futebol. Portugal teve o azar de ser escolhido para organizar o evento e em vez de construir os quatro estádios recomendados toca a fazer dez. Que não seriam, teoricamente, financiados pelo Estado. O que não se verificou na prática e que deixou algumas Câmaras com a «corda ao pescoço». Também não haveriam derrapagens e depois foi o que se viu. Argumentavam as nossas «mentes brilhantes» que este evento iria ser fundamental para a recuperação da economia portuguesa. Baboseiras ditas com o objectivo de enganar os otários. Os resultados estão à vista! Passado ano e meio, desde o fim Euro 2004, não só não se vislumbram sinais de tal recuperação milagrosa como alguns desses estádios converteram-se em «elefantes brancos» estando «às moscas» sem qualquer utilidade. A seguir queriam a American Cup, e até querem os Jogos Olímpicos. Para a primeira, a candidatura portuguesa foi preterida, sendo eleita a cidade espanhola de Valência, e a segunda espero que leve caminho semelhante.
Será de facto o aeroporto da Ota uma infraestrutura assim tão imprescindível para o país? Estará a Portela a dar as últimas? Mas mesmo que assim seja, estará Portugal, financeiramente, em situação de puder ir para a frente com este projecto, em paralelo com a construção da via para o TGV, que virá a implicar a construção de uma nova ponte sobre o Tejo? Depois do que se tem visto, já tudo e mais alguma coisa o povo português deve pôr em causa! Mas o mais grave até nem é isso!
A táctica é sempre a mesma! Inicialmente, começa-se por dizer que o Estado não vai entrar com um único cêntimo, que o capital vem do sector privado e de expedientes, tudo para apaziguar os mais críticos e para a opinião pública engolir melhor a coisa. Foi exactamente assim que agora actuou o Governo. Ao introduzir a questão foi isso que afirmou o ministro Mário Lino. Quando, algum tempo depois, como mandam as regras e como a maioria (os otários) já têm esquecido os pormenores e estando já a questão inserida na ordem do dia, Sócrates anunciou que a decisão já tinha sido tomada (certamente que há muito), e que afinal a coisa iria ser financiada em 10% pelo Estado. Como a obra está orçada em 3000 milhões de euros isso implica que o Estado que, recorde-se, «está de tanga» afinal vai entrar com a módica quantia de 300 milhões de euros. Mas atenção!!! Como, em Portugal, não há obra, desta envergadura, que se preze que não tenha as suas misteriosas e indispensáveis «derrapagens» – que ninguém se digna a investigar onde, como ou porque é que acontecem ou se afinal de contas são os indivíduos que orçamentam as obras em Portugal que avaliam os custos por baixo ou se pura e simplesmente não sabem fazer contas nem orçamentos, o que duvido muito, pois são, certamente economistas, gestores ou engenheiros, em suma, é gente com formação superior que faz este trabalho; não são os serventes ou alguém sem formação necessária para tal. E não me venham cá falar em erros associados aos cálculos porque esses são, se os cálculos estiverem bem feitos, residuais da ordem de alguns pontos percentuais e não erros da ordem dos 100%, 123% – este valor não foi colocado por acaso, foi em quanto excedeu o Metro do Porto em relação ao que tinha sido orçado – 200%, ou até 1000% (!). Como é que é possível alguém calcular algo e chegar à conclusão que afinal o erro associado aos cálculos, que existe sempre, seja maior que o valor obtido???!!! – não tenho dúvidas que afinal o custo total da Ota duplique, triplique, etc. e se fique pelos 10000, 15000, ou até mesmo 30000 milhões ou até mesmo mais. Como o Estado entra com 10%, é fazer as contas, como dizia o outro. E que paga? Os otários, pois claro!
Quem já esfrega as mãos de contentamento são os proprietários dos terrenos onde virá a ser construído o novo aeroporto. Certamente que são (Ota)rios mas não sendo otários, e tendo consciência da dimensão da coisa, já se preparam para a especulação, sobrevalorizando os terrenos embora alguns, mesmo que não sejam otários mas sejam pequenos proprietários, com pouco poder económico e poucas habilitações e terem uma idade já avançada, o mais certo é serem expropriados e não verem, pelo menos por muito tempo a cor dos euros. Maior negócio irão certamente fazer outros (os verdadeiros (Ota)rios) que certamente irão encher os bolsos «à pala» dos otários!
Visão pessimista? Não, são os antecedentes que o demonstram!

sexta-feira, novembro 04, 2005

Recordar a catástrofe... até para que não se repita


1 de Novembro de 1755. O dia amanheceu sereno e soalheiro na capital do Reino de Portugal. Era sábado e como aquele era o Dia de Todos os Santos e aqueles tempos eram de fervor religioso onde ainda imperava a sinistra Inquisição e o Tribunal do Santo Oficio, as igrejas encontravam-se a abarrotar de fiéis que assistiam à missa.
Pouco passaria das 9h e 30 min quando um forte abalo de terra fazia ruir os primeiros edifícios e provocava as primeiras vítimas. Mais dois abalos telúricos com a mesma intensidade haveriam de deitar abaixo mais de dois terços dos edifícios de Lisboa como se fossem castelos de cartas. Repentinamente, os edifícios mais imponentes de Lisboa ficaram reduzidos a um monte de escombros. «Caiu o Carmo e a Trindade»; esta seria sem dúvida uma das frases mais ouvidas, ditas com um misto de estupefacção e temor. Foi uma frase tão forte que ainda hoje se utiliza amiúde. O povo amedrontado deambulava pelas ruas agarrado a santos e terços rezando e gritando por misericórdia, outros certamente agarrados a cruzes de madeira gritariam «vade retro», todos julgando que estavam a assistir ao fim do mundo.
Mandava o bom senso que a população agarrasse nos poucos haveres que pudesse trazer consigo e fosse para a zona ribeirinha onde não haveria edifícios cujas derrocadas traziam consigo a morte. Puro engano! À medida que o tempo passava cada vez mais gente se juntava não só para fugir à destruição como também para assistir a um fenómeno estranho. Inicialmente as águas do Tejo recuaram até onde nunca se tinha visto. Havia até quem dissesse que se viam restos de navios naufragados no rio. De repente e sem aviso ondas gigantescas elevavam-se nas alturas rebentando com violência nas margens engolindo tudo o que aí se encontrava. Ninguém o sabia na época e ainda menos o poderia saber uma população quase na sua totalidade analfabeta. Estava-se perante um tsunami, fenómeno que resulta de actividade sísmica de grande intensidade devido à deslocação das falhas geológicas que provocam grande agitação sobre as massas de água. A força das águas era tal que o Tejo penetrou quase meio Km terra dentro destruindo a zona ribeirinha. «Foi rés vez Campo de Ourique»! Outra expressão que se haveria de perpetuar.
Mas o terror ainda não acabara. O fogo haveria de dar o golpe de misericórdia na martirizada Lisboa. Bandos de saqueadores que aparecem sempre por estas alturas haveriam de semear mais medo e destruição. Diz-se que para afugentar os legítimos proprietários dos seus bens, ateavam fogos. O fogo não só o que era ateado pelos malfeitores mas principalmente aquele que teve origem nas inúmeras velas e lareiras acesas haveria de se encarregar de consumir o que ainda restava. Como se não bastasse levantou-se uma forte ventania que alimentou as chamas de tal forma que Lisboa haveria de arder por vários dias. Calculam-se em mais de dez mil, só em Lisboa, as vítimas do cataclismo. A destruição fazia-se por todos os lados de tal forma que se falou mesmo em conspiração dos elementos.
Embora nos refiramos sempre ao acontecimento como o Terramoto de Lisboa, por ter sido aí que os efeitos mais se fizeram sentir, o que é certo é que o sismo haveria de fazer inúmeras vitimas e estragos por todo o sul do Reino. Todas as populações ribeirinhas ao longo da costa haveriam de sentir os efeitos do maremoto inclusive Madeira e Açores. Houve bastantes vítimas entre os pescadores, principalmente no Algarve. E não apenas em Portugal mas também no norte de Africa nos efeitos do abalo telúrico se fizeram sentir. Em Fez, Marrocos, também se estima que as vitimas foram aos milhares.
As réplicas do sismo de 1755, um dos maiores de que há registo, fizeram-se sentir praticamente durante um mês o que adensou ainda mais o medo.
Passaram 250 anos e embora já se compreendam os mecanismos naturais que estão na origem dos sismos ainda não se consegue prever com enorme exactidão quando ocorrerá o próximo sismo de grande intensidade. O que se sabe, com toda a certeza, é que ocorrerá outro sismo destas dimensões. Houve outros, de grande intensidade, antes de 1755 e certamente que no futuro haverá mais. A melhor forma de minimizar os seus efeitos é a prevenção. Não são os sismos que provocam vítimas mas sim a fragilidade das construções que não tenham capacidade e flexibilidade suficientes para resistir ás ondas sísmicas. Se não se tomarem medidas nesse sentido, não só Lisboa mas as zonas de maior risco serão palco de nova tragédia. É bom que não só os governantes e autarcas, mas também a população, não menosprezem a Natureza! Compete a cada cidadão exigir que as normas anti-sísmicas sejam aplicadas não só às suas construções como também a obras públicas.
Os engenheiros que reconstruíram Lisboa tiveram o sismo em linha de conta. Com o passar das décadas esse zelo foi esmorecendo. Entretanto rasgaram-se túneis no subsolo e desviaram-se ribeiros subterrâneos. Pretendeu-se levar o Metro até ao Terreiro do Paço mas esta zona ribeirinha e de aluviões não permite que se façam túneis de tal forma que ainda hoje as obras continuam convertendo esta zona num imenso estaleiro. Este tipo de obras tem sido responsável por pôr a estacaria de pinho verde, uma inovação da época, que há dois séculos sustém o Terreiro do Paço, local que resultou da reconstrução de Lisboa, a descoberto levando ao seu apodrecimento. Pouco ou nada sei de engenharia e ainda menos sei o que se passa no subsolo da capital mas espero bem que os engenheiros tenham sempre em conta o risco sísmico e que tenham incluído este factor nos seus cálculos senão receio bem que aquando de um novo cataclismo Lisboa não só ruirá como abaterá, em grande parte, sobre si mesma.

quinta-feira, novembro 03, 2005

O que tu queres sei eu!

No mínimo surpreendentes. É assim que certamente muito boa gente vê as recentes declarações do Primeiro-Ministro italiano, Sílvio Berlusconi, acerca da invasão do Iraque. Dizia o Sr. Berlusconi, salvo erro na semana passada, que não só sempre se opôs à invasão do Iraque como ainda tentou demover o presidente Bush de tal acção.
Estas palavras, vindas de um dos maiores apoiantes da invasão e ocupação do Iraque, que se traduziu em violentos e virulentos ataques de membros do seu Governo e de membros dos partidos, que fazem parte da coligação governamental, contra os muçulmanos e no envio de tropas italianas para aquele país em número tal que o contingente italiano chegou a ser o terceiro maior a ocupar o Iraque, soam estranhas. Então agora, depois disto tudo, o homem dá-lhe para isto?
A explicação é simples. A invasão e ocupação do Iraque e consequente saque das suas riquezas naturais e outras no que pretendiam vir a ser a ser um dos maiores negócios das Arábias não aconteceu bem da forma como estavam à espera. Só no contingente italiano, a guerrilha e os terroristas ligados à Al Qaeda chegaram a matar duas dezenas de militares italianos de uma só vez, em Nassiriah, e já para não falar nas dezenas de milhar de mortos iraquianos desde 2003 (se calhar só os ocupantes já mataram e torturaram mais iraquianos do que o regime sanguinário de Saddam) quando os invasores falavam em zero baixas e guerra cirúrgica. O que acontece é que as eleições legislativas, em Itália, estão para breve. Com o avanço da esquerda – em boa parte devido ao caso do Iraque – encabeçada pelo antigo comissário europeu, Romano Prodi, Berlusconi vê-se obrigado a desmarcar-se destas posições, procurando branquear a sua imagem e as suas decisões sobre esta matéria na esperança de conseguir enganar alguns milhares de eleitores mais incautos. Tivessem os resultados no Iraque sido outros e logo veríamos se estas declarações veriam a luz do dia. Por outro lado, ganhe Berlusconi as eleições e logo o veremos mudar o discurso. Foi certamente isso que ele disse a Bush na sua recente visita aos EUA. É caso para dizer «o que tu queres sei eu»! Só espero agora é que o eleitorado italiano não se deixe enganar e dê a Berlusconi aquilo que ele merece.

quarta-feira, novembro 02, 2005

Muito bem Sr. Primeiro-Ministro!

Foi com grande satisfação que ouvi o Primeiro-Ministro Sócrates afirmar que vai honrar a sua promessa eleitoral referendando o aborto. Esta decisão surge, como se sabe, depois do Tribunal Constitucional ter inviabilizado a realização de um novo referendo para o início do próximo ano pelas razões que todos sabem.
Ainda se falou na possibilidade de aprovar a despenalização do aborto no Parlamento, como queria desde sempre o PCP, felizmente que tal nunca se veio a concretizar. É inacreditável o sentido democrático destes camaradas que só querem que se façam referendos e se dê a palavra ao eleitorado quando têm a certeza da vitória. Já o BE querendo mostrar que é uma força verdadeiramente democrática queria que o referendo fosse avante mas com o chumbo do Tribunal Constitucional estalou o verniz e o Bloco pôs-se imediatamente ao lado do PC alegando que a situação humilhante por que passam as mulheres portuguesas não pode continuar assim por tanto tempo. Eu pergunto: Que situação?! Que se saiba não existe, neste momento, em Portugal qualquer mulher presa por ter abortado! Desculpas! É incrível como estas minorias querem sempre impor, se necessário à força, as suas ideias e projectos!
Depois dos juízes do Tribunal Constitucional se terem pronunciado, tudo indicava que o PS também desse o dito pelo não dito e enveredasse pelo mesmo caminho o que, devo dizer, seria uma vergonha para a democracia portuguesa. Que a extrema-esquerda, que é tão democrática quanto a extrema-direita, defenda tal coisa não surpreende agora se o PS se deixasse levar...
Quem defende tal coisa; se se diz democrata, devia era ter vergonha na cara! Esqueceram-se por ventura tais figurões que em 1998 esta matéria foi referendada e que venceu o NÃO?! Depois de permanecerem em silêncio durante alguns anos eis que ressurgem novamente com a ideia da despenalização. De início argumentavam que como o número de participantes no referendo foi inferior a 50% este deveria ser repetido mas posteriormente perderam a vergonha toda e queriam por força que a lei fosse aprovada dentro das quatro paredes do Parlamento longe de todos branqueando o passado, ignorando que se realizara um referendo e que o eleitorado decidira democraticamente e em consciência.
Não se pense que o que faço aqui é a apologia do NÃO! Se fosse o SIM que tivesse vencido, nas mesmas circunstancias, em 98, e fosse agora o PSD ou o CDS-PP a barafustarem para impor o NÃO, desse por onde desse, no Parlamento, eu teria saído a terreiro na mesma a criticar tão vergonhoso e antidemocrático procedimento! O que está aqui em causa é uma questão de democracia e não do sentido de voto numa determinada matéria. Então eu e outros milhões de portugueses fizeram o possível e o impossível para ir votar, disseram de sua justiça, independentemente de qualquer que fosse o sentido da sua decisão e depois passados meia dúzia de anos vêm dizer-nos que aquilo que nós expressamos nas urnas não tem valor algum e que nos limitamos a fazer figura de palhaços indo votar?! E diz-se esta gente democrática?!
Com esta decisão, a minha consideração por Sócrates aumentou muito. Embora eu não acredite muito nele (sempre o considerei semelhante a Santana Lopes) e o tenha visto a quebrar muitas promessas eleitorais – o que para mim não constituiu surpresa rigorosamente alguma pois muitas dessas promessas são pura e simplesmente irrealizáveis não passando apenas de promessas com objectivos eleitorais sendo por essa e por outras que eu não votei PS nestas legislativas (só se deixou enganar quem quis) – o que é certo é que, fosse pelo que fosse, Sócrates, neste caso soube manter-se firme nas suas promessas e revelou, em simultâneo, um apurado sentido democrático. Espero agora que não dei o dito pelo não dito!

terça-feira, outubro 25, 2005

Baboseiras


A última da série de pérolas com que a gestão camarária, em fim de mandato, nos brindou, no Boletim Municipal, foi a de que a feira do Torrão tinha atraído milhares de visitantes. A feira do Torrão que é uma das, se não mesmo a mais fraca num raio de 50 Km, ou até mais, atrair milhares de visitantes... Curioso, eu que estive cá e fui à feira não me apercebi dos milhares que nos visitaram. Vá lá duas ou três centenas de pessoas e já foi muito! Só mesmo na cabeça deles e vá lá vá lá pois quem fala em milhares também pode falar em milhões!
O circo há muito que deixou de vir, as barracas se forem 10 já são muitas, o único carrossel que esteve cá este ano foi os «carrinhos de choque» e o resto é sempre o mesmo. Um dos eventos mais importantes que decorre neste período é a tourada. No entanto até esta tem vindo a decrescer em qualidade em termos de cartel. Por exemplo, a feira das Alcáçovas é tão grande como a do Torrão contudo o cartel taurino ali apresentado é substancialmente melhor e, tanto na abertura como no encerramento, os visitantes são brindados com dois espectáculos artísticos. Este ano, nas Alcáçovas, a abertura da feira esteve a cargo, salvo erro, dos «Anjos» e o seu encerramento contou com a actuação da cantora Ágata enquanto que aqui só no último dia de feira é que fomos contemplados com a actuação do cantor Toy. Na abertura da feira os únicos que actuam são o conjunto aqui do sitio e/ou grupos de cantares – o do Torrão e/ ou outros.
A mediocridade da feira do Torrão e dos eventos associados a esta deve-se, sem sombra de dúvida, à falta de verbas no entanto, aquilo que se deduz pelo que ali é dito, é que o número de visitantes e feirantes é inversamente proporcional às verbas disponibilizadas e investidas. Um espanto!

sexta-feira, outubro 21, 2005

Ah sacana!


E as gaffes somam e seguem! Por cima da pérola bibliotecária surge outra pérola ainda mais brilhante; brilhante não só porque esta «novidade» ocupa mais espaço como também por, neste caso, o erro ser ainda mais clamoroso. Diz a dita «novidade» que a Câmara de Alcácer realizou uma série de furos, com vista à captação de água, para abastecimento do concelho ou, pelo menos, de boa parte deste. Mais uma vez, o problema não reside no que foi escrito mas na contradição entre o que foi escrito e as imagens utilizadas para ilustrar o texto. É caso para dizer que houve mais um furo ou que estamos perante mais uma acção furada!
A imagem utilizada no Boletim é a que está acima exposta. Acontece que esta imagem não é de nenhuns furos de água nem do local supostamente furado mas sim das obras de reabilitação, levadas a cabo pela Junta de Freguesia local, num velho moinho de vento que fica à entrada do Torrão, como quem vem de Vila Nova da Baronia, junto ao largo onde se realiza a feira anual.
Para que se saiba: Este velho moinho foi recuperado embora eu não saiba bem para que serve, embora gostasse de saber. Foi rebocado, pintado e chegou-se ao cúmulo de lhe serem colocadas porta e janelas de alumínio – a tradição e as regras de boa gestão impunham que estas fossem de madeira, que sairia bem mais barato – sem que no entanto se lhe tenha colocado o telhado ou qualquer outra cobertura e sem lhe ser colocado o mecanismo de moagem o que justificaria a obra, faria com que o moinho fosse um interessante local de visita e permitiria, sobretudo, que pequenos agricultores o utilizassem para converter em farinha os cereais por si cultivados. E assim...ali está sem servir para muito ou, pelo menos, serve para passar por local de furos ou, se calhar ainda, andam a furar o solo que está confinado ao interior do moinho sem que eu saiba. Neste país, neste concelho, nesta terra já nada me surpreende!

Que giro!


Talvez prevendo o descalabro eleitoral que se avizinhava, para as suas hostes, aqui no concelho de Alcacer do Sal, e correndo a contra-relógio, devido à escassez de tempo que restava para fazer propaganda, o que é certo é que no último Boletim Municipal, editado ainda durante a gestão CDU, ou melhor dizendo, PCP, existem algumas pérolas que, sinceramente, merecem ser comentadas.
Comecemos pela notícia que dá conta da abertura do pólo da Biblioteca Municipal no Torrão. Diz a dita, como se pode ver, que foi inaugurado, repare-se, inaugurado no passado dia 24 de Setembro o tal dito pólo. Até aqui tudo bem... não fosse o facto de por cima do escrito estar a fotografia em que se vê a biblioteca ainda a ser montada e, o que é ainda mais giro, as estantes sem livros. Se a noticia desse conta de que a biblioteca iria ser inaugurada, ainda vá mas ao afirmar que esta foi inaugurada, pondo, deste modo, a frase no passado e encimando a notícia com aquela fotografia, está tudo dito.

Reflexões autárquicas

E agora vamos falar das Autárquicas: Vou começar com a leitura que faço dos resultados a nível nacional e em seguida, «vamos» a Alcácer do Sal, sede do meu concelho.
Foi com grande satisfação que constatei que o PSD não só irá continuar a ser o partido maioritário em números de Presidências de Câmara com ainda ganhou nas principais cidades do país. Era fundamental que o poder local continuasse nas mãos do principal partido que faz oposição ao Governo. Se à Presidência da República, ao Governo, à maioria absoluta no Parlamento e à administração do Banco de Portugal o PS juntasse ainda a maior fatia do poder local então Portugal iria ficar sufocado e refém do poder esmagador e tentacular de um único aparelho partidário com todas as consequências e implicações nefastas que isso acarreta (clientelismo, amiguismo, cunha, «boyada» e «girlada», etc.)
É curioso verificar que quando o PSD era maioritário em Portugal o PS falava em poder absoluto, défice democrático, perigos de uma maioria absoluta e outros que tais. Mário Soares, enquanto Presidente desta República violando os princípios de imparcialidade que a chefia do Estado implica, ou que deveria implicar, divertia-se a fazer oposição aos Governos maioritários de Cavaco Silva, fazendo, deste modo, um frete, ao seu partido, o partido que ele fundara, ao mesmo tempo que bradava aos quatro ventos que tinha colocado o socialismo na gaveta enquanto fosse Presidente. E quando já tinha saído de Belém chegou a afirmar que nesse período vigorava em Portugal uma «democracia musculada». É este mesmo Mário Soares que agora viola descaradamente a lei eleitoral aproveitando os microfones para, no dia das eleições, apelar ao voto no PS, pedir maiorias absolutas e votos para o seu filho. Agora, que a maioria é socialista, os perigos que vislumbravam para a democracia portuguesa, quando outros eram maioritários, já não existem. É agora a vez do PSD, esquecendo o passado e a afirmação «um Governo, uma maioria e um Presidente» da autoria do seu antigo líder e fundador, Sá Carneiro, usar este tipo de argumentos. É curioso verificar como a memória dos políticos é fraca e a incoerência é a sua maior «virtude» mudando radicalmente o discurso consoante a conjuntura se lhes apresente favorável ou não.
Fiquei muito satisfeito com a vitória de Carmona Rodrigues em Lisboa. Foi muito bem feito Carrilho ter perdido. O ideal era que não ficasse na Câmara nem como Vereador. Ali foi derrotada a arrogância, o pretensiosismo, a futilidade e a falta de humildade. Era nítido que o homem andava à força na campanha, como se tivesse alergia às pessoas, principalmente as mais humildes, as que habitam e/ou frequentam as zonas mais degradadas da cidade. Aquilo era para ele um mal necessário. Esteve no seu melhor aquando do momento da derrota, em que nem aí mostrou «fair play», nem para com o seu rival directo nem para com o eleitorado lisboeta, a quem passou um atestado de estupidez quando afirmou que este não teve a capacidade necessária para compreender o projecto que propunha. O que me deu mais gozo foi quando nos brindou com a pérola «Lisboa queria a mudança mas não deixaram»; dava a sensação que os eleitores alfacinhas até queriam Carrilho na presidência do Município mas que os extraterrestres apareceram ali de surpresa para lhe negar a vitória. Se Lisboa queria assim tanto «a mudança» porque é que não mudou?! E depois, o que é que era mais útil para Lisboa; um engenheiro, um técnico ou um filósofo, um académico puro? Fiquei também bastante satisfeito com a eleição de Sá Fernandes, o independente apoiado, principalmente, pelo BE. Pode vir a ser uma mais-valia para a capital.
No Porto, ainda bem que ganhou Rui Rio. Teve alguns aspectos menos positivos ou, pelo menos, mais polémicos e menos compreendidos durante o seu mandato mas a sua vitória foi a vitória da seriedade, do anti-populismo e de quem não mistura política com «bola». Nem se dá ao trabalho de ir com frequência ao estádio assistir aos jogos, numa atitude de «à política o que é da política e ao futebol o que é do futebol». Não foi à toa que Pinto da Costa lhe moveu uma guerra sem quartel e, também não foi à toa que o presidente portista declarou o seu apoio ao candidato socialista, preparando-se para, à semelhança do que fez no passado com os edis socialistas Fernando Gomes e Nuno Cardoso, manietar Francisco Assis, influenciar as decisões na Câmara e ir festejar os seus títulos futebolísticos (se os conquistar) para o Município, como se este fosse propriedade de FCP. Rio teve ainda que enfrentar, durante algum tempo, as investidas hostis do seu companheiro de partido e Presidente da Câmara de Gaia, Luís Filipe Meneses – um homem que aparenta ser tão ambicioso quanto Santana Lopes, de quem, aliás, foi sempre apoiante indefectível. Ou me engano muito ou à semelhança de Santana ainda o vamos ver muitas vezes disputar a liderança do seu partido, ele que se perfila para ser o próximo «enfant terrible» do PSD, basta ler algumas das suas crónicas no «Correio da Manhã» – que, cobiçava a Câmara portuense tentando tudo para afastar Rio inclusive convertendo-se no fiel escudeiro de Pinto da Costa, ele que disse ser sportiguista mais que se converteu também num adepto ou, se calhar até, sócio portista, vê-se bem com que objectivos. Mas Rio conseguiu resistir a tudo e assim, pelo menos ali, a dualidade futebol-política não será, na medida do possível, uma realidade.
Também me deu um gozo enorme ver a dupla Jorge Coelho-João Soares, principalmente este ultimo, ser derrotada em Sintra. Seara, o presidente-comentador futebolístico, é um mal menor. Quanto a João Soares, o «paraquedista», para a próxima, o PS pode, se quiser, «larga-lo» em Freixo de Espada à Cinta. Infelizmente, apesar das autarquias serem órgãos do poder local e que portanto, na minha modesta opinião, deviam ser dirigidas pelos locais, gente que habitasse o concelho, a que se candidata, pelo menos há 10 anos, a Lei permite que um ou mais indivíduos se possam candidatar num concelho onde nunca antes haviam posto os pés.
Em Aveiro e Faro, as vitorias dos candidatos da oposição (PSD e PS respectivamente), pelo o que me pareceu, representaram a vitória da humildade e da simplicidade sobre a soberba e a arrogância.
O facto negativo da noite foi a eleição dos candidatos arguidos, em boa parte graças ao mediatismo gratuito, e que eles certamente agradecem, dado pelas televisões que, na maioria das vezes, não se importam de «vender a alma ao diabo». Isaltino, em Oeiras, não deu hipótese. Se bem que o caso aqui tem contornos particulares. Felgueiras não só ganhou como arrasou; algo que eu tinha previsto anteriormente no «Pedra». E quanto a Valentim... nem vale a pena dizer mais. No entanto, foi este «valentão» de Gondomar o autor do facto hilariante da noite. Foi de morrer a rir quando a figura começou a fazer o discurso de vitória. Agarrou-se a um microfone, só que este não funcionava. Era, contudo escusado o «micro»! O homem berra como um capado, como um possesso, seria certamente bem audível. Só que o fulano queria por força agarrar-se ao objecto cilíndrico. Experimentou um; não funcionava. Tentou outro e... nada; e o homem dando sinais de grande impaciência e pondo bem em evidência a sua flagrante boçalidade esbracejava, revirava os olhos, arfava, bufava... De vez em quando, lembrando-se de que estava a ser visto no país inteiro e não só, lá «arreganhava a taxa» para as objectivas. No meio daquela lufa-lufa, arrancou com violência, das mãos de um indivíduo, presume-se que um assessor, que estava ao seu lado, um microfone, ao mesmo tempo que dava um safanão no suporte dos ditos «micros» enquanto deixava escapar da sua boca expressões atrás de expressões menos próprias para um homem na sua condição.
Belíssima foi sem duvida a lição que o eleitorado amarantino deu ao, também truculento, Ferreira Torres. Nem em segundo lugar ficou. Infelizmente conseguiu um lugar na vereação mas felizmente que não o quer. Na hora da derrota foi ridículo! Bem tentou lavar a imagem na Quinta das Celebridades mas não lhe valeu de muito; não resultou mas ainda ganhou algum. Vai meter a viola ao saco e cantar para outra freguesia. Que pena! O que Amarante vai perder! Bela foi também a derrota da semente (filho) que este deixou em Marco de Canavezes.
O que também me deixou satisfeito foi a perda da maioria absoluta por parte de Isabel Damasceno em Leiria. Ganhou, mas ficou em minoria; menos-mal! O caso Damasceno não deixa de ser intrigante. É este tipo de cenas que me deixam «à nora» É tão arguida no «Apito dourado» quanto o «valentão» de Gondomar e, no entanto a liderança de Marques Mendes, que não quis que Isaltino fosse o candidato do PSD em Oeiras nem quis que o major fosse o candidato do PSD em Gondomar, por este estar arguido no «Apito Dourado», não se importou de Damasceno ser a candidata «laranja» na cidade do Lis.
As televisões passaram ao lado do assunto sempre que falavam de candidatos arguidos e, por sua vez o Bloco, que tanto atacou os «candidatos bandidos» inacreditavelmente, deixou-a de fora. Não falaram um única vez, que eu visse, nela! Porquê? Gostava de saber! Tá mal! O BE que tanto se diz contra a discriminação caiu no erro de ter discriminado. Criou um «Fantastic four» quando devia ter criado um «Fantastic five» e eu até já sei que poderes é que dava a esta figura – A Hipnotizadora, porque parece que foi isto que esta senhora fez. Toda a gente, estranhamente, a ignorou! E já para não falar no absurdo de colocar Alberto João Jardim (retratado na «Tangas» como «A Coisa») no lugar de Avelino Ferreira Torres. Essa «coisa» é deveria estar na equipa porque era ele, e não Jardim, um candidato autárquico, um «candidato bandido» e que, por isso, devia estar ao pé dos outros «candidatos bandidos». Jardim agora não ia a votos. Não de enquadrava de forma alguma naquela fotografia.
E finalmente Alcácer do Sal
Foi com grande alegria que recebi a notícia de que o PS tinha ganho a Câmara. Já previa algo do género só não pensei que fosse por um resultado tão expressivo; logo com maioria absoluta! Era fundamental que a Câmara mudasse de mãos. Trinta anos nas mãos de um único aparelho partidário (ainda por cima, do PCP, um partido não democrático de defende uma ideologia não democrática) que punha e dispunha... é muito! E olhem que aqui no Torrão esse domínio e essa cultura democrática se faziam notar e bem. Esses indivíduos daqui acham que democracia é só andar no 25 de Abril de punho no ar e cravo vermelho na lapela a gritar palavras de ordem. Quando confrontados, democraticamente com criticas e opiniões desfavoráveis sobre as suas opções mostram logo toda a sua cultura...democrática (se tivessem um KGB ou uma STASI ou uma SECURITATE ali mesmo à mão...) e, já para não falar, da extrema agressividade que imprimem nas campanhas autárquicas. Apesar da Junta ter mudado de mãos entre 1993 e 2001, o pessoal da Câmara, alguns daqui do Torrão e militantes do PC davam bem nas vistas. Eu sei bem o que digo e o tipo de gente que são e algumas coisas que fizeram. Por esta e outras mil e uma razões é que era fundamental remover este tipo de gente que mais do que fossilizada estava já cristalizada no poder. A maioria absoluta conquistada pelos socialistas, em Alcácer, foi ouro sobre azul. Assim o PS pode executar sem embaraços nem desculpas a sua política e o seu programa e ser-lhes-á mais fácil remover os resíduos locais do PREC. A única desculpa que, mesmo assim, podem vir a ter, é a desculpa da falta de verbas, o possível défice e os buracos financeiros que possam vir a encontrar. Pelo menos eu li uma vez na imprensa que a Câmara de Alcácer estava endividada. Eu nem quero imaginar os «gatos» que muito provavelmente lá vão encontrar.
As eleições que me dá mais gozo para participar são estas justamente porque neste caso eu conheço quase todos os candidatos, de todas as listas, principalmente os que concorrem à Assembleia de Freguesia daqui. Conheço alguns (aqueles que têm mais ou menos a minha idade) desde pequenos, brinquei com eles, andei na escola com eles, alguns andaram comigo na mesma turma, via as notas de todos eles afixadas e por isso conheço bem as suas capacidades (ou falta delas) e limitações. Salva-se uma ou outra honrosa excepção! Sinceramente, o ideal aqui era que, se isso fosse possível, todos tivessem perdido. Anulei o voto no boletim branco... Ganhou o PS com maioria absoluta. Têm-na em Alcácer e têm-na aqui e por isso agora não têm desculpas, e eu já lho fiz saber. Compreendo, uma vez mais, que possam futuramente vir a debater-se com falta de verbas mas, sem estarem manietados por quem quer que seja, com «engenho e arte», imaginação, e uma boa gestão de recursos pode-se fazer muita coisa basta querer, ou melhor, saber...

sábado, outubro 08, 2005

Jardins há muitos...

Alberto João Jardim, um dos figurões mais pitorescos desta república (que ele renega) teve (mais) uma intervenção, no seu bom estilo truculento, a sua imagem de marca, que marcou (perdoem-me a redundância) estas Autárquicas e que a muitos abalou e indignou, em especial no PS.
Lamentavelmente, o Presidente do Governo Regional da Madeira, afirmou que se os socialistas ganhassem uma só Câmara que fosse na Madeira que o Governo Regional não a financiaria. Esta atitude, de intimidação, de chantagem barata e de tentativa de condicionamento dos eleitores revela bem o sentido democrático das mais altas figuras da república portuguesa e o respeito que estes têm pela decisão do eleitorado.
A prova de que este desrespeito pelas normas democráticas tem os seus seguidores e que não é apenas apanágio de Jardim vem na sequência de outros acontecimentos similares mas que os jornalistas e comentadores tudo fazem para que passem despercebidos, sendo Jardim o alvo único destas figurinhas que também têm uma «grande» cultura democrática. Mas os portugueses, ao contrário do que esta gente, estes doutores (da mula ruça) pensam, é bem mais inteligente do que aquilo que eles julgam. Vou apenas falar de três casos flagrantes.
Numa acção de campanha do Bloco de Esquerda um cidadão já de uma certa idade insurge-se contra o facto do Bloco ser a favor da despenalização da interrupção voluntária da gravidez, vulgo aborto. O cidadão em causa é abordado (por favor, não confundir com abortado) por Francisco Louçã e é no seguimento do pequeno diálogo que travaram que aquele senhor afirmou que até concordava com o BE nalgumas das causas que defende mas que, por exemplo, é contra o aborto e tenta alguns argumentos. A expressão facial de Louçã altera-se de imediato e sem nunca perder a calma mas visivelmente incomodado pede ao dito cidadão que este fale um pouco mais baixo e perguntando-lhe se ele (Louçã) lhe falava naquele tom – é um mero truque usado pelos políticos para tentar embaraçar, desconcentrar, desacreditar e pôr no devido lugar pessoas que lhes saem ao caminho e que não têm experiência nem política, nem de discursar em público, nem de debates sem ser os do dia-a-dia ou os de café.
Contudo o que se constata é que o tom de voz empregado por aquele senhor foi sempre o mesmo; era um tom alto, de facto, mas foi sempre assim desde o início do diálogo e nunca se alterou nem para mais nem para menos. Se antes quando a «música» lhe agradava não se incomodou com o volume de som debitado pelo seu interlocutor, na verdade, até era bom que falasse alto quando a conversa lhe era favorável para o som ser bem captado pelas diferentes reportagens televisivas, já o tom de voz empregado lhe era incomodativo quando a «música» já não lhe estava de feição. Quanto menos perceptível fosse a segunda parte do diálogo melhor (para ele). Ainda questionou a pessoa em causa sobre se esta achava bem que uma mulher fosse condenada a pena de prisão por fazer um aborto. Perante uma firme resposta afirmativa que recebeu, logo atirou à cara do seu interlocutor de ocasião um seco e altivo «lamento mas estamos em desacordo» e nisto, virou-lhe as costas.
Mas é bem feito, quem é que mandou a esse ilustre cidadão anónimo quer argumentar com um político. Os eleitores só servem para uma coisa (e com isto não estou a dizer ou a querer dizer que sou contra as eleições, em particular, ou contra a democracia, em geral); depositar o boletim com a respectiva cruzinha no sítio «certo» (depende das várias perspectivas) na urna e pronto. Nada de tentar argumentar com os políticos em campanha, seja ela qual for, ou querer discutir com civismo e democraticamente ideias com eles, independentemente de qual seja a sua natureza partidária. Isso é apenas para os doutores (e não são todos) e não para qualquer um(a) que apareça. A esses apenas lhes compete (se quiserem) alimenta-los politicamente com espectáculos em público como sejam pezinhos de dança com eles, gritaria, aplausos, frases de apoio (aqui convém que o tom de voz empregado seja o maior possível e com alma para transmitir emoção e ser bem audível por todos), beijos e abraços – porque nesta alturas todos os políticos e, pontualmente, os seus familiares estão com carências afectivas – e «chingarem» os adversários da força política que está na ocasião à sua frente, fazendo um frete gratuitamente a estes porque não convém (e bem) que políticos façam tal coisa a bem da civilidade e da democracia. Mas ao povo, tudo é permitido porque este é simples e ingénuo como uma criança e os diversos actores políticos, lá no fundo, não se importam com isso; não é assim? Já os antigos romanos, que tinham bom senso (foram também eles os autores do principio político do «pão e circo» ainda hoje tão utilizado por todos) diziam «vox populi vox dei».
Quanto à democraticidade dos diversos órgãos de comunicação social, basta ver a descriminação que estes fazem a todos os concorrentes com excepção das cinco grandes forças partidárias. Mandando a igualdade de oportunidades às urtigas, tanto nos debates como nas reportagens sobre as acções de campanha, só este clube dos 5 é que tem direito a ter voz; os outros são pura e simplesmente ignorados fazendo esporadicamente uma pequenina reportagem sobre eles. Os argumentos utilizados são que estes partidos, movimentos independentes e respectivos candidatos têm pouca expressão eleitoral. Mas isso não é argumento em democracia. Existe liberdade de escolha e o eleitorado destas pequenas forças tem o direito de ser informado sobre as acções dos seus partidos e movimentos. Até os quatro candidatos arguidos mesmo sendo independentes tiveram mais tempo de antena do que todos os outros movimentos juntos. Outro argumento utilizado é afirmar que algumas destas formações são extremistas. É um facto, porém não compete aos órgãos de comunicação social julgarem quem quer que seja e, para além disso, os responsáveis pela informação em Portugal não se podem esquecer que se estes concorrem é porque foram autorizados a tal. E não nos podemos ainda esquecer que neste clube dos 5 existem dois partidos extremistas e com pouca cultura democrática; aliás, a sua ideologia colide totalmente contra os princípios democráticos.
E para o fim vem o melhor. O inefável Jorge Coelho, num comício do PS em Sintra, teve esta brilhante tirada que tem todos os ingredientes para ficar ao lado da de Jardim. Dizia, ou melhor, berrava Coelho que para que Sintra andasse para a frente era imperioso votar PS. Mais, afirmou que se o PS vencer em Sintra, logo no dia seguinte se realizariam reuniões ao mais alto nível com o Governo com o objectivo de desbloquear imediatamente verbas importantes para que Sintra volte a ser reposta no mapa.
Aquilo que eu depreendo das palavras do coordenador autárquico do PS (e candidato em Sintra) é que se os socialistas conquistarem Sintra esta tem toda a atenção do Governo; se o PSD ganhar, então numa atitude pouco democrática e vingativa, o Governo de Portugal vota ao abandono uma parte do país. Infelizmente, qualquer semelhança com as declarações de Alberto João, da Madeira, não é pura coincidência.

sexta-feira, outubro 07, 2005

É tudo republicano

Embora seja assim durante todo o ano, é por alturas do dia 5 de Outubro que a febre republicana atinge o seu pico máximo. Os seus dirigentes imbuídos de um sectário republicanismo balofo e pouco sadio no lugar de um espírito verdadeiramente democrático e nacional desatam a dizer sandices, a começar pelo seu presidente. Ele é as leis republicanas, os valores republicanos, a justiça republicana, as instituições republicanas, a moral republicana, a ética republicana... não há nada neles que tenha a marca «Nacional».
O mais castiço que ouvi e vi, por estes dias, foi quando o candidato socialista à Câmara Municipal de Lisboa, M.M. Carrilho se dirigiu ao seu adversário, Carmona Rodrigues para o cumprimentar, tal não é a ânsia de fazer esquecer o acto deplorável e de pouco «fair play» de deixar o seu rival de mão estendida. Carmona, quando o viu, obviamente que correspondeu e embevecido logo declarou à boca cheia que este «é um gesto republicano». Ora das duas uma; ou só os republicanos é que se cumprimentam ou então aquilo que se passou nos bastidores da SIC – o pouco «fair play» de Carrilho e o correspondente «não me cumprimenta senhor doutor...? Que grande ordinário!», que também deixou mal na fotografia Carmona – é um gesto... monárquico.
Conclui-se portanto que não há nada, em Portugal, que não tenha a marca «republicano».
Então sendo assim lá vai disto porque existem certos fenómenos que decorrem no interior da sua república e que também merecem este distinta classificação. A começar; a trafulhice republicana, o amiguismo republicano, o negocismo republicano, o clientelismo republicano e, não esqueçamos essa grande instituição... republicana, com certeza; a cunha republicana, a incompetência republicana, o caos republicano, a desorganização republicana, a pouca vergonha republicana, a enxovia republicana, a pulhice republicana, a corrupção republicana e sei lá que mais. E por aqui me fico... mais palavras para quê?

Por um maior visibilidade


É incrível! Há 95 anos que a república portuguesa mete água e ainda não afundou, mas já pouco falta... pena é se arrastar Portugal consigo!
Se não afundou não foi, certamente, por mérito próprio mas por um conjunto de erros - ou talvez sempre o mesmo erro - cometido(s) ao longo de quase um século pelos defensores da Monarquia. Na verdade pode-se mesmo afirmar que temos proporcionado um autentico «festival de golos perdidos».
Portugal não é (embora apresente alguns sinais) um país do terceiro mundo mas é, infelizmente, uma república das bananas, facto que se tem agravado nos últimos tempos.
O que é surpreendente é não se falar com insistência na restauração da Monarquia e ao invés disso se falar cada vez com mais insistência na integração de Portugal... na Espanha; tal como em 1580 (será que a Historia afinal sempre se repete?).
Mas porque é que Portugal tem que «atirar a toalha ao chão»?
Não! A solução dos problemas nacionais não é apenas e só a restauração da Monarquia. Essa era a maneira de pensar, ou de fazer crer, dos republicanos acerca da implantação do regime republicano em Portugal. Bastava implantar uma república em Portugal e todos os problemas desapareciam como que por artes mágicas. O resultado está à vista!
A restauração da Monarquia é a base, o ponto de partida, nunca a solução total e absoluta. Só com uma boa base, um bom modelo se pode construir um bom futuro!
Portanto a minha admiração prende-se com o facto do movimento monárquico ser quase invisível, quase clandestino, quase secreto? Do que estamos à espera para esclarecer e mostrar aos portugueses a evidência que se impõe?
A república tem alienado Portugal, destruído o orgulho patriótico, dilacerado a alma lusitana. Portugal é hoje, literalmente, um país sem Rei nem roque quase convertido numa região espanhola, embora outros jurem o contrario e falem em preconceito.
Portugal perdeu a sua matriz politica, a sua alma, a sua identidade histórica em 1910. Daí para a frente seria cada vez pior.
Será que se vai desaproveitar mais esta GRANDE janela de oportunidade que está escancarada?!
Não fosse, tal como hoje em dia, a instabilidade e a falta de ética na política e ter havido uma campanha propagandística de descredibilização sistemática – sem fundamento. A coroa foi afinal o bode expiatório – do Rei e da família real, em suma, das instituições históricas do Reino esta república jamais teria sido imposta aos portugueses; uma herança triste dos terroristas da Carbonária. Recorde-se que o movimento republicano partiu do nada pois Portugal tinha sido sempre um Reino.
Mas que não se faça confusão, não estou a apelar ao recurso a acções terroristas - essas não são as nossas armas. Ah! E também não quero ver ninguém ser assassinado cobardemente pelas costas, nem no Terreiro do Paço, nem noutro ponto qualquer do país. Quero ver sim, é forçar a divulgação, nos órgãos de comunicação social, quero ver campanhas, congressos, acções de esclarecimento, etc. É necessário divulgar todos os símbolos de Portugal e refamiliarizar os portugueses com as autenticas cores nacionais (azul e branco). O verde, amarelo e vermelho não são nem nunca foram as cores de Portugal, são sim as cores típicas das repúblicas das bananas (subdesenvolvidas, ditatoriais, caóticas e corruptas) impostas em 1910.
Não basta sair à rua apenas no dia 5 de Outubro, isso é, a meu ver, um erro estratégico grave, pois dá a sensação de se andar a reboque da república. Se se quer comemorar o dia da fundação da nacionalidade porque não realizar uma série de eventos em Guimarães? E no dia 1 de Dezembro, aí sim, sair em Lisboa, e não só, e explicar entre outras coisas, porque é que os conjurados só optariam por proclamar a república em ultimo caso, para restaurar a independência nacional.
No entanto, a campanha deve ser sistemática, todo o ano, e não apenas em dois dias.
Só com conhecimento de causa é que as pessoas se podem manifestar. Este é o meu apelo: visibilidade, divulgação e campanhas de esclarecimento. Penso que está mais que na hora do regime presidencial ser pressionado e confrontado com os resultados, democraticamente claro!!

VIVA PORTUGAL!
NÃO À INCOMPETENCIA!

Democracia sui generis!

Na última semana de Setembro morreram mais de 200 iraquianos em atentados bombistas já para não falar nas vítimas civis que nem sequer se dão a saber em Tal Afar vitimas da ofensiva do ocupante e dos soldados iraquianos por estes treinados. Não há votos de pesar nem condolências vindos donde quer que seja. O costume!
Agora está em marcha mais uma ofensiva, classificada pelos invasores como de limpeza de terroristas. O que é curioso é o facto de ser já no dia 15 de Outubro que irá decorrer o referendo sobre a Constituição que se quer impor a qualquer custo. Ao que parece, uma grande operação militar foi lançada nas zonas sunitas. Por muito que digam o contrário o que o ocupante pretende fazer é amedrontar as populações que, na sua esmagadora maioria, estão contra este projecto constitucional.
Os objectivos são claros. Matar algumas dezenas de eleitores que democraticamente diriam de sua justiça e intimidar e manietar os sobreviventes. O cinismo e poucos escrúpulos do ocupante são tantos que agora têm-se entretido a destruir algumas das principais pontes sobre o rio Eufrates com a esfarrapada desculpa de que é para impedir a movimentação de terroristas. Parece que só agora é que se deram conta de que os rebeldes utilizam pontes. Também utilizam estradas; podem começar a espatifa-las! E acontece que não são apenas os terroristas que utilizam as pontes. Também as populações as utilizam! E porquê agora a escassos dias do sufrágio? Outro ponto interessante prende-se com o facto dos invasores estarem a destruir infraestruturas básicas sem que o governo iraquiano proteste. Mas também, não é suposto que um governo-fantoche proteste. Quanto à destruição das pontes, está bem de ver o que se pretende. Para bom entendedor...

quinta-feira, outubro 06, 2005

Viva Portugal


Fez ontem, dia 5 de Outubro, 862 anos que Portugal se tornou num Reino independente. De facto, foi no dia 5 de Outubro de 1143 que El' Rei D. Afonso Henriques e Afonso VII, Rei de Leão e Castela assinaram, na presença do representante do Papa, Guido de Vico, o Tratado de Zamora, no qual foi reconhecida a independência do Reino de Portugal.

quinta-feira, setembro 22, 2005

Não perceberam?! Daaaaahhh!

O regresso de Fátima Felgueiras não foi por acaso. A estratégia de Felgueiras é bastante inteligente, manipuladora, que visa o marketing e o show político, sendo apenas concebível em repúblicas das bananas como infelizmente Portugal é; um país sem rei nem roque.
Foragida no Brasil desde 2003, Felgueiras regressa agora, repare-se, a uma semana do início da campanha eleitoral. Assim que regressou, por sua livre e espontânea vontade e afirmando que comunicou às autoridades a sua intenção, mal pôs os pés em Portugal foi imediatamente detida pela PJ, que nem a deixou ir de avião até ao Porto, como era sua intenção, querendo assim mostrar serviço e, no fundo, fazer o que lhe competia fazer. Presente a tribunal, a juíza decidiu libertar a ex-autarca impondo-lhe uma única condição; a de não sair do país. Isto é incrível. Mas isso faz algum sentido? É óbvio que Fátima Felgueiras não vai sair do país. Se ela quisesse sair do país não tinha regressado. Só o que se passou no dia do seu regresso é suficiente para a converter numa heroína injustiçada. Mas ela veio para ficar; para concorrer às eleições autárquicas. A máquina já estava pronta, só faltava o regresso da ex-autarca.
No fim do dia do seu regresso, havia ainda jornalistas que perguntavam se Felgueiras viria para ser candidata. Mas é claro que sim! Voltava para quê? Para fazer turismo?! As dúvidas que ainda alguns pudessem ter foram dissipadas no fim da mesma noite quando ela confirmou que de facto iria ser candidata à Câmara Municipal de Felgueiras como independente. Nem podia ser de outra forma!
Fátima Felgueiras nunca esteve isolada e incontactável no Brasil. Esteve sempre em contacto com a sua equipa e o seu regresso foi dado em função das notícias que lhe chegavam de Portugal.
Seja pelos seus dotes oratórios; seja pelo seu carisma; seja lá pelo que for, o que é certo é que o povo felgueirense a adora. Tenho para mim que o seu regresso apenas se deveu ao facto de ter tido conhecimento de que ainda goza de uma enorme popularidade e que a eleição estaria praticamente assegurada; caso contrário... Com a mediática manobra levada a cabo ontem, eu não tenho dúvidas, Felgueiras já ganhou as eleições e como bónus ainda é capaz de ter o apoio da concelhia do PS, que vendo o esmagador apoio popular de que esta goza, começa a dar sinais de que vai abandonar o seu candidato e apoiar Fátima Felgueiras.
É a tão apregoada ética republicana no seu melhor!
Quanto à jogada, por esta levada a cabo, a única coisa que tenho a dizer é que é genial apesar da parada ser alta e de risco elevado. Vencendo as eleições em Felgueiras e se ainda por cima com uma maioria esmagadora qual é o tribunal, em Portugal, que teria coragem de imediatamente a seguir lhe suspender ou até mesmo retirar o mandato se se provar que Fátima Felgueiras de facto cometeu algum dos crimes de que a acusam. E nesse caso até mesmo a forma como vai decorrer o julgamento...

Bravo! Continuem assim!

No Iraque a pouca vergonha dos ocupantes soma e segue. Em Bassorá, a segunda maior cidade do Iraque, dois agentes dos serviços secretos militares ingleses disfarçados de árabes e armados até aos dentes, sabe-se lá por que raio, abriram fogo matando civis e polícias iraquianos. A polícia iraquiana fez o que lhe competia, detendo os dois homens e preparando-se para os levar perante o juiz. O exército ocupante é que não achou lá muito democrático nem muita graça a isso e de pronto enviou alguns tanques (não fazem a coisa por menos) para libertar os camaradas de armas. Tiveram o descaramento de o fazer à luz do dia ao que a população revoltada, de imediato cercou e incendiou com cocktails molotov (o que não falta no Iraque é gasolina e petróleo para bombas incendiárias) os veículos. Os soldados não tiveram outro remédio senão abandonar os tanques e porem-se em fuga com a cobertura de patrulhas a pé sem antes serem bem apedrejados pelos revoltosos.
O ocupante, raivoso com a afronta da população e da polícia, é que não desistiu e cobardemente pela calada da noite volta a enviar os tanques que, numa operação relâmpago, sem dó nem piedade passaram por cima dos carros da polícia esmagando-os e posteriormente precipitando-os contra as paredes da esquadra destruindo-a e reduzindo-a a um monte de escombros conseguindo, enfim, resgatar os agentes argumentando em seguida que era objectivo da policia entregar os tipos à milícia do chamado clérigo radical Moqtada al-Sadr. Radical só por ser contra a presença estrangeira no Iraque está bem de ver. Engraçado ia jurar que tinha ouvido dizer que no sul do país tudo estava tranquilo mas afinal parece que há milícias aí operar.
A destruição é que era escusada pois a polícia e exército iraquianos têm sido equipados pelos ocupantes e agora pura e simplesmente lá terão que estupidamente voltar a equipa-los. Quem agradece esta acção são certamente os restantes 150 reclusos que estavam detidos nas instalações da polícia iraquiana e que graças à confusão gerada pela destruição da prisão aproveitaram para se «pôr ao fresco».
Curiosamente – vem agora a talhe de foice – não se ouve falar em equipar a Marinha e a Força Aérea iraquianas. Será para continuar a manter e dominar o espaço aéreo e marítimo de um país que dizem ser soberano? Só importa é equipar o exército e treinar os iraquianos para irem combater a resistência para o invasor ficar na retaguarda. Como os rebeldes não operam nem no mar nem no ar...
O Governo de Bagdad; esse, limitou-se apenas a ficar incomodado com o sucedido e, pelos vistos, não protestou veementemente e nem sequer exigiu um pedido de satisfações, o que leva a crer que o Governo iraquiano saído de umas eleições que, segundo as potências ocupantes, tinham sido «um sucesso» mais não é do que um governo-fantoche.
Este tipo de acções é a melhor coisa que podem fazer! É disto que necessitam para a sua popularidade se manter em alta! Todos os iraquianos (excepto os que colaboram e ganham com isso) vão ficando cada vez mais fartos de uma ocupação anglo-saxónica asfixiante e incómoda e um dia talvez lhes façam o mesmo que os portugueses fizeram no século XIX, quando os ingleses permaneceram em Portugal depois de terem ajudado a repelir as invasões francesas e se deixaram ficar, mandando em Portugal como se estivessem em sua casa. Há coisas que nunca mudam só que as medidas a tomar... também não.
Ah, e certamente que os xiitas ainda não se esqueceram que foram abandonados à sua sorte pelos anglo-americanos, aquando da primeira guerra no golfo, depois destes os terem incitado a revoltarem-se contra a ditadura de Saddam, prometendo que os ajudariam...
Al Sadr, que na altura estava em Londres, é que se calhar não se esqueceu e é por isso que é «radical».

quarta-feira, setembro 21, 2005

Bem feito!

Estavam já W. Bush e Tony Blair esfregando as mãos de contentes com a perspectiva de, com a vitória dos conservadores alemães da CDU, verem a Alemanha, em matéria de politica externa, aproximar-se ou mesmo aderir ao eixo anglo-americano, no que ao Iraque diz respeito, quando de repente os sociais democratas do SPD, liderados pelo actual Chanceler Gerard Schroeder, conseguem fazer uma recuperação espectacular conseguindo anular a vantagem inicial de Merkel e arrancar do eleitorado germânico um empate técnico. Por esta não esperavam eles! Que grande balde de água fria! Espero que não apanhem nenhuma gripe... nem mesmo a das aves... por enquanto!

Vende-se

Vendem-se algumas moedas em ouro. As moedas são do:
Reinado de D. João V datadas de 1725, 1726 e 1732;
Reinado de D. José I datadas de 1754, 1765,1770, 1772 e 1774;
Reinado de D. Maria I (e Regência do Principe D. João) datadas de 1778,
1779, 1780, 1782, 1783, 1785, 1786, 1789, 1790, 1793, 1795, 1796, 1800,
1803, 1806, 1809 e 1811;
Reinado de D. João VI datada de 1822.


Para entrar em contacto:
Mario Silva
telf. 265669341
pedra-no-chinelo@hotmail.com

sexta-feira, setembro 16, 2005

Afinal havia outra!

George W. Bush, depois de fortemente criticado pela resposta desastrosa à tragédia de Nova Orleães, vem agora dizer que a reabilitação da capital do Jazz será o maior plano de reconstrução de todos os tempos. Engraçado, pensava que o tinha ouvido dizer, aquando dos preparativos para a invasão do Iraque, que o maior plano de reconstrução fosse levado à prática nesse país.
Era o que eu pensava! Era tudo lérias para enganar a malta! A mim não me enganam eles!

Bela camaradagem!

«Porque me perseguis tão desumanamente, vós,
que me estais comendo vivo e fartando-vos da
minha carne?»
Job


De acordo com o diário britânico The Guardian, há empresas de cosméticos chinesas cujos produtos anti-rugas e similares, que são vendidos na Europa e EUA, contêm restos de tecidos humanos. Análises levadas a cabo a esses produtos vêm confirmar a presença de tal coisa na sua composição. Na verdade, de acordo com este jornal, é retirada a pele dos cadáveres de prisioneiros condenados à morte por fuzilamento, sem que estes tivessem dado o seu consentimento. Mas do que é que estavam à espera? Que a ditadura chinesa enviasse algum camarada para perguntar aos camaradas presos e condenados à morte se estes quereriam prestar um derradeiro serviço ao «povo» doando a sua pele para ser comercializada em simples produtos de beleza?
E se calhar, com jeitinho, se lhes é retirada a pele para fazer cosméticos, nalguns casos ainda moribundos, também é muito provável que lhes sejam retirados órgãos para transplante posteriormente vendidos no mercado negro.
Ao que tudo indica, este macabro esquema tem o alto patrocínio do Governo da República Popular que, aliás, pediu discrição, aos intervenientes, em todo o processo. Um médico chinês, exilado nos EUA, confirmou toda a estória e afirmou que ele próprio chegou a esfolar antigos prisioneiros acabados de executar, cujo coração nalguns ainda palpitava.
O regime comunista é que não perdeu tempo e já veio a terreiro desmentir tudo!
Para além de ser ética e moralmente reprovável, há ainda o perigo de se contrair doenças devido ao facto de alguns destes tecidos estarem contaminados.
O que eu gostaria, em todo este caso, era de ouvir o que é que os camaradas portugueses do PCP e até do BE, sempre com um discurso tão humanista, tinham a dizer sobre esta matéria. Recordemos que um dos lideres da bancada parlamentar do PCP disse em tempos que tinha dúvidas se a Coreia do Norte não seria um Democracia e que em relação à ocupação do Tibete têm tido um silêncio bastante comprometedor; basta ver qual foi o seu comportamento aquando da visita do líder espiritual e político tibetano, no exílio, Dalai Lama, a Portugal.
Entretanto, a comunicação social cá do sítio está a dar a sensação de não querer mais tocar numa notícia inquietante e preocupante. Porque será?

quarta-feira, setembro 14, 2005

Ora quem diria!!!

Estava eu no domingo à noite a ver o jornal da SIC; qual não foi o meu espanto quando dá uma reportagem onde se dava a conhecer aos portugueses a ascendência dos dois principais «Belenenses» (pretendentes a Belém) – porém um deles antes de ser já o era, como a pescada.
Embora detractores da Monarquia os nossos amigos republicanos procuram cada vez mais, talvez para tentar dar mais peso à chefia do Estado republicana, que é insignificante quando comparado com o peso e prestigio da Coroa, imitar alguns dos preceitos da Realeza porque senão como explicar que se traça a árvore genealógica dos principais (um hipotético e outro já apresentado) candidatos presidenciais e não se faz o mesmo com os candidatos à chefia do Governo ou das principais autarquias, por exemplo!
Outro aspecto curioso foi o facto de se ter feito tal coisa com os candidatos do PS e do PSD e, tudo indica, do CDS-PP, embora um deles, nunca é demais repetir, ainda seja apenas pré-candidato, ignorando os já dados como certos na contenda ou disputa (vinco bem este pormenor esperando que no futuro o candidato vencedor não tenha a lata de vir dizer que o PR está acima das disputas) Jerónimo de Sousa, candidato do PCP e Francisco Louçã, candidato do BE. Há que ter também em conta o factor X (Manuel Alegre) que ainda não se afastou da luta por um lugarzinho na corrida e, que contudo não só não nos apresentaram a sua ascendência como o varreram e o têm ignorado sistematicamente nas sondagens embora a sua situação seja semelhante à de Cavaco Silva. Tanto um como o outro ainda não se sabe em definitivo se avançam ou não. A única diferença é que um tem o apoio de um ou mais partidos e quase que lhe imploram para aceitar e o outro não. Outro hipotético candidato é o advogado José Maria Martins, que, apesar de ser também figura pública poucas hipóteses terá por não ter uma máquina partidária atrás de si (só para arranjar os milhares de assinaturas necessárias é uma carga de trabalhos). Também este é ignorado!
Não me refiro à sistemática candidatura de Garcia Pereira, do PCTP/MRPP porque no domingo ainda não era conhecida.
Quanto ao trabalho propriamente dito; foi interessante ver que o republicano Mário Soares teve como antepassados para além de um ferreiro, Condes, Viscondes, Bispos, etc. As suas origens foram investigadas até ao século XVI. Pelos vistos deram-se ao trabalho, só por estes senhores serem candidatos presidenciais, ou ainda menos do que isso, de lhes investigarem a sua genealogia. Já têm mais sorte do que eu que só tenho conhecimento dos meus antepassados até à quarta geração (segunda metade do século XIX), embora tenha há muito tempo bastante curiosidade em saber qual a origem do apelido Selão por ser extraordinariamente raro; mas como não sou candidato presidencial (ainda nem sequer sou maior de 35) lá terei que pagar para que me investiguem a origem da família.
Cavaco Silva, por seu turno e ao que parece, também tem um passado familiar recheado de Marqueses, Condes, Viscondes, Arcebispos e até Cardeais. Tanto num caso como no outro parece que é bom para o currículo ostentar tão ilustres origens porque caso contrário porque carga d’água se iria a comunicação social dar a todo este trabalho? Para uma coisa já serviu. É que assim, com toda a certeza, já sabemos que vamos ter no vértice da «nossa» república, pelos seus defensores definida como um regime de cariz popular, um descendente da antiga Nobreza. «E esta hein?»